Desertores

Perguntas e Respostas

1) O que é um desertor?

Desertor é aquele que abandona um partido, uma causa. Todas as grandes ideias têm apóstolos fervorosos; têm, também, os seus desertores. Allan Kardec diz que o Espiritismo não fugiu à regra.

2) Como podemos interpretar as deserções no início do Espiritismo?

No início, houve equívoco quanto à natureza e aos fins do Espiritismo. As brincadeiras de salão, a curiosidade e o querer entrar em comunicação com os Espíritos foram as primeiras formas que os Espíritos superiores acharam para poder chamar a atenção sobre o fenômeno mediúnico. Quando os Espíritos sérios e moralizadores tomaram o lugar dos Espíritos brincalhões, os adeptos das brincadeiras desertaram.

3) Como explicar a deserção na fase da adivinhação?

Muitas pessoas, movidas pelo espírito comercial de ganhar dinheiro na especulação do maravilhoso, acabaram desertando porque os Espíritos não vinham ajudá-las a enriquecer, nem lhes revelar o número sorteado nas loterias. Não dando certo o que vaticinavam, acabavam denegrindo o Espiritismo. Esta fase também foi útil, porque separou os Espíritas sérios dos aproveitadores.

4) Por que desconfiar dos entusiasmados febris?

Por princípio, devemos desconfiar dos entusiasmados febris, porque, na grande maioria, são fogos de palha que ditam louvores sobre alguma coisa que ainda não conhecem. Passada a fase de deslumbramento, caem na real e verificam que estão longe da circunspeção, da seriedade e da abnegação que se exige de todo o praticante sincero.

5) Há deserção entre os Espíritas convictos?

Não. Allan Kardec fala de fraquezas humanas, como o orgulho e o egoísmo. Acha que há desfalecimentos, em que a coragem e a perseverança fraquejaram diante de uma decepção. Ele diz: "Entre os adeptos convictos, não há deserções, na lídima acepção do termo, visto como aquele que desertasse, por motivo de interesse ou qualquer outro, nunca teria sido sinceramente espírita".

6) Quais são as consequências para aqueles que desertam de sua tarefa mediúnica?

O Espírito Emmanuel, no capítulo 9, "Mensagem aos Médiuns", do livro Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, diz que os médiuns não são os missionários na acepção comum do termo; "são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso". Pela misericórdia divina, receberam a bênção da mediunidade para poderem redimir os seus erros do passado. Aceitando as incumbências da tarefa mediúnica, estarão sob a proteção dos benfeitores espirituais; desertando de suas responsabilidades mediúnicas, poderão perder o amparo desses Espíritos benfeitores, adiando para encarnações futuras o encaminhamento das almas que desviaram das sendas luminosas da fé.

7) Dê-nos um exemplo de deserção

O Espírito Irmão X, no capítulo 15, "O Compromisso", do livro Estante da Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, conta-nos o seguinte: no mundo espiritual, havia uma pessoa, que se sentia muito endividada perante as leis divinas e pede aos benfeitores do espaço toda a sorte de provação, ou seja, lepra, abandono dos entes queridos, extrema penúria e cegueira. Diante deste pedido, os benfeitores falaram: "Você encarnará são, mas com uma condição, será médium". Vem ao mundo como Alberto Nogueira.

Passados 36 anos, os benfeitores esperavam que ele estivesse colaborando num determinado Centro Espírita. Precisando dos seus préstimos, envia a mãe e a filha, esta obsedada, para que ele pudesse ajudá-la. Não o encontraram no Centro. Sob a influência desses mesmos benfeitores, conseguem o endereço do médium. Mãe e filha vão à sua casa e o encontram lendo um jornal do dia, em larga espreguiçadeira. Apesar dos rogos insistentes da mãe, não quis ajudar a pobre menina.

Conclusão: "Aquele espírito valoroso que pedira lepra, cegueira, loucura, idiotia, fogo, lagrimas, penúria e abandono, a fim de desagravar a própria consciência, no plano físico, depois de acomodar-se nas concessões do Senhor, esquecera todas as necessidades que lhe caracterizavam a obra de reajuste e preferia a ociosidade, enquadrado em pijama, com medo de trabalhar".

(Reunião de 22/08/2009)

Bibliografia Consultada

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.

XAVIER, F. C. Emmanuel (Dissertações Mediúnicas), pelo Espírito Emmanuel. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1981.

XAVIER, F. C. Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/desertores?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Desertores

Desertor é aquele que abandona um partido, uma causa. Todas as grandes ideias têm apóstolos fervorosos; têm, também, os seus desertores. Allan Kardec diz que o Espiritismo não fugiu à regra. Em Obras Póstumas, tece alguns comentários sobre este tema, inclusive dando uma comunicação sobre o assunto, logo após o seu desencarne, em novembro de 1869.

No início, houve equívoco quanto à natureza e aos fins do Espiritismo. As brincadeiras de salão, a curiosidade e o querer entrar em comunicação com os Espíritos foram as primeiras formas que os Espíritos superiores acharam para poder chamar a atenção sobre o fenômeno mediúnico. Quando os Espíritos sérios e moralizadores tomaram o lugar dos Espíritos brincalhões, os adeptos das brincadeiras desertaram.

Na época da adivinhação, muitas pessoas, movidas pelo espírito comercial de ganhar dinheiro na especulação do maravilhoso, acabaram desertando porque os Espíritos não vinham ajudá-las a enriquecer, nem lhes revelar o número sorteado nas loterias. Quando o que vaticinavam dava certo, deferiam louvores ao Espiritismo; quando não dava, denegriam-no. Esta fase também foi útil, porque separou os Espíritas sérios dos aproveitadores.

Haveria deserção entre os Espíritas convictos? Não. Allan Kardec fala das fraquezas humanas, como o orgulho e o egoísmo. Acha que há desfalecimentos, em que a coragem e a perseverança fraquejaram diante de uma decepção. Ele diz: "Entre os adeptos convictos, não há deserções, na lídima acepção do termo, visto como aquele que desertasse, por motivo de interesse ou qualquer outro, nunca teria sido sinceramente espírita".

O Espírito Emmanuel, no capítulo 9, "Mensagem aos Médiuns", do livro Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, alerta-nos sobre a deserção da tarefa mediúnica. Diz-nos que os médiuns, pela misericórdia divina, receberam a bênção da mediunidade para poderem redimir os seus erros do passado. Aceitando as incumbências da tarefa mediúnica, estarão sob a proteção dos benfeitores espirituais; desertando, poderão perdê-la.

O Espírito Irmão X, no capítulo 15, "O Compromisso", do livroEstante da Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, dá-nos um bom exemplo de deserção. Conta-nos o caso de Alberto Nogueira, Espírito endividado que, antes de reencarnar, pedira lepra, cegueira e toda a sorte de dificuldades, mas os benfeitores espirituais deram-lhe apenas o mandato mediúnico. Instado a colaborar num caso de obsessão, encontram-no totalmente ocioso, enquadrado em pijama, com medo de trabalhar.

Todos nós estamos sujeitos à deserção. Cabe-nos rogar aos bons Espíritos para que a nossa mente seja iluminada, a fim de darmos conta de nossa tarefa.

Bibliografia Consultada

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.

XAVIER, F. C. Emmanuel (Dissertações Mediúnicas), pelo Espírito Emmanuel. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1981.

XAVIER, F. C. Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/06/desertores.html)


Em Forma de Palestra

Os Desertores

1. Introdução 

Quem pode ser considerado desertor do Espiritismo? O espírita sincero pode ser chamado de desertor? Quais são as consequências da deserção da tarefa mediúnica? Tentemos elaborar algumas ideias sobre este tema.

2. Conceito 

Desertor é aquele que abandona um partido, uma causa. Na política, um desertor é uma pessoa que abandona um estado ou entidade política. O termo é usado frequentemente como um sinônimo de traidor. Segundo o Código Penal Militar, é aquele que pratica crime de deserção. Todas as grandes ideias têm apóstolos fervorosos; têm, também, os seus desertores. Allan Kardec diz que o Espiritismo não fugiu à regra.

3. Considerações Iniciais 

A deserção de um objetivo pode ocorrer em qualquer momento de nossa vida. Podemos fugir de nossas responsabilidades familiares, sociais e profissionais. Basta um simples contratempo, para deixarmos de lado tudo o que foi construído. No momento de pressão mental, do estresse existencial, queremos sumir do mundo e visitar outras paragens. Como não tivemos tempo suficiente para uma reflexão mais acurada, precipitamo-nos, sem sequer cogitarmos conseqüências dessa fuga.

Diante de Lei de Deus, porém, nada fica impune. Fugindo de um problema, que deveríamos solucionar, somos obrigados a sofrer as conseqüências desse ato, quer seja nesta existência, quer seja na próxima. Nada foge aos desígnios de Deus. Por isso, a análise deste tema é de vital importância o nosso desenvolvimento moral e intelectual dentro do Espiritismo.

4. Deserções Espíritas 

4.1. As Deserções no Início do Espiritismo

No início, houve equívoco quanto à natureza e aos fins do Espiritismo. As brincadeiras de salão, a curiosidade e o querer entrar em comunicação com os Espíritos foram as primeiras formas que os Espíritos superiores acharam para poder chamar a atenção sobre o fenômeno mediúnico. Quando os Espíritos sérios e moralizadores tomaram o lugar dos Espíritos brincalhões, os adeptos das brincadeiras desertaram.

4.2. A Deserção na Fase da Adivinhação 

Muitas pessoas, movidas pelo espírito comercial de ganhar dinheiro na especulação do maravilhoso, acabaram desertando porque os Espíritos não vinham ajudá-las a enriquecer, nem lhes revelar o número sorteado nas loterias. Não dando certo o que vaticinavam, acabavam denegrindo o Espiritismo. Esta fase também foi útil, porque separou os Espíritas sérios dos aproveitadores.

4.3. Deserção dos Entusiasmados Febris

Por princípio, devemos desconfiar dos entusiasmados febris, porque, na grande maioria, são fogos de palha que ditam louvores sobre alguma coisa que ainda não conhecem. Passada a fase de deslumbramento, caem na real e verificam que estão longe da circunspeção, da seriedade e da abnegação que se exige de todo o praticante sincero.

4.4. Há Deserção entre os Espíritas Convictos?

Não. Allan Kardec fala de fraquezas humanas, como o orgulho e o egoísmo. Acha que há desfalecimentos, em que a coragem e a perseverança fraquejaram diante de uma decepção. Ele diz: "Entre os adeptos convictos, não há deserções, na lídima acepção do termo, visto como aquele que desertasse, por motivo de interesse ou qualquer outro, nunca teria sido sinceramente espírita". (Kardec, 1975, p. 249 a 253)

5. Anotações sobre a Deserção 

5.1. Mensagem aos Médiuns 

O Espírito Emmanuel, no capítulo 9, "Mensagem aos Médiuns", do livro Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, diz que os médiuns não são os missionários na acepção comum do termo; "são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso". Pela misericórdia divina, receberam a bênção da mediunidade para poderem redimir os seus erros do passado. Aceitando as incumbências da tarefa mediúnica, estarão sob a proteção dos benfeitores espirituais; desertando de suas responsabilidades mediúnicas, poderão perder o amparo desses Espíritos benfeitores, adiando para encarnações futuras o encaminhamento das almas que desviaram das sendas luminosas da fé.

5.2. Compromisso Esquecido 

O Espírito Irmão X, no capítulo 15, "O Compromisso", do livro Estante da Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, conta-nos o seguinte: no mundo espiritual, havia uma pessoa, que se sentia muito endividada perante as leis divinas e pede aos benfeitores do espaço toda a sorte de provação, ou seja, lepra, abandono dos entes queridos, extrema penúria e cegueira. Diante deste pedido, os benfeitores falaram: "Você encarnará são, mas com uma condição, será médium". Vem ao mundo como Alberto Nogueira.

Passados 36 anos, os benfeitores esperavam que ele estivesse colaborando num determinado Centro Espírita. Precisando dos seus préstimos, envia a mãe e a filha, esta obsedada, para que ele pudesse ajudá-la. Não o encontraram no Centro. Sob a influência desses mesmos benfeitores, conseguem o endereço do médium. Mãe e filha vão à sua casa e o encontram lendo um jornal do dia, em larga espreguiçadeira. Apesar dos rogos insistentes da mãe, não quis ajudar a pobre menina.

Conclusão: "Aquele espírito valoroso que pedira lepra, cegueira, loucura, idiotia, fogo, lagrimas, penúria e abandono, a fim de desagravar a própria consciência, no plano físico, depois de acomodar-se nas concessões do Senhor, esquecera todas as necessidades que lhe caracterizavam a obra de reajuste e preferia a ociosidade, enquadrado em pijama, com medo de trabalhar".

5.3. Desertores 

Médiuns desertores não são apenas aqueles que deixam de transmitir com fidelidade sinais e palavras, avisos e observações da Esfera Espiritual para a Esfera Física.

De criatura a criatura flui a corrente da vida e todos nós, encarnados e desencarnados de qualquer condição, estamos conclamados a lutar pela vitória do Bem Eterno.

Desertores são igualmente:

Os que armazenam o pão, sem proveito justo, convertendo cereais em cifrões vazios;

Os que pregam virtudes religiosas e sociais, acolhendo-se em trincheiras de usura;

Os que fecham escolas, escancarando prisões;

Os que transformam as chaves da Ciência em gazuas douradas;

Os que levantam casas de socorro, desviando recursos que deveriam ser aplicados para sanar as dores do próximo;

Os que exterminam crianças em formação, garantindo a Impunidade, no silêncio das próprias vitimas;

As mães que, sem motivo, emudecem as trompas da vida no santuário do próprio corpo, embriagando-se de prazeres que vão estuar na loucura;

Os que aviltam a inteligência, vendendo emoções na feira do vício;

Os que se afogam lentamente no álcool;

Os que matam o tempo para que o tempo não lhes dê responsabilidade;

Os que passam as horas censurando atitudes de outrem, olvidando os deveres que lhes competem;

Os que andam no mundo com todos os desejos satisfeitos;

Os que não sentem necessidade de trabalhar;

Os que clamam contra a ingratidão sem examinar os problemas dos supostos Ingratos;

Os que julgam comprar o céu, entregando um vintém ao serviço da caridade e reservando milhões para enlouquecer os próprios descendentes, nos inventários de sangue e ódio;

Os que condenam e amaldiçoam, ao invés de compreender e abençoar;

Os que perderam a simplicidade e precisam de uma torre de marfim para viver;

Os que se fazem peso morto, dificultando o curso das boas obras...

Deserção! Deserção! Se trazemos semelhante chaga, corrigenda para nós!...

E se a vemos nos outros, compaixão para eles!... (Xavier, s.d.p., capítulo 34)

6. Mensagem Pós-Túmulo de Allan Kardec 

6.1. Recordação de Época em que Esteve Encarnado 

Lembra-nos da sua convicção sobre os princípios fundamentais do Espiritismo. Tendo uma visão mais acurada, acha que tanto a benevolência, a boa-vontade e o devotamento de alguns, como a má-fé, a hipocrisia e as maldosas manobras dos outros, servem para fortificar o edifício doutrinário. Ele afirma: "Nas mãos das potestades superiores, que presidem a todos os progressos, as resistências inconscientes ou simuladas, os ataques visando semear o descrédito e o ridículo, se tornam elementos de elaboração".

6.2. Ódio, Inveja e Ciúme 

O charlatanismo e a superstição quiseram apropriar-se do Espiritismo. A verdade, porém, veiculada pelo Espiritismo provoca ódio, inveja e ciúme nos outros credos que, não podendo atacar a doutrina, acabam por atacar a pessoa. Segundo o seu relato, isso o deixou triste, mas não impediu que continuasse na sua obra grandiosa, que foi disseminar a vida espiritual, dentro de uma lógica científica, filosófica e religiosa. Em vista disso, ele diz: "Os testemunhos de simpatia e de estima, que recebi dos que me souberam apreciar, constituíram a mais estimável recompensa que eu jamais ambicionara".

6.3. Imploração da Misericórdia Divina 

Allan Kardec censura levemente os que criticaram o Espiritismo, sem estudá-lo. Para aqueles que se debruçaram sobre os seus princípios e, não contentes de se lhe apartarem do seio, contra ele voltaram todos os seus esforços, suas críticas são mais severas. Ele diz: "É, sobretudo, para os desertores dessa categoria que devemos implorar a misericórdia divina, pois que apagaram voluntariamente o facho que os iluminava e com o qual podiam esclarecer os outros. Eles, por isso, logo perdem a proteção dos bons Espíritos e, conforme a triste experiência que temos feito, bem depressa chegam, de queda em queda, às mais críticas situações!"

7. Conclusão 

Todos nós estamos sujeitos à deserção. Cabe-nos rogar aos bons Espíritos para que a nossa mente seja iluminada, a fim de darmos continuidade em nossa tarefa mediúnica.

8. Bibliografia Consultada 

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.

XAVIER, F. C. Emmanuel (Dissertações Mediúnicas), pelo Espírito Emmanuel. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1981.

XAVIER, F. C. Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974.

XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns, pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Feb, s.d.p. 


Mensagem Espírita

Desertores

Médiuns desertores não são apenas aqueles que deixam de transmitir com fidelidade sinais e palavras, avisos e observações da Esfera Espiritual para a Esfera Física.

De criatura a criatura flui a corrente da vida e todos nós, encarnados e desencarnados de qualquer condição, estamos conclamados a lutar pela vitória do Bem Eterno.

Desertores são igualmente:

Os que armazenam o pão, sem proveito justo, convertendo cereais em cifrões vazios;

Os que pregam virtudes religiosas e sociais, acolhendo-se em trincheiras de usura;

Os que fecham escolas, escancarando prisões;

Os que transformam as chaves da Ciência em gazuas douradas;

Os que levantam casas de socorro, desviando recursos que deveriam ser aplicados para sanar as dores do próximo;

Os que exterminam crianças em formação, garantindo a Impunidade, no silêncio das próprias vitimas;

As mães que, sem motivo, emudecem as trompas da vida no santuário do próprio corpo, embriagando-se de prazeres que vão estuar na loucura;

Os que aviltam a inteligência, vendendo emoções na feira do vício;

Os que se afogam lentamente no álcool;

Os que matam o tempo para que o tempo não lhes dê responsabilidade;

Os que passam as horas censurando atitudes de outrem, olvidando os deveres que lhes competem;

Os que andam no mundo com todos os desejos satisfeitos;

Os que não sentem necessidade de trabalhar;

Os que clamam contra a ingratidão sem examinar os problemas dos supostos Ingratos;

Os que julgam comprar o céu, entregando um vintém ao serviço da caridade e reservando milhões para enlouquecer os próprios descendentes, nos inventários de sangue e ódio;

Os que condenam e amaldiçoam, ao invés de compreender e abençoar;

Os que perderam a simplicidade e precisam de uma torre de marfim para viver;

Os que se fazem peso morto, dificultando o curso das boas obras…

Deserção! Deserção! Se trazemos semelhante chaga, corrigenda para nós!…

E se a vemos nos outros, compaixão para eles!… (XAVIER, Francisco Cândido. Seara dos Médiuns, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 34)

Se Soubéssemos

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” – Jesus. (Lucas, 23:34.)

Se o homicida conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.

Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de não se confiar à acusação descabida.

Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.

Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.

Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.

Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.

Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto.

Perdoa, pois, a quem te fere e calunia...

Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do mal não sabem o que fazem. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 38)