Vida

Perguntas e Respostas

1) A vida é um problema? Por quê?

A vida é um problema porque a cada instante nos perguntamos: de onde viemos? Para onde vamos? O que estamos fazendo aqui? Qual a essência da vida? Por que existe a morte? Tudo acaba com a morte?

2) O que é a vida?

Não existe uma definição suficiente. Para Lalande, em seu Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia, “A vida é um conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e reprodução) que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento (ou da produção do germe) até a morte”. 

3) A vida surgiu através da geração espontânea?

Sim. De acordo com Allan Kardec, na pergunta 44 de O Livro dos Espíritos, “A Terra continha os germes, que esperavam o momento favorável para desenvolver-se... Os germes permaneceram em estado latente e inerte até o momento propício à eclosão de cada espécie”.

4) O Espiritismo esclarece a origem da vida?

Não. O Espiritismo se compatibiliza com a Ciência. A diferença: faz intervir a ação dos Espíritos. Há geração espontânea, mas o desenvolvimento da vida é conduzido pelos operários espirituais.

5) Qual a essência da vida?

A esta pergunta filosófica a Ciência só pode responder através de hipóteses: uma delas é a cadeia evolutiva do germe trazido de outros planetas. A Filosofia tenta penetrar no âmago da questão. Platão, em seu "Mito da Reminiscência das Ideias", informa-nos que a alma preexiste ao corpo. Ela, antes de encarnar, pertence ao mundo das essências - o “topus uranus”. Depois de sua passagem aqui na Terra voltaria ao lugar de origem.

6) Qual o caráter da vida?

O primeiro caráter da vida é a ocupação - viver é fazer, praticar. Mas a ocupação é, antes de tudo, preocupação.

7) Como interpretar o quehacer?

Não nascemos prontos, acabados. A vida nos foi dada, mas não feita. Para construí-la, temos que lhe dar sentido e valor. Nesse sentido, o quehacer é luta, é garra, é movimentar-se. O quehacer, porém, que é individual, não pode perder de vista o fim total. Deve estar envolto com a Cosmovisão transcendental da própria vida. Saber não é erudição; saber é saber ater-se. 

8) Qual a relação entre o eu e as circunstâncias?

Ortega y Gasset diz que o eu não é apenas eu, mas eu e minhas circunstâncias. A vida é sempre a nossa vida. Embora devamos respeitar a vida dos outros e não que sejamos o mais importante dos mortais, a vida é sempre a nossa vida, porque é através de nossas próprias lentes que conseguimos ver o "eu", o "outro" e o "nós". Assim, faz muita diferença olhar o mundo sem defesas, sem melindres e sem segundas intenções.

9) Pode a vida não ser vivida?

Sim. É o estado de indiferença. A pedra, o vegetal, o animal existem, mas são indiferentes. O homem, ao contrário, tem que atualizar a essência e o faz na existência. A atualização envolve a construção do seu destino. A atuação do homem pressupõe escolha. Escolher é selecionar, é buscar alternativas, é construir.

10) Há vida antes da morte?

Biologicamente, sim. A pergunta, contudo, exige um aprofundamento no campo filosófico e religioso. Será que realmente vivemos, ou já vamos mortos para a morte? Quantos de nós não nos encontramos mortos em plena vida? Lembremo-nos da passagem evangélica: "Segue-me e deixa aos mortos o cuidado de enterrar os mortos." (Mateus, 8, 22.) Nessa passagem, Jesus explica-nos que os mortos são aqueles que não se preocupam com a vida espiritual, pois só dão valor à matéria e, por isso, mortos para as coisas essenciais do espírito.

11) Como passar do “humano” ao “cristão”?

Pela revisão de vida. De acordo com a Igreja católica, a revisão de vida serve apenas para vermos como estamos nos portando diante dos ensinamentos do Evangelho de Jesus. Ela não é um método, não é um procedimento psicológico. Na verdade, é dirigir a atenção aos apelos que o Senhor nos endereça, apelos estes de conversão, de contemplação, de prática de seus ensinamentos.

12) Nossa vida é mecânica ou dinâmica?

A mecanização dos nossos atos pode ser comparada ao indivíduo que anda sobre uma esteira rolante, ou seja, caminha muito mas não sai do lugar. Quer isto dizer que podemos ficar estacionados em nossa superficialidade. Porém, a lei do progresso, sendo natural, é inexorável e, mais tempo ou menos tempo, teremos que modificar o nosso comportamento. Infelizmente, na maioria das vezes, através da dor.

13) Quais são as dificuldades para a compreensão da vida?

Por que uma essência pura se contamina? Por que existe a doença? Por que as dores e os sofrimentos de toda a espécie? Por que as crises? Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, analisando o problema da idiotia e da loucura deixa-nos claro que tanto uma como a outra são limitações da matéria e não da essência, que mantém a sua pureza intacta. A comunicação mediúnica dos internados das "Casas André Luiz", que abriga portadores de deficiências físicas e mentais, mostrou que por detrás da deficiência orgânica há um Espírito lúcido em sua manifestação. Por aí, vemos que as doenças são limitações do corpo físico e não do Espírito. Não são poucos os Espíritos, uma vez desencarnados, que voltam a ter a sua procedência normal.

14) Cite alguns pensamentos sobre a vida.

"Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem." (Autor desconhecido); "O que dá sentido à vida é mais importante que a própria vida." (Autor desconhecido); "Não queira acrescentar dias à sua vida, mas vida aos seus dias." (Harry Benjamin); "Todos tentam realizar algo grandioso, sem reparar que a vida se compõe de coisas pequenas." (Frank Clark); "Medi minha vida com colherinhas de café." (Th S. Eliot); "Aquele que desperdiça o dia de hoje, lamentando o de ontem, desperdiçará o de amanhã, lamentando o de hoje." (P.Raskin); "Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança no homem." (Tagore).

15) Como dar plenitude à nossa vida?

Estejamos inteiros naquilo que estivermos fazendo. Todos os nossos atos, para se tornarem autônomos, devem ter um livre consentimento de nossa vontade e de nossa atividade. A autonomia da vida é seguir os ditames de nossa vocação. Não a vocação das profissões, mas aquela determinação que está dentro de cada um de nós. Em outras palavras, deve haver concordância entre a nossa vontade e a do Criador. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/vida?authuser=0 )


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Vida e Morte

A vida é o conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e de reprodução), que, para os seres que têm um grau de organização, se estende do nascimento (ou produção do germe) até a morte. A morte é a cessação da vida e manifesta-se pela extinção das atividades vitais: crescimento, assimilação e reprodução no domínio vegetativo; apetites sensoriais no domínio sensitivo.

Qual a essência da vida? A esta pergunta filosófica a Ciência só pode responder através de hipóteses: uma delas é a cadeia evolutiva do germe trazido de outros planetas. A Filosofia tenta penetrar no âmago da questão. Platão, em seu "Mito da Reminiscência das Ideias", informa-nos que a alma preexiste ao corpo. Ela, antes de encarnar, pertence ao mundo das essências - o “topus uranus”. Depois de sua passagem aqui na Terra voltaria ao lugar de origem.

A morte pode ser vista sob vários ângulos: 1.º) como ciclo de uma nova vida - tese de Platão: a alma, mesmo separada do corpo, continua a sua existência; 2.º) como fim do ciclo - tese existencialista: tudo acaba com a morte física; 3.º) como possibilidade existencial - a morte está presente em todos os instantes de nossa vida.

Segundo a Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec, fazemos parte de uma única população, denominada espiritual. A diferença é que ora estamos encarnados e ora desencarnados. A morte é a mudança do estado de encarnado para o de desencarnado. Contudo, a essência inteligente é indestrutível e continua a existir além-túmulo. Perceber-se vivo é a grande surpresa daqueles que cometem suicídio.

As alternativas da humanidade com relação à vida futura variam de acordo com a concepção de vida adotada. Se materialistas, o nada aguarda-nos; se panteístas, a absorção no todo universal; se dogmáticos, a ida para o Céu ou para o Inferno. O Espiritismo fornece-nos uma expectativa racional: somos uma individualidade e continuaremos a sê-la, no mundo dos Espíritos. E lá estaremos, inexoravelmente, sujeitos à lei do progresso.

A vida e a morte fazem parte do processo evolutivo do ser. Encaremo-las de forma natural, a fim de vivermos intensamente os instantes de nossa existência terrena. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2011/08/vida-e-morte.html )

Vida: Essência e Existência

Vida - conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e reprodução) que, para os seres que têm um grau elevado de organização, estende-se do nascimento (ou da produção do germe) até a morte. Essência - substância primeira, o indispensável de uma coisa, o "fundo" do ser, metafisicamente considerado. Existência - é o fato de ser. Difere da essência, pois a existência consiste no fato de ser da essência.

A vida é quehacer. Quehacer é estar em atividade. Assim, a primeira característica da vida é a ocupação. Porém, ao ocuparmo-nos com uma coisa, primeiramente, preocupamo-nos com ela. Pensamos em realizar uma determinada ação. O que se passa em nossa mente? Divisamos, projetamos, visualizamos esse ato no tempo e no espaço. O pensar antes é um planejamento e não passa, na realidade, de uma pré-ocupação. Estar pré-ocupado é estar ocupado com o futuro.

Os nossos condicionamentos são os principais obstáculos à realização plena de nossa vida. Para que possamos progredir e ter uma existência profícua, necessitamos de nos libertar das várias camadas de condicionamento de nossa consciência. A libertação dos nossos pensamentos negativos é uma tarefa que dura a vida toda. Não nos deixarmos influenciar excessivamente pelos outros requer firmeza de ânimo e robustez de caráter.

Vocação e vigilância devem ser enfatizadas. Por vocação entendemos, não os deveres que as profissões exigem, mas o apelo interior que dá sentido e valor à vida inteira. A vocação representa o encontro do homem com o seu próprio caminho, fazendo-o centrar-se e realizar-se na dimensão mais profunda do ser existencial. A autêntica vocação, integral e plena, dá sentido até mesmo nas ocupações mais humildes e insignificantes. Esse é o móvel que todo o Espírito deve ater-se.

A vida foi nos dada, mas não nos foi dada feita. É preciso muita fibra e muita disposição interior para que estejamos sempre dentro de nós mesmos. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/07/vida-essncia-e-existncia.html )


Em Forma de Palestra

Vida: Essência e Existência

1. Introdução

A vida, como problema, afigura-se-nos a cada instante. Perguntamo-nos: de onde viemos? Para onde vamos? O que estamos fazendo aqui? Qual a essência da vida? Por que existe a morte? Tudo acaba com a morte? E as respostas não são tão fáceis quanto perguntar. Assim, para desenvolvermos o tema em epígrafe, veremos: conceito e etimologia dos termos, a vida em si mesma, a essência e a existência, a convivência com as dificuldades e a ótica espírita

2. Conceito

2.1. Vida

Para Legrand, em seu Dicionário de Filosofia, não existe atualmente uma definição suficiente para totalizar os fenômenos (assimilação, crescimento e possibilidade de reprodução) que a experiência corrente classifique com o nome de vida.

O problema da origem da vida ainda hoje continua a ser um tema ingrato assim como o da própria vida. À teoria religiosa da criação, o materialismo contradiz no século XX a idéia (não verificável) de uma "célula primordial", e outras diversas hipóteses (por exemplo, a panspérmia), segundo a qual "gérmens de vida" flutuariam permanentemente no Universo e chegariam à terra vindo de outros astros. (Legrand, 1982)

Para Lalande, em seu Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia, a vida é um conjunto dos fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e reprodução) que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento (ou da produção do germe) até a morte.

2.2 Essência

Para Aristóteles, a essência é a substância enquanto substância primeira (ousia prote), o ser individual, matéria. O indispensável de uma coisa, a substância segunda (ousia deutera), a forma. Assim, a essência é o "fundo" do ser, metafisicamente considerado. Nesse sentido, opõe-se a acidente, elementos constitutivos de um ser por oposição às modificações superficiais, e a existência, o que é uma coisa, sua natureza, independentemente do fato de existir ou por oposição a ele.

Os Escolásticos consideram a essência: todos os elementos que, quando dados, põem como dada a coisa, sem que se possa suprimir nenhum deles. Por exemplo, o ser humano (humanitas), é a essência do indivíduo homem, tal qual é.

Husserl afirma, como já fazia Duns Scot e Suarez, a inseparabilidade da essência e da existência. Quer evitar assim a forma apriorística, abstrata, vazia. É a generalidade concreta. As ciências eidéticas de que ele fala são as que se fundam nas essências. As ciências factuais são as experimentais. (Santos, 1965)

3.3. Existência

Existência: ex-sistência (estar aí, Ex, fora das causas), o que acha na coisa, in re. Existência é o fato de ser. Difere de essência, pois a existência consiste no fato de ser da essência. Assim como se pergunta: "o que é o ser?" pode perguntar-se: "qual o ser da existência?" Em que consiste a existência, qual a essência da existência, bem como qual a essência da Essência? (Santos, 1965)

De acordo com Régis de Moraes em Stress Existencial e o Sentido da Vida, existir é verbo formado da expressão latina ex-sistere, que, em tradução mais livre, pode ser entendida como: pôr-se para fora (de si), exprimir-se, significar. Ora, pomo-nos para fora em direção a outrem que recebe nossa expressão e acolhe nossas significações; e obviamente esse outrem extroverte-se por sua vez, reage a nós e age sobre nós, significa e comunica-se. É, portanto, a existência essa troca de mensagens e comunhão de vidas, sendo — mais profundamente — a experiência de se vivenciar tudo isto. Eis a razão pela qual árvores, pedras, mares e nuvens, sem que nenhuma destas coisas exista. (1997, p.18)

3. Vida

3.1. Caráter da Vida

Segundo Garcia Morente em Fundamentos da Filosofia, o primeiro caráter que encontramos na vida é o da ocupação. Viver é ocupar-se; viver é fazer; viver é praticar. É um por e tirar das coisa, é um mover-se daqui para ali. Porém, se olharmos com mais atenção, a ocupação com as coisas não é propriamente ocupação, mas preocupação. Preocupamo-nos, primeiramente, com o futuro, que não existe, para depois acabar sendo uma ocupação no presente que existe.

Pelo fato de escolhermos, de termos um propósito, tanto vil como altruísta, nossa vida é não-indiferença. O animal, a pedra e o vegetal estão no mundo, mas são indiferentes. O ser humano não, ele tem que vivenciar a sua vida. A vida se interessa: primeiro, com ser, e segundo, com ser isto ou aquilo; interessa com existir e consistir.

O movimentar-se refere-se ao tempo. Que é o tempo? Santo Agostinho já nos dizia que se não lhe perguntassem saberia o que era, mas quando lhe perguntam já não o sabia mais. Por isso, há que se considerar o tempo cronológico e tempo psicológico. Em se tratando da vida, temos de considerar o tempo psicológico, ou seja, considerar o presente como um "futuro sido". No tempo astrônomico, o presente é o resultado do passado. O passado é germe do presente, mas o tempo vital, o tempo existencial em que consiste a vida, é um tempo no qual aquilo que vai ser está antes daquilo que é, aquilo que vai ser traz aquilo que é. O presente é um "sido" do futuro; é um "futuro sido". (1970, p. 308 a 311)

3.2. Quehacer

A vida foi nos dada, mas não nos foi dada feita. Ela precisa ser construída. Para que possamos construi-la, temos que lhe dar sentido e valor. A moral reveste-se de transcendental importância, pois irá determinar todos os nossos atos. Por isso, a moral não pode ser um imposição social, mas patrimônio inalienável do espírito. O quehacer é luta, é garra, é movimentar-se. O quehacer, que é individual, não pode perder de vista o fim total. Deve estar envolto com a cosmovisão transcendental da própria vida. Saber não é erudição: saber é saber ater-se.

3.3. Eu e a Circunstância

Ortega y Gasset diz que o eu não é apenas eu, mas eu e minhas circunstâncias. Para ele a vida não é teoria, mas realidade. A realidade é tudo que se nos oferece tanto aos olhos físicos como aos olhos espirituais. São os nossos sonhos acordados, os nossos devaneios, a comida que ingerimos, a televisão que assistimos etc. A vida é sempre a nossa vida. Embora devamos respeitar a vida dos outros e não que sejamos o mais importante dos mortais, a vida é sempre a nossa vida, porque é através de nossas próprias lentes que conseguimos ver o "eu", o "outro" e o "nós". Assim, faz muita diferença olhar o mundo sem defesas, sem melindres e sem segundas intenções.

4. Essência e Existência 

4.1. A Colocação do Problema

A vida existe, mas pode não ser vivida. É a indiferença. A pedra, o vegetal, o animal existem, mas são indiferentes. O homem, ao contrário, tem que atualizar a essência e o faz na existência. A atualização envolve a construção do seu destino. Por isso, a contradição entre livre-arbítrio e determinismo. A atuação do homem pressupõe escolha. Escolher é selecionar, é buscar alternativas, é construir. Nesse sentido, a formação de princípios éticos muito contribuirá para uma boa escolha de nossas ações.

4.2. O Existencialismo Espírita

Para J. P. Sartre, o indivíduo só vê angústia e desespero. A vida acaba com a morte. O ser é um projeto que se aniquila com a morte. Diz ele que a existência precede a essência. O homem é um ser fático e nada mais.

Para o Espiritismo, cada um de nós é um ser que extrapola tempo e espaço. O fato social em que nos deparamos tem uma dimensão cósmica. Somos o resultado de todas as nossas pretéritas encarnações.

4.3. Comunicação da Essência 

Uma essência pode se comunicar com outra essência. Em se tratando da Doutrina Espírita, podemos comparar analogicamente a essência (da filosofia), com o conceito de Espírito, anotado por Allan Kardec, na pergunta n.º 23 de "O Livro dos Espíritos" - Que é o Espírito? Resposta - Princípio inteligente do Universo. Para alguns filósofos, como Husserl, a essência não pode ser considerada isoladamente. Ela deve estar relacionada com a existência. Para o Espiritismo, o Espírito manifesta-se através do perispírito. Na mediunidade temos o exemplo de que uma essência pode se manifestar à outra por intermédio de uma outra . Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, mostra-nos que o Espírito do médium pode comunicar-se através do próprio médium. É a essência transmitindo através da própria essência.

5. As Dificuldades de Compreensão da Vida

Por que uma essência pura se contamina? Por que existe a doença? Por que as dores e os sofrimentos de toda a espécie? Por que as crises? Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, analisando o problema da idiotia e da loucura deixa-nos claro que tanto uma como a outra são limitações da matéria e não da essência, que mantém a sua pureza intacta. A comunicação mediúnica dos internados das "Casas André Luiz", que abriga portadores de deficiências físicas e mentais, mostrou que por detrás da deficiência orgânica há um Espírito lúcido em sua manifestação. Por aí, vemos que as doenças são limitações do corpo físico e não do Espírito. Não são poucos os Espíritos, uma vez desencarnado, que voltam a ter a sua procedência normal.

6. Conclusão 

Diante do exposto, devemos estar inteiros naquilo que estivermos fazendo. Todos os nossos atos, para se tornarem autônomos, devem ter um livre consentimento de nossa vontade e de nossa atividade. A autonomia da vida é seguir os ditames de nossa vocação. Não a vocação das profissões, mas aquela determinação que está dentro de cada um de nós. Em outras palavras, deve haver concordância entre a nossa vontade e a do Criador.

7. Bibliografia Consultada

GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. 4. ed., São Paulo, Mestre Jou, 1970.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. São Paulo, FEESP, 1972.

KARDEC, A. O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. São Paulo, Lake, s. d. p.

LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 1993.

LEGRAND, G. Dicionário de Filosofia. Lisboa, Edições 70, 1982.

MORAIS, R. Stress Existencial e o Sentido da Vida. São Paulo, Loyola, 1997.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

São Paulo, janeiro de 2005. 



Vida e Morte

1. Introdução

O tema vida e morte comporta algumas questões: de onde viemos? Para aonde vamos? O que estamos fazendo aqui? Qual a essência da vida? Por que temos de morrer? Qual a causa dos sofrimentos? Tudo acaba com a morte? Ser ou não ser?

2. Conceito

2.1. Vida

Para Legrand, em seu Dicionário de Filosofia, não existe atualmente uma definição suficiente para totalizar os fenômenos (assimilação, crescimento e possibilidade de reprodução) que a experiência corrente classifique com o nome de vida.

O problema da origem da vida ainda hoje continua a ser um tema ingrato assim como o da própria vida. À teoria religiosa da criação, o materialismo contradiz no século XX a idéia (não verificável) de uma "célula primordial", e outras diversas hipóteses (por exemplo, a panspérmia), segundo a qual "gérmens de vida" flutuariam permanentemente no Universo e chegariam à terra vindo de outros astros. (Legrand, 1982)

Para Lalande, em seu Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia, a vida é um conjunto de fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e reprodução) que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento (ou da produção do germe) até a morte.

2.2. Morte

Do lat. mortem - é a cessação da vida e manifesta-se pela extinção das atividades vitais: crescimento, assimilação e reprodução no domínio vegetativo; apetites sensoriais no domínio sensitivo. Sempre foi vista como mistério, superstição e fascinação pelo homem.

No âmbito da Doutrina Espírita, é o desprendimento total do Espírito do corpo físico em conseqüência da ruptura do laço fluídico, que prende ou liga um ao outro, quando então há o falecimento.

3. Aspectos Históricos da Morte

Na Antiguidade prevalecia o sentimento natural e duradouro de familiaridade com a morte. Sócrates, por exemplo, ensinava-nos que a filosofia nada mais era do que uma preparação para a morte. Nas sociedades tribais, o problema da morte não existia porque o indivíduo tinha um peso muito diminuto com relação à coletividade. Deixando de viver, a pessoa imediatamente fazia parte da "sociedade dos mortos", inclusive, com a possibilidade de se comunicar com os vivos.

Durante a Idade Média, marcada pela forte influência da religião, a população era educada no sentido de aceitar a morte como um destino inexorável dos deuses. Dentro desse contexto, cada qual esperava passivamente a sua passagem deste para o outro mundo. Além disso, esse período caracterizava-se também pelo sentimento de respeito ao morto, inclusive com as cerimônias religiosas, a observância do tempo de luto, as visitas ao cemitério etc. Como as pessoas morriam em casa, as crianças podiam passar e brincar junto ao féretro, que geralmente ocupava o lugar mais destacado da casa.

Na Idade Moderna, depois de Revolução Industrial, e com o desenvolvimento do consumismo, vemos que a morte começa a ser interdita, ou seja proibida. Como não temos mais tempo de cuidar dos velhos e dos doentes, deixamos essa incumbência para os hospitais, que estão preparados para salvar vidas e não cultuar a morte. Em certo sentido, a morte é um fracasso da medicina. Depois de morto, o defunto é encaminhado ao necrotério, onde se faz o velório. Tudo isso longe das crianças. Para elas diz-se que teve um sono duradouro e está descansando nos jardins do Éden. A sofisticação chega ao ponto de se criar o "Funeral Home", casa de embelezamento de cadáveres. (Aries, 1977)

4. Caráter da Vida

Segundo Garcia Morente em Fundamentos da Filosofia, o primeiro caráter que encontramos na vida é o da ocupação. Viver é ocupar-se; viver é fazer; viver é praticar. É um por e tirar das coisa, é um mover-se daqui para ali. Porém, se olharmos com mais atenção, a ocupação com as coisas não é propriamente ocupação, mas preocupação. Preocupamo-nos, primeiramente, com o futuro, que não existe, para depois acabar sendo uma ocupação no presente que existe.

Pelo fato de escolhermos, de termos um propósito, tanto vil como altruísta, nossa vida é não-indiferença. O animal, a pedra e o vegetal estão no mundo, mas são indiferentes. O ser humano não, ele tem que vivenciar a sua vida. A vida se interessa: primeiro, com ser, e segundo, com ser isto ou aquilo; interessa com existir e consistir.

O movimentar-se refere-se ao tempo. Que é o tempo? Santo Agostinho já nos dizia que se não lhe perguntassem saberia o que era, mas quando lhe perguntam já não o sabia mais. Por isso, há que se considerar o tempo cronológico e tempo psicológico. Em se tratando da vida, temos de considerar o tempo psicológico, ou seja, considerar o presente como um "futuro sido". No tempo astronômico, o presente é o resultado do passado. O passado é germe do presente, mas o tempo vital, o tempo existencial em que consiste a vida, é um tempo no qual aquilo que vai ser está antes daquilo que é, aquilo que vai ser traz aquilo que é. O presente é um "sido" do futuro; é um "futuro sido". (1970, p. 308 a 311).

5. A Morte: Cultura e Religião

O Dr. Frank Mahoney, professor de Antropologia da Universidade do Havaí, mostrou a diferença entre a cultura americana e a da sociedade Micronésia, a dos Trukeses. Os americanos negam a morte e o envelhecimento; os habitantes das ilhas Truk (Pacífico) ratificam-na. Para estes a vida termina aos 40 anos de idade e a partir daí começa a morte.

As religiões têm exercido poderosa influência nas "atitudes" dos indivíduos com relação ao passamento. No Catolicismo, há a imagem do fogo eterno queimando nossas entranhas; nas Doutrinas Orientais, a volta do Espírito em um corpo animal. Além da questão religiosa, há os erros de abordagem: tudo termina com a morte; imersão no desconhecido; excesso de preparação para o desenlace; dúvidas com relação à imortalidade e ilusão de sermos indispensáveis à família.

6. O Binômino Vida Morte

Sentido físico: ter um corpo e desaparecer com o corpo

Sentido psicológico: a cada nova idade morre uma fase e nasce outra. O próprio nascimento já é uma morte, porque o bebê separou-se do ventre materno.

Sentido filosófico: pensar criticamente está vivo; pensar dogmaticamente morto.

Sentido religioso: a noção da vida eterna. Morrer para nascer de novo.

Para que haja vida, temos de vivenciá-la integralmente. Será que estamos inteiros naquilo que estamos fazendo?

7. Expectativa da Vida além da Morte

Os pensadores da humanidade desenvolveram, ao longo do tempo, três concepções de mundo: Materialista, Idealista e Religiosa. De acordo com essas concepções, construíram as diversas doutrinas. As mais importantes para o propósito de nossos estudos dizem respeito ao Niilismo, ao Panteísmo, ao Dogmatismo Religioso e ao Espiritismo.

Para o Niilismo, a matéria sendo a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Para o Panteísmo, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. Para o Dogmatismo Religioso, a alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso. Para o Espiritismo, o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações. (Kardec, 1975 p. 193 a 200)

8. O Temor da Morte

Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.

9. Conclusão

Não sejamos como espectadores de vitrine. Observemos, pensemos e tiremos as nossas conclusões: quem sabe não estamos agindo como se estivéssemos mortos diante da abertura espiritual que a vida nos concede a cada instante?

10. Bibliografia Consultada

ARIES, P. História da Morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos Dias. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1977.

GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. 4. ed., São Paulo, Mestre Jou, 1970.

KARDEC, A. O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo. 22 ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.

LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. [tradução de Fátima Sá Correia ... et al.]. São Paulo, Martins Fontes, 1993.

LEGRAND, G. Dicionário de Filosofia. [Trad. de Armindo José Rodrigues e João Gama]. Lisboa, Edições 70, 1986.

São Paulo, julho de 2000.  



Pensamentos

"Na realidade, viver como um homem significa escolher um objetivo e dirigir-se para ele com toda a conduta, pois não ordenar a vida a um fim é sinal de grande estupidez."(Aristóteles)

"Se fizeres um favor, não o recordes; se receberes um favor, nunca o esqueças." (Autor desconhecido)

"Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem." (Autor desconhecido)

"O que dá sentido à vida é mais importante que a própria vida." (Autor desconhecido)

"Não queira acrescentar dias à sua vida, mas vida aos seus dias." (Harry Benjamin)

"Só posso fazer uma coisa de cada vez, mas posso evitar fazer muitas coisas ao mesmo tempo." (Ashleigh Brilliant)

"Qual é o lugar do homem? Onde os seus irmãos precisarem dele." (Madre Teresa de Calcutá)

"Todos tentam realizar algo grandioso, sem reparar que a vida se compõe de coisas pequenas." (Frank Clark)

"Medi minha vida com colherinhas de café." (Th S. Eliot)

"Não darei veneno a ninguém, mesmo que mo peça, nem lhe sugerirei essa possibilidade." (Juramento de Hipócrates)

"Se eu soubesse que o mundo terminaria amanhã, hoje ainda plantaria uma árvore." (Martin Luther King)

"A vida é uma doença sexualmente transmissível, que tem cem por cento de taxa de mortalidade." (R. D. Laing)

"Aquele que desperdiça o dia de hoje, lamentando o de ontem, desperdiçará o de amanhã, lamentando o de hoje." (P.Raskin)

"A vida é como uma cebola: tiras-lhe uma camada de cada vez e às vezes choras." (H. Sandburg)

"Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança no homem." (Tagore)

"Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta." (Luis Fernando Veríssimo)


Mensagem Espírita

Ajudemos a Vida Mental

“E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.” – (Mateus, 4:25.)

A multidão continua seguindo Jesus na ânsia de encontrá-lo, mobilizando todos os recursos ao seu alcance.

Procede de todos os lugares, sequiosa de conforto e revelação.

Inútil a interferência de quantos se interpõe entre ela e o Senhor, porque, de século a século, a busca e a esperança se intensificam.

Não nos esqueçamos, pois, de que abençoada será sempre toda colaboração que pudermos prestar ao povo, em nossa condição de aprendizes.

Ninguém precisa ser estadista ou administrador para ajudá-lo a engrandecer-se.

Boa vontade e cooperação representam as duas colunas mestras no edifício da fraternidade humana. E contribuir para que a coletividade aprenda a pensar na extensão do bem é colaborar para que se efetive a sintonia da mente terrestre com a Mente Divina.

Descerra-se à nossa frente precioso programa nesse particular.

Alfabetização.

Leitura edificante.

Palestra educativa.

Exemplo contagiante na prática da bondade simples.

Divulgação de páginas consoladoras e instrutivas.

Exercício da meditação.

Seja a nossa tarefa primordial o despertamento dos valores íntimos e pessoais.

Auxiliemos o companheiro a produzir quanto possa dar de melhor ao progresso comum, no plano, no ideal e na atividade em que se encontra.

Orientar o pensamento, esclarecê-lo e sublimá-lo é garantir a redenção do mundo, descortinando novos e ricos horizontes para nós mesmos.

Ajudemos a vida mental da multidão e o povo conosco encontrará Jesus, mais facilmente, para a vitória da Vida Eterna. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 144)