Virtudes
Perguntas e Respostas
1) Qual o significado de virtude?
Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação. Os seus significados específicos podem ser reduzidos a três: 1º capacidade ou potência em geral; 2º capacidade ou potência do ser humano; capacidade ou potência moral ser humano
2) Por que cardeais?
A palavra cardeal vem de gonzo (dobradiça). São as virtudes fundamentais nas quais todas as outras se apoiam. São as virtudes básicas para toda e qualquer ação do ser humano.
3) Quais são as virtudes cardeais?
As virtudes cardeais são quatro, a saber: prudência (sabedoria), fortaleza (coragem), temperança e justiça.
4) Qual a origem das virtudes cardeais?
Platão, no seu livro República, ao reportar sobre as qualidades da cidade, descreveu as quatro virtudes que uma cidade devia possuir. Para ele, as virtudes fundamentais eram: Sabedoria, Fortaleza, Temperança e Coragem. Posteriormente, convencionou-se chamar essas virtudes de cardeais, ou seja, fundamentais, em que tudo o mais devia girar. Observação: Platão desenvolveu primeiramente as virtudes na cidade; somente depois é que as vinculou à conduta humana, pois achava que a conduta citadina ou pessoal não tinha diferença alguma.
5) O que se entende por prudência (sabedoria)?
O conceito tradicional de prudência refere-se à conduta racional do ser humano, ou seja, a capacidade de bem dirigir os eventos, tanto pessoais quanto públicos. Não é um conhecimento elevado, uma sapiência livresca, mas o conhecimento das atividades humanas e da melhor maneira de conduzi-las.
6) O que se entende por temperança?
A temperança refere-se à contenção dos prazeres sensitivos dentro dos limites estabelecidos pela razão. A moderação é a temperança no comer; a sobriedade é a temperança no beber; a castidade é a temperança no prazer sexual.
7) O que se entende por coragem?
Platão define-a como "a opinião reta e conforme à lei sobre o que se deve e sobre o que não se deve temer" (Rep. IV, 430 b). Como virtude que constitui a firmeza de propósitos, a coragem é considerada a principal das virtudes.
8) O que se entende por justiça?
Consiste na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e o valor que são devidos a alguém, ou alguma coisa.
9) Dentre as virtudes cardeais, qual a mais importante?
A justiça é considerada a principal delas. Isto porque se não houver justiça, a temperança, a coragem e a prudência podem encaminhar para os seus contrários, que são os vícios.
(Reunião de 22/05/2010) (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/virtudes-cardeais?authuser=0 )
Texto Curto no Blog
Virtudes Cardeais
Platão, no livro IV da República, descreve as qualidades que uma cidade deve ter para o seu funcionamento racional. Essas qualidades são enumeradas em função de quatro virtudes, chamadas de fundamentais, e que mais tarde denominaram-se virtudes cardeais. Elas são: prudência (sabedoria), fortaleza (coragem), temperança e justiça.
Vale a pena notar que essas virtudes, primeiramente, dizem respeito à cidade, no sentido de termos cidades retas, ou cidadãos que agem segundo a reta razão. Somente depois é que o termo passou a ser aplicado ao próprio cidadão. Isso tem certa razão, pois Platão achava que não havia diferença substancial entre o público e o privado. As coisas devem valer muito mais pelas ideias que lhe são próprias.
Prudência (sabedoria). O que é uma cidade sábia? É a cidade que age segundo certa ciência, a ciência de saber escolher. Nesse caso, escolhe-se o melhor, segundo a natureza de cada coisa, pois Platão entendia a virtude como a potência que cada objeto tem em si mesmo. Por exemplo, a função da planta é produzir frutos Assim, a direção da cidade deveria ser feita pelo rei-filósofo, pois ele, segundo a sua natureza, era o mais sábio para o fazer, porque veio para desempenhar essa função.
A fortaleza (coragem) é um sentimento ou virtude que evoca a força. Observe o guerreiro. Ele não pode ser covarde, pois se assim o for não terá condições de defender a cidade dos inimigos. Daí, dizer que a coragem é a defesa da opinião própria, mesmo quando atacada por todos os lados e por todas as pessoas. A paciência, ligada à fortaleza, é a disposição interior de enfrentar as vicissitudes da vida: dor, morte, desilusão.
A temperança, segundo Sócrates, é uma ordenação e ainda um poder sobre certos prazeres. Assim, a temperança refere-se à contenção dos prazeres sensitivos dentro dos limites estabelecidos pela razão. Diz-se que a moderação é a temperança no comer, a sobriedade é a temperança no beber e a castidade é a temperança no prazer sexual.
No estabelecimento da cidade, Platão disse que “cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a qual a sua natureza é mais apta por nascimento” (Rep., V, 433 c). Isto equivaleria também à justiça, pois implica “executar a tarefa própria e não fazer a dos outros”. (Rep., IV, 433 a). hodiernamente, poderíamos dizer que a justiça consiste na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e o valor que são devidos a alguém, ou alguma coisa.
Como vemos, temos muito que aprender a respeito das virtudes. O mais importante é não deixarmos que esse termo caia no esquecimento, como sói acontecer nos dias presentes, sendo este o principal empecilho para o nosso desenvolvimento moral e espiritual. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2010/05/virtudes-cardeais.html)
Em Forma de Palestra
Virtude e as Virtudes
1. Introdução
Ao procurar compreender a virtude não são fáceis as perguntas que a razão humana se defronta: existe realmente a virtude? Em que consiste? Como pode o homem fragmentário em seus atos parciais, encontrar a unidade, o todo? A virtude liberta ou robotiza? O que significa dizer que aquela pessoa é uma “boa pessoa”? Tomemos essas questões como ponto de partida para o desenvolvimento de nossa peça oratória.
2. Conceito
Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação.
Para o Espírito Emmanuel a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio. (Pergunta 253 de O Consolador)
Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.
3. Histórico
Sócrates (470-399 a. C.) - O estudo da virtude se inicia com Sócrates, para quem a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana. Na sua conceituação, comete dois erros: 1) confunde a ordem moral com a ordem do conhecimento; 2) exagerado otimismo.
Platão (429-347 a. C.) - Desenvolve a doutrina de Sócrates. Apresenta a virtude como meio para atingir a bem-aventurança. Descreve as 4 virtudes cardeais: a sabedoria, a fortaleza, a temperança e a justiça.
Aristóteles (384-322 a. C.) - Ao conceito já esboçado como hábito, isto é, de qualidade ou disposição permanente do ânimo para o bem, Aristóteles acrescenta a análise de sua formação e de seus elementos. As virtudes não são hábitos do intelecto como queriam Sócrates e Platão, mas da vontade. Para Aristóteles não existem virtudes inatas, mas todas se adquirem pela repetição dos atos, que gera o costume (mos), donde o nome virtude moral. Os atos, para gerarem as virtudes, não devem desviar-se nem por defeito, nem por excesso, pois a virtude consiste na justa medida, longe dos dois extremos.
Cristianismo - A influência da Sagrada Escritura fez com que se acrescentasse às virtudes cardeais, as virtudes teologais. Santo Agostinho diz que "a virtude é uma boa qualidade da mente, por meio da qual vivemos retamente". Santo Tomás de Aquino diz que "a virtude é um hábito do bem, ao contrário do hábito para o mal ou o vício".
Kant (1724-1804) - Entre os filósofos não cristãos dos tempos modernos requer especial atenção o sistema kantiano. Kant, em certo sentido, volta às doutrinas estoicas, enquanto procura formular uma ética que seja fim de si mesma, sem leis heterônomas, nem sanções. Mas a Crítica da Razão Prática, que cria a nova moral, não fala de virtude, mas só de moralidade: esta consiste essencialmente no cumprimento do dever, ou seja, dos imperativos categóricos que a razão autônoma dita. Embora por outros caminhos, caiu no mesmo erro dos antigos estóicos, dando-nos uma ética vazia, que se destrói a si mesma, negando todo legislador, toda sanção, todo o fim ulterior de nossas ações.
Aspecto Prático da Virtude - Além do aspecto teórico da sua conceituação, estritamente conexo com o sistema filosófico no qual se enquadra a Ética, apresenta um aspecto prático de vivo e permanente interesse: como formar e desenvolver a virtude. É o campo da Psicologia Educacional e da Pedagogia. No educador exige antes de tudo o bom exemplo, tão necessário, especialmente no trato com as crianças, incapazes de longos raciocínios e vivamente levadas à imitação. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)
4. Virtude em Aristóteles
4.1. O Texto Aristotélico
“A virtude é portanto uma disposição adquirida voluntária, que consiste, em relação a nós, na medida, definida pela razão em conformidade com a conduta de um homem ponderado. Ela ocupa a média entre duas extremidades lastimáveis, uma por excesso, a outra por falta. Digamos ainda o seguinte: enquanto, nas paixões e nas ações, o erro consiste ora em manter-se aquém, ora em ir além do que é conveniente, a virtude encontra e adota uma justa medida. Por isso, embora a virtude, segundo sua essência e segundo a razão que fixa sua natureza, consista numa média, em relação ao bem e à perfeição ela se situa no ponto mais elevado”. (Ética a Nicômaco, II, 6)
4.2. Termos Importantes
Para entender corretamente o texto filosófico, devemos localizar os termos mais importantes, e suas noções. Assim:
Virtude (arétè) designa toda excelência própria de uma coisa, em todas as ordens de realidade e em todos os domínios. Aristóteles a emprega assim, embora lhe acrescente o valor moral.
Disposição (héxis) é definida como uma maneira de ser adquirida. O latim traduziu héxis por habitus. A virtude só será habitus se se retirar desse termo o caráter de disposição permanente e costumeira, mecânica, automática.
Mediedade (mésotès): este termo remete tanto ao termo médio de um silogismo quanto à média (ou ao meio termo) que caracteriza a virtude.
4.3. A Virtude é Média e Ápice
Como, pois, entender que virtude é média e ápice?
Aristóteles parte de um conceito geral e delimita-o depois.
Diz, primeiramente, que a virtude é agir de forma deliberada; depois, fala em agir em prol do mais alto bem. Ao falar dela como héxis, enfatiza uma capacidade adquirida, constante e duradoura, o que elimina a pretensa qualidade inata. Assim, ao se comportar moralmente, o homem deve também se comportar racionalmente, ou seja, uma razão que já passou pela prova dos fatos; a mediedade, diz ele, é a que o homem prudente determinaria. E determinaria em função dos homens superiores a ele. Por isso é oportuno aconselhá-los a imitarem os melhores.
4.4. A Virtude não é Média, ela é a Média Justa
A mediedade opõe-se a dois vícios simétricos: o excesso e a falta.
Quais são essas práticas que não são virtudes? Os vícios.
Explicação: a natureza moral jamais é natural, e sim o resultado de uma maneira de ser adquirida – para mais ou para menos –, o que representa sempre um excesso. Por exemplo, a coragem é virtude delimitada por essa falta que é a covardia e esse excesso que é a temeridade. A virtude revela-se portanto como um meio termo.
A virtude não é assim uma média aritmética dos excessos para mais ou para menos, ela é o vértice de eminência, ou seja, é ela quem diz qual é o vício para cima ou para baixo. O óbolo da viúva, de que nos lembra o Evangelho, vem a calhar: a viúva que deu apenas uma moeda, deu mais do que o rico, pois enquanto este deu o que lhe sobrava, para ela a quantia representava uma privação. (FOLSCHEID, 2002, cap. III)
5. Virtudes Cardeais e Virtudes Teologais
Desde a Antiguidade até os nossos dias, as virtudes foram classificadas em Cardeais e Teologais. As Cardeais são adquiridas pelo esforço; as Teologais como um Dom de Deus.
5.1. Virtudes Cardeais
As virtudes cardeais são aquelas virtudes essenciais na qual todas as outras decorrem. São em número de quatro: prudência, fortaleza, temperança e justiça. Funciona como uma dobradiça, pois todas as outras devem girar ao redor destas. Isto decorre da etimologia da palavra cardeal (cardo = gonzo = dobradiça).
Prudência - É aquela virtude que permite ao entendimento reflexionar sobre os meios conducentes a um fim racional.
Fortaleza ou valentia - Consiste na disposição para, em conformidade com a razão, isto é, em atenção a bens mais elevados, arrostar perigos, suportar males e não retroceder, nem mesmo ante a morte. A paciência, por exemplo, é uma virtude subordinada à fortaleza, e consiste na capacidade constante de suportar adversidades.
Temperança - Consiste em aperfeiçoar constantemente a potência sensitiva, de modo a conter o prazer sensual dentro dos limites estabelecidos pela sã razão. Assim, a moderação é a temperança no comer, a sobriedade no beber, a castidade no prazer sexual. São aparentados com a temperança: a negação ou domínio de si mesmo, isto é, a vontade de não se deixar desviar do bem, nem sequer pelas mais violentas excitações do desejo.
Justiça - Consiste ela na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e valor que são devidos a alguém, ou a alguma coisa. (Santos, 1965)
5.2. Virtudes Teologais
Na Ética religiosa a Fé, a Esperança e a Caridade são chamadas teologais, porque não são elas produtos de um hábito, pois o homem não as adquire através de seu próprio esforço.
A Fé é o assentimento do intelecto que crê, com constância e certeza, em alguma coisa. A prudência, a fortaleza, a justiça e a moderação podem ser adquiridas. Ninguém gesta dentro de si a Fé; ou a tem, ou não.
A Esperança é a expectação de algo de superior e perfeito. A Esperança não é o produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes nos escapam, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta pelo homem, porque não encontramos na estrutura de nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique.
A Caridade é a mãe de todas as virtudes como dizem os antigos, e diziam-no com razão: é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito. A caridade, assim, supera a nossa natureza, porque, graças a ela, o homem avança além de si mesmo, além das suas exigências biológicas.
Não são o produto de uma prática, porque pode o homem praticar a caridade sem tê-la no coração; pode o homem exibir uma crença firme, sem alentá-la em seu âmago; pode o homem tentar revelar aos outros que é animado pela esperança, sem ressoar ela em sua consciência. (Santos, 1965)
6. Virtudes e Vícios
6.1. Os Vícios mais Comuns
Ao longo do tempo adquirimos uma série de hábitos negativos. Alguns deles são visíveis como o fumo e o álcool; outros, nem tanto. É que costumamos disfarçá-los ao máximo, para que não se tornem muito evidentes. Nesse sentido, à gula damos o nome de necessidade proteínica; à lascívia chamamos necessidade fisiológica; a ira é embelezada com a expressão paradoxal: “cólera sagrada”; a cobiça é encoberta com a desculpa da previdência; a preguiça disfarçamos com a necessidade de repouso, quando não com a esperteza que faz os outros produzirem por nós.
6.2. Virtudes e Vícios na Visão do Espiritismo
Allan Kardec, nas perguntas 893 e 913 de O Livro dos Espíritos , esclarece-nos este assunto com muita propriedade.
893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?
— Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.
913. Entre os vícios, qual o que podemos considerar mais radical?
Já o dissemos muitas vezes; o egoísmo. Dele deriva todo do mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe o egoísmo. Por mais que luteis contra eles não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade.
7. Conclusão
O movimentar-se diário produz hábitos. Os hábitos maus enraízam de tal sorte em nosso psiquismo que se tornam extremamente difíceis de serem eliminados. Em se tratando do esforço para extingui-lo, parece-nos que cometemos um erro que já se tornou secular, ou seja, combater a causa pelo efeito. Somente quando tomamos consciência do móvel que produz a ação é que podemos ter segurança na eliminação do efeito. Na realidade, não somos nós que deixamos os vícios; são eles que desprovidos da nossa atração, deixam-nos.
8. Bibliografia Consultada
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.
FOLSCHEID, Dominique e WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia Filosófica. Tradução de Paulo Neves. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2002. (Ferramentas)
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.
XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
São Paulo, agosto de 2004.
As Virtudes Cardeais
1. Introdução
Presentemente, há um esquecimento da palavra virtude. Diz-se que ela sobrevive apenas nos dicionários. E o que dizer das virtudes cardeais? Elas também estão esquecidas? Como reavivá-las? Quais são essas virtudes, ditas cardeais? Por que o termo cardeal? O que ele quer dizer?
2. Conceito
Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação. Os seus significados específicos podem ser reduzidos a três: 1º capacidade ou potência em geral; 2º capacidade ou potência do ser humano; 3º capacidade ou potência moral ser humano. (Abbagnano, 1970)
Cardeal. A palavra cardeal vem de gonzo (dobradiça). São as virtudes fundamentais nas quais todas as outras se apoiam. São as virtudes básicas para toda e qualquer ação do ser humano. As virtudes cardeais são quatro, a saber: prudência (sabedoria), fortaleza (coragem), temperança e justiça.
3. Origem Histórica das Virtudes Cardeais
Platão, no seu livro República, ao reportar sobre as qualidades da cidade, descreveu as quatro virtudes que uma cidade devia possuir. Para ele, as virtudes fundamentais eram: Sabedoria, Fortaleza, Temperança e Coragem. Posteriormente, convencionou-se chamar essas virtudes de cardeais, ou seja, fundamentais, em que tudo o mais devia girar. Observação: Platão desenvolveu primeiramente as virtudes na cidade; somente depois é que as vinculou à conduta humana, pois achava que a conduta citadina ou pessoal não tinha diferença alguma.
Na cidade boa e reta, cada qual deve participar da felicidade conforme a sua natureza. Daí, o princípio estabelecido por Platão para reger a cidade: cada qual deve cuidar de agir conforme a sua natureza, ou seja, para aquilo pelo qual nasceu, promovendo a unidade da cidade. Em suas lucubrações, caberia ao filósofo, a tarefa de cuidar do governo da cidade. Achava que os filósofos, por serem sábios, teriam mais condições de encaminhar todas as atividades para o bem comum.
4. Sabedoria ou Prudência (1.ª Virtude Cardeal)
Para Sócrates, a cidade é sábia, pois é dotada de certa ciência, ciência esta que pode escolher o que é melhor, ocasionando a boa deliberação. Participar dessa ciência, a única dentre todas as ciências que deve chamar sabedoria. A sabedoria é saber escolher, o deliberar bem, tendo em vista o todo. A sabedoria faz o guardião (no caso o rei-filósofo) a escolher o que é melhor para a cidade. É também saber se comportar consigo mesmo e junto aos demais seres humanos. (Reis, 2009, cap. I)
A prudência, assim, refere-se à conduta racional do ser humano, ou seja, à capacidade de bem dirigir os eventos, tanto pessoais quanto públicos. Não é um conhecimento elevado, uma sapiência livresca, mas o conhecimento das atividades humanas e da melhor maneira de conduzi-las.
Prudência (sabedoria) é aquela virtude que permite ao entendimento reflexionar sobre os meios conduzentes a um fim racional. Há uma prudência (sapiência) para conduzir a si mesmo e aos outros. A prudência exige: reflexão, capacidade atencional, para examinar os juízos e as ideias, e acuidade, para descobrir os meios mais hábeis.
Sabedoria é uma compreensão superior do mundo e da vida, acumulada através da experiência e da meditação. O trabalho do filósofo é uma ação voltada para a busca do saber. Ironizado e desprezado, vivendo em meio à humildade, à pobreza e à castidade, segue a vocação que o destino lhe traçou.
Para Platão, a phronesis (sabedoria), mesmo quando dirige a ação, o faz elevando-se acima de si mesma, isto é, na medida em que é um conhecimento transcendente adquirido na contemplação da Idéia do Bem.
5. Fortaleza ou Coragem (2.ª Virtude Cardeal)
A cidade será corajosa ou covarde. Ela tem potência capaz de preservar a opinião reta e legitima. Sócrates compara a coragem à preservação da opinião reta. A opinião reta pode sofrer o abalo das vicissitudes: sofrimento, prazeres, apetites etc.
Em linhas gerais, Platão define-a como "a opinião reta e conforme à lei sobre o que se deve e sobre o que não se deve temer" (Rep. IV, 430 b). Como virtude que constitui a firmeza de propósitos, a coragem é considerada a principal das virtudes.
Ele diz que o prazer, o sofrimento, o temor e os apetites funcionam como "detergentes que são terríveis para tirar a cor" (Rep. IV, 430 a-b)
Platão compara essa força ao guerreiro, que tem a força capaz de preservar a opinião reta e legitima, apesar das asperezas das contradições.
Firmeza (coragem) é a capacidade de enfrentar obstáculos. A paciência, subordinada à fortaleza, é a capacidade constante de enfrentar as adversidades.
6. Temperança (3.ª Virtude Cardeal)
Temperança, segundo Sócrates, é uma ordenação e ainda um poder sobre certos prazeres. Nesse caso, a temperança refere-se à contenção dos prazeres sensitivos dentro dos limites estabelecidos pela razão. A moderação é a temperança no comer; a sobriedade é a temperança no beber; a castidade é a temperança no prazer sexual.
7. Justiça (4.ª Virtude Cardeal)
No estabelecimento da cidade, Platão disse que "cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a qual a sua natureza é mais apta por nascimento" (Rep., V, 433 c). isto equivaleria também à justiça, pois implica "executar a tarefa própria e não fazer a dos outros". (Rep., IV, 433 a)
Pode-se dizer, também, que a justiça consiste na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e o valor que são devidos a alguém, ou alguma coisa. Em se tratando das virtudes cardeais, a justiça é considerada a principal delas, pois se não houver justiça, a temperança, a coragem e a prudência podem encaminhar para os seus contrários, que são os vícios.
8. A Contribuição do Espiritismo
Compulsando O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos encontraremos subsídios valiosos para uma melhor compreensão das virtudes cardeais e das que lhe são subordinadas, tais como a paciência, a obediência e a resignação. Os Espíritos de luz, com conhecimentos muito mais apurados que os nossos podem, pela mediunidade, transmitir-nos informações mais relevantes sobre a caridade, a amizade e o perdão.
9. A Paciência, um Exemplo
"A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu. Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.
A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte.
Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo". - Um Espírito amigo. (Havre,1862.) (Kardec, cap. IX, item 7)
10. Conclusão
Hoje, as virtudes cardeais estão esquecidas e têm apenas um valor fiduciário. Este esquecimento é a origem de muitas desordens, tanto na vida pública como na vida privada. Reflitamos sobre elas e solidifiquemos o seu sentido original, que era o da reta razão e o do crescimento espiritual do ser humano.
11. Bibliografia Consultada
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
REIS, Maria Dulce. Psicologia, Ética e Política: a Tripartição da Psykhé na República de Platão. São Paulo, Loyola, 2009.
São Paulo, maio de 2010.
Notas do Blog
Vida Interior
Aristóteles, em Ètica a Nicômaco, ensinou-nos que a virtude é a "justa medida" entre extremos nocivos. Buda transformou-a no caminho do meio. Pitágoras, em sua escola, ensinava que as qualidades constitutivas do ser humano seriam: austeridade, coragem, moderação e autocontrole. Aristóteles preferiu usar os termos "prudência", "temperança", "coragem" e "justiça", as quatro virtudes cardeais. Às quatro virtudes cardeais, a moral cristão acrescentou as três virtudes teologais, ou seja, a fé, a esperança e a caridade. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2019/06/vida-interior.html)
Justiça e Igualdade
A noção de justiça designa por um lado o princípio moral que exige o respeito da norma do direito e, por outro, a virtude, que consiste em respeitar os direitos dos outros. É a virtude moral que faz que se dê a cada um o que lhe pertence e se respeitem os direitos alheios. É uma das quatro virtudes cardeais. Considerado de modo restrito, justiça é a constante e perpétua vontade de conceder o direito a si próprio e a outros segundo a igualdade. É uma virtude subjetiva, portanto. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2009/05/justica-e-igualdade.html)
Virtude em Aristóteles
A virtude não é média, ela é a média justa. Saímos do âmbito quantitativo onde tudo é colocado no mesmo plano e passemos ao âmbito qualitativo. Observe que tanto nas paixões como nas ações, há condutas que estão abaixo ou acima do que convém. A virtude não é assim uma média aritmética dos excessos para mais ou para menos, ela é o vértice de eminência, ou seja, é ela quem diz qual é o vício para cima ou para baixo. O óbolo da viúva, de que nos lembra o Evangelho, vem a calhar: a viúva que deu apenas uma moeda, deu mais do que o rico, pois enquanto este deu o que lhe sobrava, para ela a quantia representava uma privação. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/virtude-em-aristteles.html)
Ética a Nicômaco
Entende-se, assim, que o bem da polis deriva e é consequência das ações dos indivíduos, dos cidadãos virtuosos, unidos em philia (amizade), que assim alcançam a perfeita virtude, o fim último de suas ações, ou seja, o bem. A virtude, enquanto bem e fim último das ações e deliberações de todos os homens a se alcançar, é denominada eudaimonia, palavra grega que se traduz, usualmente, por felicidade ou bem-estar, mas que não representa um estado, mas sim uma atividade humana, constante e contínua de bem deliberar sobre os meios para alcançá-la. Florescimento é outra palavra que traduz a eudaimonia. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/06/tica-nicmaco.html)
Aristóteles
Na ética de Aristóteles, a virtude está no meio. Você não deve estar mais à esquerda ou mais à direita. Literalmente, a frase está correta. A sua interpretação, porém, deixa a desejar. Devemos vê-la como o termo médio de uma polêmica e não simplesmente a virtude está no meio. A virtude deve ser construída conforme a discussão for tomando corpo, isto é, passando de um extremo ao outro. Esta noção de ética dá direção à sua política. Diferente de Sócrates e Platão, que é da polis, de Atenas, Aristóteles é o filósofo do Império, do Império de Alexandre, o Grande. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2006/09/aristteles.html)
Lei de Justiça, Amor e Caridade
A justiça pertence às virtudes cardeais e a caridade às virtudes teologais. As virtudes cardeais, princípio de todas as virtudes, dizem respeito à temperança, à fortaleza, à prudência e à própria justiça. Entre essas, a justiça ocupa lugar de destaque, pois dá equilíbrio às demais. As virtudes teologais, consideradas como dons infusos por Deus, dizem respeito à fé, à esperança e à própria caridade. Dentre elas, a caridade é a mais perfeita. Se à justiça e à caridade acrescentarmos o amor, teremos os fundamentos básicos da conduta humana em sociedade. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/08/lei-de-amor-justica-e-caridade.html)
Vícios e Virtudes
A virtude moral, como dissemos, predispõe o indivíduo à prática do bem. Há duas ordens de moralidade, a natural e a infusa. Por isso, temos duas espécies de virtudes: adquiridas e infusas. Entre as virtudes adquiridas, distinguem-se principalmente quatro: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Cognominadas de cardeais (de cardo, gonzo), por ser em redor delas que giram todas as outras, tais como a paciência, a tolerância, a brandura etc. Entre as virtudes infusas, chamadas teologais, porque recebidas de Deus, estão a fé, a esperança e a caridade. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/vcios-e-virtudes.html)
Dicionário
1) Virtude – do latim vir, virtus. A noção exprime em primeiro lugar o poder e mais geralmente a força de vontade. Não existe virtude fraca.
A virtude designa igualmente e por extensão, a eficácia ou aptidão real para agir que pertence propriamente ao sujeito: a virtude de um medicamento, por exemplo. Para Platão e Aristóteles, existe, aliás, uma virtude de cada coisa quando esta realiza sua natureza de maneira excelente: virtude do cavalo, que é de correr bem, virtude do homem, sobretudo, que é de desabrochar suas faculdades sob a égide da razão.
A virtude moral é uma disposição adquirida ou inata habitual para realizar o bem, segundo Aristóteles. O mesmo autor acrescenta que, inimiga do excesso prejudicial, ela se situa no meio-termo. (Durozoi, 1993)
&&&&&&
2) Mitologia. A virtude, filha da verdade, era mais do que uma deusa alegórica. Os Romanos levantaram-lhe um templo. Tinham igualmente erigido um à Honra, sendo necessário passar por uma para chegar ao outro, idéia pela qual pretendiam fazer compreender que a Honra não residia senão nas ações virtuosas. A virtude era representada por uma figura de mulher simples e modesta, vestida de branco, e cuja atitude impunha o respeito. Sentava-se sobre bloco de pedra de forma cúbica, usava uma coroa de louro, ou então empunhava um pique ou um cetro. Era por vezes figurada com asas abertas, a fim de significar que, pelos seus esforços generosos, se elevava acima da vulgaridade. A virtude encontra-se ligada à lenda de Hércules e à de Plutão. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
&&&&&&
3) Entendido de modo geral como disposição habitual e firme para o bem agir, a virtude apresenta obviamente algo de grande importância, tanto para os indivíduos como para a convivência social.
Atualização do tema: será humanizante a unificação e estabilização que a virtude inegavelmente aporta, pelo menos a nível de comportamentos? Por outras palavras, a virtude personaliza ou "robotiza"? E não custa compreender a razão desta dúvida, tendo em conta a generalizada identificação de virtude com bons hábitos. Ora, a palavra hábito sugere inevitavelmente automatismo, estereotipia, rotina. (Polis)
&&&&&&
4) Debaixo do pensamento romano a virtude perdeu todo o encanto e graça que comportava a sua acepção grega (Arete). A virtude é uma disposição estável em ordem a operar no bem; revela mais que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação. Esta inclinação pode ser muito mais intencional e voluntária do que natural e sensível: um homem pode agir voluntariamente em uma direção oposta a que impulsionam os seus sentidos. Esta é a razão de que, apesar de sua estabilidade e de seu próprio vigor, a virtude seja com freqüência de caráter conflitivo: é uma luta, uma vitória sobre os atrativos de sinal contrário; a consciência do conflito virtual, de uma oposição interna e externa, da mesma tentação, não é um mal. É um aviso.
As virtudes teologais são disposições para crer em Deus (fé), esperar Nele (esperança) e obedecê-Lo por amor (caridade). As virtudes cardeais são os eixos de todas as atividades humanas orientadas para o bem: a prudência regula as atividades da inteligência; a justiça, as da vontade; a fortaleza, as do poder de ação; a temperança, as do desejo. A teoria da conexão entre as virtudes afirma que todo ato moralmente bom é fruto de uma convergência de virtudes porque este deve ser sempre prudente, justo, decidido e temperado. (Chevalier, 1976)
&&&&&&
5) Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. É esse o conceito de virtude (de vir, homem). É a potência racional que inclina o homem à prática de operações honestas, tendentes para o bem. Pode-se, assim, falar de virtudes morais e virtudes intelectuais. As que tendem para o bem honesto são morais, as que tendem para a verdade são intelectuais. Caridade é uma virtude moral. A sabedoria e a ciência virtude intelectual. A caridade é a mãe de todas a virtudes. Ela é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito. (Santos, 1965)
&&&&&&
6) A virtude é tudo aquilo que faz com que cada coisa seja o que ela é. Transfere-se ao homem. Este caráter está expresso, segundo Aristóteles, pelo justo meio; é-se virtuoso quando permanecemos entre o mais e o menos, na devida proporção ou na moderação prudente. A virtude se refere às atividades humanas e não somente às morais.
Santo Agostinho diz que a virtude é uma "boa qualidade da mente, por meio da qual vivemos retamente". A virtude é, como diriam os escolásticos, e em especial São Tomás, um hábito do bem, ao contrário do hábito para o mal ou vício. Como gênero próximo, mostra-se que a virtude é um hábito; como diferença específica, que é um bom hábito.
A concepção moderna da virtude se afasta essencialmente das bases estabelecidas na Antiguidade e na Idade Média. Em seu significado mais geralmente aceito continua sendo definida como a disposição ou hábito de agir de acordo com a intenção moral, disposição moral, que não se conserva sem luta contra os obstáculos que se opõem a tal modo de agir, e por isso a virtude é concebida, também, como o ânimo, a coragem de agir bem ou, segundo Kant dizia, como a fortaleza moral no cumprimento do dever. (Pequeno Dicionário Filosófico)
Bibliografia Consultada
CHEVALIER, Jean (dir.). Diccionario de las Religions. Tradução espanhola por José Miguel Yurrita. Bilbao, Spain: Mensajero, 1976.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
PEQUENO DICIONÁRIO FILOSÓFICO. São Paulo: Hemus, 1977.
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.
SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965. (http://www.sergiobiagigregorio.com.br/filosofia/virtude-pesquisa-enciclopedica.htm )
Pensamentos
Gutta cavat lapidem saepe cadendo. - "A gota esburaca a pedra à força de cair." (Adágio latino)
"O orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande mas não é sadio." (Santo Agostinho)
"O nosso caráter é o resultado da nossa conduta." (Aristóteles)
"Aqueles que fazem o bem são os únicos que podem aspirar na vida à felicidade." (Aristóteles)
"O amor só se dá entre pessoas virtuosas." (Aristóteles)
"Ao envelhecer, deixei de escutar o que as pessoas dizem. Agora só presto atenção ao que elas fazem." (Andrew Carnegie)
"Dar a vida pela própria terra... é uma grande virtude; mas não te esqueças das pequenas virtudes, filho." (E. De Amicis)
"O que é a honestidade senão o medo da prisão?" (C. Dossi)
"O verdadeiro mérito é como os rios: quanto mais profundo, menos ruído faz." (Halifax)
"Quem vence um leão é um valente; quem domina o mundo é um homem de valor; mas, mais valente e corajoso do que todos eles, é aquele que realmente sabe dominar-se a si mesmo." (Johan G. von Herder)
"Fácil e simples é escolher o mal, / uma estrada plana, muito próxima a nós; / mas os deuses colocaram o suor diante da virtude; / de fato, longa e difícil é sua estrada / e, no início, árdua, mas quando se chega ao seu ápice, / torna-se fácil aquilo que antes era difícil." (Hesíodo)
"Só quem já se modificou pode modificar os outros." (S. Kierkegaard)
"Quem é rico em virtude / é semelhante ao jovem." (Lao-Tzu)
"A valentia não é apenas uma virtude, mas a forma que adotam todas as virtudes nos momentos de prova." (C. S. Lewis)
"Antes de iniciares a tarefa de mudar o mundo, dá três voltas na tua própria casa." (Provérbio chinês)
"Semeia um pensamento e colherás um ato; semeia um ato e colherás um hábito; semeia um hábito e colherás um caráter; semeia um caráter e colherás um destino." (Peter Treeft)
Mensagem Espírita
Virtude
Virtude, quanto acontece à pedra preciosa lapidada, não surgirá no mostruário de nossas realizações sem burilamento e sem sacrifício.
Se desejamos construí-la, em nossos corações, é imprescindível não nos acovardemos diante das oportunidades que o mundo nos oferece.
Sem resistência deliberada ao desespero, não entesouraremos a paciência.
Sem controle do temperamento impulsivo, não alcançaremos a serenidade.
Sem vitória sobre os repteis da dúvida ou da suspeita, em nosso campo íntimo, não edificaremos a fé.
Sem renúncia não experimentaremos o amor puro.
Sem gentileza não asilaremos a bondade.
Sem o silêncio bem vivido, não atingiremos a harmonia mental.
Sem espírito de serviço, em favor dos semelhantes, não criaremos os valores da simpatia.
Sem firmeza em nossas atitudes, não chegaremos ao conhecimento da verdade.
Sem atenção para com a nossa própria consciência, não acenderemos a luz do respeito em torno de nós.
Sem tolerância à frente da calúnia, não alcançaremos a fortaleza.
Sem boa vontade, inutilmente apelaremos para o entendimento e para a união.
Recordemos que o Trabalho e a Luta são os escultores de Deus, criando em nós as obras primas da vida.
Quem pretende, porém, a fuga e o repouso indébitos, certamente desistirá, por tempo indefinido, do esforço de aprimoramento, transformando-se em sombra entre as sombras da estagnação e da morte. (XAVIER, Francisco Cândido. Correio Fraterno, pelo Espírito Emmanuel, Capítulo 56) (https://chico-xavier.com/2017/08/06/virtude-pelo-espirito-emmanuel-psicografia-de-francisco-candido-xavier/ )