Preconceito

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por preconceito?

É a fixação de um juízo anterior à análise objetiva da realidade, atingindo, desfavoravelmente, pessoas, idéias, instituições ou objetos. Os preconceitos são característicos dos indivíduos de mentalidade estreita, incapazes de uma análise serena e desapaixonada da realidade.

2) Como surgem os preconceitos?

Construímos, ao longo do tempo, conceitos que, sem a devida problematização, tornaram-se dogmáticos e superficiais.

3) Que relação há entre crenças e preconceito?

Há crenças de caráter científico, tal qual a de que a Terra gira ao redor do Sol. Porém, a maioria delas, é o resultado da tradição e da autoridade. Ao atendermos cegamente os ditames da autoridade e da tradição, estaremos perpetuando muitos preconceitos, sem imaginarmos que os são.

4) O preconceito dificulta a busca da verdade?

Não resta dúvida, pois a descoberta da verdade é impedida, muito mais pelo preconceito, do que pela falsa aparência que as coisas apresentam, e que podem induzir-nos ao erro. O preconceito é aquela erva daninha que obscurece o curso de nosso raciocínio e impede-nos de ter uma visão mais clara da realidade.

5) Como romper com um preconceito?

Podemos fazê-lo de duas maneiras: a) de forma natural, quando nos defrontarmos com as crenças antagônicas e tivermos que tomar nova decisão; b) pelo próprio esforço, quando tomarmos consciência da necessidade de nossa modificação interior. É o princípio da problematização fornecendo as diretrizes para a aquisição do conhecimento.

6) A crítica da universalidade ajuda-nos a vencer alguns preconceitos?

Sim. A universalidade é pensar no todo. A sua crítica leva-nos ao seguinte raciocínio: ser religioso é preferível a ter uma religião. O religioso está aberto a qualquer tipo de experiência; o que tem uma religião, apenas aos seus dogmas. Pensar – fora dos parâmetros estabelecidos – exige a postura do pensamento que está sempre à procura da verdade, esteja ela onde estiver.

7) Como transformar o homem preconceituoso no novo homem de que nos fala o evangelho?

De acordo com Krishnamurti, em O Mistério da Compreensão, o cérebro se torna novo quando há uma distância entre um fato e a reação do sujeito em relação a este mesmo fato. Quando reagimos imediatamente, estamos apenas confirmando o nosso ponto de vista, as nossas opiniões, o nosso preconceito, a nossa superficialidade. Para que um cérebro se torne novo, devemos conceder-lhe um tempo para refletir, para pensar, para sopesar, para meditar.

8) Quais são as dificuldades do cérebro velho?

O cérebro velho está acostumado com um tipo de resposta, com um tipo de comportamento. O novo causa-lhe incômodo. Quando propomos ao cérebro outro tipo de resposta, fazemo-lo agir em nosso benefício.

9) Combater o preconceito pode criar novos preconceitos?

Sim. Descartes diz que a força dos preconceitos se deve ao fato de que “todos nós fomos crianças antes de sermos homens” e começamos a pensar muito antes de saber raciocinar (se é que sabemos). O remédio, segundo Descartes, é a dúvida e o método mas forçoso é constatar que o cartesianismo dará razão, no fim das contas, à maioria dos preconceitos de sua época. Não é por ser homem, e mesmo um grande homem, que se deixa de ser criança.

10) Qual a tarefa da reflexão crítica?

O nosso pensamento inevitavelmente inclui sempre preconceitos, originários de sua própria formação, sendo tarefa da reflexão crítica precisamente desmascarar os preconceitos e revelar sua falsidade. 

(Reunião de 28/04/2012) (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/preconceito?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Preconceito e Verdade

Preconceito - do latim prae + conceptum = concebido antes. É a fixação de um juízo anterior à análise objetiva da realidade, atingindo, desfavoravelmente, pessoas, idéias, instituições ou objetos. Entre os preconceitos mais censuráveis se encontram os que concernem à raça e à religião. Os preconceitos são característicos dos indivíduos de mentalidade estreita, incapazes de uma análise serena e desapaixonada da realidade.

Vivemos envoltos com inúmeras crenças. Algumas de caráter científico, tal qual a de que a Terra gira ao redor do Sol. Porém, a maioria delas, é o resultado da tradição e da autoridade. Neste sentido, o filósofo Husserl fala-nos de uma "tese geral', ou seja, de uma compreensão implícita do mundo, que caracteriza o comportamento dogmático das criaturas. São atitudes humanas voltadas para a ação e o fazer técnico. É o mundo das sombras expresso por Platão na alegoria do "Mito da Caverna".

O progresso é uma lei natural. Cedo ou tarde teremos de romper com as posições cristalizadas do nosso comportamento. A transformação pode se dar: a) de forma natural, quando nos defrontarmos com as crenças antagônicas e tivermos que tomar nova decisão; b) pelo próprio esforço, quando tomarmos consciência da necessidade de nossa modificação interior. É o princípio da problematização fornecendo as diretrizes para a aquisição do conhecimento.

A descoberta da verdade é impedida, muito mais pelo preconceito, do que pela falsa aparência que as coisas apresentam, e que podem induzir-nos ao erro. O preconceito é aquela erva daninha que obscurece o curso de nosso raciocínio e impede-nos de te uma visão mais clara da realidade. É como um pseudo, a priori, que barra a caminho da verdade e empurra-nos para as sombras da ignorância.

A busca da verdade deve ser um exercício constante de nossa mente, caso queiramos eliminar os erros do preconceito. Construímos, ao longo do tempo, conceitos que, sem a devida problematização, tornaram-se dogmáticos e superficiais. Contudo, desde que nos apliquemos eficazmente, poderemos modificar a estrutura básica do nosso proceder e concomitantemente obter bom êxito na apreensão mais profunda da realidade que nos absorve.

"Atitudes repetidas" convertem-se em "hábitos". O hábito é um sexto sentido. Dessa forma, o que a princípio parecia difícil torna-se, pelo esforço constante, fácil. A verdade se nos apresenta de modo intuitivo e direto sem as peripécias do raciocínio discursivo.

Fonte de Consulta

BORNHEIM, G. A. Introdução ao Filosofar - O Pensamento em Bases Existenciais. 7. ed., Rio de Janeiro, Globo, 1986.

GOMES, L. C. Antologia Filosófica. São Paulo, Livros Horizontes, 1983.

São Paulo, 28/04/1994 (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/preconceito-e-verdade.html)


Em Forma de Palestra

Preconceito

 1. Introdução

O que é preconceito? Quais dos nossos atos cotidianos revelam preconceito? O Espiritismo tem preconceitos? E os Espíritas? Refletir sobre os princípios doutrinários, codificados por Allan Kardec, livra-nos dos preconceitos?  

2. Conceito

Preconceito. Designa um julgamento prévio rígido e negativo sobre um indivíduo ou grupo. As conotações básicas incluem inclinação, parcialidade, predisposição, prevenção. No uso moderno, o termo veicula muitos significados variantes. Comuns à maioria deles, contudo, são as noções de julgamento prévio desfavorável efetuado antes de um exame ponderado e completo, e mantido rigidamente mesmo em face de provas que o contradizem. (Outhwaite, 1996)

3. Considerações Iniciais

O preconceito é um tema sempre atual.

Pensar e refletir sobre o seu significado e as situações em que possa emergir é de vital importância para nosso aprendizado na vida.

Há necessidade de verificarmos se o combate ao preconceito não está criando novos preconceitos.

Descartes, por exemplo, querendo combater o preconceito, criou outro. Ele dizia que a força dos preconceitos se deve ao fato de que “todos nós fomos crianças antes de sermos homens” e começamos a pensar muito antes de saber raciocinar (se é que sabemos). O remédio, segundo Descartes, é a dúvida e o método. Onde está o preconceito aqui? Não é por ser homem, e mesmo um grande homem, que se deixa de ser criança. (Comte-Sponville, 2003)

Tenhamos em mente que a descoberta da verdade é impedida, muito mais pelo preconceito, do que pela falsa aparência que as coisas apresentam, e que podem induzir-nos ao erro. O preconceito é aquela erva daninha que obscurece o curso de nosso raciocínio e impede-nos de ter uma visão mais clara da realidade.

4. Caracterizando o Preconceito

4.1. Estigma

Estigma é cicatriz, marca, sinal. As nossas concepções ingênuas, geralmente provenientes da tradição e dos costumes, forjaram “ideologias” e estigmatizaram “povos”. Não paramos para pensar se as atitudes de alguns indivíduos referem-se ou não à totalidade das pessoas. Com uma ideia pré-definida vamos marcando as pessoas, tais como, o judeu é ganancioso, o negro é indolente, os americanos são superficiais, e assim por diante.

4.2. Crenças e Opiniões  

As crenças e opiniões são transmitidas sem exame e sem crítica. Muitos as internalizam sem se darem conta disso, acabando por influenciar o seu modo de agir e de considerar as coisas.

Há crenças e crenças, como, por exemplo, as de caráter científico, tal qual a de que a Terra gira ao redor do Sol. Porém, a maioria delas, é o resultado da tradição e da autoridade. Ao atendermos cegamente os ditames da autoridade e da tradição, estaremos perpetuando muitos preconceitos, sem imaginarmos que os são. (Japiassu, 2008)

4.3. Entrave ao Princípio Único

O preconceito é um entrave à percepção do princípio único. Por quê? O preconceituoso é um indivíduo que forma antecipadamente um sistema de valores e atua segundo ele. Como o faz previamente, quer que tudo se ajuste ao seu modo de pensar. Acontece que as coisas são o que são; não podemos mudá-las a nosso bel-prazer. A verdade não pode ser contestada; ela deve ser intuída. Não exijamos, assim, que as coisas aconteçam deste ou daquele jeito, mas mantenhamos a nossa mente aberta para o que estiver acontecendo, quer seja agradável, quer não.

5. Rompendo com os Preconceitos

5.1. Advertência de Descartes

Descartes advertiu que o preconceito e a precipitação, dois vícios comuns da humanidade, prejudicam o juízo e impedem a descoberta da verdade. O preconceito, ideia formada antecipadamente, não nos deixa ver as coisas como elas realmente as são. A precipitação, por seu turno, faz-nos opinar sobre um acontecimento sem dele ter a necessária informação, para uma avaliação mais justa e correta.

5.2. Dispor os Dados à Critica da Universalidade

Ver a parte dentro do todo. A verdade à luz de uma vela não é a mesma à luz do Sol. Para explicitar este ponto, façamos uma comparação entre ser religioso e ter uma religião.  O religioso está aberto a qualquer tipo de experiência; o que tem uma religião, apenas aos seus dogmas. Pensar – fora dos parâmetros estabelecidos – exige a postura do pensamento que está sempre à procura da verdade, esteja ela onde estiver. A verdade não é monopólio de uma religião, de uma instituição. Ela pertence ao patrimônio comum das inteligências.

5.3. Pensar Criticamente

Construímos, ao longo do tempo, conceitos que, sem a devida problematização, tornaram-se dogmáticos e superficiais.

A crítica consiste “num discernimento, num esforço de separar o que pode ser reconhecido como válido daquilo que não o é, a fim de reencontrar as orientações autênticas das intencionalidades constitutivas”. Precisamos sair das particularidades para ver os fatos dentro de uma perspectiva mais ampla, mais de acordo com espírito crítico e não o espírito de crítica.  

6. Mudança Comportamental e Espiritismo 

6.1. Do Cérebro Velho ao Cérebro Novo 

O cérebro velho está acostumado com um tipo de resposta, com um tipo de comportamento. O novo causa-lhe incômodo. Quando propomos ao cérebro outro tipo de resposta, fazemo-lo agir em nosso benefício. Por isso, devemos estar sempre testando e propondo novos caminhos ao nosso cérebro. O desafio, embora lhe causando estranheza, com o tempo, torna-se um hábito, um hábito que o incentiva a se modificar.  

6.2. Distância entre Fato e Reação  

De acordo com Krishnamurti, em O Mistério da Compreensão, o cérebro se torna novo quando há uma distância entre um fato e a reação do sujeito em relação a este mesmo fato. Quando reagimos imediatamente, estamos apenas confirmando o nosso ponto de vista, as nossas opiniões, o nosso preconceito, a nossa superficialidade. Para que um cérebro se torne novo, devemos conceder-lhe um tempo para refletir, para pensar, para sopesar, para meditar.  

6.3. Subsídios Espíritas 

Os princípios doutrinários, codificados por Allan Kardec, fornecem-nos elementos substanciais para a nossa transformação moral, intelectual e espiritual. Valendo-nos dos ensinamentos, veiculados em suas obras básicas e complementares, conseguiremos alicerçar a nossa fé na razão, podendo, a partir daí, analisar qualquer fato dentro da lógica, que nos leva a rejeitar tudo o que não estiver de acordo com a verdade. Nesse caso, os preconceitos são reduzidos ao mínimo possível. Permanecerão somente aqueles próprios da nossa ignorância e os da nossa recusa em aceitar os fundamentos doutrinários. 

7. Conclusão  

O preconceito é uma erva daninha. Muitas vezes, fica enrustido em nosso subconsciente, mascarando os fatos à nossa frente. Ouvir os outros e achar que podemos estar errados são fundamentais para erradicá-lo de nossa mente.  

8. Bibliografia Consultada 

OUTHWAITE. W. e BOTTOMORE, T. Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro, Zahar, 1996.

COMTE-SPONVILLE, André, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

São Paulo, novembro de 2011. 

Notas do Blog

Da Consciência Ingênua à Consciência de Si

Pensar por nós mesmos é o primeiro passo, no sentido de não nos fiarmos apenas no que os outros disseram, procedendo como meros recitadores de frases alheias. O segundo passo é colocarmo-nos diante dos outros, para fugirmos ao preconceito e vermos as nossas ideias submetidas à UNIVERSALIDADE. Para tanto, precisamos abrir os nossos ouvidos ao pensamento dos outros. Por que estamos sempre certos e os outros errados? Não é visão deturpada?

Dispor nossos dados à crítica da universalidade ajuda-nos a vencer alguns preconceitos. O preconceito é uma ideia recebida sem crítica, uma opinião, aceita sem elaboração pessoal. Preconceito são falsas evidencias que se originam da nossa experiência de vida. Observe que os seguidores das religiões adquirem uma série de preconceitos com a facilidade. É que as religiões estão repletas de dogmas, que se transformam em preconceitos, porque não podemos pensar fora dessa linha de ideias. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2011/02/da-consciencia-ingenua-consciencia-de.html)

Mente Rígida e Autocrítica

O preconceito é um empecilho para a mente flexível. Eles podem ser comparados a um monstro de três cabeças: 1. Um estereótipo infundado; 2. Um sentimento de medo e hostilidade; 3. Um sentimento discriminatório.

No filme A lista de Schlinder, uma prisioneira do campo de concentração chama a atenção do coronel alemão de plantão sobre um erro que está sendo cometido numa construção. O nazista pergunta como sabe tanto sobre o tema e ela responde que é engenheira. O coronel agradece a ajuda e imediatamente manda matá-la. E acrescenta: "Não podemos deixar que eles tenham razão; é melhor eliminar os inteligentes... Mas façamos o que ela sugeriu". (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2018/11/mente-rigida-e-autocritica.html)

Albert Einstein

Acerca das crenças de Einstein. Acha que construir o pensamento somente pela reflexão pode nos levar à ilusão e ao preconceito. A experimentação também nos fornece informações filosóficas muito importantes.(https://sbgfilosofia.blogspot.com/2016/05/albert-einstein.html)

Posso Ser Diferente do que Eu Sou?

A expectativa dos outros é uma forma de preconceito. Por que? Porque eles formam uma imagem de nossa pessoa e acabam exigindo que atendamos a essa representação. Suponha que adquiramos a glória de ser caridoso. Basta negarmos um único pedido, para que os outros passem a nos cobrar por tal atitude. Ficamos imensamente chateados com isso. Convém, diante dessa situação, distinguirmos o que é sugestão alheia e o que é recurso próprio do nosso sentimento. Rigorosamente falando, não precisamos dar satisfação a ninguém a não ser à nossa própria consciência. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/07/posso-ser-diferente-do-que-eu-sou.html)

Ler e Problematizar

Filosofar não é tarefa fácil, porque induz-nos a enfrentar os nossos preconceitos e as nossas idiossincrasias. Isso, porém, gera sofrimento. Como largar um hábito inveterado de uma hora para outra? Como destruir um preconceito que nos acompanha desde longa data? De qualquer forma, é sempre útil pensar sobre o pensamento, no sentido de tirarmos conclusões que nos levem a ampliar a interpretação da realidade. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2011/03/ler-e-problematizar.html)

Michel de Montaigne

O tema central dos Ensaios é o conhecimento de si mesmo. Partia de si mesmo, tentando uma generalização do ser humano. Aproveitava o ensejo para combater o egoísmo e o preconceito que grassava na sociedade. Embora acenasse para uma volta sobre si mesmo, não queria de modo algum esquecer o poder dos costumes. Segundo ele, há uma universalidade do costume, que se torna uma segunda natureza; o que não é universal é o conteúdo desse costumes. Criticava, assim, a redução de nossos sistemas de crenças a meros costumes e opiniões pessoais. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2013/07/montaigne-michel-de.html)

A Energia Psíquica e seu Uso

Inofensividade, palavra justa, olvido de si mesmo, espírito de economia e esforço para procurar a perfeição são atitudes úteis à fortificação de nossa energia psíquica. Por quê? Porque a dúvida, o preconceito, a malícia, a presunção, o estelionato, a fraude, o dolo, o crime e a falsificação dão mais trabalhos e preocupações do que daria o trabalho honesto. “Se o ladrão adivinhasse o trabalho que teria de passar por ser desonesto, seria honesto, por mera questão de esperteza”. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2010/09/energia-psiquica-e-seu-uso.html)


Notas de Livro

Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais, de Mário Ferreira dos Santos

Estamos num mundo em que novos preconceitos substituem os antigos, mas são ainda preconceitos... [Verbete Autodidatismo]

Há calúnia quando adversários de uma doutrina fazem afirmações, não só geradas por ignorância, mas muitas vezes por má fé, aproveitando-se de um preconceito falsamente atribuído à doutrina em questão, com a finalidade de mais facilmente combatê-la. [Verbete Calúnia]

No terreno administrativo social, sobretudo político, o preconceito da centralização é predominante. Ainda se julga que a concentração de poderes é benéfica. [Verbete Empresa econômica]

Um preconceito de nossa época é o valor que se dá ao especialismo, em torno do qual gira um conjunto de outros preconceitos, que vieram a se tornar verdades definitivas. Não é nova essa hiper-valorização do especialismo. Já Sócrates ridicularizava, em sua época, os sofistas em darem um valor excessivo à especialidade, como se aí apenas houvesse o único caminho para o conhecimento humano. [Verbete Especialismo e generalismo]

Uma das características da forma de produção capitalista tem sido a excessiva especialização das funções e também dos bens de consumo. O capitalismo impregnou o seu preconceito: o da especialização. Influiu com a sua visão quantitativista, o que demonstra a força propagandística que dispõe. [Verbete Especialismo e generalismo]

Um dos preconceitos mais comuns que só tem servido para prejuízo do homem, é julgar que devemos de uma vez para todas desterrar de nossos olhos os ideais. Mas tudo surge de não se ter claramente ante a mente o que significa ideal. Ideal é a perfeição não realizada facticamente, e que nunca o será por nenhum ser finito, contingente, limitado. [Verbete Moeda]

A boa consciência é uma força. De que valeria a virtude se ela não lutasse pela conservação do ser e por ampliá-lo? Ela não se apoia em mal-entendidos, em ilusões, em preconceitos. Se tende a realizações temporais, tende ainda mais a realizações intemporais, extratemporais, sobrenaturais, porque o ser ultrapassa a tudo quanto é limitado. Nossa natureza integral não se prende apenas à natureza. O que podemos realizar, como seres daqui, é apenas uma parte do que podemos realizar. [Verbete Moral teológica]

Há um preconceito muito comum entre psicólogos modernos, mais afeitos à psicologia empírica, de que a psicologia clássica era meramente abstrata. Entre os escolásticos foram distinguidas perfeitamente as observações de ordem empírica das especulativas. Que a psicologia, seguindo as normas científicas, deve ser uma "psicologia sem alma", nada se há de alegar, pois não cabe propriamente à ciência, no sentido em que em geral tomamos esse termo, investigar num terreno que é meramente filosófico. [Verbete Psicologia]

A vontade não peca per se, por essência, mas por acidente. O erro pode surgir da aparência de uma verdade, de um defeito afetivo, de uma confusão de ideias, de um preconceito aceito como verdadeiro, de uma informação falsa, de um defeito de reflexão, de raciocínio de até um desconhecimento. Mas que revela o erro? Revela que se aceitou como dado certo o que não era, o que não se apresentara com todos os requisitos essenciais. [Verbete Verdade]



Dicionário

Preconceito. Do latim prejudicium, julgamento prévio. 1. Julgamento, favorável ou não, formado de antemão, a partir de certas circunstâncias, fatos, aparências. 2. Ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem exame crítico, ponderação ou razão. (1)

Preconceito. Designa um julgamento prévio rígido e negativo sobre um indivíduo ou grupo. As conotações básicas incluem inclinação, parcialidade, predisposição, prevenção. No uso moderno, o termo veicula muitos significados variantes. Comuns à maioria deles, contudo, são as noções de julgamento prévio desfavorável efetuado antes de uma exame ponderado e completo, e mantido rigidamente mesmo em face de provas que o contradizem. (2)

Preconceito. O que foi concebido antes. Antes do quê? Antes de ter pensado verdadeira e adequadamente no assunto. É o nome clássico e pejorativo da opinião, especialmente em Descartes, na medida em que esta é preconcebida. A força dos preconceitos se deve ao fato de que “todos nós fomos crianças antes de sermos homens” e começamos a pensar muito antes de saber raciocinar (se é que sabemos). O remédio, segundo Descartes, é a dúvida e o método mas forçoso é constatar que o cartesianismo dará razão, no fim das contas, à maioria dos preconceitos de sua época. Não é por ser homem, e mesmo um grande homem, que se deixa de ser criança. (3)

Preconceito. Opinião ou crença admitida sem ser discutida ou examinada, internalizada pelos indivíduos sem se darem conta disso, e influenciando o seu modo de agir e de considerar as coisas. O preconceito é constituído assim por uma visão de mundo ingênua que se transmite culturalmente e reflete crenças, valores e interesses de uma sociedade ou grupo social. O termo possui um sentido eminentemente pejorativo, designando o caráter irrefletido e frequentemente dogmático dessas crenças, que se revestem de uma certeza injustificada. Ex.: “o preconceito racial”. Entretanto, é preciso admitir que nosso pensamento inevitavelmente inclui sempre preconceitos, originários de sua própria formação, sendo tarefa da reflexão crítica precisamente desmascarar os preconceitos e revelar sua falsidade. (4)

Preconceito. Num sentido corrente, um preconceito é, enquanto pré-conceito, um conceito prévio ao (ou antes do) conhecimento adequado ou cabal de uma coisa. Supõe-se que se trata de alguma ideia, algum sentimento ou alguma crença que formam um conceito antes do conceito, isto é, que determina o conceito que se formula. Na maioria dos casos, os preconceitos não são percebidos pelos que julgam.

Tem sido muito comum na filosofia considerar que os preconceitos constituem um obstáculo para o reto entendimento do que se trata de julgar, seja para enunciar o que é seja para declarar que valor ou falta de valor tem. Supôs-se, portanto, que é necessário descartar, eliminar ou dissolver os preconceitos, o que muitas vezes parece poder conseguir-se dando conta de sua existência.

Alguns filósofos, como Descartes, queriam eliminar os pressupostos. Vários filósofos consideraram que é impossível livrar-se de preconceitos, razão pela qual o conhecimento, o conhecimento adequado é responsável. Outros filósofos consideram que os preconceitos podem ter uma função no conhecimento, mas com o fim de eliminar o sentido pejorativo que tem o termo “preconceito”. Falaram de pressupostos básicos, princípios do senso comum e inclusive ideias inatas. (5)


(1) DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO LAROUSSE. São Paulo: Larousse, 2007.

(2) OUTHWAITE. W. e BOTTOMORE, T. Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro, Zahar, 1996.

(3) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

(4) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(5) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.



Pensamentos

"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito." (Albert Einstein)

"Medo é um preconceito dos nervos.  E um preconceito desfaz-se; basta a simples reflexão." (Machado de Assis)

"A ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito." (Denis Diderot)

"Sou livre de qualquer preconceito. Odeio todo mundo, indistintamente." (W. C. Fields)

"Deve-se evitar toda "precipitação" e todo o "preconceito" ao se analisar um assunto e só ter por verdadeiro o que for claro e distinto." (René Descartes)

"Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra." (Haile Selassié)

"Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos juglados por sua personalidade, não pela cor de sua pele." (Martin Luther King)




Mensagem Espírita

Observemos Amando

“Por que vês o argueiro no olho do teu irmão?” — Jesus (MATEUS, 7:3.)

Habitualmente, guardamos o vezo de fixar as inibições alheias, com absoluto esquecimento das nossas.

Exageramos as prováveis fraquezas do próximo, prejulgamos com rispidez e severidade o procedimento de nossos irmãos...

A pergunta do Mestre acorda-nos para a necessidade de nossa educação, de vez que, de modo geral, descobrimos nos outros somente aquilo que somos.

A benefício de nossa edificação recordemos a conduta do Cristo na apreciação de quantos lhe defrontavam a marcha.

Para muitos, Maria de Magdala era a mulher obsidiada e inconveniente; mas para ele surgiu como sendo um formoso coração feminino, atribulado por indizíveis angústias, que, compreendido e amparado, lhe espalharia no mundo o sol da ressurreição.

No conceito da maioria, Zaqueu era usurário de mãos azinhavradas e infelizes; para ele, no entanto, era o amigo do trabalho a quem transmitiria alevantadas noções de progresso e riqueza.

Aos olhos de muita gente, Simão Pedro era fraco e inconstante; para ele, contudo, representava o brilhante entrando nas sombras do preconceito que fugiria à luz do Pentecoste para veicular-lhe o Evangelho.

Na opinião do seu tempo, Saulo de Tarso era rijo doutor da lei mosaica, de espírito endurecido e tiranizante; para ele, porém, era um companheiro mal conduzido que buscaria em pessoa, às portas de Damasco para ajudar-lhe a Doutrina.

Observemos amando, porque apenas o amor puro arrancará por fim as escamas de treva dos nossos olhos para que os outros nos apareçam na Bênção de Deus que, invariavelmente, trazem consigo. (Capítulo 35 de Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel)

Revelações e Preconceitos

Reunião pública de 15/8/60

Questão nº 301 - Parágrafo 3º

Inquires, muita vez, por que motivo os instrutores desencarnados silenciam determinados temas doutrinários em determinadas regiões.

Junto desse ou daquele povo, falam na reencarnação, com veemência, enquanto que, junto de outros, parecem ignorá-la.

Aqui, relacionam as graves consequências do suicídio e, adiante, como que apagam todas as referências em torno de semelhante calamidade, considerada, ainda, em certos agrupamentos raciais, como ponto de honra.

Em muitos lugares prestigiam as observações do fenômeno e, em outros, destacam os merecimentos da escola.

*

Entretanto, é preciso reconhecer que há alimento físico e alimento espiritual. E tanto quanto existem idades e condições físicas, existem idades e condições espirituais.

É necessário, desse modo, observar os mecanismos gástricos e os mecanismos mentais de cada criatura em si mesma.

Não se administra à criança a alimentação devida ao adulto e não se oferece ao adulto a alimentação artificial da chupeta.

Há doentes que pedem soro para se equilibrarem.

Há enfermos que exigem a transfusão de sangue para fugirem da inanição.

E, em toda a parte, vemos pessoas que ainda não aprenderam a raciocinar por si mesmas, reclamando ideias àqueles que as dirigem, à maneira dos fetos que não podem manobrar os órgãos em formação, esperando sustento, pela endosmose, no claustro maternal em que se corporificam.

*

Estudemos a posição particular dos companheiros da caminhada humana, oferecendo-lhes a verdade dosada em amor.

A Divina Sabedoria não aprova princípios de violência.

Os próprios pais da Terra esperam, compassivos, pelo crescimento dos filhos, a fim de entregá-los às bênçãos da Natureza, cada qual a seu tempo.

Contudo, porque a vida nos trace a todos o claro dever da tolerância fraterna, ensinando-nos a respeitar os preconceitos dos outros, não temos a obrigação de adorar ou louvar, propagar ou seguir preconceito algum. (Capítulo 59 de Seara dos Médiuns, pelo Espírito Emmanuel)