Fraternidade

Perguntas e Respostas

"O homem pouco pode sozinho; é um Robinson abandonado; somente na comunidade com os demais é que é poderoso." 

(A. Schopenhauer)

1) O que se entende por fraternidade? 

Etimologicamente, significa "irmandade" ou "conjunto de irmãos". Em sentido estrito, exprime simplesmente o sentimento de afeição recíproca entre irmãos. 

2) O homem sempre fez parte de uma grande família? 

Desde a Antiguidade, todos os homens fazem parte de uma grande família. Sêneca dizia que "A natureza fez de nós uma família" e Marco Aurélio que "O universo é como uma cidade". Houve, contudo, a tendência de limitar tal sentimento aos membros de uma nação e de excluir dele os escravos. Aristóteles e outros filósofos, por exemplo, achavam que os escravos não podiam ser irmãos dos homens livres. 

3) Os homens são lobos ou irmãos em seus relacionamentos? 

A base do pensamento individualista moderno é constituído pela concepção de que o homem é lobo do homem. Nesse sentido, a vida é regida pela competição em que os mais aptos devem triunfar. Assim sendo, a irmandade fica reduzida a um pequeno grupo de amigos íntimos, unidos por laços de famílias ou interesses comuns. (Idígoras, 1983) 

4) Qual a atitude marxista com relação à fraternidade? 

O pensamento marxista desenvolve-se na mesma linha da do pensamento individualista, com a diferença de que já não fala dos indivíduos na luta pelos bens sociais, mas sim de classes sociais. Neste caso, uma classe social fica sendo o lobo da outra classe social. 

5) Há desvios políticos em torno da fraternidade? 

O ser humano, quando é alçado a um cargo público, deveria praticar a fraternidade universal, que é o devido cuidado do bem público. Mas o que vemos? Boa parcela dos políticos procura cuidar muito mais dos seus interesses particulares ou do seu partido do que os da nação. 

6) Como Jesus tratou a fraternidade? 

Jesus, em seus diversos ensinamentos, tinha por base a fraternidade universal. O amor pelo inimigo é o ponto alto de suas prédicas. Em qualquer contratempo, nossa reação automática é: "olho por olho e dente por dente". Contudo, para seguir o Mestre, devemos modificar a resposta do homem velho e transformá-la na do homem novo, ou seja, perdoar não sete mas setenta vezes sete. 

7) Devemos ser fraternos apenas com os nossos? 

Seja qual seja a condição em que nos encontramos, podemos estender os braços unindo-nos aos semelhantes, através da compreensão e do auxílio mútuo. O apóstolo não nos diz: "sede todos da mesma altura", mas sim: "sede todos fraternalmente unidos". Não nos exige, pois, o Evangelho venhamos a ser censores ou escravos uns dos outros, e, sim, nos exorta a que sejamos irmãos. (Xavier, 1986, p. 244) 

8) Pensamentos para reflexão. 

"Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos" é um ensinamento de Jesus que nos remete à fraternidade universal, porque extrapola o círculo de convivência no reduto familiar.

"O amor ao próximo inclui o esclarecimento fraterno", porque a sujeição passiva pode dilatar o processo de agressividade.

"O homem terrestre tem inventado numerosos artifícios para a legitima defesa, mas toda a defesa legitima está em Deus". Evitar, a todo o custo, cair no nível do agressor, mesmo que todas as sugestões fraternas tenham fracassado.

A terra não deve ser considerada uma penitenciária, mas uma escola de fraternidade para o aperfeiçoamento e regeneração dos Espíritos encarnados.

"A indiferença dos homens é que os seres humanos ainda têm muito da tribo, encontrando-se ainda encarcerados nos instintos propriamente humanos na luta das posições e das aquisições, dentro de um egoísmo quase feroz, como se guardassem consigo, indefinidamente, as heranças da vida animal". (Xavier, 1977, perguntas 342 a 351) 

9) Como captar os anseios de fraternidade? 

A verdadeira fraternidade é um reflexo do caráter e da personalidade do ser humano. Conectemos o nosso cérebro às ondas mais elevadas do conhecimento superior e teremos como consequência ações cada vez mais voltadas para o bem geral.

(Reunião de 08/03/2014)

Fonte de Consulta 

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1986.

XAVIER, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1971. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/fraternidade?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Fraternidade

Fraternidade - do latim fraternitate significa "irmandade" ou "conjunto de irmãos". Palavra usada inicialmente na Idade Média para a designação de inúmeras associações de caráter mais ou menos esotérico e fundo religioso. Isenta da noção religiosa, os espíritos nunca foram além da ideia de solidariedade social.

Na Antiguidade merecem especial referência o Confucionismo e o Estoicismo: Sêneca dizia que "A natureza fez de nós uma família" e Marco Aurélio que "O universo é como uma cidade". Os ideais da Revolução Francesa -Liberdade, Igualdade e Fraternidade- nada mais são do que a laicização de uma ideia-força tipicamente cristã. Na sua pessoa, doutrina e ação, Jesus Cristo veio revelar e tornar possível a fraternidade num grau insustentável: nele foi dado a conhecer aos homens serem eles chamados a uma verdadeira e sublime fraternidade, a de filhos do mesmo Pai celeste.

A irmandade entre as pessoas é um fato concreto nas vivências religiosas. Ocorre que, diante da realidade, muitas vezes trágica, sempre surge a questão: os homens são lobos ou irmãos em seus relacionamentos? A base do pensamento individualista moderno é constituído pela concepção de que o homem é lobo do homem. Nesse sentido, a vida é regida pela competição em que os mais aptos devem triunfar. Assim sendo, a irmandade fica reduzida a um pequeno grupo de amigos íntimos, unido por laços de famílias ou interesses comuns.

O pensamento marxista desenvolve-se nessa mesma linha com a diferença de que já não fala dos indivíduos na luta pelos bens sociais, mas sim de classes sociais. Neste caso, uma classe social fica sendo o lobo da outra classe social. Por isso, a luta entre o proletariado e o capitalista. Falar de uma fraternidade que transcende a própria classe constitui uma traição, pois enfraquece o potencial de luta e adia a vitória necessária e definitiva do proletariado. A conseqüência é a inimizade e o ódio entre as pessoas.

O Espiritismo é uma doutrina fraterna por excelência, pois não só desenvolve os ideais cristãos como também torna-os universais. Elucida-nos que todos somos originários de um mesmo Pai, portanto irmãos em espírito. Nas suas entrelinhas, observamos que a força do homem está na mudança comportamental que puder realizar, ou seja, enaltecer o amor, a caridade e o auxílio mútuo. Incentiva-nos a colocar em prática a noção de caridade posta por Jesus na Parábola do Bom Samaritano, porque faz-nos tratar todos os homens como irmãos independentemente de classe, religião, nacionalidade ou raça.

A verdadeira fraternidade deve emergir do próprio homem. Povoemos, assim, o nosso cérebro de pensamentos elevados e teremos como conseqüência ações de caráter humanitário e social.

Fonte de Consulta

IDÍGORAS, J. L., Padre, S. j. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/fraternidade.html)


Em Forma de Palestra

Fraternidade

1. Introdução

O que se entende por fraternidade? A humanidade faz uso dela? Quem é irmão de quem? Não seria mais fácil detectar quem é lobo de quem? O roteiro de nossa exposição segue os seguintes pontos: 1) a situação atual da sociedade; 2) os ensinamentos de Jesus; 3) instruções do Espírito Emmanuel.

2. Conceito

Fraternidade – do latim fraternitate – significa "irmandade" ou "conjunto de irmãos". Em sentido estrito, exprime simplesmente o sentimento de afeição recíproca entre irmãos. O Cristianismo fundamentou-a através do preceito da caridade, inculcando o amor a todos os homens, mesmo aos inimigos, já que todos descendem, pela criação, de um mesmo pai, Deus. Isenta da noção religiosa, os espíritos nunca foram além da ideia de solidariedade social.

Atualmente: parentesco de irmãos; irmandade, amor ao próximo; união ou convivência como irmãos; harmonia, paz, concórdia.

3. Considerações Iniciais

Desde a Antiguidade há a ideia de que todos os homens faziam parte de uma grande família. Sêneca dizia que "A natureza fez de nós uma família" e Marco Aurélio que "O universo é como uma cidade". Houve, contudo, a tendência de limitar tal sentimento aos membros de uma nação e de excluir dele os escravos. Aristóteles e outros filósofos, por exemplo, achavam que os escravos não podiam ser irmãos dos homens livres. Os ideais da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – nada mais são do que a laicização de uma ideia-força tipicamente cristã. Na sua pessoa, doutrina e ação, Jesus Cristo veio revelar e tornar possível a fraternidade num grau insustentável: nele foi dado a conhecer aos homens serem eles chamados a uma verdadeira e sublime fraternidade, a de filhos do mesmo Pai celeste.

4. A Realidade Atual

4.1. O Homem como Lobo do próprio Homem

A irmandade entre as pessoas é um fato concreto nas vivências religiosas. Ocorre que, diante da realidade, muitas vezes trágica, sempre surge a questão: os homens são lobos ou irmãos em seus relacionamentos? A base do pensamento individualista moderno é constituído pela concepção de que o homem é lobo do homem. Nesse sentido, a vida é regida pela competição em que os mais aptos devem triunfar. Assim sendo, a irmandade fica reduzida a um pequeno grupo de amigos íntimos, unidos por laços de famílias ou interesses comuns. (Idígoras, 1983)

4.2. A Luta de Classes

O pensamento marxista desenvolve-se nessa mesma linha com a diferença de que já não fala dos indivíduos na luta pelos bens sociais, mas sim de classes sociais. Neste caso, uma classe social fica sendo o lobo da outra classe social. Por isso, a luta entre o proletariado e o capitalista. Falar de uma fraternidade que transcende a própria classe constitui uma traição, pois enfraquece o potencial de luta e adia a vitória necessária e definitiva do proletariado. A consequência é a inimizade e o ódio entre as pessoas.

4.3. Os Desvios Políticos

O ser humano, quando é alçado a um cargo público, deveria praticar a fraternidade universal, que é o devido cuidado do bem público. Mas o que vemos? Boa parcela dos políticos procura cuidar muito mais dos seus interesses particulares ou do seu partido do que os da nação. Daí, a apatia que medra no meio da população, porque esta se sente enganada por aqueles que lá foram enviados.

5. Os Ensinamentos Jesus Cristo

5.1. Pregação Evangélica

Jesus não veio para destruir a Lei de Deus, mas para lhe dar execução. Fala do amor que se deve ter para com todos os homens, inclusive estendendo aos inimigos, porque todos somos filhos de um mesmo Pai. Eis algumas de suas sentenças:

Ninguém acende uma lâmpada para pô-la atrás do armário, mas para pô-la no candelabro, a fim de que todos a vejam.

Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.

Se vossa mão é motivo de escândalo, cortai-a.

Amar ao próximo como a si mesmo.

Que aproveita ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?

Amai os vossos inimigos; bendizei os que vos maldizem; fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. Que vantagem há em amardes os que vos amam?

Ao que pleitear contigo e quiser o teu vestido, larga-lhe também a capa.

Se alguém vos bate na face direita, apresentai-lhe também a outra.

5.2. Antes e depois de Jesus

A vinda do Mestre modificou o cenário do mundo. Emmanuel em Roteiro diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21)

5.3. O Amor pelo Inimigo, o Ponto Alto dos seus Ensinamentos

Não resta dúvida que este ensinamento foi o mais revolucionário de todos. A lógica e a razão ainda não se contentaram com essa assertiva. A pergunta persiste: como amar aquele que nos prejudicou, que nos condenou, que nos injuriou e nos ofendeu publicamente? A reação automática é: "olho por olho e dente por dente". Contudo, para seguir o Mestre, devemos modificar a resposta do homem velho e transformá-la na do homem novo, ou seja, reagir com o perdão. Nesse sentido, os amigos espirituais orientam-nos que não somos obrigados a amar os inimigos como amamos os nossos amigos; basta apenas respeitá-los como seres humanos, sujeitos às mesmas fraquezas que as nossas. Além disso, pedem também para que tenhamos calma em nossa apreciação, pois em qualquer situação difícil, não se sabe, com certeza, quem deu o primeiro passo.

6. As Instruções do Espírito Emmanuel

6.1. Fraternalmente Amigos

O Espírito Emmanuel convida-nos a refletir sobre os ganhos que a experiência nos facultou: com ela adquirimos uma nova maneira de interpretar a vida, amadurecemos o nosso raciocínio e percebemos aspectos da realidade que outros nem de leve cogitam. Entretanto, seja qual seja a condição em que nos encontramos, podemos estender os braços unindo-nos aos semelhantes, através da compreensão e do auxílio mútuo. O apóstolo não nos diz: "sede todos da mesma altura", mas sim: "sede todos fraternalmente unidos". Não nos exige, pois, o Evangelho venhamos a ser censores ou escravos uns dos outros, e, sim, nos exorta a que sejamos irmãos. (Xavier, 1986, p. 244)

6.2. Amizade e Compreensão

Nesta lição o Espírito Emmanuel diz que "Muitos companheiros de luta exigem cooperadores esclarecidos para as tarefas que lhes dizem respeito, amigos valiosos que lhes entendam os propósitos e valorizem os trabalhos, esquecidos de que as afeições quanto as plantas, reclamam cultivo adequado". Lembra-nos de que o próprio Cristo semeou, primeiramente, o ideal divino no coração dos apóstolos, antes de recolher-lhes o entendimento. O Apóstolo Paulo, sabedor dessa psicologia, não conquistou a estima impondo princípio, mas sim, orando e servindo, trabalhando e amando. Façamos o mesmo: cuidemos de adubar e irrigar a planta; a colheita vem a seu tempo. (Xavier, 1972, p. 256)

6.3. Outros Pensamentos sobre a Fraternidade

"Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos" é um ensinamento de Jesus que nos remete à fraternidade universal, porque extrapola o círculo de convivência no reduto familiar.

"O amor ao próximo inclui o esclarecimento fraterno", porque a sujeição passiva pode dilatar o processo de agressividade.

"O homem terrestre tem inventado numerosos artifícios para a legitima defesa, mas toda a defesa legitima está em Deus". Evitar, a todo o custo, cair no nível do agressor, mesmo que todas as sugestões fraternas tenham fracassado.

A terra não deve ser considerada uma penitenciária, mas uma escola de fraternidade para o aperfeiçoamento e regeneração dos Espíritos encarnados.

"A indiferença dos homens é que os seres humanos ainda têm muito da tribo, encontrando-se ainda encarcerados nos instintos propriamente humanos na luta das posições e das aquisições, dentro de um egoísmo quase feroz, como se guardassem consigo, indefinidamente, as heranças da vida animal". (Xavier, 1977, perguntas 342 a 351)

7. Conclusão

A verdadeira fraternidade é um reflexo do caráter e da personalidade do ser humano. Conectemos o nosso cérebro às ondas mais elevadas do conhecimento superior e teremos como consequência ações cada vez mais voltadas para o bem geral.

8. Bibliografia Consultada 

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1986.

XAVIER, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1971. 


Notas do Blog

A Caminho da Luz (Livro)

O Espírito Emmanuel tece comentários valiosos sobre o problema da maioridade espiritual dos terráqueos. Segundo o seu ponto de vista, Sócrates dá início à maioridade, ao ensinar na praça pública o ideal da fraternidade e da prática do bem. A maioridade definitiva encontra-se na vinda do Cristo, em que Jesus entregaria o código da fraternidade divina e do amor a todos os corações. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2016/08/a-caminho-da-luz-livro.html)

Não Acrediteis em Todos os Espíritos

Referindo-se aos falsos profetas, o Espírito Emmanuel, no livro Levantar e Seguir, diz que falso profeta não é somente aquele que perturba o serviço da fé religiosa, mas todos nós quando negamos a execução fiel dos nossos deveres: na maledicência, somos falsos profetas da fraternidade; na discórdia, somos falsos profetas mistificadores da paz; na preguiça, somos falsos profetas charlatães do trabalho;  na indiferença, somos falsos profetas inimigos do dever. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2018/11/nao-acrediteis-em-todos-os-espiritos.html)

Uma Página de Otimismo

A tranquilidade de consciência produz frutos sazonados: uma grande paz penetra a nossa mente e os nossos pensamentos ficam mais suaves. Parece que estamos num outro mundo, fora dos percalços da matéria. Muitos se sentem como que transportados para um lugar distante onde reina exclusivamente a calma, a mansuetude e a fraternidade universal. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/07/uma-pgina-de-otimismo.html)


Dicionário

Fraternidade – do latim fraternitate – significa “irmandade” ou “conjunto de irmãos”. Em sentido estrito, exprime simplesmente o sentimento de afeição recíproca entre irmãos. (1)

O Cristianismo fundamentou-a através do preceito da caridade, inculcando o amor a todos os homens, mesmo aos inimigos, já que todos descendem, pela criação, de um mesmo pai, Deus. Isenta da noção religiosa, os espíritos nunca foram além da ideia de solidariedade social. 

Atualmente: parentesco de irmãos; irmandade, amor ao próximo; união ou convivência como irmãos; harmonia, paz, concórdia. (2)

Fraternidade. 1. Parentesco entre irmãos; irmandade. 2. qualidade de confrade ou oblato de uma corporação. 3. Boa harmonia, paz, concórdia, união, amizade. 4. Amor ao próximo. (3)

Fraternal. 1. Próprio de irmão; fraterno. 2. Cordial, afetuoso, caridoso. (3) 

Fraternização. Ato ou efeito de fraternizar; fraternidade. (3)

Fraternidade. A ideia de que um laço fraternal une todos os homens numa só família encontra-se mais ou menos claramente pressentida ou afirmada em diversas doutrinas, desde tempos muito remotos, sempre, porém, deve notar-se, com uma base religiosa; sem esta, os espíritos nunca foram além da ideia de solidariedade social. Na Antiguidade merecem especial referência o Confucionismo e o Estoicismo ("A natureza fez de nós uma família", Sêneca "O universo é como uma cidade", Marco Aurélio). Nos tempos modernos é conhecida a presença da fraternidade na tríade programática da Revolução Francesa. Tratava-se, neste caso, da laicização de uma ideia-força tipicamente cristã. Ao Cristianismo se deve, efetivamente, o decisivo influxo na implantação e difusão desta convicção e aspiração. A convicção de que os homens são verdadeiramente irmãos e a aspiração a que todos se considerem e tratem como tais. (4)

Fraternidade. É a questão da irmandade entre os seres humanos. Surge a questão: os homens são lobos ou irmãos em seu relacionamento? A base do pensamento individualista moderno é constituída pela concepção de que o homem é lobo do homem. Por conseguinte, a vida então é uma luta regida pela competição, na qual devem triunfar os mais bem dotados e mais sagazes. Na competição, procura-se salvar a própria pele; a fraternidade fica restrita aos grupos familiares e parentes próximos ou interesses comuns...

No pensamento marxista, o indivíduo se transforma em classe social. Cada classe social é um lobo para a classe antagônica - proletário e burguesia. Falar de uma fraternidade que transcenda a própria classe constitui uma traição, pois enfraquece o potencial de luta e adia a vitória necessária e definitiva do proletariado. Dentro da classe, costuma-se preferir o termo "solidariedade", que reflete melhor uma comunidade de interesses e metas do que uma relação pessoal e afetiva que não parece interessar muito para a luta comum. 

O cristianismo não crê na irmandade dos homens como uma realidade vigente no mundo. Na Bíblia, Caim matou Abel. A História dos homens na terra é uma história de guerras nacionais, classistas e individuais que banharam em sangue a superfície do planeta. Se a fraternidade fosse um dado da experiência, nada restaria para o ideal religioso. Mas é precisamente aí que deve entrar o amor cristão. 

A fraternidade não é um fato, mas sim uma grande meta a atingir como objetivo supremo do desenvolvimento humano. A realidade ficou muito distante do ideal. A mensagem de Cristo resume-se na ideia do amor universal entre os homens. "Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vos a eles" (Mt 7,12). Cristo estende explicitamente o mandamento aos inimigos no plano das relações humanas: "Amai os vossos inimigos... (Mt 5,44s). A fraternidade não deve atingir somente o próprio grupo; deve sair dele e busca o antagônico. Criar uma comunidade de irmãos. 

Ao secularizar os ideais cristãos, a Revolução Francesa também falava da fraternidade como um dos ideais da nova mentalidade. A tarefa educadora da humanidade teve continuidade e hoje a fraternidade é admitida por muitos, pelo menos teoricamente e como uma tarefa a realizar. No entanto, as trágicas inconsequências desse ideal levaram o marxismo a substituir a fraternidade universal pela solidariedade de classe. É a busca da eficácia da guerra em detrimento da mística mais lento, mas mais radical do amor a todos os homens, arraigada na vivência de Cristo, que não cessa de agir eficazmente nos corações humanos. 

Hoje é reconhecida amplamente a beleza do ideal evangélico. O que muitos duvidam é a sua possibilidade. E, por isso, preferem o egoísmo capitalista ou a luta marxista. Não queremos dizer que a fraternidade pode ser emplacada na terra sem confrontos nem tensões. A vida é conflito e exige confrontos. Mas o cristão não pensa que o homem é o lobo do homem. A marca do Cristo lhe dá outro rumo. Por isso, luta para imprimir no mundo a marca do amor universal, mesmo que, para isso, tenha de conviver provisoriamente com duras tensões. E está seguro da eficácia dessa mística fraterna, que deve impor-se eficazmente à medida em que homem abre os seus olhos para a verdade. Deus age no mundo e atrai os homens para o seu Reino, que é um Reino de irmãos na morada do Pai. (5)

(1) ENCICLOPÉDIA BRASILEIRA MÉRITO.

(2) EDIPE - ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 3. ed. São Paulo: Iracema, 1987.

(3) Enciclopédia Barsa Universal.

(4) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

(5) IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.


Pensamentos

"O comunismo não é a fraternidade; é a invasão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens; é a sua exterminação mútua. Não arvora a bandeira do evangelho, bane Deus das almas e das reivindicações populares. Não dá trégua à ordem. Não conhece a liberdade cristã. Dissolveria a sociedade. Extinguiria a religião. Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria, inverteria a obra do Criador." (Ruy Barbosa)

"No homem que reflete está sempre o amor-próprio acompanhado do amor ao próximo." (Holbach)  

"Somente pela fraternidade a liberdade será preservada." (Victor Hugo)

"O homem pouco pode sozinho; é um Robinson abandonado; somente na comunidade com os demais é que é poderoso." (A. Schopenhauer)  

"Diz um provérbio sânscrito: "Quem não dá está perdido". Quem não pode dar, e só pode negar, está morto." (R. Tagore)  

"Os que podem ver sabem que os homens estão intimamente unidos e que, quando tu feres os outros, sofres também a mesma ferida." (R. Tagore) 

"'Liberdade, igualdade, fraternidade' – eles se esqueceram de obrigações e deveres, eu acho. E então, é claro, a fraternidade desapareceu por muito tempo." (Margaret Thatcher)


Mensagem Espírita

Fraternidade

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” – Jesus. (João, 13:35.)

Desde a vitória de Constantino, que descerrou ao mundo cristão as portas da hegemonia política, temos ensaiado diversas experiências para demonstrar na Terra a nossa condição de discípulos de Jesus.

Organizamos concílios célebres, formulando atrevidas conclusões acerca da natureza de Deus e da Alma, do Universo e da Vida.

Incentivamos guerras arrasadoras que implantaram a miséria e o terror naqueles que não podiam crer pelo diapasão da nossa fé.

Disputamos o sepulcro do Divino Mestre, brandindo a espada mortífera e ateando o fogo devorador.

Criamos comendas e cargos religiosos, distribuindo o veneno e manejando o punhal.

Acendemos fogueiras e erigimos cadafalsos, inventamos suplícios e construímos prisões para quantos discordassem dos nossos pontos de vista.

Estimulamos insurreições que operaram o embate de irmãos contra irmãos, em nome do Senhor que testemunhou na cruz o devotamento à Humanidade inteira.

Edificamos palácios e basílicas, famosos pela suntuosidade e beleza, pretendendo reverenciar-lhe a memória, esquecidos de que ele, em verdade, não possuía uma pedra onde repousar a cabeça.

E, ainda hoje, alimentamos a separação e a discórdia, erguendo trincheiras de incompreensão e animosidade, uns contra os outros, nos variados setores da interpretação.

Entretanto, a palavra do Cristo é insofismável. Não nos faremos titulares da Boa Nova simplesmente através das atitudes exteriores...

Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência, da justiça que sustenta a ordem, do progresso material que enriquece o trabalho e de assembleias que favoreçam o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a luz do amor, pode perder-se nas sombras...

Seremos admitidos ao aprendizado do Evangelho, cultivando o Reino de Deus que começa na vida íntima.

Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples, amparando-nos mutuamente... Fraternidade que trabalha e ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e o serviço que asseguram a vitória do bem. Atendamo-la, onde estivermos, recordando a palavra do Senhor que afirmou com clareza e segurança: – “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 15)

Estímulo Fraternal

“Ó meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” – Paulo. (Filipenses, 4:19.)

Não te julgues sozinho na luta purificadora, porque o Senhor suprirá todas as nossas necessidades.

Ergue teus olhos para o Alto e, de quando em quando, contempla a retaguarda.

Se te encontras em posição de servir, ajuda e segue.

Recorda o irmão que se demora sem recursos, no leito da indigência.

Pensa no companheiro que ouve o soluço dos filhinhos, sem possibilidades de enxugar-lhes o pranto.

Detém-te para ver o enfermo que as circunstâncias enxotaram do lar.

Pára um momento, endereçando um olhar de simpatia à criancinha sem teto. 

Medita na angústia dos desequilibrados mentais, confundidos no eclipse da razão.

Reflete nos aleijados que se algemam na imobilidade dolorosa.

Pensa nos corações maternos, torturados pela escassez de pão e harmonia no santuário doméstico.

Interrompe, de vez em quando, o passo apressado, a fim de auxiliares o cego que tateia nas sombras.

É possível, então, que a tua própria dor desapareça aos teus olhos.

Se tens braços para ajudar e cabeça habilitada a refletir no bem dos semelhantes, és realmente superior a um rei que possuísse um mundo de moedas preciosas, sem coragem de amparar a ninguém.

Quando conseguires superar as tuas aflições para criares a alegria dos outros, a felicidade alheia te buscará, onde estiveres, a fim de improvisar a tua ventura.

Que a enfermidade e a tristeza nunca te impeçam a jornada.

É preferível que a morte nos surpreenda em serviço, a esperarmos por ela numa poltrona de luxo.

Acende, meu irmão, nova chama de estímulo, no centro da tua alma, e segue além... Sê o anjo da fraternidade para os que te seguem dominados de aflição, ignorância e padecimento.

Quando plantares a alegria de viver nos corações que te cercam, em breve as flores e os frutos de tua sementeira te enriquecerão o caminho. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 73)

Amor Fraternal

“Permaneça o amor fraternal.” – Paulo. (Hebreus, 13:1.)

As afeições familiares, os laços consanguíneos, as simpatias naturais podem ser manifestações muito santas da alma, quando a criatura as eleva no altar do sentimento superior, contudo, é razoável que o espírito não venha a cair sob o peso das inclinações próprias.

O equilíbrio é a posição ideal.

Por demasia de cuidado, inúmeros pais prejudicam os filhos.

Por excesso de preocupações, muitos cônjuges descem às cavernas do desespero, defrontados pelos insaciáveis monstros do ciúme que lhes aniquilam a felicidade.

Em razão da invigilância, belas amizades terminam em abismo de sombra.

O apelo evangélico, por isto mesmo, reveste-se de imensa importância.

A fraternidade pura é o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas.

O homem que se sente filho de Deus e sincero irmão das criaturas não é vitima dos fantasmas do despeito, da inveja, da ambição, da desconfiança. Os que se amam fraternalmente alegram-se com o júbilo dos companheiros; sentem-se felizes com a ventura que lhes visita os semelhantes.

As afeições violentas, comumente conhecidas na Terra, passam vulcânicas e inúteis.

Na teia das reencarnações, os títulos afetivos modificam-se constantemente. É que o amor fraternal, sublime e puro, representando o objetivo supremo do esforço de compreensão, é a luz imperecível que sobreviverá no caminho eterno. (XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 141)