Conhecimento de Si Mesmo

Perguntas e Respostas

1) O que significa a palavra conhecer? E conhecimento de si?

Conhecimento. Diz-se da relação entre o sujeito e o objeto. O sujeito é o conhecedor e o objeto o conhecido. Daí, o problema que vem desde a antiguidade: "Em que medida aquilo que os homens se representam se assemelha àquilo que é, independentemente dessa representação?"

Conhecimento de si. É uma espécie de reflexão, ou seja, a volta do sujeito para dentro dele mesmo no afã de descobrir-se. Em termos técnicos, pode-se dizer: "O saber objetivo, isto é, não imediato nem privilegiado, que o homem pode adquirir de si mesmo". (Abbagnano, 1970)

2) Qual a origem do dístico "conhece-te a ti mesmo"?

Este dístico estava colocado no frontispício do oráculo de Delfos. Todos viam a sua inscrição, mas foi Sócrates quem pode vislumbrar o seu alcance filosófico, como demonstra o diálogo abaixo:

II

— Dize-me Eutidemo, estivestes alguma vez em Delfos?

— Duas vezes, por Zeus!

— Viste, então, a inscrição gravada no templo: conhece-te a ti mesmo?

— Sim, certamente.

— Esta inscrição não te despertou nenhum interesse, ou, ao contrário, notaste-a e procuraste examinar quem tu és?

— Não, por Zeus! Dado que julgava sabê-lo perfeitamente: pois teria sido difícil para eu aprender outra coisa caso me ignorasse a mim mesmo.

— Então pensas que para conhecer quem somos, basta sabermos o nosso nome, ou que, à maneira dos compradores de cavalo que não crêem conhecer o animal que querem comprar antes de haver examinado se é obediente, teimoso...

— Parece-me, de acordo com o que acabas de dizer-me, que não conhecer o próprio valor equivale a se ignorar a si mesmo.

— Os que se conhecem sabem o que lhes é útil e distinguem o que podem fazer daquilo que não podem: ora, fazendo aquilo de que são capazes, adquirem o necessário e vivem felizes; abstendo-se daquilo que está acima de suas forças não cometem faltas e evitam o mau êxito; enfim, como são mais capazes de julgar os outros homens, podem, graças ao partido que daí tiram, conquistar grandes bens e livrar-se de grandes males... Contrariamente, caem nas desgraças. (Xenofonte, Memoráveis, IV, II, 26.) (Sauvage, 1959)

3) Como se passou do grego (gnôthi seauton) para o latim (nosce te ipsum)?

O enfoque grego tinha por objetivo a volta do sujeito sobre si mesmo. Sócrates falava, inclusive, de tomar consciência da sua ignorância. Conhece-te a ti próprio. Quando esta palavra foi traduzida para o latim, ela tomou um cunho moralista, ou seja, um modo de se aperfeiçoar moralmente, desviando-se do seu sentido inicial.

4) Conhecimento de si e autoconsciência são a mesma coisa?

Não. Conhecimento de si é o saber objetivo, isto é, não imediato nem privilegiado, que o homem pode adquirir de si mesmo. Esse termo tem, portanto, um significado diferente de autoconsciência, que é a consciência absoluta ou infinita, e também de consciência, que sempre implica uma relação imediata e privilegiada do homem consigo mesmo. (Abbagnano, 1970)

5) No que se fundamenta o autoconhecimento? Como se conhecer?

O autoconhecimento fundamenta-se na concepção serena e imparcial que cada um faz de si mesmo. Nada de defesa, nada de privilégios. É uma espécie de exercício de aplicar a si o que deseja para os outros.

Podemos nos conhecer pela dor, pelo convívio com o próximo e pela auto-análise. A auto-análise, por exemplo, fundamenta-se numa cosmovisão transcendental da vida. A compreensão integral do homem se apóia em três esteios fundamentais: filosófico: paz com a verdade; o psicológico: paz consigo mesmo; religioso: paz com o ser transcendental.

6) Quais são as instruções de Santo Agostinho?

Todas as noites, antes de dormirmos, deveríamos revisar o dia para vermos como procedemos com os nossos pensamentos, palavras e atos. (Kardec, 1995)

7) Até que ponto você se conhece?

Incomodam-lhe excessivamente certos ruídos – o tique-taque do relógio, o ruído da máquina de costura...?

Quando solitário, em algum lugar, sente depressão ou tristeza?

É capaz de deixar que lhe expliquem um assunto demorado sem interromper quem fala e sem perder a paciência?

Entra, às vezes, atropeladamente em bondes, ônibus, cinemas, teatros, elevadores?

Sente preguiça de lavar-se, pentear-se, cortar o cabelo, enfeitar-se etc.

Se quebra um objeto de pouco valor, sente-se desgostoso?

(Reunião de 20/10//2007)

Bibliografia Consultada

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995, perguntas 919 e 919A.

SAUVAGE, M. Sócrates e a Consciência do Homem. São Paulo, Agir, 1959. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/conhecimento-de-si-mesmo?authuser=0)


Texto Curto no Blog

Conhecimento de Si Mesmo

Os primeiros filósofos antes de Sócrates buscavam, nos elementos externos do ser, as explicações racionais do mundo. Para Tales de Mileto, a substância primordial era a água; para Anaxímenes, o ar; para Pitágoras, o número; para Demócrito, o átomo. Sócrates, porém, não via a filosofia como uma simples especulação filosófica; para ele, a filosofia não pode estar desligada da própria vida, que é pessoal e social. Essa atitude está condensada na máxima: "Conhece-te a ti mesmo", que é autoconsciência ou uma volta reflexiva sobre si mesmo. 

Sócrates não é o autor da frase "conhece-te a ti mesmo". Na tradição mítica, essa sentença foi proferida pelo deus Apolo, e estava gravada no frontispício do templo de Delfos. Foi somente depois da sua visita a Cherofonte, o oráculo de Delfos, que passou a refletir sobre o "conhece-te a ti mesmo". Este dístico inspira-lhe dois diálogos, narrados em Platão (Alcibíades, l28d-l29) e em Xenofontes (Memoráveis IV, II, 26), onde retrata a importância do autoconhecimento.

O oráculo de Delfos não ensinava filosofia. Sócrates interpretou essa ordem com um programa e um método, ou seja, propunha a seus sucessores trabalhar para se conhecer, a fim de se tornarem melhores. Ele, porém, não se iludia sobre as dificuldades dessa tarefa. Ele as experimentou e morreu por isso. Nada tinha de misterioso. Mas iria volta a ser no momento em que os pensadores cristãos o adotassem e o interpretassem por sua vez.

A filosofia é o diálogo em busca da verdade. Como cada homem possui uma parte da verdade, ele precisa da ajuda de outros seres humanos para ampliá-la. Sócrates enfatizava que cada indivíduo deveria pensar por si mesmo, independentemente das ideias preconcebidas ou da opinião da maioria. Trata-se de buscar a verdade, não um simples acordo entre os interlocutores, pois se pode chegar a um acordo injusto. E mesmo que não se encontre a verdade, o diálogo tinha um mérito: desviar-se das opiniões sem fundamento.

Para Sócrates, a ignorância constitui condição prévia para o saber autêntico. Só quem reconhece a sua ignorância está capacitado ao aprendizado. Por isso, dizia: "sei que nada sei". Para chegar a esse estado prévio do não-saber, Sócrates lança mão de seu método, que é o de perguntar. As perguntas objetivavam descobrir o conceito que se ocultava na superficialidade do conhecimento. Primeiramente, aplicava a ironia, que é a forma negativa do diálogo, em que procurava confundir o interlocutor sobre um conhecimento que acreditava possuir; depois, aplicava a maiêutica, a forma positiva do diálogo que, baseado no ofício de parteira de sua mãe, procurava dar à luz um novo saber. Ele não ensinava, mas criava condições para que o conhecimento brotasse do ouvinte.

Allan Kardec, nas questões 9l9 e 9l9a de O Livro dos Espíritos, trata deste tema. As elucidações são do Espírito Santo Agostinho, que nos diz: "Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessita de reforma".

Continuando a sua explanação, diz-nos que o conhecimento de si mesmo é chave do melhoramento individual. Caso tenhamos dificuldade de fazer essa avaliação, ou seja, estejamos indecisos quanto ao valor das nossas ações, perguntemos como qualificaríamos se a ação tivesse sido praticada por outra pessoa. "Se a censurardes em outros, ela não poderia ser mais legítima para vós, porque Deus não usa de duas medidas para a justiça".

Muitas faltas que cometemos passam despercebidas. Adquiramos o hábito de fazer perguntas claras e precisas sobre a nossa conduta. Quem sabe essa persistência não nos livra de muitos erros que cometemos diariamente?

Complemento

O gnothi seauton envolve em primeiro lugar uma tragédia. A tragédia começa com o enigma da esfinge apresentada ao rei Édipo, que pergunta: "Quem pela manhã anda sobre quatro pernas, à tarde sobre duas e à noite sobre três?". (A resposta: o bebê engatinha de quatro, o adulto fica de pé, e o velho anda com a bengala)

Complemento (junho de 2019)

Heráclito, o pensador de Éfeso, afirmava já no início do século V antes de nossa era: "É preciso estudar a si mesmo." Buda dizia: "Quando a verdadeira natureza das coisas se torna clara para aquele que medita, todas as suas dúvidas desaparecem, pois ele se dá conta de qual é essa natureza e qual a sua causa." Temos também a máxima de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo." No entanto, a máxima completa inscrita no templo de Apolo é: "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses." (LENOIR, Frédéric. Pequeno Tratado de Vida Interior. Tradução Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, capítulo 7.) (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/06/conhecimento-de-si-mesmo.html)


Em Forma de Palestra

Conhecimento de si Mesmo

1. Introdução

O objetivo deste estudo é dar ênfase à tomada de consciência de nossas potencialidades e de nossos limites, no sentido de fazermos uma avaliação mais serena e mais tranqüila de nós mesmos. Os tópicos a serem abordados são: conceito de conhecimento, Sócrates e o Conhece-te a ti mesmo, Senso Crítico e Como Conhecer-se.

2. Conceito

Conhecimento. 1. Ato ou efeito de conhecer. 2. idéia, noção. 3. Informação, notícia, ciência. 4. Filos. No sentido mais amplo, atributo geral que têm os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida da sua organização biológica e no sentido da sua sobrevivência 5. Filos. Apropriação do objeto pelo pensamento, como quer que se conceba essa apropriação: como definição, como percepção clara, apreensão completa, análise etc. (Dicionário Aurélio)

Conhecimento de si mesmo. [Nosce te ipsum]. Conceito que se encontra inscrito no pórtico do Santuário de Delfos, em grego: "Gnôthi seauton" e que significa: "Conhece-te a ti próprio", estrutura moral da filosofia de Sócrates, na sua escola maiêutica. (Equipe da FEB, 1995).

3. Filosofia e História da Filosofia

Enquanto a Ciência tenta explicar como se dão os fatos, construindo a partir de um objeto e do saber que num momento se possui acerca dele, medindo-os, comparando-os e classificando-os, a Filosofia, que trata dela mesma, quer saber porque se deram desta forma e não de outra. Assim, para que possamos penetrar no "conhece-te a ti mesmo" de Sócrates, temos de colocá-lo dentro de um contexto geral, pois a Filosofia parte de coisas já conhecidas, e segue pelas descobertas de outros filósofos como que acrescentando algo ao já existente.

Os pensadores que precederam Sócrates queriam descobrir o princípio das coisas. Este princípio é expresso, para cada um deles, nos seguintes termos: para Tales de Mileto, o princípio de tudo era a água; para Anaximandro, o infinito, o ilimitado; para Anaxímenes, o ar, o fogo, as nuvens e a rocha; para Pitágoras, o número; para Parmênides, o ente, o ser; para Heráclito, o ser dinâmico; para Empédocles, o ar, o fogo, a terra e a água; para Anaxágoras, tudo em todas as coisas; para Demócrito, o átomo – última divisão do ser.

Sócrates, por seu turno, faz o indivíduo voltar-se para si mesmo, a fim de conhecer-se melhor.

4. O Problema do Conhecimento

4.1. Pensamento e Verdade

Conhecer é reproduzir em nosso pensamento a realidade. Damos o nome de conhecimento à posse deste pensamento que concorda com a realidade. À concordância do pensamento com a realidade chamamos verdade.

Que é pensar bem? André Maurois, em A Arte de Viver, diz-nos que é chegar a fazer, de nosso pequeno modelo interior de mundo, uma imagem tão exata quanto somos capazes, do grande mundo real.

Que é verdade? Pauli, em Que é pensar, entende por verdade, no mais amplo sentido, a autenticidade que o conhecimento deve oferecer. Os dados são verdadeiros se são o que anunciam. Se os dados, na hipótese do psicologismo, se comportam como dados puros, a autenticidade se encontra nesta pureza. Se os dados, na hipótese do intencionalismo, anunciam objetos, a autenticidade se encontra em efetivamente noticiá-los, não dizendo que noticiam (quando de fato não noticiam e enganam), nem dizendo que noticiam tal espécie de objetos (quando de fato noticiam outra espécie). (1964, p. 88 e 89)

4.2. Estoque de Conhecimento

O conhecimento acumulado pela humanidade está registrado nos arquivos das bibliotecas espalhadas pelo mundo inteiro. Ele compõe-se de livros, revistas, jornais, periódicos etc. A invenção da imprensa por Johann Guttenberg (1398-1468) é responsável por esse fato, pois a nova técnica de produção literária propiciou a veiculação de uma grande quantidade de conhecimentos que até então estava adormecida. É que os trabalhos dos grandes pensadores, podendo ser duplicados com mais facilidade, aumentou sobremaneira o número de obras à disposição da população.

4.3. Aquisição, Retenção e Utilização do Conhecimento

O conhecimento pode ser adquirido de forma empírica, vulgar, intelectual, científica e intuitiva. Porém, a frequência em cursos, a pesquisa em livros e os diversos tipos de conversações fazem-nos penetrar objetivamente no estoque de conhecimento acumulado pela humanidade. Além do mais, a associação de ideias que dessas pesquisas advém, aumenta ainda mais esse estoque.

A retenção do conhecimento envolve não só o interesse acerca de um assunto como também a apreensão de técnicas de memorização das informações. Lembremo-nos de que nem sempre uma boa memória é sinal de grande inteligência. É o caso do médico, de excelente memória, que tinha dificuldade em prescrever uma receita médica.

A utilização do conhecimento deve ser sempre para o bem, procurando-se não colocar a candeia debaixo do alqueire. (Lessa, 1960, p. 240 a 246)

5. Da Maiêutica Socrática aos Automatismos da Vida Presente

5.1. Maiêutica

Como vimos anteriormente, os ensinamentos e reflexões dos primeiros filósofos se voltaram para os problemas do ser, do movimento e da substância primordial do mundo, a "physis", procurando dar-lhes uma explicação racional. Entre tais mestres, situamos Heráclito, Pitágoras e Demócrito. Sócrates, dizia ser boa, mas queria apresentar algo mais substancioso, ou seja: o homem deveria voltar para si mesmo.

Conhece-te a ti próprio é o dístico colocado no frontispício do oráculo de Delfos. Após a visita de Sócrates a este templo, emanam-se dois diálogos, que podem ser encontrados em: Platão (Alcibíades, 128d-129) e Xenofontes (Memoráveis, IV, II, 26).

Sócrates procura o conceito. Este é alcançado através de perguntas. As perguntas têm um duplo caráter: ironia e maiêutica. Na ironia, confunde o conhecimento sensível e dogmático. Na maiêutica, dá à luz um novo conhecimento, um aprofundamento, sem, contudo, chegar ao conhecimento absoluto.

5.2. Reflexão

É uma volta sobre si mesmo. A reflexão seria mais perfeita se fosse somente sobre o próprio pensamento, sem a intervenção dos sentidos; mas, como o pensamento e os sentidos são inseparáveis, de qualquer forma é uma reflexão.

A reflexão faz-nos comparar e raciocinar, a fim de chegarmos a um acordo com a nossa própria consciência. (Pauli, 1964, p. 88)

5.3. Herança e Automatismo

O princípio inteligente estagiando no reino mineral adquiriu a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. Hoje, somos o resultado de toda essa herança cultural.

Nosso passado histórico propiciou-nos a automatização de hábitos e atitudes. É nossa herança, que começa desde o reino mineral. Há hábitos positivos e negativos. Os positivos devem ser incrementados; os negativos, extirpados. A função da reforma íntima, no seu sentido amplo, é melhorar o reflexo condicionado, arquitetado pelo nosso Espírito.

A lei do progresso exige que o princípio inteligente vá-se despojando dos liames da matéria. Para que tenhamos um olhar crítico, devemos libertar-nos da obscuridade da matéria, consubstanciada no egoísmo, no orgulho e no interesse próprio. (Xavier, 1977, p. 39)

6. Como Conhecer-se

De acordo com Peres, no capítulo I do seu Manual Prático do Espírita, podemos nos conhecer:

6.1. Pela Dor

a dor é teleológica e leva consigo um destino. Por ela podemos saber o que fomos e, também, o que tencionamos ser. Ela é sempre positiva; no sofrimento, estamos purgando algo ou preparando-nos para o futuro.

6.2. Convívio com o Próximo

Podemos avaliar-nos, observando as reações dos outros com relação às nossas atitudes.

6.3. Autoanálise 

A autoanálise fundamenta-se numa cosmovisão transcendental da vida. A compreensão integral do homem se apoia em três esteios fundamentais: filosófico: paz com a verdade; o psicológico: paz consigo mesmo; religioso: paz com o ser transcendental.

São técnicas que permitem o homem chegar a autenticidade de sua doença, não de tirar o homem da doença.

As questões 919 e 919A de O Livro dos Espíritos auxiliam-nos a praticá-la. Santo Agostinho sugere que todas as noites devíamos revisar o dia para ver como fomos em pensamentos, palavras e atos.

7. Conclusão

Embora haja dificuldade de conhecermos a nós mesmos, uma avaliação serena de nossa dor e do nosso relacionamento com o próximo pode oferecer-nos uma luz no fim do túnel. Além do mais, tomando consciência de nossa ignorância, estaremos alicerçados para detectar a nossa verdadeira capacidade.

8. Bibliografia Consultada

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, [s. d. p.]

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. São Paulo, FEESP, 1972.

LESSA, G. Em Busca de Claridade. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1960.

PAULI, E. Que é Pensar (Teoria Fundamental do Conhecimento). Florianópolis, Ed. Biblioteca Superior de Cultura, 1964.

PERES, N. P. Manual Prático do Espírita. São Paulo, Pensamento, 1984.

SAUVAGE, M. Sócrates e a Consciência do Homem. São Paulo, Agir, 1959.

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

São Paulo, 10/07/1988.



Notas do Blog

O Mal Tem Consistência Própria?

A origem do mal é também motivo de especulação filosófica e religiosa. De antemão, podemos afirmar que a sua origem não pode estar em Deus, pois se admitirmos que Deus tenha criado o mal, cai por terra um de seus atributos, ou seja, ser infinitamente bom. Além do mais, teríamos que conceber a existência de dois deuses, um voltado para o bem e outro para o mal, de modo que os dois estariam se digladiando eternamente. Se sua origem não está em Deus, onde estaria? O ponto de partida é o livre-arbítrio. No começo dos tempos vigorava o determinismo divino, que orientava a evolução dos Espíritos. Conforme o Espírito foi tomando conhecimento de si mesmo, adquiriu concomitantemente a liberdade e a responsabilidade pelos atos praticados. O mal surge quando este Espírito se desvia do ideal de bem, colocado por Deus em sua consciência. O desvio – por orgulho, vaidade ou egoísmo – tem como contrapartida a dor. Esta. Por sua vez, faz o Espírito retornar novamente à senda do progresso. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/o-mal-tem-consistncia-prpria.html)

Alcibíades

O saber necessário à política: “conhece-te a ti mesmo”. O conhecimento de si mesmo é essencialmente a tomada de consciência da própria ignorância. É, também, saber distinguir o que nos pertence daquilo que nos é adventício. “Conhecer-se a si mesmo é distinguir-se do que pertence a si mesmo, repor cada coisa em seu justo lugar”. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2012/05/alcibiades.html)

Filosofia do Espírito

O problema da autoconsciência do homem já vem de longa data. Desde Sócrates com o conhecimento de si mesmo, passando pelos psicólogos com a auto-análise, estamos sempre preocupados com a volta do ser para sobre si mesmo. Se quiséssemos resumir esses dois mil e quinhentos anos, veríamos que todos estudos da consciencização se enquadram nos relatos da 1.ª pessoa, que resulta das coisas que se passam conosco e o relato na 3.ª pessoa ou coisas que se passam com os outros. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/06/filosofia-do-esprito.html)

Consciência: Algumas Notas

Segundo Manfred Frank, em Self-consciousness and Self-knowledge, a relação entre consciência, autoconsciência e autoconhecimento é a seguinte:

De acordo com o esquema acima, a autoconsciência é o elemento fundamental da consciência. Sem ela não há consciência nem reflexão sobre a consciência. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2010/03/consciencia-algumas-notas.html)

Tempos de Transição

A preparação para uma nova era, a chamada "era do aquário", exige do ser humano um desprendimento da posse, um grau elevado de compaixão para com o próximo, no sentido de evitar todo o tipo de separação, principalmente do nós contra eles, ou de nosso credo contra o credo do outro. Por isso, a autoconsciência, já preconizada por Sócrates na Grécia antiga, é de suma importância para o nosso processo de evolução espiritual. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2017/06/tempos-de-transicao.html)

Consciência Cósmica

A consciência cósmica, também denominada de iluminação, libertação, batismo do Espírito, imersão na grande luz branca, é uma faculdade que todo o gênero humano deve atingir na sua evolução para chegar à posse da perfeição que lhe está destinada. Para tanto, o ser humano deve ir se aperfeiçoando dia-a-dia para que possa ter uma imortalidade consciente. Deve, a cada instante, exercitar a autoconsciência de si mesmo.  (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2015/02/consciencia-cosmica.html)


Sites e Blogs

Conhecimento de Si Mesmo – Mensagem de Santo Agostinho

Para obter o conhecimento de si mesmo é necessário um processo de reflexão diária de nossos atos, segundo Santo Agostinho em comunicação ao Livro dos Espíritos. O autoconhecimento é um passo fundamental para sua reforma íntima, pois a partir do conhecimento de si mesmo é possível observar o mundo a seu redor.

Ver o nosso próximo é necessário, portanto, para adquirir o conhecimento de si mesmo. Isso significa, porém, reavaliar os nossos atos passados e a forma na qual tais escolhas foram realizadas.

Muitas vezes agimos sob os sentimentos desequilibrados da raiva, mágoas e paixões ainda terrenas e materiais. Bem como o ato de pensar é uma possibilidade de equilíbrio, como nos aconselhou Allan Kardec, o agir sob o crivo da razão. A razão, ou o próprio ato de pensar é uma maneira de nos conectarmos com nosso introspectivo e adquirirmos o conhecimento de si mesmo. 

Separar o que nos pertence e contribui para nossa evolução, do que é externo a nossa vontade e apenas será algo impulsivo e prejudicial ao progresso. Além disso, é importante nos colocarmos no lugar do próximo, afinal nosso ato poderia estar nos atingindo. Analisar nossos atos, sejam racionais ou não, nos ajudam a obter o conhecimento de si mesmo.

Assim como disse Sócrates:

“Conhece-te a ti mesmo”

O conhecimento de si mesmo é o verdadeiro desafio da felicidade. A partir de tal conhecimento compreenderemos nossas falhas e imperfeições, assim como nossos desejos.

Nossas falhas são as imperfeições que nos inclinam as más tendências, ou seja, àquelas que fogem do caminho do progresso. Quando passamos a refletir os atos passados, conseguimos observar de forma racional os nossos erros.

Com o tempo utilizaremos a razão para vigiar nossos atos de forma antecipada, agindo apenas com a consciência racional. O conhecimento de si mesmo proporciona o entendimento de suas limitações, de seus medos, assim como o de suas capacidades.

Se conhecer  é a possibilidade de controlar de forma consciente as suas escolhas e tomar posse de sua caminhada futura a fim de alcançar a evolução moral.   (https://tvmundomaior.com.br/conhecimento-de-si-mesmo/ )

Conhecimento de si mesmo

Objetivo Geral: Favorecer o entendimento da perfeição moral e de como alcançá-la.

Objetivo Específico: Fazer uma reflexão acerca da necessidade do conhecimento de si mesmo.

Conteúdo Básico

Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 919.

Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 919a (mensagem de Santo Agostinho).

Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 919 - comentário. 

Sugestões Didáticas

Introdução:

Iniciar a aula solicitando aos participantes que, em duplas, discutam a seguinte afirmação de Léon Denis: A vontade é a maior de todas as potências; é, em sua ação, comparável ao ímã. (O Problema do Ser do Destino e da Dor, p. 313)

Ouvir os comentários e esclarecer as possíveis dúvidas, destacando o papel da vontade no progresso do Espírito. (O Livro dos Espíritos, questão 121)

Desenvolvimento:

Em seguida, dividir a turma em pequenos grupos, para a realização das seguintes tarefas:

1. Ler os subsídios do roteiro;

2. Responder à seguinte pergunta: Por que é necessário o conhecimento de si mesmo para alcançar a perfeição moral?

3. Elaborar um roteiro prático para atingi-la;

4. Afixar esse roteiro no mural da sala de aula;

5. Indicar um colega para apresentar as conclusões em plenária.

Pedir aos representantes dos grupos que apresentem as conclusões do trabalho.

Ouvir os relatos, prestando os esclarecimentos necessários.

Conclusão:

Encerrar a reunião, projetando a seguinte frase, constante dos Subsídios do roteiro: O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. (O Livro dos Espíritos, questão 919)

Avaliação:

O estudo será considerado satisfatório se os alunos realizarem de forma correta as tarefas propostas.

Técnica(s):

Estudo em duplas; trabalho em pequenos grupos; exposição.

Recurso(s):

O Problema do Ser, do Destino e da Dor e O Livro dos Espíritos; subsídios do roteiro; lápis / caneta; papel; folhas de papel pardo; pincel atômico de cores variadas; cartaz; mural da sala de aula. (http://bibliadocaminho.com/ocaminho/Tematica/EE/Estudos/EsdePf.17.2.htm 

 

Mensagem Espírita

Firmeza e constância

“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 15:58.)

Muita gente acredita que abraçar a fé será confiar-se ao êxtase improdutivo. A pretexto de garantir a iluminação da alma, muitos corações fogem à luta, trancando-se entre as quatro paredes do santuário doméstico, entre vigílias de adoração e pensamentos profundos acerca dos mistérios divinos, esquecendo-se de que todo o conjunto da vida é Criação Universal de Deus.

Fé representa visão.

Visão é conhecimento e capacidade de auxiliar.

Quem penetrou a “terra espiritual da verdade”, encontrou o trabalho por graça maior.

O Senhor e os discípulos não viveram apenas na contemplação.

Oravam, sim, porque ninguém pode sustentar-se sem o banho interior de silêncio, restaurando as próprias forças nas correntes superiores de energia sublime que fluem dos Mananciais Celestes.

A prece e a reflexão constituem o lubrificante sutil em nossa máquina de experiências cotidianas.

Importa reconhecer, porém, que o Mestre e os aprendizes lutaram, serviram e sofreram na lavoura ativa do bem e que o Evangelho estabelece incessante trabalho para quantos lhe esposam os princípios salvadores.

Aceitar o Cristianismo é renovar-se para as Alturas e só o clima do serviço consegue reestruturar o espírito e santificar-lhe o destino.

Paulo de Tarso, invariavelmente peremptório nas advertências e avisos, escrevendo aos Coríntios, encareceu a necessidade de nossa firmeza e constância nas tarefas de elevação, para que sejamos abundantes em ações nobres com o Senhor.

Agir ajudando, criar alegria, concórdia e esperanças, abrir novos horizontes ao conhecimento superior e melhorar a vida, onde estivermos, é o apostolado de quantos se devotaram à Boa Nova.

Procuremos as águas vivas da prece para lenir o coração, mas não nos esqueçamos de acionar os nossos sentimentos, raciocínios e braços, no progresso e aperfeiçoamento de nós mesmos, de todos e de tudo, compreendendo que Jesus reclama obreiros diligentes para a edificação de seu Reino em toda a Terra. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 69)

No reino interior

“Sigamos, pois, as coisas que contribuem para a paz e para a edificação de uns para com os outros.” - Paulo. (Romanos, 14:19.)

Não podemos esperar, por enquanto, que o Evangelho de Jesus obtenha vitória imediata no espírito dos povos. A influência dele é manifesta no mundo, em todas as coletividades; entretanto, em nos referindo às massas humanas, somos compelidos a verificar que toda transformação é vagarosa e difícil.

Não acontece o mesmo, porém, na esfera particular do discípulo. Cada espírito possui o seu reino de sentimentos e raciocínios, ações e reações, possibilidades e tendências, pensamentos e criações.

Nesse plano, o ensino evangélico pode exteriorizar-se em obras imediatas.

Bastará que o aprendiz se afeiçoe ao Mestre.

Enquanto o trabalhador espia questões do mundo externo, o serviço estará perturbado. De igual maneira, se o discípulo não atende às diretrizes que servem à paz edificante, no lugar onde permanece, e se não aproveita os recursos em mão para concretizar a verdadeira fraternidade, seu reino interno estará dividido e atormentado, sob a tormenta forte.

Não nos entreguemos, portanto, ao desequilíbrio de forças em homenagens ao mal, através de comentários alusivos à deficiência de muitos dos nossos irmãos, cujo barco ainda não aportou à praia do justo entendimento.

O caminho é infinito e o Pai vela por todos.

Auxiliemos e edifiquemos.

Se és discípulo do Senhor, aproveita a oportunidade na construção do bem. Semeando paz, colherás harmonia; santificando as horas com o Cristo, jamais conhecerás o desamparo. ((XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 24)