Bem-Aventurados os Aflitos

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por aflição?

Agonia, tribulação, angústia. Em termos espirituais, é o reflexo intangível do mal forjado pela criatura que o experimenta. Ansiedade por algo futuro que na maioria das vezes não chega a suceder. 

2) Há justiça nas aflições?

Se Deus é infinitamente bom e justo, infere-se que "as vicissitudes da vida tem, pois, uma causa, e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa". 

3) Quais são as causas atuais das aflições?

Má educação, desleixo, menosprezo pela vida.

4) Quais são as causas anteriores das aflições?

Se um descuido presente é motivo de sofrimento, quantos descuidos do passado não estão alojados em nosso subconsciente?

5) Qual a regra básica para entender a aflição? 

A regra é básica é a seguinte: devemos procurar a origem dos males nesta mesma encarnação. Não encontrando indícios, retornemos a uma vida passada. 

6) O esquecimento do passado é um obstáculo ao nosso progresso?

Não. Mesmo que o tenhamos esquecido, ele não fica totalmente apagado de nosso ser. O véu do esquecimento é para ajudar o nosso progresso. Como conviver com um parente sabendo que o matamos numa encarnação passada? 

7) Qual a função da resignação?

A reflexão sobre a frase “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” leva-nos a exercitar a resignação como o principal modo de alcançar a superação da dor e do sofrimento. 

8) Qual o melhor preservativo para o suicídio e a loucura?

A calma e a resignação no modo de encarar os acontecimentos da vida e a fé no futuro são os principais preservativos contra o suicídio e a loucura. 

9) Como relacionar causa e efeito?

Entre a causa (mal) e o efeito (sofrimento) temos o merecimento. O tempo decorrido entre um evento e outro é de suma importância, pois podemos modificar entendimentos e comportamentos.

Bibliografia Consultada

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.

(Reunião de 05/05/2018) (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/bem-aventurados-os-aflitos )


Texto Curto no Blog

Bem-Aventurados os Aflitos

Aflição.  Agonia, atribulação, angústia, sofrimento. Na essência, é o reflexo intangível do mal forjado pela criatura que o experimenta. Frequentemente, aflição é a nossa própria ansiedade, respeitável mas inútil, projetada no futuro, mentalizando ocorrências menos felizes que, em muitos casos, não se verificam como supomos e, por vezes, nem chegam a surgir. (Equipe FEB, 1997)

As causas das aflições devem ser procuradas tanto no presente (atual encarnação) como numa existência passada. Devemos partir do princípio de que elas são justas. Se assim não pensarmos, poderemos cair no erro de jogar a culpa nos outros ou em Deus. Quer dizer, tudo o que se nos acontece tem um motivo, embora nem sempre o saibamos explicar com clareza. Assim, diante de um sofrimento, consultemos friamente a nossa consciência: Se eu tivesse, ou não tivesse, feito tal coisa eu não estaria em tal situação".

Suicídio, mortes prematuras, doenças prolongadas, tuberculose, Aids etc. são alguns exemplos de dor e sofrimento. Ao morrer um jovem e não um velho, dizemos que Deus é injusto, e nos revoltamos contra Ele. Esquecemo-nos de que a morte é preferível aos desregramentos vergonhosos que desolam as família honradas, partem o coração da mãe, e fazem, antes do tempo, branquear os cabelos dos pais. (Kardec, 1984, cap. 5, it. p. 85 a 87)

Melancolia, Infelicidade, remorso, tormentos e apatia são alguns dos estados de nossa alma. Em se tratando da melancolia, podemos sentir uma vaga tristeza que se apodera de nossos corações e achamos a vida tão amarga. É que o nosso Espírito aspira à felicidade e à liberdade e que, preso ao corpo que lhe serve de prisão, se extenua em vão esforços para dele sair. Mas vendo que são inúteis, cai no desencorajamento  e na languidez. (Kardec, 1984, cap. 5, it. 25, p. 90)

A dor não é castigo: é contingência inerente à vida, cuja atuação visa a restauração e o progresso. A dor-expiação é cármica, de restauração, é libertação de carga que nos entrava a caminhada; é reajuste perante a vida, reposição da alma no roteiro certo. Passageira, nunca perene. A dor-evolução, tem existência permanente, embora variável segundo as experiências vividas pelo espírito.  Ela acompanha o desenvolvimento, é sua indicação, é sinal de dinamização, inevitável manifestação de crescimento. 

"Saibamos sofrer e sofreremos menos". Eis o dístico que devemos nos lembrar em todos os estados depressivos de nossa alma, a fim de nos fortalecermos para o futuro. 

Bibliografia Consultada 

CURTI, R. Bem-Aventuranças e Parábolas. São Paulo, FEESP, 1982.

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.

XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.

https://sbgespiritismo.blogspot.com/2020/06/bem-aventurados-os-aflitos.html


Em Forma de Palestra

Bem-Aventurados os Aflitos

 1. Introdução 

O objetivo deste estudo é analisar a dor e o sofrimento, tanto na forma de expiação como de evolução, tendo em vista um caminho mais consciente para os nossos Espíritos. 

2. Conceito 

Aflição - do latim afflictione. 1. Agonia, atribulação, angústia, sofrimento. 2. Tristeza, mágoa, pesar, dor. 3. Cuidado, preocupação, inquietação, ansiedade. 4. Padecimento físico; tormento, tortura (Dicionário Aurélio).

Aflição, na essência, é o reflexo intangível do mal forjado pela criatura que o experimenta, e todo mal representa vírus de alma suscetível de alastrar-se ao modo de epidemia mental devastadora (Equipe FEB, 1997).

Frequentemente, aflição é a nossa própria ansiedade, respeitável mas inútil, projetada no futuro, mentalizando ocorrências menos felizes que, em muitos casos, não se verificam como supomos e, por vezes, nem chegam a surgir (Equipe FEB, 1997). 

3. Causa das Aflições 

As causas das aflições devem ser procuradas tanto no presente (atual encarnação) como numa existência passada. Devemos partir do princípio de que elas são justas. Se assim não pensarmos, poderemos cair no erro de jogar a culpa nos outros ou em Deus. Quer dizer, tudo o que se nos acontece tem um motivo, embora nem sempre o saibamos explicar com clareza.

Assim sendo, toda vicissitude pode ser vista sob dois ângulos:

1) em vista da encarnação atual — Aqui devemos refletir sobre o sofrimento que nos visita, fazendo algumas indagações a respeito. Em caso de anemia — será que me descuidei da alimentação? No caso do filho escolher o caminho do vício — dei-lhe a devida educação, os cuidados necessários? No caso de uma querela familiar — será que não fui injusto para com tal pessoa?

"Que todos aqueles que são atingidos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida, interroguem friamente sua consciência; que remontem progressivamente à fonte dos males que os afligem, e verão se, o mais freqüentemente, não podem dizer: Se eu tivesse, ou não tivesse, feito tal coisa eu não estaria em tal situação" (Kardec, 1984, cap. 5, it. 4, p. 72).

2) em vista de uma encarnação passada — Não encontrando uma resposta satisfatória na presente encarnação, devemos nos reportar à encarnação passada. "Os sofrimentos por causas anteriores são, freqüentemente, como o das causas atuais, a conseqüência natural da falta cometida; quer dizer, por uma justiça distributiva rigorosa, o homem suporta o que fez os outros suportarem; se foi duro e desumano, ele poderá ser, a se turno, tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em uma condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se fez mal uso da fortuna, poderá ser privado do necessário; se foi mal filho, poderá sofrer com os próprios filhos etc." (Kardec, 1984, cap. 5, it. 7, p. 74). 

4. Fatos Geradores de Dor e Sofrimento 

Suicídio e loucura — cujas causas estão no descontentamento com relação à vida. Os maiores excitantes ao suicídio são a incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro e as idéias materialistas. Ao contrário, a calma e a resignação, hauridas na maneira de encarar a vida terrestre, e na fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio (Kardec, 1984, cap. 5, it. 14 a 17, p. 79 a 81). 

Mortes prematuras — ao morrer um jovem e não um velho, dizemos que Deus é injusto, e nos revoltamos contra Ele. Esquecemo-nos de que a morte é preferível aos desregramentos vergonhosos que desolam as família honradas, partem o coração da mãe, e fazem, antes do tempo, branquear os cabelos dos pais (Kardec, 1984, cap. 5, it. p. 85 a 87). 

Demos esses dois exemplos, mas poderíamos arrolar muitos outros, como por exemplo, as doenças prolongadas, as tuberculoses, a Aids etc. 

5. Estados da Alma 

Melancolia — Por que uma vaga tristeza se apodera de nossos corações e achamos a vida tão amarga? É que o nosso Espírito aspira à felicidade e à liberdade e que, preso ao corpo que lhe serve de prisão, se extenua em vão esforços para dele sair. Mas vendo que são inúteis, cai no desencorajamento  e na languidez (Kardec, 1984, cap. 5, it. 25, p. 90). 

Infelicidade — Vemo-la na miséria, no fogão sem lume, no credor ameaçador... Mas a infelicidade é a alegria, é o prazer, é a fama, é a agitação vã, é a louca satisfação da vaidade, que fazem calar a consciência (Kardec, 1984, cap. 5, it. 24, p. 88 e 89). 

Além desses dois estados, podemos acrescentar: remorso, tormentos, apatia... 

6. O Problema da Dor 

Dor e Sofrimento — a simples reflexão sobre a dor e o sofrimento basta para evidenciar que eles têm uma razão de ser muito profunda. A dor é um alerta da natureza, que anuncia algum mal que está nos atingindo e que precisamos enfrentar. Se não fosse a dor sucumbiríamos a muitas doenças sem sequer nos dar conta do perigo. O sofrimento, mais profundo do que a simples dor sensível e que afeta toda a existência, também tem a sua razão de ser. É através dele que o homem se insere na vida mística e religiosa (Idígoras, 1983). 

O processo de crescimento espiritual está associado à dor e ao sofrimento. De acordo com o Espírito André Luiz, a dor pode ser vista sob três aspectos: 

1) Dor-expiação — que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a justiça. É consequência de nosso desequilíbrio mental, ou proceder desviado da rota ascensional do espírito. Podemos associá-la às encarnações passadas. Muitas vezes é o resgate devido ao mau uso de nosso livre-arbítrio. 

2) Dor-evolução — que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria progresso. Na dor-expiação estão associados o remorso, o arrependimento, o sentimento de culpa etc. Na dor-evolução estão associados o esforço e a resistência ao meio hostil. Enquanto a primeira é consequência de uma ato mau, a segunda é um fortalecimento para o futuro. 

3) Dor-Auxílio — são as prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição para a morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na vida espiritual (Xavier, 1976, p. 261 e 262). 

7. Bem-Aventurança na Dor 

A dor não é castigo: é contingência inerente à vida, cuja atuação visa a restauração e o progresso.

A dor-expiação é cármica, de restauração, é libertação de carga que nos entrava a caminhada; é reajuste perante a vida, reposição da alma no roteiro certo. Passageira, nunca perene.

A dor-evolução, tem existência permanente, embora variável segundo as experiências vividas pelo espírito.  Ela acompanha o desenvolvimento, é sua indicação, é sinal de dinamização, inevitável manifestação de crescimento. É a dor, na sua essência, uma vez que as outras são passageiras e evitáveis, mesmo que o Espírito se envolva em suas malhas, por séculos, às vezes.

Jesus, quando falava de dor, sede e fome, referia-se à dor-evolução, à dor insita no crescimento do Espirito impulsionado pela fome de aprender e pela sede de saber (Curti, 1982, p. 39). 

8. Conclusão 

"Saibamos sofrer e sofreremos menos". Eis o dístico que devemos nos lembrar em todos os estados depressivos de nossa alma, a fim de nos fortalecermos para o futuro.  

9. Bibliografia Consultada 

CURTI, R. Bem-Aventuranças e Parábolas. São Paulo, FEESP, 1982.

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.

FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d/p.

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.

XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976. 


Notas do Blog

Bem e Mal Sofrer

O sofrimento não é castigo de Deus. O Espiritismo ensina-nos que todos os nossos sofrimentos estão afeitos à lei de ação e reação. Estudando pormenorizadamente este capítulo (Bem-Aventurados os Aflitos) vamos aprendendo que Deus, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, deixa sempre uma porta aberta ao arrependimento e o ressarcimento da falta cometida. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2018/02/bem-e-mal-sofrer.html)

Motivos de Resignação

As bem-aventuranças é um termo técnico para indicar uma forma literária de ministrar conhecimentos. Pode-se dizer que é uma declaração de bênção em virtude duma boa sorte. Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas de uma má sorte. Jesus dizia: bem-aventurados os que sofrem... os que sentem frio... os que são perseguidos. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2011/08/motivos-de-resignacao.html)

Epiteto

A base de seus ensinamentos encontra-se na clara distinção entre aquilo que se pode controlar e aquilo que não se pode. Dizia ele que podemos controlar nossas opiniões, aspirações e desejos e as coisas que nos causam repulsa ou nos desagradam. Fora do nosso controle estão as circunstâncias, as intempéries do tempo e o fato de ter nascido rico ou pobre. Tentar controlar aquilo que não pode ser controlado gera angústia e aflição. Por isso, pede que evitemos assumir as questões dos outros, porque estas tiram-nos ou desviam-nos do nosso caminho. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/epicteto-e-sua-arte-de-viver.html)

Bem-Aventurança

Bem-Aventurança – Grande felicidade, suprema ventura, especialmente a que se goza no céu. Para a teologia, são as oito bênçãos (beatitudes) com cuja exposição deu Cristo princípio ao Sermão da Montanha. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição. As bem-aventuranças constituem uma mensagem divina aos homens de todas as raças e de todas as épocas, destinada a servir-lhes de roteiro, rumo à perfeição. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/06/bem-aventuranca.html)


Sites e Blogs

Bem-aventurados os Aflitos

As bem-aventuranças que se podem ler nos Evangelhos, analisadas fora do contexto reencarnacionismo, servem, na melhor hipótese, apenas para que os pobres, os doentes e os injustiçados se conformem.

Excluída a teoria materialista, segundo a qual a vida e a inteligência são frutos da organização momentânea da matéria, nada se esperando além da morte, as teorias espiritualistas de uma única existência não respondem a perguntas como estas: Por que uns sofrem mais do que os outros? Por que nascem uns em ambiente de extrema miséria sem oportunidade de uma vida digna e outros nascem na riqueza com todas as oportunidades nas mãos? Por que uns se esforçam e nada conseguem, ao passo que para outros tudo sorri? E principalmente: Por que sofrem criancinhas?

A fé numa vida futura sem a ideia da reencarnação, pode até infundir paciência ao sofredor, mas “desmente a justiça de Deus” para usar a expressão do próprio Kardec. Sendo Ele bom e justo, o sofrimento tem que ter uma causa justa, forjada nesta mesma existência ou em existências anteriores.

Quanto às faltas desta existência, a lei humana pune algumas, mas não todas. Ela incide principalmente sobre as que trazem prejuízo à Sociedade e não ao próprio indivíduo que a pratica. E há ainda os crimes ocultos e as criminosas omissões. Muitas vezes nós praticamos a delinquência mas conseguimos escapar das punições humanas porque não houve provas suficientes, ou porque certas faltas não são previstas no código penal, ou porque a crueldade e a ingratidão foram praticadas dentro do lar, não havendo denúncia. Isso não ocorre com a justiça divina porque esta incide sobre todas as faltas. (https://espirito.org.br/artigos/bem-aventurados-os-aflitos-3/)

Bem-Aventurados os Aflitos

A bem-aventurança é uma fórmula literária de felicitação - porque é iniciada pela expressão “bem-aventurado(s)” –, formada por exclamação que declara ditosa a pessoa ou um grupo delas pelo que são e, em outras situações, pelo que fazem. 

A situação de aflição (Mt 5.4) é a segunda bem-aventurança apresentada por Jesus no Sermão do Monte ou da Montanha (Mt 5.1-7.29). 

Em Mateus, alguns manuscritos invertem a ordem dos versículos 4 e 5 (sobre os "mansos"). Entretanto, a crítica textual aconselha a manutenção da ordem familiar, embora alguns especialistas defendam a ideia de que a inversão corresponda ao texto original. [1] p. 49 

A palavra aflição vem do grego thlipsis e significa o "ato de prensar, imprensar", representando, no Antigo Testamento, a opressão e angústia do povo de Israel (Dt 04.30, Sl 37.39); e, no Novo Testamento, uma situação de alta pressão, difícil e esmagadora, assemelhando-se a uma "tribulação" ou a um "dilema" (Mc 4.17 e 13.19; Jo 16.21 e 33; Rm 2.9, 8.35 e 12.12; 1Co 7.28; 2Co 1.4; Cl 1.24; 1Ts 1.6; Hb 10.33; Tg 1.27; Ap 2.9). 

O aflito é, portanto, o indivíduo que se encontra numa situação de adversidade, catástrofe ou de sofrimento bastante intenso, que pode durar muito tempo. Às vezes, essa tribulação é imposta por uma pessoa ou circunstância; em outras, por ele mesmo; e, em determinados casos, acreditam alguns, por Deus. 

Haroldo Dutra Dias, explicando o vocábulo aflito:

Lit. "os que estão aflitos, que lamentam a morte de alguém, que estão de luto (enlutados)". O verbo evoca toda a gama de sentimentos que um doloroso evento ou fato despertam no ser humano, especialmente aquelas emoções decorrentes da morte de alguém próximo, razão pela qual é comumente utilizado para descrever o enlutado. [1] p. 49 (http://www.aluzdoespiritismo.com.br/estudo-do-evangelho/evangelhos/6/11-bem-aventurados-os-aflitos-mt-54)


Mensagem Espírita

Saibamos Confiar

“Não andeis, pois, inquietos.” — Jesus. (Mateus, 6:31.)

Jesus não recomenda a indiferença ou a irresponsabilidade.

O Mestre, que preconizou a oração e a vigilância, não aconselharia a despreocupação do discípulo ante o acervo do serviço a fazer.

Pede apenas combate ao pessimismo crônico.

Claro que nos achamos a pleno trabalho, na lavoura do Senhor, dentro da ordem natural que nos rege a própria ascensão.

Ainda nos defrontaremos, inúmeras vezes, com pântanos e desertos, espinheiros e animais daninhos.

Urge, porém, renovar atitudes mentais na obra a que fomos chamados, aprendendo a confiar no Divino Poder que nos dirige.

Em todos os lugares, há derrotistas intransigentes.

Sentem-se nas trevas, ainda mesmo quando o Sol fulgura no zênite.

Enxergam baixeza nas criaturas mais dignas.

Marcham atormentados por desconfianças atrozes. E, por suspeitarem de todos, acabam inabilitados para a colaboração produtiva em qualquer serviço nobre.

Aflitos e angustiados, desorientam-se a propósito de mínimos obstáculos, inquietam-se, com respeito a frivolidades de toda sorte e, se pudessem, pintariam o firmamento à cor negra para que a mente do próximo lhes partilhe a sombra interior.

Na Terra, Jesus é o Senhor que se fez servo de todos, por amor, e tem esperado nossa contribuição na oficina dos séculos. A confiança dele abrange as eras, sua experiência abarca as civilizações, seu devotamento nos envolve há milênios...

Em razão disso, como adotar a aflição e o desespero, se estamos apenas começando a ser úteis? (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 86)

Bem-Aventuranças

“Bem-aventurados sereis quando os homens vos aborrecerem, e quando vos separarem, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem.” —  Jesus. (Lucas, 6:22.)

O problema das bem-aventuranças exige sérias reflexões, antes de interpretado por questão líquida, nos bastidores do conhecimento.

Confere Jesus a credencial de bem-aventurados aos seguidores que lhe partilham as aflições e trabalhos; todavia, cabe-nos salientar que o Mestre categoriza sacrifícios e sofrimentos à conta de bênçãos educativas e redentoras.

Surge, então, o imperativo de saber aceitá-los.

Esse ou aquele homem serão bem-aventurados por haverem edificado o bem, na pobreza material, por encontrarem alegria na simplicidade e na paz, por saberem guardar no coração longa e divina esperança.

Mas... e a adesão sincera às sagradas obrigações do título?

O Mestre, na supervisão que lhe assinala os ensinamentos, reporta-se às bem-aventuranças eternas; entretanto, são raros os que se aproximam delas, com a perfeita compreensão de quem se avizinha de tesouro imenso. A maioria dos menos favorecidos no plano terrestre, se visitados pela dor, preferem a lamentação e o desespero; se convidados ao testemunho de renúncia, resvalam para a exigência descabida e, quase sempre, ao invés de trabalharem pacificamente, lançam-se às aventuras indignas de quantos se perdem na desmesurada ambição.

Ofereceu Jesus muitas bem-aventuranças. Raros, porém, desejam-nas. É por isto que existem muitos pobres e muitos aflitos que podem ser grandes necessitados no mundo, mas que ainda não são benditos no Céu. (XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 89)