Hegel e a Dialética

Perguntas e Respostas

1) Quem foi Hegel? 

Georg Wilhelm Friedrich Hegel foi um filósofo alemão. Nasceu em Stuttgart, em 1770 e faleceu em 1831. 

2) Qual o pano de fundo de sua filosofia?

O idealismo absoluto. Ele já fora ventilado por outros filósofos, entre eles Schelling, mas somente com Hegel atinge a sua maturidade.

3) O que é o pensar absoluto?

Para Hegel, há uma identidade entre sujeito e objeto: "O absoluto é sujeito". Se, em termos religiosos, o absoluto é Deus, e segundo Descartes, a substância perfeita e independente, que não necessita de nenhuma outra para existir, em Hegel, pode e deve ser conhecido. (Temática Barsa)

4) O que é dialética? 

Na filosofia antiga e medieval é um sinônimo da lógica ou da arte de argumentação. A arte de discutir. A arte do diálogo.

5) Como situar a dialética platônica? 

A dialética platônica encontra-se no mito da caverna: há homens voltados para o fundo da caverna, que só veem sombras. Um deles se vira (o filósofo) e busca a luz, ou seja, o conhecimento. 

6) Como a dialética é expressa por Hegel?

Hegel explicita a dialética da seguinte forma: 1) cada coisa seria a união de opostos; 2) cada mudança origina-se em oposição (ou "contradição"); 3) qualidade e quantidade mudam uma na outra. (Bunge, 2002)

7) Em termos práticos. 

O ponto de partida é o Ser, indeterminado, absoluto, pura potencialidade – Tese. Mas é um conceito vazio de realidade e, por isso, identifica-se ao não-ser-antítese. Necessita sair dessa contradição e se atualiza no devir – Síntese.

8) Qual é a crítica que se faz à dialética hegeliana?

As partículas elementais são os contra-exemplos da primeira "lei". Cada caso de cooperação na natureza ou na sociedade arruína a segunda. A terceira "lei" é ininteligível na forma como se apresenta. (Bunge, 2002)

9) Qual é a única lei dialética? 

Em cada processo qualitativo, ocorrem (podem ocorrer) mudanças e, uma vez realizadas, novos modos de crescimento ou declínio começam. Ela não envolve o conceito de contradição, que é marca registrada da dialética. (Bunge, 2002)

10) Como comparar a dialética da ideia de Hegel à evolução do princípio espiritual através da matéria, em Kardec?

De acordo com Hegel, o espírito evolui, passando por sucessivas sínteses, tal qual o desenvolvimento de uma planta: semente, botão, fruto, novamente semente, ... De acordo com Kardec, os Espíritos são criados simples e ignorantes e, em cada reino da natureza, vão potencializando virtudes, até atingirem o estado de Espíritos puros, quando, então, não terão necessidade de reencarnar novamente. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/hegel-e-a-dial%C3%A9tica)

 

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Hegel e a Dialética

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) foi um filósofo alemão. O pano de fundo de sua filosofia é o idealismo absoluto, que já fora ventilado por outros filósofos, entre eles Schelling, mas somente com Hegel atinge a sua maturidade. No pensar absoluto, há uma identidade entre sujeito e objeto: "O absoluto é sujeito". 

Dialética. Na filosofia antiga e medieval é um sinônimo da lógica ou da arte de argumentação. Pode-se dizer que é a arte de discutir, a arte do diálogo. Como, porém, não discutimos só com os outros, mas também conosco próprios, ela acaba sendo considerada o método filosófico por excelência. Entre os gregos, chamava-se ainda dialética à arte de separar, distinguir as coisas em gêneros e espécies, classificar ideias para poder discuti-las melhor. 

A dialética platônica diferencia-se da dialética hegeliana. A dialética platônica encontra-se no mito da caverna: há homens voltados para o fundo da caverna, que só veem sombras. Um deles se vira (o filósofo) e busca a luz, ou seja, o conhecimento. Hegel, por sua vez, entende a dialética da seguinte forma: 1) cada coisa seria a união de opostos; 2) cada mudança origina-se em oposição (ou "contradição"); 3) qualidade e quantidade mudam uma na outra. 

Hegel parte da Tese Ser, indeterminado, absoluto, pura potencialidade, o qual deve se manifestar na realidade através da Antítese Não-Ser. Na contradição entre tese e antítese surge a Síntese Vir-a-Ser. Esse raciocínio é aplicado tanto à aquisição de conhecimento quanto à explicação dos processos históricos e políticos. Para ele, a verdadeira ciência do pensamento coincide com a ciência do ser.

Bunge, em seu Dicionário de Filosofia, critica a dialética hegeliana: 

a) "As partículas elementais são os contra-exemplos da primeira "lei". Cada caso de cooperação na natureza ou na sociedade arruína a segunda. A terceira "lei" é ininteligível na forma como se apresenta"; 

b) "A única lei dialética: em cada processo qualitativo, ocorrem (podem ocorrer) mudanças e, uma vez realizadas, novos modos de crescimento ou declínio começam. Ela não envolve o conceito de contradição, que é marca registrada da dialética".

Comparemos a dialética da ideia de Hegel à evolução do princípio espiritual através da matéria, em Kardec. De acordo com Hegel, o espírito evolui, passando por sucessivas sínteses, tal qual o desenvolvimento de uma planta: semente, botão, fruto, novamente semente, ... De acordo com Kardec, os Espíritos são criados simples e ignorantes e, em cada reino da natureza, vão potencializando virtudes, até atingirem o estado de Espíritos puros, quando, então, não terão necessidade de reencarnar novamente.

Fonte de Consulta

BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

TEMÁTICA BARSA - FILOSOFIA. Rio de Janeiro, Barsa Planeta, 2005. (http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2017/07/hegel-e-dialetica.html)


Em Forma de Palestra

Hegel e a Dialética 

"O que é racional é real, e o que é real é racional." (A filosofia do direito)

1. Introdução

Quem foi Hegel? Que legado filosófico nos deixou? Qual a relação entre real e racional? Quais são as suas principais obras?

2. Dados Pessoais

Hegel, Georg Wilhelm Friedrich. Nasceu em Stuttgart, em 1770 e faleceu em 1831. São características de seu caráter a serenidade, o pensar lento, mas firme e tenaz unidos à profundidade do sentimento. Faltava-lhe todo o ímpeto, toda a genialidade, toda a inclinação para manifestar o subjetivo. Sua natureza era fria e objetiva, e vai se desdobrando lentamente em um trabalho sereno e amplo.

3. Considerações Iniciais

O idealismo absoluto é o pano de fundo da filosofia de Hegel. Ele já fora ventilado por outros filósofos, entre eles Schelling, mas somente com Hegel atinge a sua maturidade.

A filosofia hegeliana é fruto de um passado histórico que começa com os gregos.

É uma vasta síntese em que um filósofo consegue materializar o sonho do saber absoluto.

4. Pensar o Absoluto

Em suas críticas a Kant, Hegel destaca a necessidade de conhecer o absoluto. Ele diz: "A essência oculta do Universo não tem em si força alguma que possa oferecer resistência à ousadia do saber". Por isso, "tem de se abrir diante dele, colocando-lhe diante de sua visão, para que as desfrute, suas riquezas e profundidade".

Contrariando os postulados kantianos, que pressupunham uma cisão entre o conhecimento a priori e o a posteriori, diz que nada existe além do pensamento. O ser é o que pode ser pensado. O conhecimento, portanto, não é mero conhecimento fenomênico, mas conhecimento total. 

Para Hegel, há uma identidade entre sujeito e objeto: "O absoluto é sujeito". Se, em termos religiosos, o absoluto é Deus, e segundo Descartes, a substância perfeita e independente, que não necessita de nenhuma outra para existir, em Hegel, pode e deve ser conhecido. (Temática Barsa)

5. A Ideia

Hegel parte da Ideia (como o Absoluto). Assemelha-se à tese platônica da Ideia pura e perfeita. Há, no entanto, uma diferença de abordagem: para Platão, a Ideia é imutável e transcendente; para Hegel, ela é imanente e demonstra sua existência justamente porque sai de si mesma e se desdobra num movimento pelo qual primeiro se converte em natureza (objeto) e depois em espírito (sujeito) - no início, há uma identidade indiferenciada entre sujeito e objeto.

Para Descartes e Spinoza a unidade indiferenciada chamava-se substância absoluta (em termos religiosos: Deus). Para Hegel, a unidade indiferenciada se divide, entra em movimento, cindindo-se na dupla polaridade de sujeito e objeto. (Temática Barsa)

6. Consciência e Autoconsciência

"Na fenomenologia de Hegel, são analisadas todas as formas do saber humano, partindo das formas mais imediatas, que são aquelas que ocorrem na consciência sensível. Essa, num primeiro momento, relaciona-se simplesmente com o "objeto como objeto", mas passa depois por uma série de experiências ou "figuras" que fazem com que ela, mesma se coloque como objeto de seu conhecimento; já se trata então de uma autoconsciência (não apenas sabe, mas além disso sabe que sabe)". (Temática Barsa)

7. A Dialética da Ideia

O ponto central da filosofia de Hegel (1770-1831) encontra-se na dialética da ideia. Herda, para a construção de sua teoria, os pensamentos de Heráclito, Aristóteles, Descartes, Kant, Espinosa, Fichte e Schelling. Parte da Tese – Ser, pura potencialidade, o qual deve se manifestar na realidade através da Antítese – Não Ser. Na contradição entre tese e antítese surge a Síntese – Vir-a-Ser. Esse raciocínio é aplicado tanto à aquisição de conhecimento quanto à explicação dos processos históricos e políticos.

8. Real e Racional

Para Hegel, o real é racional e o racional é real. Na primeira parte do aforismo, Hegel afirma que "o mundo não é um amontoado caótico de substâncias, mas o desdobramento progressivo de uma espiritualidade racional (chamada respectivamente de Absoluto, Espírito, Ideia, Razão, Deus), que se exprime inconscientemente na natureza e conscientemente no homem". Na segunda parte, segundo a qual a racionalidade coincide com a realidade, indica que a "razão não exprime uma abstração, um dever-ser ideal ou utópico, mas a estrutura profunda do mundo real". (Nicola, 2005)

9. Algumas de suas Obras

"No livro A fenomenologia do espírito, Hegel esboça o desenvolvimento da mente, da consciência mais básica, passando pela autoconsciência e pela razão, até chegar à consciência pura do espírito, que é o conhecimento absoluto. Em A ciência da lógica, ele explica como os conceitos de realidade são revelados por meio do raciocínio dialético: propor uma tese, considerar o seu oposto ou sua antítese e, a partir do conflito entre os dois, nasce uma síntese. Essa é a forma como o raciocínio humano evolui, e não é apenas a lógica que segue esse caminho; a história também se move de modo similar em direção ao Absoluto. Na Enciclopédia das ciências filosóficas, Hegel aplica a abordagem dialética a todas as áreas do conhecimento, e na obra A filosofia do direito, expõe sua filosofia política". (Levene, 2013)

10. Bibliografia Consultada

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. 

NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.

TEMÁTICA BARSA (Filosofia). Rio de Janeiro, Barsa Planeta, 2005. 

 

Notas do Blog

 Kant, Hegel e Espiritismo

O ponto central da filosofia de Hegel (1770-1831) encontra-se na dialética da idéia. Herda, para a construção de sua teoria, os pensamentos de Heráclito, Aristóteles, Descartes, Kant, Espinosa, Fichte e Schelling. Parte da Tese - Ser, pura potencialidade, o qual deve se manifestar na realidade através da Antítese - Não-Ser. Na contradição entre tese e antítese surge a Síntese - Vir-a-Ser. Esse raciocínio é aplicado tanto à aquisição de conhecimento quanto à explicação dos processos históricos e políticos. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/kant-hegel-e-espiritismo.html)

Hegel e o Idealismo Absoluto

Para Hegel e outros idealistas, a cisão entre sujeito e objeto está incorreta, pois há uma identidade entre sujeito e objeto; nada existe além do pensamento. O conhecimento não é simplesmente o conhecimento do fenômeno, mas o conhecimento total.

O absoluto – Deus (religião) e substância perfeita que não precisa de nenhuma outra para existir (Descartes) –, para Hegel é tratado como sujeito e, assim, passível de ser conhecido. A filosofia de Hegel funda-se nesta tese: “O absoluto é sujeito”.(http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2011/03/hegel-e-o-idealismo-absoluto.html)

Os Números Dominam o Mundo

Os números evocam vida e mistério. Na Bíblia, Deus ordenou todas as coisas "segundo o número, o peso e a medida". Para Pitágoras, "Todas as coisas eram números e qualquer número era uma divindade". De acordo com Leibniz, "Enquanto Deus calcula e exerce o seu pensamento, o mundo se faz". Os escolásticos definiam a verdade como adequatio rei et intellecto, isto é, uma perfeita correspondência entre o intelecto e os objetos observados. Descartes, mais tarde, afirma: "Eu não incluo, em minha física, outros princípios que não aqueles que aceito em matemática"; e Hegel: "Nada há de real além do racional e nada há de racional além do real".

Hegel (1770-1831) sistematizou o desenvolvimento do pensamento em três tempos: TESE, ANTÍTESE E SÍNTESE. Como ilustrá-lo? Tomemos dois pontos de vista: A e B. Um ponto C se desloca de A para B. Segundo o ponto de vista A, C se afasta; segundo o ponto de vista B, C se aproxima. A e B são inconciliáveis. A verdade integral surge com o ponto de vista C, que não percebe senão um movimento único na trajetória AB. A distância AC se "dilata", a distância BC se "contrai": é a imagem de um fenômeno yin e de um fenômeno yang gerado por um princípio único. (http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2008/07/os-nmeros-dominam-o-mundo.html)

Marxismo e Espiritismo

O ponto de partida para a compreensão da concepção dialético-materialista da natureza e da história é a dialética de Hegel. Hegel (1770-1831) estabelecera as três fases do desenvolvimento do pensamento: tese, antítese, síntese (ou luta dos contrários). Uma vez alcançada a síntese, esta se torna uma nova tese para mais uma etapa da evolução do pensamento. Hegel falava a respeito do pensamento, da idéia, por isso idealista. Feuerbach (1775-1833), que foi discípulo Hegel, discorda do seu mestre, inverte a dialética de Hegel, colocando a matéria como principal e o Espírito como secundário. Marx, que também fora discípulo de Hegel, junta essas duas concepções e concebe o materialismo dialético histórico. Por que o faz? Por causa da sua observação da luta de classes ao longo da história da humanidade. Viu que na Idade Primitiva, os escravos lutavam contra os senhores; na Idade Média, os vassalos lutavam contra os senhores feudais; na Idade Moderna, o proletariado lutava contra os empresários. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2009/06/marximso-e-espiritismo.html)

Infinito e Espiritismo

O finito e o infinito podem ser explicados em termos de ato e potência. Finito é o que encontra limite à potência do ser. Plotino foi o primeiro a entender o infinito como não limitação da potência. Para Hegel, o infinito é a própria realidade, enquanto potência ilimitada, de realização, enquanto Absoluto. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2016/05/infinito-e-espiritismo.html)

Antagonismo

Na filosofia, poder-se-ia dar dois exemplos a respeito do antagonismo. Para Heráclito, o devir se realiza por meio de uma contínua passagem de um contrário ao outro. Daí, parecer que a guerra é o que regula o mundo. Isto é verdade, mas muito superficial. Para Hegel, tudo começa por uma tese (um). Da tese aparece a antítese (dois). O resultado desse antagonismo é a síntese (três). E isso se repete indefinidamente. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2014/07/antagonismo.html)


São Paulo, setembro de 2017.