Os Quatro Evangelhos

Perguntas e Respostas

1) Qual a diferença entre Evangelho e Evangelhos?

A palavra Evangelho, do grego euaggélion, pelo latim evangelium, significa boa nova, boa notícia. Em se tratando do Novo Testamento, são os alegres anúncios trazidos por Jesus Cristo. Os Evangelhos são os livros compostos pelos evangelistas Marcos, Mateus, João e Lucas. Há, também, um quinto Evangelho, que são as epístolas do Novo Testamento. Em realidade, o Evangelho é um só, o alegre anúncio. Como esse alegre anúncio foi feito por diversas pessoas, para cada uma dessas pessoas torna-se um Evangelho, que reunidos formam os Evangelhos.

2) Quais são as vantagens e as desvantagens de se analisar o quadriforme Evangelho pela concordância?

As desvantagens das concordâncias são: 1) despersonalizam os Evangelhos; 2) nivelam acontecimentos que os Evangelhos ressaltam diversamente; 3) impedem o enriquecimento de notas que assinalam a relação de fatos e ensinamentos de Jesus.

O valor da concordância está em: 1) melhor conhecimento do ministério de Cristo; 2) possibilidade de ler de uma vez "os quatro Evangelhos reunidos em um só", bem como dispor de um texto mais completo em palavras e circunstâncias para cada evento da vida e da pregação de Jesus.

3) Qual dos quatro Evangelhos foi escrito em primeiro lugar?

O Evangelho segundo Marcos foi o primeiro entre os evangelhos canônicos a ser escrito, por volta do ano 70, ano da destruição do Templo pelos Romanos. O Evangelho de São Marcos é o segundo dos quatro evangelhos do Novo Testamento e um dos três chamados de sinóticos, junto com o Evangelho de São Mateus e o Evangelho de São Lucas.

4) O que se entende por evangelhos sinóticos?

Evangelhos sinóticos são aqueles que se assemelham. No caso, os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. As raízes gregas desta palavra são: sýn, "junto" e opsis, "visão". Isto permite que as concordâncias dos três evangelistas sejam impressas em forma de synopsis (sinopse). Dos 661 versículos do texto autêntico de Marcos, cerca de 610 foram incluídos em Mateus e cerca de 350 em Lucas, enquanto alguns parágrafos não apareceram nem em Mateus nem em Lucas (Mc 4,26-29; 7,32-37; 8,22-26) (1)

5) Como resumir o Evangelho segundo Mateus?

O Evangelho de Mateus, o publicano ou o cobrador de impostos, é o primeiro dos quatro. É também o mais estudado e comentado, em vista da catequese global e eclesial que o caracteriza. Esta catequese mostra que o escândalo da morte na cruz fazia parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. Mateus traça a vida histórica e cronológica de Jesus, enaltecendo o trabalho de pregação (kerygma) do Reino dos Céus. Dividiu-o em cinco partes: 1) fundação do Reino dos Céus; 2) o Reino dos Céus em ação (os milagres); 3) o mistério do Reino dos Céus (figura velada das parábolas); 4) Reino como comunidade visível e organizada (Pedro é a pedra angular da "Igreja"); 5) aspecto escatológico do Reino dos Céus (implantação deste na terra). (2)

6) Que aspectos são relevantes no Evangelho segundo Marcos?

O Evangelho de Marcos vem em segundo lugar, embora há dados enciclopédicos que o colocam como o primeiro Evangelho. Não teve o mesmo êxito dos outros, porque o seu material estaria mais desenvolvido em Mateus e Lucas. Santo Agostinho fala que o Evangelho de Marcos é o resumo do de Mateus. A sua autoridade está fundamentada na narração de Pedro, testemunha ocular dos fatos. (2)

7) O que caracteriza o Evangelho segundo Lucas?

O Evangelho de Lucas é o terceiro Evangelho. Foi o que explicitou a sua intenção: escrever uma história de Jesus. É um Evangelho para os helenistas, pois é o único escritor que veio do paganismo. Todos os outros são de origem judaica. Sua cidade de origem é Antioquia e foi nessa cidade que surgiu o termo "cristão" para designar os seguidores de Jesus. Este Evangelho como o de Marcos, é de segundo plano, pois viveu à sombra do apóstolo dos gentios, Paulo. A sua catequese fundamenta-se em Jesus como salvador, as lições da cruz e o poder da ressurreição. (2)

8) Por que o Evangelho segundo João foi cunhado de o "Evangelho Espiritual"?

O Evangelho de João, cunhado como o "Evangelho Espiritual", aparece em quarto lugar. Ele queria penetrar na profundidade do verbo de Deus, o verbo que se fez carne, ou seja, o verbo encarnado em Jesus. O apelido "Evangelho Espiritual" deveu-se a Clemente de Alexandria, que disse: "João, o último de todos, vendo que o aspecto material da vida de Jesus fora ilustrado por outros Evangelhos, inspirado pelo Espírito Santo e ajudado pela oração dos seus, compôs um Evangelho Espiritual". (2)

(Reunião de 08/08/2009)

Fonte de Consulta

(1) Enciclopédia Mirador Internacional

(2) BATTAGLIA, Oscar. Introdução aos Evangelhos: um estudo histórico-crítico. Tradução de Carlos A. de Costa Silva. Rio de Janeiro: Vozes, 1984. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/quatro-evangelhos-os?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Os Quatro Evangelhos

Os quatro Evangelhos são os Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João, ordem pela qual aparecem no Novo Testamento. A palavra Evangelho, do grego euaggélion, pelo latim evangelium, significa boa nova, boa notícia. Em se tratando do Novo Testamento, são as boas novas trazidas por Jesus Cristo, em que anuncia as bem-aventuranças, o reino dos Céus e a recompensa na vida futura.

Em realidade, o Evangelho é um só, o alegre anúncio. Como esse alegre anúncio foi feito por diversas pessoas, para cada uma dessas pessoas torna-se um Evangelho, que reunidos formam os Evangelhos. Entre eles, há alguns que se assemelham (Mateus, Marcos e Lucas) e, por isso, são chamados de sinóticos (do grego sýn, "junto" e opsis, "visão"). O Evangelho de João não segue o padrão desses três. Isto permite que as concordâncias dos três evangelistas sejam impressas em forma de synopsis (sinopse). Dos 661 versículos do texto autêntico de Marcos, cerca de 610 foram incluídos em Mateus e cerca de 350 em Lucas, enquanto alguns parágrafos não apareceram nem em Mateus nem em Lucas (Mc 4,26-29; 7,32-37; 8,22-26).

O Evangelho de Mateus, o publicano ou o cobrador de impostos, é o primeiro dos quatro. É também o mais estudado e comentado, em vista da catequese global e eclesial que o caracteriza. Esta catequese mostra que o escândalo da morte na cruz fazia parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. Mateus traça a vida histórica e cronológica de Jesus, enaltecendo o trabalho de pregação (kerygma) do Reino dos Céus. Dividiu-o em cinco partes: 1) fundação do Reino dos Céus; 2) o Reino dos Céus em ação (os milagres); 3) o mistério do Reino dos Céus (figura velada das parábolas); 4) Reino como comunidade visível e organizada (Pedro é a pedra angular da "Igreja"); 5) aspecto escatológico do Reino dos Céus (implantação deste na terra).

O Evangelho de Marcos vem em segundo lugar, embora há dados enciclopédicos que o colocam como o primeiro Evangelho. Não teve o mesmo êxito dos outros, porque o seu material estaria mais desenvolvido em Mateus e Lucas. Santo Agostinho fala que o Evangelho de Marcos é o resumo do de Mateus. A sua autoridade está fundamentada na narração de Pedro, testemunha ocular dos fatos.

O Evangelho de Lucas é o terceiro Evangelho. Foi o que explicitou a sua intenção: escrever uma histórica de Jesus. É um Evangelho para os helenistas, pois é o único escritor que veio do paganismo. Todos os outros são de origem judaica. Sua cidade de origem é Antioquia e foi nessa cidade que surgiu o termo "cristão" para designar os seguidores de Jesus. Este Evangelho como o de Marcos, é de segundo plano, pois viveu à sombra do apóstolo dos gentios, Paulo. A sua catequese fundamenta-se em Jesus como salvador, as lições da cruz e o poder da ressurreição.

O Evangelho de João, cunhado como o "Evangelho Espiritual", aparece em quarto lugar. Ele queria penetrar na profundidade do verbo de Deus, o verbo que se fez carne, ou seja, o verbo encarnado em Jesus. O apelido "Evangelho Espiritual" deveu-se a Clemente de Alexandria, que disse: "João, o último de todos, vendo que o aspecto material da vida de Jesus fora ilustrado por outros Evangelhos, inspirado pelo Espírito Santo e ajudado pela oração dos seus, compôs um Evangelho Espiritual".

Procuramos fazer uma síntese dos quatro Evangelhos. Resta-nos, por fim dizer, que um estudo mais aprofundado de cada um deles propiciar-nos-á um melhor conhecimento do ministério de Cristo.

Fonte de Consulta

BATTAGLIA, Oscar. Introdução aos Evangelhos: um estudo histórico-crítico. Tradução de Carlos A. de Costa Silva. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

Complemento: Na pergunta 284, de O Consolador, o Espírito Emmanuel esclarece-nos que os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, as pregações de Jesus a respeito da cruz e da conquista do Reino dos Céus. A João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino na sua sagrada missão universalista. Por isso, a sentença: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade”. Quer dizer, “Jesus, o enviado de Deus, foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas ordenações sagradas da vida no Infinito”. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/05/os-quatro-evangelhos.html)


Em Forma de Palestra

Os Quatro Evangelhos

"Intelligebas heri modicum, intelligis hodie amplius, intelligis cras multo amplius; lúmen ipsum Dei crescit in te".

Ontem entendias um pouco, hoje entendes algo mais, amanhã entenderás muito mais. É a própria luz de Deus que cresce em ti. (Santo Agostinho)

1. Introdução

Quem eram os evangelistas? Há lógica em seus escritos? Como foram compostos esses livros? Com estas questões, introduzimos os quatro Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João –, os primeiros livros do Novo Testamento.

2. Conceito

Evangelho é a tradução portuguesa da palavra grega Euangelion que foi notavelmente enriquecida de significados. Para os gregos mais antigos ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a exata etimologia do termo.

Os Quatro Evangelhos – Desde os primeiros anos do cristianismo preferiu-se falar de "Evangelho", no singular, também quando se referia aos livros. Isto porque os escritos dos apóstolos traziam todos o mesmo e idêntico "alegre anúncio" proclamado por Jesus e difundido oralmente. Quando se desejou, porém, indicar de maneira específica cada um dos quatro livros, encontrou-se uma fórmula particularmente eficaz e significativa: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João". Desse momento em diante, o singular e o plural se alternam para indicar, um a identidade do anúncio, o outro a diversidade de forma e redação. Ficará, porém, sempre viva a convicção de que o Evangelho é um só: o alegre anúncio de Jesus. (Battaglia, 1984, p. 25 e 26)

Cânon é a palavra que, nas línguas orientais (dos quais se deriva) e em grego, designa a regra, a medida e, por extensão, o catálogo. Em linguagem bíblica, significa os catálogos dos livros sagrados.

Vulgata é o nome dado à tradução latina dos textos bíblicos devida a São Jerônimo (420), o novo texto assim apresentado aos cristãos em breve se tornou de uso comum; donde o nome de vulgata (forma) que tomou. Antes de Jerônimo já existia outra tradução latina, comumente chamada Vetus latim ou pre-jeronimiana. (Bettencourt, 1960)

3. Considerações Iniciais

Jesus, quando esteve encarnado entre nós, há dois mil anos, traçou-nos os fundamentos morais para a nossa conduta ética. Ele não nos deixou nada escrito. Todos os seus ensinamentos foram transmitidos oralmente. Na época, e mesmo hoje, a palavra oral tinha muito mais força do que a palavra escrita. No discurso oral, usamos gestos, os efeitos sonoros da voz, a repetição persuasiva e muito mais. De certa forma, a escrita é estática, dependendo muito mais do entendimento de quem lê.

Nas aulas, os mestres apelavam para a memória de seus discípulos e procuravam facilitar-lhes a tarefa redigindo suas ideias em sentenças ritmadas quase cantantes, aptas a se guardar na mente dos ouvintes. Este método de ensino é denominado de catequese, palavra grega que significa "ressonância". O mestre devia fazer ecoar amplamente as suas sentenças. Catequizado era aquele a quem haviam feito ressoar os termos da doutrina.

As prédicas de Jesus foram ouvidas pelos seus seguidores, mas redigidas muito tempo depois de sua morte. Dentre os diversos evangelhos existentes, apenas quatro foram considerados canônicos, ou seja, considerados sagrados e de inspiração divina. Os outros foram classificados como apócrifos. Os quatro Evangelhos são: o Evangelho segundo Mateus, o Evangelho segundo Marcos, o Evangelho segundo Lucas e o Evangelho segundo João.

4. Cada um dos Quatro Evangelhos

4.1. O Evangelho Segundo Mateus

Mateus, o publicano ou o cobrador de impostos, recolheu a pregação apostólica palestinense e escreveu para os judeus convertidos ao cristianismo. O Evangelho de Mateus é o primeiro dos quatro. É também o mais estudado e comentado, em vista da catequese global e eclesial que o caracteriza. Esta catequese mostra que o escândalo da morte na cruz fazia parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. Mateus traça a vida histórica e cronológica de Jesus, enaltecendo o trabalho de pregação (kerygma) do Reino dos Céus. Dividiu-o em cinco partes: 1) fundação do Reino dos Céus; 2) o Reino dos Céus em ação (os milagres); 3) o mistério do Reino dos Céus (figura velada das parábolas); 4) Reino como comunidade visível e organizada (Pedro é a pedra angular da "Igreja"); 5) aspecto escatológico do Reino dos Céus (implantação deste na terra). (Battaglia, 1984)

4.2. O Evangelho Segundo Marcos 

O Evangelho de Marcos vem em segundo lugar, embora haja dados enciclopédicos que o colocam como o primeiro Evangelho. Não teve o mesmo êxito dos outros, porque o seu material estaria mais desenvolvido em Mateus e Lucas. Santo Agostinho fala que o Evangelho de Marcos é o resumo do de Mateus. A sua autoridade está fundamentada na narração de Pedro, testemunha ocular dos fatos. (Battaglia, 1984)

4.3. O Evangelho Segundo Lucas

O Evangelho de Lucas é o terceiro Evangelho. Foi o que explicitou a sua intenção: escrever uma histórica de Jesus. É um Evangelho para os helenistas, pois é o único escritor que veio do paganismo. Todos os outros são de origem judaica. Sua cidade de origem é Antioquia e foi nessa cidade que surgiu o termo "cristão" para designar os seguidores de Jesus. Este Evangelho como o de Marcos, é de segundo plano, pois viveu à sombra do apóstolo dos gentios, Paulo. A sua catequese fundamenta-se em Jesus como salvador, as lições da cruz e o poder da ressurreição. (Battaglia, 1984)

4.4. O Evangelho Segundo João

O Evangelho de João, cunhado como o "Evangelho Espiritual", aparece em quarto lugar. Ele queria penetrar na profundidade do verbo de Deus, o verbo que se fez carne, ou seja, o verbo encarnado em Jesus. O apelido "Evangelho Espiritual" deveu-se a Clemente de Alexandria, que disse: "João, o último de todos, vendo que o aspecto material da vida de Jesus fora ilustrado por outros Evangelhos, inspirado pelo Espírito Santo e ajudado pela oração dos seus, compôs um Evangelho Espiritual". (Battaglia, 1984)

5. Os Evangelhos Sinóticos

5.1. O Evangelho é um Só, o Alegre Anúncio

Em realidade, o Evangelho é um só, o alegre anúncio. Como esse alegre anúncio foi feito por diversas pessoas, para cada uma dessas pessoas torna-se um Evangelho, que reunidos formam os Evangelhos. Entre eles, há alguns que se assemelham (Mateus, Marcos e Lucas) e, por isso, são chamados de sinóticos (do grego sýn, "junto" e opsis, "visão"). O Evangelho de João não segue o padrão desses três. Isto permite que as concordâncias dos três evangelistas sejam impressas em forma de synopsis (sinopse).

5.2. Semelhança de Conteúdo

À diferença de João, os três sinóticos dispõem o currículo da vida pública de Jesus segundo uma esquema muito simples, assim concebido: após o seu batismo, o jejum de quarenta dias e as tentações no deserto, Cristo prega na Galileia, tendo como centro missionário a cidade de Cafarnaum; decorrido quase um ano de ministério, o Senhor desce à Judéia, passando em Jerusalém a sua última semana, no qual padeceu, morreu e ressuscitou (O Divino Mestre teria pregado durante um ano apenas, conforme os sinóticos)

5.3. Algumas Estatísticas 

O Evangelho de Mateus consta de 1.070 versículos aproximadamente, dos quais 330 lhe são próprios, 170 comuns com Marcos apenas, 230 comuns com Lucas somente e 340 comuns com Marcos e Lucas. Marcos escreveu 667 versículos, dos quais 68 lhe são próprios. Lucas, perto de 1.151 versículos, dos quais 541 são característicos de seu livro.

Conclui-se:

a) Mateus tem como propriedade sua cerca de uma terça parte do respectivo Evangelho; Marcos cerca de um décimo, Lucas aproximadamente metade.

b) dividindo-se o conteúdo dos três sinóticos em seções, verifica-se que Mateus tem de próprio 42% desse material; Marcos, 7% e Lucas, 59%. (Bettencourt, 1960)

5.4. A Contribuição do Espírito Emmanuel 

"As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista". (Xavier, 1977, pergunta 284)

6. Convergências e Divergências dos Evangelhos 

6.1. Teoria das Duas Fontes 

Houve uma tradição oral, sendo a sua transcrição redigido de acordo com o modo de cada evangelista. Estes parecem ultrapassar as possibilidades da memória. Impõe-se admitir a tradição escrita, que melhor explique a mencionada afinidade. Cada um dos evangelistas deve ter haurido dessa documentação escrita o respectivo material. Por isso a interdependência direta dos sinóticos.

A teoria das duas fontes é devida à: 1) um compêndio dos feitos de Jesus, que seria a forma primitiva do Evangelho de Marcos; 2) uma coletânea de frases e sermões de Cristo atribuída a Mateus. (Bettencourt, 1960)

6.2. Disposição das Seções 

Existem pequenos blocos literários já forjados anteriormente à redação dos Evangelhos e inseridos como tais sem desmembramento, nas narrativas dos três sinóticos. Verifica-se que os mesmos fatos são, por vezes, narrados com as mesmas palavras nos três sinóticos.

6.3. Exemplos

a) Na oração do "Pai Nosso", há 7 petições em Mateus; em Lucas, 5.

Mateus: Pai nosso que estais no céu, // Lucas: Pai,

Mateus: Santificado seja o vosso nome, Venha a nós o vosso reino. // Lucas: Santificado seja o vosso nome, Venha a nós o vosso reino.

Mateus: Seja feita a vossa vontade, Assim na terra como no céu. // Lucas: em branco

Mateus: O pão que nos é necessário, nos dai hoje. // Lucas: O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Mateus: Perdoai-nos as nossas dívidas assim como Nós perdoamos os nossos devedores. // Lucas: Perdoai-nos os nossos pecados, pois nós Mesmos perdoamos a quem nos deve.

Mateus: E não nos deixeis cair em tentação. // Lucas: E não nos deixeis cair em tentação.

Mateus: Mas livrai-nos do mal (ou do Maligno). // Lucas: em Branco 

b) Mateus fala em 8 bem-aventuranças; Lucas em quatro. (Bettencourt, 1960)

7. Conclusão 

Procuramos fazer uma síntese dos quatro Evangelhos. Resta-nos, por fim dizer, que um estudo mais aprofundado de cada um deles  propiciar-nos-á  um melhor conhecimento do ministério de Cristo.

8. Bibliografia Consultada 

BATTAGLIA, Oscar. Introdução aos Evangelhos: um estudo histórico-crítico. Tradução de Carlos A. de Costa Silva. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

BETTENCOURT, E. Dom. Para Entender os Evangelhos. Rio de Janeiro: Agir, 1960.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

São Paulo, maio de 2009.



Notas do Blog

Evangelho

3) Os Quatro Evangelhos – Evangelho, no singular, é a boa-nova trazida pelo Cristo. Evangelhos referem-se ao: "Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João". 

Os dizeres do Evangelho fundamentam-se no ensinamento religioso revelado, como livros inspirados, que contêm a verdadeira história e o verdadeiro ensinamento de Jesus. Os Evangelhos são o ponto de chegada da salvação e ponto de partida rumo à perfeição definitiva por eles anunciada. Observe que a Reforma Protestante do século XVI não tocou na doutrina da divina inspiração da Bíblia, que pelo contrário foi formulada de maneira ainda mais rígida. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/06/evangelho.html)

Evangelhos Apócrifos

Há cinco tipos de Evangelho: 1) O Evangelho de Jesus; 2) O Evangelho dos Apóstolos; 3) Os Quatro Evangelhos ("Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus", "Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João"); 4) O Quinto Evangelho (os Atos dos Apóstolos e as Cartas Apostólicas); 5) Evangelhos Apócrifos – Muitas informações acerca de Jesus estão arroladas nos evangelhos apócrifos (escondidos) e nas ágrafas (ensino oral). (Battaglia, 1984) (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2018/06/evangelhos-apocrifos.html)

Jesus Cristo (1-33)

O Cristo dos Evangelhos Apócrifos. Eis alguns deles: Evangelho da Infância de Jesus, Evangelho de Maria, dos Doze Apóstolos, de São Pedro, de São Bartolomeu etc. Em geral, esses Evangelhos refletem a imagem de "Cristo folclórico". O Evangelho da Infância de Jesus é um dos mais “folclóricos”. Observe estas duas passagens: 1) um menino, por brincadeira, pula sobre as costas de Jesus. Aí, Jesus zangou-se e, olhando-o, lhe disse: — Não chegarás aonde ias — E o menino caiu fulminado e morto no chão; 2) estava Jesus ainda no berço: e um dia olhou para sua mãe e falou com ela, declarando-lhe os mistérios da encarnação: — Eu sou Jesus, o Filho de Deus, o Verbo que tu engendraste, segundo to anunciou o arcanjo. São Gabriel. Enviou-me o Pai para redimir o mundo dos seus pecados. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2019/09/jesus-cristo-1-33.html)

Aparência e Realidade

Aquilo que vemos é realmente o que vemos? Esta questão remete-nos ao próprio pensar do ser humano. Podemos simplesmente absorver uma informação (de modo passivo) ou, ao contrário, indagar se ela tem fundamento, se condiz com a verdade dos fatos. O nosso procedimento, como seres racionais, é o de questionar se a informação recebida tem um fundo de verdade. João, em seu Evangelho, já nos alertava para não acreditarmos em todos os espíritos. Antes disso, deveríamos verificar se eles são de Deus, ou se são mistificadores. Em outras palavras, desconfiemos das aparências. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2009/06/aparencia-e-ealidade_09.html)


Mensagem Espírita

Mãos à Obra

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 14:26.)

A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observação aqui transcrita.

O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá-lo a certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescência do Evangelho.

Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por novidades em fenomenologia e revelação.

Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de médiuns adestrados.

Por quê?

Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da iluminação dos companheiros.

Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à frequência mecânica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o esforço de alguns poucos.

Convençam-se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe compete. Ninguém alegue ausência de novidades, quando vultosas concessões da esfera superior aguardam a firme decisão do aprendiz de boa-vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar-se.

Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelação, o poder de falar e de interpretar de que já sois detentores e colocai mãos à obra do bem e da luz, no aperfeiçoamento indispensável. (XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 1)

Evangelho e Educação

Quando o mestre confiou ao mundo a divina mensagem da Boa Nova, a Terra, sem dúvida, não se achava desprovida de sólida cultura. 

Na Grécia, as artes haviam atingido luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas preciosas circulavam por toda parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a religião. 

Os escritores possuíam corpos de copistas especializados e professores eméritos conservavam tradições e ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência. 

Prosperava a instituição, em todos os lugares, mas a educação demorava-se em lamentável pobreza. 

O cativeiro consagrado por lei era flagelo comum. 

A mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava aos cavalos. 

Homens de consciência enobrecia, por infelicidade financeira ou por questiúnculas de raça, eram assinalados a ferro candente e submetidos à penosa servidão, anotados como animais. 

Os pais podiam vender os filhos. 

Era razoável cegar os vencidos e aproveitá-los em serviços domésticos. 

As crianças fracas eram, quase sempre, punidas com a morte. 

Enfermos eram sentenciados ao abandono. 

As mulheres infelizes podiam ser apedrejadas com o beneplácito da justiça. 

Os mutilados deviam perecer nos campos de luta, categorizados à conta de carne inútil. 

Qualquer tirano desfrutava o direito do reduzir os governados à extrema penúria, sem ser incomodado por ninguém. 

Feras devoravam homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso geral. 

Rara a festividade do povo que transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como impositivo natural dos costumes. 

Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento.

Condenado ao supremo sacrifício, sem reclamar, e rogando o perdão celeste para aqueles que o vergastavam a feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições espirituais. 

Iluminados pela Divina Influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes. 

Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados. 

Instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular. 

Pouco a pouco, altera-se a paisagem social, no curso dos séculos. 

Dilacerados e atormentados, entregues ao supremo sacrifício nas demonstrações sanguinolentas dos tribunais e das praças públicas, ou trancafiados nas prisões, os aprendizes do Evangelho ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a fortaleza moral e a esperança. 

Há grupos de servidores, que se devotam ao trabalho remunerado para a libertação de numerosos cativos. 

Senhores da fortuna e da terra, tocados nas fibras mais íntimas, devolvem escravos ao mundo livre. 

Doentes encontram remédio, mendigos acham teto, desesperados se reconfortam, órfãos são recebidos no lar.

Nova mentalidade surge na Terra. 

O coração educado aparece, por abençoada luz, nas sombras da vida. 

A gentileza e a afabilidade passam a reger o campo das boas maneiras e, sob a inspiração do Mestre Crucificado, homens de pátrias e raças diferentes aprenderam a encontrar-se com alegria, exclamando, felizes: —  “meu irmão”. (XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 21)