Prolegômenos

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por prolegômenos?

Prolegômenos é o estudo preliminar, introdutivo e simplificado. Segundo a etimologia grega, é o que é dito anteriormente: introdução ou exposição preliminar antes do desenvolvimento de uma teoria.

2) O que Allan Kardec diz no início do seu prolegômenos?

Allan Kardec enfatiza que cabe à ciência espírita estudar os fenômenos que a ciência natural não consegue explicar. A ciência natural não consegue explicar, por exemplo, a existência de Espíritos. Allan Kardec, para demonstrar a sua existência, reporta-se ao princípio de que "todo o efeito inteligente tem como causa uma força inteligente". A seguir, diz que essa força, quando evocada pode entrar em comunicação com os seres humanos.

3) O que se depreende das instruções dadas pelos Espíritos a Allan Kardec?

Que a obra não seria de Allan Kardec, mas dos Espíritos. Por isso, diz-se Doutrina dos Espíritos e não doutrina de Allan Kardec. Recordemos a frase: "Ocupa-te, cheio de zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com o nosso concurso, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases de um novo edifício que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade. Mas, antes de o divulgares, revê-lo-emos juntos, a fim de lhe verificarmos todas as minúcias".

4) Quando deveria publicar a obra?

Tudo deve chegar a seu tempo. Os Espíritos superiores sabem encaminhar os acontecimentos para que o fim (Doutrina dos Espíritos) seja alcançado. Antes da publicação, incentivam o codificador a se fortalecer para suportar as dificuldades que hão de vir, pois toda a ideia nova traz como conseqüência contrariedades, confusões e lutas. Segundo a palavra dos Espíritos: "Entre os ensinos que te são dados, alguns há que deves guardar para ti somente, até nova ordem. Quando chegar o momento de os publicares, nós to diremos. Enquanto esperas, medita sobre eles, a fim de estares pronto quando te dissermos".

5) O que significa colocar o ramo da videira no cabeçalho do livro?

O ramo da videira é a imagem perfeita da relação Espírito-Matéria. Neste ramo estão os princípios fundamentais da Doutrina Espírita, ou seja, a união do Espírito ao corpo físico, através do perispírito. Nas palavras dos Espíritos: "Porás no cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos, porque é o emblema do trabalho do Criador. Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos".

6) Quais foram as advertências dos Espíritos em relação às críticas?

Os Espíritos superiores, prevendo as críticas e, com elas, o desencorajamento, municiaram-no de palavras de reconforto. Eles disseram: "... Prossegue sempre. Crê em Deus e caminha com confiança: aqui estaremos para te amparar e vem próximo o tempo em que a Verdade brilhará de todos os lados".

7) Por que os Espíritos de luz enalteceram a perseverança e a humildade?

Os Espíritos de luz invocam a humildade e o desinteresse, repudiando o orgulho e a ambição, pois quando o ser humano vale-se da religião para atingir os seus interesses materiais e pessoais, põe por terra a sua ética. É por isso que a humildade é o fundamento de todas as virtudes. Recomendam-lhe também a perseverança, pois os frutos da Doutrina não apareceriam de imediato, mas teriam conseqüências para gerações futuras.

8) Quais são os Espíritos que o auxiliaram?

São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg etc.

9) Que conclusão podemos tirar dos prolegômenos?

Allan Kardec, ao codificar a Doutrina Espírita, fugiu do ESPÍRITO DE SISTEMA. O espírito de sistema é obedecer à ideia de um filósofo, de um religioso, de um determinado pensador. Sabemos que todos eles, por mais apoio que tenham recebido dos Espíritos de luz, são limitados. Quanto à Doutrina Espírita, que é obra de diversos Espíritos e diversos médiuns espalhados por todo o mundo, podemos ter certeza da impessoalidade das ideias veiculadas.

Estas foram as orientações dadas a Allan Kardec para que o edifício doutrinário fosse construído sobre um arcabouço firme, tanto teórico quanto prático. Deduz-se que, se a base é sólida, todo o conhecimento posterior pode lhe ser acrescentado, sem ruí-la, mas fortificando-a.

(Reunião de 16/05/2009)

Bibliografia Consultada

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/proleg%C3%B4menos?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Prolegômenos

Prolegômenos – do grego prolegomena, coisas que se dizem antes, significa as notas introdutórias de uma ciência, de uma arte, de uma filosofia, de um livro etc. Em se tratando de O Livro dos Espíritos, eles mostram, em linhas gerais, o desenvolvimento do livro, o porquê dos temas estarem numa disposição e não em outra, em fim, dão-nos uma visão geral do que vai acontecer no decorrer da leitura. É uma sinalização dos pontos principais, que serão destacados mais adiante.

Allan Kardec deixa bem claro que os ensinamentos ali contidos não são de sua autoria. Na realidade, são os ditados dos Espíritos superiores, que ele anotou e os dispôs de uma forma lógica e coesa. Dizia, inclusive, que muitos daqueles pensamentos divergiam da sua habitual maneira de pensar. Contudo, para que a obra tivesse um caráter universal, foi fiel às comunicações dos Espíritos, para não criar mais um sistema de idéias, como tantos outros que já existem.

O grande objetivo deste livro é a separação entre percepção sensorial e percepção extra-sensorial. A percepção sensorial é a expressão dos nossos conflitos e dos nossos preconceitos. A percepção extra-sensorial (ou mediunidade) é uma faculdade que suplanta o nosso modo tacanho de ver e de ouvir. A mediunidade amplia a nossa visão, pois nos faz entrar em contato com um mundo nunca antes imaginado. Nessa relação com os desencarnados, vamos aprendendo a lei do amor e da caridade, elementos substantivos no processo de salvação de nossa alma.

A obra foi dividida em 4 livros. No Livro Primeiro (75 questões) elabora sobre o princípio das coisas, entre as quais Deus, Espírito e Matéria. No Livro Segundo (538 questões) explora o mundo espírita ou dos Espíritos, onde discute a relação entre os encarnados e os desencarnados. No Livro Terceiro (306 questões) trata das Leis Morais e da perfeição moral. No Livro Quarto: (100 questões) especula sobre as esperanças e as consolações, incluindo perguntas sobre as penas e os gozos, terrenos e futuros.

Embora Allan Kardec, com sua humildade, tenha afirmado que a obra não lhe pertence, pois foram os Espíritos que a ditaram, cabe-nos destacar o seu poder de síntese a respeito de um conhecimento tão complexo. Formular 1019 questões que englobam todas as relações do indivíduo para consigo mesmo, de si para com o próximo e de todos os seres humanos para com o mundo, não é tarefa fácil. Os Espíritos superiores o auxiliaram, mas o seu trabalho braçal merece o nosso grato reconhecimento.

Por isso, esta proposta de um estudo pormenorizado das questões ali expostas, é de grande utilidade para o progresso de nosso Espírito imortal. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/prolegmenos.html)


Em Forma de Palestra

Prolegômenos

1. Introdução

O objetivo deste tema, como o próprio nome diz, é apresentar, em linhas gerais, o caráter e o escopo da Doutrina Espírita.

2. Conceito

Prolegômenos – do grego prolegomena, coisas que se dizem antes. Exposição preliminar dos princípios gerais de uma ciência ou arte. Introdução geral de uma obra.

3. Aspectos Gerais

Allan Kardec, assessorado pelos Espíritos superiores, trouxe-nos os subsídios básicos para o encaminhamento de nosso pensamento, tanto no que diz respeito às coisas do Espírito, quanto às de cunho puramente material, pois estas não existem sem as primeiras.

Baseando-se no diálogo socrático, de perguntas e respostas, constrói um saber de caráter universal. O seu esforço maior foi o de captar as mensagens dos benfeitores espirituais, sem mescla de seu personalismo ou das suas ideias preconcebidas. Por isso, sempre dizia e, com muita razão, que a Doutrina não era sua, mas dos habitantes do outro mundo, o mundo dos Espíritos.

4. Os Fenômenos 

4.1. Percepção Sensorial e Percepção Extra-Sensorial

Quando algo nos foge da percepção sensorial, servimo-nos das explicações extra-sensoriais, tais como, a telepatia, a premonição, a telecinesia etc., longamente testadas por J. B. Rhine, nos Estados Unidos da América. Contudo, na época da codificação, os fenômenos mediúnicos eram atribuídos ao magnetismo, à bruxaria, ao possesso.

Como a verdade não admite contestação, essas explicações do sobrenatural cederam lugar à Doutrina Espírita, onde Allan Kardec procurou estudar pormenorizadamente cada ocorrência, para lhe dar um cunho universal, baseado nos fatos e não em opiniões individuais.

4.2. Causa e Efeito

Como se verá ao longo do livro, Allan Kardec procurou sempre relacionar o efeito à causa. Diz, com veemência, que se o efeito é inteligente a causa também o será, pois se assim não acontecer, não haverá coerência no afirmado. Além do mais, os fenômenos podem ser repetidos, não só em França e nos Estados Unidos, mas em todos os recantos do Planeta Terra. Eles devem proceder do mesmo princípio, sem o qual haverá contradição.

4.3. Os Tempos Estão Chegados

De acordo com o Evangelho de Jesus, quando chegasse o momento oportuno, a divindade nos enviaria o Consolador Prometido, o Parácleto, em que nos lembraria dos ensinamentos do cristianismo primitivo e nos daria oportunidade de obter novos conhecimentos acerca da vida presente e da futura.

O Consolador Prometido é o Espiritismo que, através de seus pressupostos, faz-nos apreender uma nova ordem de idéias, que nos darão força para enfrentar destemidamente todos os obstáculos que a matéria nos proporciona.

5. O Compêndio de seus Ensinamentos

5.1. O Livro está Dividido em Quatro Partes:

Livro Primeiro: as Causas Primárias (Deus, Elementos Gerais do Universo, Criação, Princípio Vital)

Livro Segundo: Mundo Espírita ou dos Espíritos (Dos Espíritos, Encarnação dos Espíritos, Retorno da Vida Corpórea à Vida Espiritual, Pluralidade das Existências, Considerações sobre a Pluralidade das Existências, Vida Espírita, Retorno à Vida Corporal, Emancipação da Alma, Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo, Ocupações e Missões dos Espíritos, Os Três Reinos)

Livro Terceiro: As Leis Morais (Lei Divina ou Natural, Lei de Adoração, Lei do Trabalho, Lei de Conservação, Lei de Destruição, Lei de Sociedade, Lei de Progresso, Lei de Igualdade, Lei de Liberdade, Lei de Justiça, Amor e Caridade, Perfeição Moral)

Livro Quarto: Esperanças e Consolações (Penas e Gozos Terrenos, Penas e Gozos Futuros)

5.2. Livre dos Prejuízos do Espírito de Sistema

"Este livro é o compêndio dos seus ensinamentos. Foi escrito por ordem e sob ditado dos Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuízos do espírito de sistema. Nada contém que não seja a expressão do seu pensamento e não tenha sofrido o seu controle. A ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação constituem a única obra daquele que recebeu a missão de o publicar". (Kardec, 1995, p. 50)

Observação: espírito de sistema é ficar preso a um sistema de idéias, geralmente de um autor, como, por exemplo, Descartes, Kant, Espinosa etc.

5.3. Quantidade de Espíritos 

"No número dos Espíritos que concorreram para a realização desta obra há muitos que viveram em diferentes épocas na Terra, onde pregaram e praticaram a virtude e a sabedoria. Outros não pertencem, por seus nomes, a nenhum personagem de que a História tenha guardado a memória, mas a sua elevação é atestada pela pureza de sua doutrina e pela união com os que trazem nomes venerados". (Kardec, 1995, p. 51)

6. A Missão de Escrever o Livro

6.1. Zelo e Perseverança 

"Ocupa-te, com zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com o nosso concurso, porque esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases do novo edifício que se eleva e que um dia deverá reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade; mas, antes de o divulgares, revê-lo-emos juntos, a fim de controlar todos os detalhes. Estaremos contigo sempre que o pedires, para te ajudar nos demais trabalhos, porque esta não é mais do que uma parte da missão que te foi confiada e que um de nós já te revelou". (Kardec, 1995, p. 51)

6.2. A Parreira 

"Porás no cabeçalho do livro o ramo de parreira que te desenhamos, porque é ele o emblema do trabalho do Criador. Todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o espírito nele se encontram reunidos: o corpo é o ramo; o espírito é a seiva; a alma, ou o espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimentos". (Kardec, 1995, p. 51)

6.3. Espíritos Auxiliares

São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luiz, O Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg etc.

7. Conclusão

Essas orientações, que os Espíritos superiores deram a Allan Kardec, quando da codificação da Doutrina, deveria servir como norma de conduta para todo o Espírita sincero.

8. Bibliografia 

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

São Paulo, dezembro de 2000 .


Notas do Blog

Espírito e o Tempo, O (Livro)

O Espiritismo é um detalhe dentro da generalidade do espiritualismo. Vemos isso nos prolegômenos de O Livro dos Espíritos. Kardec diz que o Espiritismo é uma filosofia espiritualista, ou seja, o Espiritismo faz parte de todas as filosofias que aceitam o espírito como fundamento básico da criação. Isso é o geral. No particular, cria o termo Espiritismo com sua linguagem própria. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2018/01/espirito-e-o-tempo-o-livro.html)


Mensagem Espírita

Missão do Espiritismo

 A missão do Espiritismo, tanto quanto o ministério do Cristianismo, não será destruir as escolas de fé, até agora existentes. 

Cristo acolheu a revelação de Moisés. 

A Doutrina dos Espíritos apoia os princípios superiores de todos os sistemas religiosos. 

Jesus não critica a nenhum dos Profetas do Velho Testamento. O Consolador Prometido não vem para censurar os pioneiros dessa ou daquela forma de crer em Deus. 

O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos. 

Há milênios, a mente humana gravita em derredor de patrimônios efêmeros, quais sejam os da precária posse física, atormentada por pesadelos carnais de variada espécie. Guerras de todos os matizes consomem-lhe as forças. Flagelos de múltiplas expressões situam-lhe a existência em limitações aflitivas e dolorosas. 

Com a morte do corpo, não atinge a liberação. Além-túmulo, prossegue atenta às imagens que a ilusão lhe armou no caminho, escravizada a interesses inconfessáveis. Em plena vida livre, guarda, ordinariamente, a posição da criatura que venda os olhos e marcha, impermeável e cega, sob pesadas cargas a lhe dobrarem os ombros. 

A obstinação em disputar satisfações egoísticas, entre os companheiros da carne, constitui-lhe deplorável inibição e os preconceitos ruinosos, os terríveis enganos do sentimento, os pontos de vista pessoais, as opiniões preconcebidas, as paixões desvairadas, os laços enfermiços, as concepções cristalizadas, os propósitos menos dignos, a imaginação intoxicada e os hábitos perniciosos representam fardos enormes que constrangem a alma ao passo vacilante, de atenção voltada para as experiências inferiores. 

A nova fé vem alargar-lhe a senda para mais elevadas formas de evolução. Chave de luz para os ensinamentos do Cristo, explica o Evangelho não como um tratado de regras disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora mensagem de fraternidade e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis mais simples da vida. 

 Aparece-nos, então, Jesus, em maior extensão de sua glória. Não mais como um varão de angústia, insinuando a necessidade de amarguras e lágrimas e sim na altura do herói da bondade e do amor, educando para a felicidade integral, entre o serviço e a compreensão, entre a boa-vontade e o júbilo de viver. 

Nesse aspecto, vemo-lo como o maior padrão de solidariedade e gentileza, apagando-se na manjedoura, irmanando-se com todos na praça pública e amparando os malfeitores, na cruz, à extrema hora, de passagem para a divina ressurreição. 

O Espiritismo será, pois, indiscutivelmente, a força do Cristianismo em ação para reerguer a alma humana e sublimar a vida. 

O Espaço Infinito, pátria universal das constelações e dos mundos, é, sem dúvida, o clima natural de nossas almas, entretanto, não podemos esquecer que somos filhos, devedores, operários ou companheiros da Terra, cujo aperfeiçoamento constitui o nosso trabalho mais imediato e mais digno. 

Esqueçamos, por agora, o paraíso distante para ajudar na construção do nosso próprio Céu. Interfiramos menos na regeneração dos outros e cogitemos mais de nosso próprio reajuste, perante a Lei do Bem Eterno, e, servindo incessantemente com a nossa fé à vida que nos rodeia, a vida, por sua vez, nos servirá, infatigável, convertendo a Terra em estação celestial de harmonia e luz para o acesso de nosso espírito à Vida Superior. (XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 38)