Jugo Leve

Perguntas e Respostas

1) O que significa a palavra “jugo”? 

Etimologicamente, peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho. 

2) Qual a sua simbologia?

O jugo é símbolo de servidão, de opressão, de constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano é suficientemente explícita.

3) Como está posto no Evangelho?

"Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve". (Mateus, XI, vv. 28 a 30)

4) Há diferença entre o jugo do Velho Testamento e do Novo Testamento?

No Velho Testamento, a libertação do jugo – submissão forçada ou disciplina – é um elemento constante nas profecias de salvação. No Novo Testamento, o jugo de Jesus é leve, porque somente ele é capaz de oferecer o lenitivo para as nossas dores e sofrimentos.

5) Por que o jugo de Jesus é leve?

Jesus, ao nos descortinar a vida futura, torna o nosso fardo leve, pois os nossos problemas, as nossas decepções ficam pequenas ante a imensidão do Universo. 

6) Como aceitar o jugo estando envolto com decepções e penúrias? 

Não é uma grande felicidade saber que sofremos e por que sofremos. Imagina alguém que sofra e não tem perspectiva alguma com relação ao futuro. 

7) Por que algumas pessoas aceitam com paciência os revezes da vida e outras não?

A base está no conhecimento. O conhecimento da Lei Natural dá-nos sabedoria e resignação ante o sofrimento, seja de que espécie for.  

8) Por que devemos sofrer de modo feliz?

Na contabilidade divina, uma dívida de R$ 100,00 pode ser paga com apenas R$ 1,00. Esmeremos por fazer a nossa parte que o resto vem pela Providência Divina. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/jugo-leve?authuser=0)


Texto Curto no Blog

Jugo Leve

Jugo – do lat. jugu, pelo hebr. môt, ôl - significa peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho. É símbolo de servidão, de opressão, de constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano (trave em asna) é suficientemente explícita. Leve - do lat. leve, de pouco peso, que se movimenta com desembaraço, agilmente, à solta. O jugo de Jesus é suave, isto é, não machuca. 

São Mateus, no cap. XI, vv. 28 a 30 do seu Evangelho, narra o "jugo leve" da seguinte forma: "Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve". 

A reação aos acontecimentos varia para cada um de nós. Duas pessoas colocadas numa mesma circunstância terão sensações opostas: uma sentir-se-á feliz, enquanto a outra se prostrará em desespero. Isso decorre de uma série de fatores, principalmente aqueles que dizem respeito aos nossos objetivos de vida. De qualquer forma, essa passagem evangélica anunciada por Jesus serve de lenitivo para os nossos sofrimentos. Como interpretá-la? 

Allan Kardec, no cap. VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, elucida-nos o texto com muita propriedade. Diz-nos que todos os sofrimentos, misérias, decepções, dores físicas, perda de entes queridos encontram sua consolação na fé no futuro, na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Naquele que não crê na vida futura as aflições se abatem com todo o seu peso, e nenhuma esperança vem suavizar-lhe a amargura. 

O jugo será leve desde que obedeçamos à lei. Mas, que lei? A lei áurea deixada por Jesus: "Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito". Praticando-a, vamos atualizando as nossas potencialidades de justiça, amor e caridade, primeiramente com relação a Deus e, secundariamente, com relação a nós mesmos e ao nosso próximo. 

Sigamos os ditames de nossa consciência. Não importa o tipo de sofrimento que tal atitude acarreta. Os Bons Espíritos estarão sempre nos secundando, a fim de que possamos carregar o nosso fardo com galhardia. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/jugo-do-lat.html)


Em Forma de Palestra

Jugo Leve

1. Introdução

O que significa a palavra jugo? Em que sentido Jesus disse que o seu jugo era leve? Como entender esta afirmação no meio de nossas decepções e penúrias? Por que algumas pessoas aceitam com paciência os revezes da vida e outras não? Trataremos aqui da citação evangélica, da vida futura e da lei natural.

2. Conceito de Jugo

Etimologia – Do lat. jugu, pelo hebr. môt, ôl significa peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho.

Histórico – Chamava-se "jugo ignominioso" a uma lança colocada horizontalmente sobre outras duas cravadas no solo e por baixo da qual os antigos faziam passar os inimigos derrotados. Iam à frente os oficiais, seguindo-se os soldados sem armas e muita vez seminus, sendo obrigados a curvar-se para poderem passar. Esta cerimônia degradante era acompanhada de insultos – o que provocava o brio dos vencidos e era ocasião de carnificina.

No pensamento hindu – A raiz indo-europeia yug, de que deriva, é objeto de uma aplicação muito conhecida do sânscrito yoga, que tem efetivamente, o sentido de unir, juntar, por debaixo do jugo. É, por definição, uma disciplina de meditação, cujo objetivo é a harmonização, a unificação do ser, a tomada de consciência e, finalmente, a realização da única União verdadeira, a da alma com Deus, da manifestação com o Princípio.

Simbologia – O jugo, por um motivo perfeitamente evidente, é símbolo de servidão, de opressão, de constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano é suficientemente explícita. O jugo simboliza a disciplina de duas maneiras: ou ela é sofrida de modo humilhante, ou a disciplina é escolhida voluntariamente e conduz ao domínio de si, à unidade interior à união com Deus. (Chevalier, 1998)

3. Considerações Iniciais

Jesus, quando esteve encarnado, deixou-nos muitas máximas evangélicas, as quais foram anotadas e publicadas pelos Apóstolos, aproximadamente 70 depois de sua morte física. A sua missão foi a de nos trazer a Boa-Nova, um novo marco espiritual para a Humanidade, um edifício sólido em que as ventanias das trevas não iriam conseguir demoli-lo. Ensinou-nos através de parábolas, pois ainda não estávamos preparados para absorver todo o seu conteúdo doutrinal. Na época, disse que não podia nos ensinar tudo, mas que a seu tempo nos enviaria o Consolador Prometido, o Espírito de Verdade, que se incumbiria de nos lembrar do que tinha dito e nos revelaria novos conhecimentos. Sendo assim, convém, para o nosso próprio aprimoramento espiritual, buscarmos não só o seu sentido teórico como também a sua aplicação prática em nossa vivência. Penetremos, pois, no âmago desses preceitos não como um sábio, mas como uma criança, sem defesas e isenta de qualquer preconceito.

4. Analisando a Citação Bíblica

4.1. O Texto Evangélico

São Mateus, no cap. XI, vv. 28 a 30 do seu Evangelho, narra o "jugo leve" da seguinte forma: "Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve". (Kardec, 1984, p. 96)

4.2. Contexto Histórico dos Evangelhos

Para que possamos melhor entender o versículo acima, lembremo-nos de que o ambiente histórico, em que o Evangelho nasceu, é o do judaísmo, formado e alimentado pelos livros sacros do Antigo Testamento. Embora o Cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Além disso, convém ter em mente que o povo judeu, ao qual Jesus e os apóstolos pertenciam, fazia parte do grande Império romano. Disto resulta que a Palestina, local da pregação de Jesus, devia obediência às ordens romanas.

4.3. O Jugo no Antigo e no Novo Testamento

No Velho Testamento, a libertação do jugo – submissão forçada ou disciplina – é um elemento constante nas profecias de salvação. A submissão pode ser exercida também por vícios ao passo que o jugo da sabedoria é para o homem um benefício. "Carregar o jugo de Deus" quer dizer submeter-se a seus preceitos; por isso todos os pecadores tentam quebrar esse jugo.

No Novo Testamento, o jugo foi tomado somente no sentido figurado, seja com relação aos imperativos do poderio romano, da lei do Velho Testamento ou dos vícios. O jugo de Jesus é leve, porque somente ele é capaz de oferecer o lenitivo para as nossas dores e sofrimentos.

5. Vida Futura

5.1. A Morte

Para os grandes filósofos da antiguidade a vida nada mais é do que uma preparação para a morte. Basta voltarmos no tempo e verificarmos as reflexões de Sócrates, quando fora obrigado a beber cicuta. Dependendo de como a vemos, podemos nos pautar em vida. A isso chamamos visão de mundo. Quer dizer, o que se espera depende de como vemos o desenlace. Haverá um céu? Um inferno? Ou iremos para o todo universal? Sob esse ponto de vista, convém estarmos sempre nos questionando para o que vem depois. Podemos nos formar em uma faculdade, conseguir um posto de comando na sociedade, ser condecorado, e receber honras dos homens. Contudo, há uma pergunta crucial no centro de todas essas atividades: "E depois?"

5.2. O Existencialismo Sartreano

De acordo com Sartre, filósofo francês, na sua teoria sobre o Existencialismo, o indivíduo tem uma única existência, que corresponde aos seus 5... 10... 20... Ou mais anos de idade. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem depois da morte. Acha que cada um nasce como uma tabula rasa e vai impregnando o seu ser com as experiências provenientes das escolhas efetuadas. Como conseqüência, a angústia passa a ser a sua ferramenta de análise.

5.3. O Espírita não Deve Temer a Morte

Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.

6. Lei Natural

6.1. O que é uma Lei Natural?

Refere-se tanto à lei física quanto à lei moral. Ela regula todos os acontecimentos no universo. São leis eternas, imutáveis, não estão sujeitas ao tempo, nem à circunstância, embora tenham em si o elemento do progresso.

Dentre tais leis, as leis morais são essenciais para o nosso progresso espiritual, pois elas nos descortinam as noções de bem e de mal e como nos devemos conduzir na vida para alcançarmos as bem-aventuranças.

6.2. Por que o Jugo é Leve?

É que atendendo aos desígnios do alto a nosso respeito, nós não iremos dificultar ainda mais a nossa situação presente. Nós não agravaremos a lei, pois teremos cuidado de não fazermos mal aos outros, porque sabemos que iremos sofrer as suas consequências. Uma pessoa que recebeu um pequeno conhecimento da vida futura já enfrenta a morte com certa naturalidade. Ele vai se conscientizar que a verdadeira vida não é a vida material, e por isso trata as dificuldades com outros olhos. É justamente esses outros olhos, a dimensão de uma vida futura, que torna o fardo leve. Essa visão de futuro faz-nos caminhar na terra, sofrer todas as agruras que os outros sofrem, mas o peso dessas agruras é diminuído, diminuído pela posse do conteúdo espiritual, fornecido pelos Espíritos superiores que desejam a redenção não só de uma pessoa, mas de toda a humanidade. Aquele que olha do ponto de vista espiritual tem uma visão mais ampla. Assemelha-se ao homem que subiu numa montanha, comparado ao que ficou ao seu pé. Ele pode vislumbrar outros horizontes, o que não é permitido ao que ficou em baixo.

6.3. A Felicidade de Sofrer por Amor de Jesus

O conhecimento da lei pertence a todos, mas cada um capta somente de acordo com o seu grau de percepção. Por isso, há que se ter muita paciência e repetir a frase de Jesus, quando formos vilipendiados: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".

Não é uma grande felicidade saber que sofremos e porque sofremos. Imagina alguém que sofra e não tem perspectiva alguma com relação ao futuro. O seu sofrimento será de rebeldia, de blasfêmia contra Deus.

7. Conclusão

Estejamos sempre com os nossos pensamentos voltados para o bem supremo. Peçamos força para cumprirmos os nossos deveres, sejam eles rudimentares ou eminentes. Por fim, saibamos sofrer e se soubermos, sofreremos menos.

8. Bibliografia Consultada

CHEVALIER, J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984. 


Notas do Blog

Motivos de Resignação

De acordo com a Doutrina Espírita, o ser humano está sujeito a três tipos de dor: 1) DOR-EXPIAÇÃO – refere-se à consequência de uma ação passada; 2) DOR-EVOLUÇÃO – enquanto na dor-expiação somos obrigados a sofrer porque merecemos, nesta ocorre o contrário: sofremos porque temos o anelo da perfeição, a purificação de nossa alma; 3) DOR-AUXÍLIO – tem sentido corretivo, pois os nossos desequilíbrios são tantos que precisamos ficar muitos anos num leito. 

Segundo os pressupostos espíritas, devemos sofrer de modo feliz. Por quê? Temos muitas dívidas do passado. De acordo com nossa resignação, na contabilidade divina surge a seguinte operação: se me pagares apenas R$ 1,00, eu quitarei a dívida toda (R$ 100,00). O pagamento é sempre menor do que aquilo que deveríamos realmente pagar. Nas grandes crises pelas quais passamos, quando colocamos a vontade de Deus acima da nossa, o sofrimento torna-se mais leve, mais suave, enaltecendo os ensinamentos de Jesus que diz que o seu jugo é suave e o seu fardo leve.

Quando olhamos os nossos problemas terráqueos de um ponto de vista espiritual, eles começam a perder a sua intensidade, o seu valor relativo. Esta observação equivale a subirmos a uma montanha e de lá olharmos para baixo: tudo parece em tamanho diminuto. Procede assim aquele que dá mais valor ao Espírito do que à carne. Esse indivíduo pode passar por todos os tipos de dificuldade, que continua calmo, paciente, inclusive, agradecendo a Deus pelo sofrimento, pois o vê como uma forma de ativar a sua evolução espiritual. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2011/08/motivos-de-resignacao.html)

Luz e Espiritismo

A divulgação do Evangelho, desde as suas primeiras manifestações, não foi tarefa fácil. A começar pela construção desses conhecimentos – realizada sob um clima de opressão –, pois o jugo romano pesava de maneira especial sobre a Palestina. As mortes dos primeiros cristãos, nos circos romanos, ainda ecoam de maneira indelével em nossos ouvidos. Além disso, tivemos que assistir à ingerência política em muitas questões de conteúdo estritamente religioso. Fomos desfigurando o Cristianismo do Cristo para aceitarmos o Cristianismo dos vigários, como disse o Padre Alta. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2011/08/luz-e-espiritismo.html)

Amar ao Próximo como a Si Mesmo

O contexto é o do Novo Testamento. O Novo Testamento faz parte da Bíblia e retrata a vida e obra de Jesus Cristo. Jesus Cristo, quando esteve encarnado, viveu em lugares administrados pelos governadores romanos, que impunham o seu poder de forma arbitrária, sobrecarregando os habitantes da Palestina e demais regiões. A pregação evangélica de Jesus não tinha outro senão o caráter de libertação desse jugo. A frase lapidar "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" caracteriza bem esse momento histórico: se o povo da Palestina era obrigado a pagar os impostos, deveria fazê-lo, porém jamais se esquecendo de reverenciar a Deus. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2009/06/amar-ao-proximo-como-si-mesmo.html)

Verdade e Liberdade

Os ensinamentos de Jesus, compilados e postos no Evangelho pelos seus discípulos, elucidam-nos a respeito da luz que devemos adquirir. Paulo, por exemplo, fala que devemos ter a liberdade com que o Cristo nos libertou. Quer dizer, se seguirmos as pegadas do mestre estaremos livres do "pecado". Ele nos livrará dos males desnecessários, ou seja, daqueles que ao invés de auxiliarem a nossa libertação do jugo da carne, poderão nos fincar ainda mais na malha do crime. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/verdade-e-liberdade.html)

 

Mensagem Espírita

Onde Estão?

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” – Jesus. (Mateus, 11, 29.)

Dirigiu-se Jesus à multidão dos aflitos e desalentados proclamando o divino propósito de aliviá-los.

Vinde a mim! – clamou o Mestre –, “tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei comigo, que sou manso e humilde de coração!”

Seu apelo amoroso vibra no mundo, através de todos os séculos do Cristianismo.

Compacta é a turba de desesperados e oprimidos da Terra, não obstante o amorável convite.

É que o Mestre no “Vinde a mim!” espera naturalmente que as almas inquietas e tristes o procurem para a aquisição do ensinamento divino. Mas nem todos os aflitos pretendem renunciar ao objeto de suas desesperações, nem todos os tristes querem fugir à sombra para o encontro com a luz.

A maioria dos desalentados chega a tentar a satisfação de caprichos criminosos com a proteção de Jesus, emitindo rogativas estranhas.

Entretanto, quando os sofredores se dirigirem sinceramente ao Cristo, hão de ouvi-lo, no silêncio do santuário interior, concitando-lhes o espírito a desprezar as disputas reprováveis do campo inferior.

Onde estão os aflitos da Terra que pretendem trocar o cativeiro das próprias paixões pelo jugo suave de Jesus Cristo?

Para esses foram pronunciadas as santas palavras “Vinde a mim!”, reservando-lhes o Evangelho poderosa luz para a renovação indispensável. (“Pão Nosso”, 130)

Consegues ir?

"Vinde a mim..." — Jesus. (Mateus, 11, 28.)

O crente escuta o apelo do Mestre, anotando abençoadas consolações. O doutrinador repete-o para comunicar vibrações de conforto espiritual aos ouvintes.

Todos ouvem as palavras do Cristo, as quais insistem para que a mente  inquieta e o coração atormentado  lhe procurem o regaço refrigerante...

Contudo, se é fácil ouvir e repetir o "vinde a mim" do Senhor, quão difícil é “ir para Ele”!

Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, entretanto, os laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; além, assinala-se o convite divino, entre promessas de renovação para a jornada redentora, todavia, o cárcere do desânimo isola o espírito, através de grades resistentes; acolá, o chamamento do Alto ameniza as penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses individuais, aparentemente inadiáveis.

Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos. Com ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal...

Todos os crentes registram-lhe o apelo consolador, mas raros se revelam suficientemente valorosos na fé para lhe buscarem a companhia.

Em suma, é muito doce escutar o “vinde a mim”... 

Entretanto, para falar com verdade, já consegues ir? (“Fonte Viva”, cap. 5)

Lágrimas

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” — Jesus. (Mateus, 11, 28.)

Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de ânimo. Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento.

O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. Considerando assim, Jesus, que era o Mestre da confiança e do otimismo, chamava ao seu coração todos os que estivessem cansados e oprimidos sob o peso de desenganos terrestres.

Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação.

Muita gente acredita na lágrima sintoma de fraqueza espiritual. No entanto, Maria soluçou no Calvário; Pedro lastimou-se, depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às portas de Damasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio… mas, nenhum deles derramou lágrimas sem esperança. Prantearam e seguiram o caminho do Senhor, sofreram e anunciaram a Boa Nova da Redenção, padeceram e morreram leais na confiança suprema.

O cansaço experimentado por amor ao Cristo converte-se em fortaleza, as cadeias levadas ao seu olhar magnânimo transformam-se em laços divinos de salvação.

Caracterizam-se as lágrimas por origens específicas. Quando nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais. (“Caminho, Verdade e Vida”, 172)

 

São Paulo, setembro de 2017.