Léon Denis

Perguntas e Respostas

1) Quem foi Léon Denis?

Léon Denis (1846-1927), filho de Joseph Denis e Anne-Lucie Louville, instruído na maçonaria, foi um filósofo e espírita, cognominado o apóstolo do Espiritismo.

2) Como foi sua vida?

Após as tribulações da infância e da juventude, a sua vida foi exclusivamente dedicada ao estudo, à divulgação e à defesa da Doutrina Espirita.

3) Quais foram os seus guias espirituais?

Sorella, Durand e Jerônimo de Praga foram os seus guias espirituais, fornecendo-lhe instruções a ensinamentos valiosos para a execução de sua tarefa.

4) Que tipo de instrução recebeu de seus guias espirituais?

Inicialmente, solicitaram-lhe a devida preparação para se tornar um orador e escritor; depois, fortaleceram-lhe o ânimo, dizendo-lhe para não se preocupar, pois estariam ao seu lado em todos os momentos da vida.

5) Qual a relação entre Denis e Kardec?

Léon Denis e Allan Kardec têm, entre si, íntima relação. Ambos são druídas reencarnados, pois viveram nas Gálias, no século V a. C.. O nome Léon Denis está escrito no de Kardec, ou seja, Hippolyte LEON DENIZard Rivail. São Jerônimo de Praga, seu guia espiritual, fora discípulo de João Huss (encarnação anterior de Kardec), os dois queimados vivos, no Século XV, por ordem do Concílio de Constança.

6) Como atuou no movimento espírita?

Léon Denis teve de lutar contra o materialismo, a falta de idealismo, o cientificismo e o positivismo de Augusto Comte, que grassavam nas universidades.

7) Como propiciou o engrandecimento do Espiritismo?

As conferências, os congressos e os livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec

8) Qual o seu ideal de vida?

Ao cogito ergo sum de Descartes, acrescenta: "Eu sou e quero ser sempre mais do que sou".

9) Cite algumas das suas diversas obras?

Porquê da Vida (1885), Depois da Morte (1890), Cristianismo e Espiritismo (1898), Joana D'Arc Médium (1910), O Grande Enigma (1911), O Mundo Invisível e a Guerra (1919), O Gênio Céltico e o Mundo Invisível (1927).

(https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/l%C3%A9on-denis?authuser=0)


 Texto Curto no Blog

Léon Denis e o Espiritismo

Léon Denis (1846-1927), um dos baluartes do Espiritismo em França e no mundo escreveu, entre outras, as seguintes obras: Porquê da Vida, 1885; Depois da Morte, 1890; Cristianismo e Espiritismo, 1898; Joana D’Arc Médium, 1910; O Grande Enigma, 1911; O Mundo Invisível e a Guerra, 1919; O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, 1927.

Instruído na Maçonaria. Sua vivência no Espiritismo foi acompanhada pelos ensinamentos fornecidos pelos seus guias espirituais: Sorella, Durand e Jerônimo de Praga. Inicialmente, solicitaram-lhe a devida preparação para se tornar um orador e escritor; depois, fortaleceram-lhe o ânimo, dizendo-lhe para não se preocupar, pois estariam ao seu lado em todos os momentos da vida.

Léon Denis e Allan Kardec têm, entre si, íntima relação. Ambos são druídas reencarnados, pois viveram nas Gálias, no século V a. C.. O nome Léon Denis está escrito no de Kardec, ou seja, Hippolyte LEON DENIZard Rivail. São Jerônimo de Praga, seu guia espiritual, fora discípulo de João Huss (encarnação anterior de Kardec), os dois queimados vivos, no Século XV, por ordem do Concílio de Constança.

A propagação do Espiritismo não foi tarefa fácil. Como acontece com toda a ideia nova, sofreu, também, os ataques de seus opositores. Léon Denis teve de lutar contra o materialismo, a falta de idealismo, o cientificismo e o positivismo de Augusto Comte, que grassavam nas universidades. As conferências, os congressos e os livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec.

A integridade de seu caráter criava-lhe condições necessárias para o cumprimento do seu dever. Ao cogito ergo sum de Descartes, acrescenta: "Eu sou e quero ser sempre mais do que sou". Vegetariano, dizia que não havia bebida melhor do que a água. De moral elevada, procurava cumprir tudo o que prometia. Tornou-se, com o tempo, um autodidata, o que lhe conferia pensar com a própria cabeça.

Léon Denis, cognominado o apóstolo do Espiritismo, teve uma vida repleta de obediência e resignação às instruções do mundo invisível. Deixou-nos o exemplo de um homem viril, obcecado, apenas, pelo perseverante esforço e longa paciência.

(http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/lon-denis-e-o-espiritismo.html)


Em Forma de Palestra

Léon Denis e sua Obra

1. Introdução

Quem foi Léon Denis? Qual a sua contribuição para a difusão do Espiritismo? Como foi sua vida? Qual a relação entre Denis e Kardec? Como atuou no movimento Espírita? Qual o seu ideal de vida? Que obras escreveu?

2. Dados Pessoais

Léon Denis (1846-1927), filho de Joseph Denis e Anne-Lucie Louville, instruído na maçonaria, foi um filósofo e espírita, cognominado o apóstolo do Espiritismo.

3. Treinamento Oratório

Sorella, Durand e Jerônimo de Praga foram os seus guias espirituais, fornecendo-lhe instruções a ensinamentos valiosos para a execução de sua tarefa. Após a guerra, tornou-se o orador mais aplaudido. Dotado do verdadeiro dom da palavra, entregava-se à arte oratória, sob a inspiração de seus guias, seus únicos mestres da eloquência. Sorella lhe dizia que a sua divisa devia ser: “Trabalho, coragem e esperança”.

4. O Apostolado

Depois de ouvir pela primeira vez a comunicação de Jerônimo de Praga, discípulo de Jan Huss, que havia sido queimado vivo como seu mestre, no século XV, por ordem do Concílio de Constança. Posteriormente, recebia de Jerônimo a garantia formal de uma assistência que não deveria faltar um só dia. “Vai, meu filho, no caminho aberto à tua frente; marcharei atrás de ti, para te sustentar.” E, como Léon Denis ainda pergunta se seu estado de saúde lhe permitirá estar à altura da tarefa, recebe a seguinte mensagem: “Coragem, a recompensa será mais bela!”

5. A Eloquência de suas Conferências

Amigos e adversários, todos rendiam homenagem à sua eloquência brilhante, cheia de imagens, persuasiva, interessada em despertar inteligências e em comover pelos meios mais simples. Por causa de sua vista deficiente, não mantinha o auditório sob seu olhar, à maneira dos tribunos, que contam com os efeitos diretos da sugestão. Ele, porém, punha tal calor humano em sua oratória, um tal acento de sinceridade, que os mais arredios deixavam cair suas prevenções e se entregavam, pouco a pouco, a um invencível sentimento de confiança.

6. Relação entre Denis e Kardec

Léon Denis e Allan Kardec têm, entre si, íntima relação. Ambos são druídas reencarnados, pois viveram nas Gálias, no século V a. C.. O nome Léon Denis está escrito no de Kardec, ou seja, Hippolyte LEON DENIZard Rivail. São Jerônimo de Praga, seu guia espiritual, fora discípulo de João Huss (encarnação anterior de Kardec), os dois queimados vivos, no Século XV, por ordem do Concílio de Constança.

7. Obras

Léon Denis escreveu, entre outras, as seguintes obras: Porquê da Vida, 1885; Depois da Morte, 1890; Cristianismo e Espiritismo, 1898; Joana D’Arc Médium, 1910; O Grande Enigma, 1911; O Mundo Invisível e a Guerra, 1919; O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, 1927.

8. Atuação no Movimento Espírita

A propagação do Espiritismo não foi tarefa fácil. Como acontece com toda a ideia nova, sofreu, também, os ataques de seus opositores. Léon Denis teve de lutar contra o materialismo, a falta de idealismo, o cientificismo e o positivismo de Augusto Comte, que grassavam nas universidades. As conferências, os congressos e os livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec.

As conferências, os congressos e os livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec

9. Posicionamento Filosófico

A integridade de seu caráter criava-lhe condições necessárias para o cumprimento do seu dever. Ao cogito ergo sum de Descartes, acrescenta: "Eu sou e quero ser sempre mais do que sou". Vegetariano, dizia que não havia bebida melhor do que a água. De moral elevada, procurava cumprir tudo o que prometia. Tornou-se, com o tempo, um autodidata, o que lhe conferia pensar com a própria cabeça.

10. Dois Espiritismos

Léon Denis acha que há dois Espiritismos: um nos põe em comunicação com os Espíritos superiores, com nossas almas queridas; o outro faz-nos entrar em contato com os elementos inferiores do mundo invisível. Na vida, devemos ter em mente que há o aspecto físico e o suprafísico. Nosso corpo físico pertence ao mundo visível; nosso corpo fluídico, ao mundo invisível. Esses dois corpos coexistem nele durante a vida. A morte é a sua separação.

11. Conclusão

Léon Denis, cognominado o apóstolo do Espiritismo, teve uma vida repleta de obediência e resignação às instruções do mundo invisível. Deixou-nos o exemplo de um homem viril, obcecado, apenas, pelo perseverante esforço e longa paciência.

12. Bibliografia Consultada

LUCE, G. Vida e Obra de Léon Denis. São Paulo, Edicel, 1968.


 Resumo das Obras de Léon Denis

Cristianismo e Espiritismo (Christianisme et Spiritisme), Paris, 1898.

Descrição: Neste livro o autor responde aos ataques costumeiros do clero romano, tenta com sucesso projetar sobre o Evangelho o clarão dessa luz secreta, na qual resplende a sublime figura de Jesus de Nazaré.

Depois da Morte (Après la Mort), Paris, 1889.

Descrição: Depois da Morte, fixa em primeiro lugar o ensinamento kardecista, depois de a respeito apresentar uma síntese poderosa. Livro verdadeiramente inspirado, onde a forma reveste a ideia de modo magnífico.

Giovanna (Giovanna), Paris, 1880.

Descrição: Esse é um delicioso romance escrito por Léon Denis, a mais importante figura do movimento espírita francês depois de Allan Kardec. Interessado em difundir a doutrina espírita entre o grande público, o autor criou, com seu estilo inconfundível, uma história fascinante que consegue ser didática, sem perder o encanto do texto literário e o interesse de uma trama bem elaborada.

Joana D'Arc, Médium (Jeanne d’Arc Médium), Paris, 1910.

Descrição: Equaciona um grande problema histórico e analisa os fenômenos maravilhosos que ilustram a vida da virgem Lorena. É um monumento construído de verdade e beleza.

No Invisível (Dans l’Invisible), Paris, 1903.

Descrição: Enfocando especialmente as faculdades psíquicas e reunindo dados especiais e provas fornecidas pela experimentação do ponto de vista do fenômeno.

O Além e a Sobrevivência do Ser (L’Au-delà et la Survivance de l’Être), Paris, 1901.

Descrição: No qual a rica documentação apoiando a grande lei das vidas sucessivas, movendo-se em passagens majestosas, explica os fenômenos da vida; o mistério do destino se esclarece sob uma intensa luz.

O Caminho Reto - Paris, 1889

Descrição: Extraído da obra (“Léon Denis - Depois da Morte”)

O Espiritismo e as Forças Radiantes.

Descrição: Realmente, o estudo dos fluidos e das forças radiantes leva, necessariamente, às formas invisíveis da vida, pois a elas se relaciona, fortemente. É por aí que a Ciência nova chegará a reconhecer a existência do mundo dos espíritos e que as imensas perspectivas do além se abrirão diante dela.

O Espiritismo e o Clero Católico (Le Spiritualisme et le Clergé Catholique), Paris, 1923.

Descrição: Este livro foi classificado por Gaston Luce, o ilustre biógrafo de Denis, como uma "das brochuras de defesa". Este era um dos meios pelo qual Léon Denis respondia aos ataques contra o Espiritismo

O Espiritismo na Arte - Paris, 1922.

Descrição: Em seu trabalho, Léon Denis explica, detalhadamente, o mecanismo da inspiração, ‘procedimento de transmissão da luz divina’, e o importante papel que ela tem desempenhado, em todos os tempos, na evolução das artes e do pensamento.

O Gênio Céltico e o Mundo Invisível (Le Génie Celtique et le Monde Invisible), Paris, 1927.

Descrição: Esta obra de grande valor histórico e cultural foi finalizada as vésperas do desencarne do Mestre Léon Denis. Uma verdadeira viagem ao mundo dos celtas, pois aborda a origem, países célticos, guerras, povos, entre outros aspectos, ressaltando também as semelhanças doutrinárias existentes entre o Espiritismo e Celtismo, incluindo o Druidismo.

O Grande Enigma (La Grande Énigme), Paris, 1911.

Descrição: É uma obra de fé, apoiada na razão e na ciência. Livro de serena elevação diante dos esplendores do universo; poema ardente de um espírito que procura os caminhos que conduzam ao mais alto.

O Mundo Invisível e a Guerra (Le Monde Invisible et la Guerre), Paris, 1919.

Descrição: Impregna-se do verdadeiro espírito gaélico e de uma imensa piedade humana. É uma das derradeiras obras de um acervo admirável.

O Porquê da Vida (Le Pourquoi de la Vie), Paris, 1885.

Descrição: O que somos, de onde viemos, para onde vamos? “É a vocês, ó meus irmãos e irmãs em humanidade, a vocês todos a quem o fardo da vida curvou, a vocês a quem as lutas árduas, as preocupações, as provas oprimiram, que dedico estas páginas. É em sua intenção, aflitos, deserdados deste mundo, que as escrevi (...) Possam vocês nelas encontrar alguns ensinamentos úteis, um pouco de luz para clarear seus caminhos”.

O Problema do Ser, do Destino e da Dor (Le Problème de l’Être et de la Destinée), Paris, 1905.

Descrição: “Tal é o caráter complexo do ser humano – espírito, força e matéria – em quem se resumem todos os elementos construtivos, todas as potências do Universo. Tudo o que está em nós está no Universo. Tudo o que está no Universo se encontra em nós. Por seu corpo fluídico e seu corpo material, o homem se acha ligado à imensa rede da vida universal; por sua alma, a todos os mundos invisíveis e divinos. Nós somos feitos de sombra e de luz. Somos a carne, com todas as suas fraquezas, e o espírito, com suas riquezas latentes, suas esperanças radiosas, seus voos magníficos. E o que está em nós se encontra em todos os seres. Cada alma humana é uma projeção do grande foco eterno. É isto o que consagra e assegura a fraternidade entre os homens.”

O Progresso - Paris, 1880.

Descrição: Léon Denis nos mostra toda sua face elevada e liberal. Ele foi capaz de analisar, ao mesmo tempo, com grandeza d’alma, o progresso político, o social o religioso e o progresso na Imortalidade. Tais estudos nos demonstram o quanto temos ainda a aprender.

Os Espíritos e Médiuns (Esprits et Médiums), Paris, 1921.

Descrição: Nesta obra – uma valiosa contribuição de Léon Denis para aclarar o trato do Espiritismo experimental – temos muito que aproveitar, reconhecendo em seu autor um homem habituado lidar com médiuns e espíritos. De uma leitura atenta, podemos extrair inúmeras lições, que nos ajudarão a compreender facetas das comunicações mediúnicas, e que só o tempo poderia nos dar.

Síntese Doutrinária - Prática do Espiritismo (Synthèse doctrinale et pratique du Spiritualisme), Paris, 1921.

Descrição: Este estudo prático do Espiritismo experimental é ideal para aqueles que aspiram a se tornarem médiuns. É recomendável particularmente aos grupos que têm uma escola de médiuns.

Socialismo e Espiritismo (Socialisme et Spiritisme), Paris, 1924.

Descrição: Um dos mais notáveis livros de Léon Denis. Fruto de uma série de artigos publicados na Revue Spirite do ano de 1924, o livro representa o pensamento do Mestre sobre as importantes causas sociais e sobre o Socialismo.

Fonte: https://www.autoresespiritasclassicos.com/Leon%20Denis%20Livros/Conte%C3%BAdo%20Resumido%20das%20Obras%20de%20L%C3%A9on%20Denis.pdf (em outubro de 2021).


 Notas de Livro

Léon Denis, o Apóstolo do Espiritismo, sua Vida, sua Obra, por Gaston Luce (Notas do Livro)

Esta é uma extensa e minuciosa biografia de Léon Denis, o grande continuador da obra de Allan Kardec, escrita por Gaston Luce, seu amigo pessoal e companheiro de difusão doutrinária.

No desenrolar da biografia, o autor demonstra que a vida de Denis, essa personalidade íntegra e resoluta, foi totalmente dedicada à divulgação e defesa da Doutrina Espírita.

A obra é ainda acrescida de vocabulário onomástico, relação dos lugares por onde Léon Denis passou, seu último artigo escrito na Revista Espírita e uma comunicação mediúnica recebida três meses após sua desencarnação.

Léon Denis, trabalhador com várias facetas, foi, principalmente, um grande divulgador, que utilizava a oratória e também o livro na sua tarefa de divulgação.

I — Prólogo

A morte de Léon Denis, ainda tão recente, deixou um grande vazio nas fileiras espíritas do Ocidente e por todas as partes do mundo onde sua obra penetrou.

Esse vazio não será preenchido tão cedo, não que o talento seja raro em nosso meio, mas porque o prestígio literário se reveste aqui de méritos verdadeiramente excepcionais.

O Espiritismo será científico ou não subsistirá.

III — Os inícios

Treinamento oratório

Desde o ano de 1869, Léon Denis havia recebido a iniciação maçônica na Loja dos Demófilos, de Tours (rito do Grande Oriente).

Rapidamente, após a guerra, tornou-se o orador mais aplaudido. Dotado do verdadeiro dom da palavra, entregava-se à arte oratória, sob a inspiração de seus guias, seus únicos mestres da eloquência.

“Trabalho, coragem, esperança! — repetia-lhe Sorella —; eis qual deve ser tua divisa.

Amigo, é preciso consagrar todos os teus lazeres ao trabalho espírita, ao estudo; é preciso, principalmente, te habituares a defender e esclarecer nossa doutrina, não que devas, a partir de hoje, falar dessas coisas a todo instante; não. É preciso, porém, que sejas corajoso, que te prepares, em silêncio, para a hora solene que não te deve surpreender, mas te encontrar pronto.”

IV — O apostolado

É a 2 de novembro, Dia dos Mortos, do mesmo ano, quando um outro acontecimento de capital importância se produziu em sua vida.

Aquele que, durante meio século, deveria ser seu guia, seu melhor amigo, mais ainda, seu pai espiritual, “Jerônimo de Praga”, comunica-se, pela primeira vez, em sessão espírita, no meio de um grupo de operários, num subúrbio de Le Mans, onde Léon Denis estava de passagem. Ele próprio nos relata o acontecimento:

“Por certo que nenhum dos assistentes conhecia a história do apóstolo tcheco. Eu sabia que o discípulo de Jan Huss tinha sido queimado vivo, como seu mestre, no século XV, por ordem do Concílio de Constança, mas naquele momento nem pensava nisso. Revejo ainda, pelo pensamento, a humilde casa onde fazíamos reunião, com 12 pessoas, ao derredor de uma mesa de 4 pés, mas sem tocá-la. Somente dois operários mecânicos e uma mulher nela apoiavam suas mãos rudes e escuras. Eis o que a mesa ditou, por movimentos solenes e ritmados:[36]

Deus é bom! Que sua bênção se estenda sobre vós como orvalho benfazejo, porque as consolações celestes são prodigalizadas apenas para os que buscam a justiça.

Lutei na arena terrestre, mas a luta era desigual. Sucumbi, porém, de minhas cinzas surgiram defensores corajosos; eles marcharam na rota em que eu caminhei. Todos eles são meus bem-amados filhos.”[37]

No mês de março seguinte o ousado pioneiro espírita recebia de Jerônimo a garantia formal de uma assistência que não deveria faltar um só dia. “Vai, meu filho, no caminho aberto à tua frente; marcharei atrás de ti, para te sustentar.” E, como Léon Denis ainda pergunta se seu estado de saúde lhe permitirá estar à altura da tarefa, recebe a seguinte mensagem: “Coragem, a recompensa será mais bela!”

Desde esse dia, o jovem mestre se decidiu pelo caminho de onde não se pode sair, nem retroceder sem risco de uma queda irreparável.

VII — A obra, o orador, o escritor

Já vimos, nos primeiros capítulos, pelos relatos dos jornais, como era grande o poder do conferencista sobre os que o ouviam. Amigos e adversários, todos rendiam homenagem à sua eloquência brilhante, cheia de imagens, persuasiva, interessada em despertar inteligências e em comover pelos meios mais simples.

Por causa de sua vista deficiente, não mantinha o auditório sob seu olhar, à maneira dos tribunos, que contam com os efeitos diretos da sugestão. Ele, porém, punha tal calor humano em sua oratória, um tal acento de sinceridade, que os mais arredios deixavam cair suas prevenções e se entregavam, pouco a pouco, a um invencível sentimento de confiança.

Se Léon Denis não enxergava o auditório, nada lhe escapava quanto às diversas reações que sua palavra provocava. Ele as sentia.

O orador de altos voos não desdenhava, todavia, as sutilezas da ironia, nem os inesperados parênteses, que constituem a astúcia maliciosa de um bom discurso francês.