Vontade

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por pensamento?

Do latim pensare, pensar, refletir.  Atividade da mente através da qual esta tematiza objetos ou toma decisões sobre a realização de uma ação. É uma palavra fácil de ser intuída, mas difícil de ser explicada com palavras.

2) Por que é difícil descrever o pensamento?

A cultura grega deu ênfase à razão. A razão fazia o indivíduo raciocinar e aplicar-se ao conhecimento das virtudes. Acontece que o pensamento dos pré-socráticos e dos orientais não são interrogativos, mas poéticos-noemáticos, em que o racional é deixado em segundo plano. Mesmo assim, esses pensamentos poéticos-noemáticos não são superficiais, mas essenciais à própria elaboração do pensável. 

3) Qual o conceito de vontade?

É a faculdade de perseguir o bem conhecido pela razão.

4) Como o conceito de vontade foi tratado no curso da história?

a) Psicologicamente (ou antropologicamente), falou-se da vontade como de uma certa faculdade humana, como expressão de um certo tipo de atos; 

b) moralmente, tratou-se da vontade em relação com os problemas da intenção e com as questões concernentes às condições requeridas para alcançar o Bem; 

c) teologicamente, o conceito de vontade foi usado para caracterizar um aspecto fundamental e, segundo alguns autores, o aspecto básico da realidade, ou personalidade, divina; 

d) metafisicamente, considerou-se às vezes a vontade como um princípio das realidades e como motor de todas as mudanças.

5) Qual a função da disciplina?

A disciplina indica a submissão da vontade e da inteligência a normas de pensamento, da ação, de conduta, sob os vários aspectos que apresenta a vida humana.

6) Qual a concepção de Schopenhauer?

Para Schopenhauer, a vontade, ao contrário da razão, não têm limites. Para controlar a vontade, ao contrário do budismo, procura uma saída estética: concentrar-se num quadro ou numa música anula a vontade.

7) De que forma podemos relacionar pensamento e vontade?

Os atos dependem da vontade e a vontade da ideia. Para que o ato seja moral, o indivíduo precisa distinguir entre o bem e o mal. A pessoa que rouba parte de uma ideia, ou seja, que ele consegue com mais facilidade aquilo que deseja.

8) Como exemplificar a relação entre ideia e ação?

Karl Marx dizia: "Até hoje, os filósofos só fizeram interpretar o mundo; devemos, agora, transformá-lo".  A consequência é partir diretamente para a ação sem os cuidados da teoria. A ideia assemelha-se a uma semente. Passa por diversos tratamentos até dar o fruto esperado. 

9) Como purificar a vontade

A vontade pode ser fortalecida no indivíduo através da educação esclarecedora e, principalmente, através do combate ao capricho e à obediência passiva, bem como pela formação do hábito de propor a si mesmo tarefas difíceis e de trabalhar até conseguir alcançar o objetivo.

https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/vontade

Texto Curto no Blog

Pensamento e Vontade

Pensamento. Do latim pensare, pensar, refletir.  Atividade da mente através da qual esta tematiza objetos ou toma decisões sobre a realização de uma ação. Palavra fácil de ser intuída, mas difícil de ser explicada com palavras. Vontade. É a faculdade de perseguir o bem conhecido pela razão. Disciplina. Submissão da vontade e da inteligência a normas de pensamento, da ação, de conduta, sob os vários aspectos que apresenta a vida humana.

Dificuldade de descrever o pensamento. A cultura grega deu ênfase à razão. A razão fazia o indivíduo raciocinar e aplicar-se ao conhecimento das virtudes. Acontece que o pensamento dos pré-socráticos e dos orientais não são interrogativos, mas poéticos-noemáticos, em que o racional é deixado em segundo plano. Mesmo assim, esses pensamentos poéticos-noemáticos não são superficiais, mas essenciais à própria elaboração do pensável.

Conceito de vontade no curso da história. Na história da filosofia, foi tratado da seguinte forma: 1) Psicologicamente (ou antropologicamente), falou-se da vontade como de uma certa faculdade humana, como expressão de um certo tipo de atos; 2) moralmente, tratou-se da vontade em relação com os problemas da intenção e com as questões concernentes às condições requeridas para alcançar o Bem; 3) teologicamente, o conceito de vontade foi usado para caracterizar um aspecto fundamental e, segundo alguns autores, o aspecto básico da realidade, ou personalidade, divina; 4) metafisicamente, considerou-se às vezes a vontade como um princípio das realidades e como motor de todas as mudanças. Das quatro abordagens a que mais predominou foi a psicológica. (1)

Relação entre pensamento e vontade. Dizemos com razão que um homem de força de vontade é aquele que persegue com firmeza alguma coisa. É a vontade que nos leva à ação. Os atos dependem da vontade e a vontade da ideia. Para que o ato seja moral, o indivíduo precisa distinguir entre o bem e o mal. A pessoa que rouba parte de uma ideia, ou seja, que ele consegue com mais facilidade aquilo que deseja. (2)

Relação entre ideia e ação. Observe a frase de Karl Marx: "Até hoje, os filósofos só fizeram interpretar o mundo; devemos, agora, transformá-lo". Não são poucos os que creem firmemente nessa ideia tendo, como consequência, um total desprezo pela teoria. Muitos preconizam a excelência da ação, como a única solução a ser procurada, a única verdadeiramente eficaz. A ideia assemelha-se a uma semente. Passa por diversos tratamentos até dar o fruto esperado. (2)

A vontade pode ser fortalecida no indivíduo através da educação esclarecedora e, principalmente, através do combate ao capricho e à obediência passiva, bem como pela formação do hábito de propor a si mesmo tarefas difíceis e de trabalhar até conseguir alcançar o objetivo.

(1) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.

(2) MENDONÇA, Eduardo Prado de. O Mundo Precisa de Filosofia. Rio de Janeiro: Agir, 1988. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2023/12/pensamento-e-vontade.html)

Vontade Humana e Vontade Divina

Agimos de conformidade com atos automáticos e atos voluntários. A vontade humana situa-se no âmbito dos atos voluntários. É o poder que tem o espírito de se determinar, com consciência e reflexão, a uma ação de sua escolha. Sua natureza prende-se ao fato de que quando tomamos uma decisão, obedecemos, não apenas a nossos motivos, tendências e impulsos, mas, antes e sobretudo, a uma força interior que nos é própria. De acordo com esta definição, cada um de nós deveria fazer esforços no sentido de suplantar os automatismos do cotidiano.

A vontade humana é extremamente versátil, porque às vezes é débil, outras enérgica e muitas vezes apática. Dentre os defeitos da vontade estão os seguintes fatos: tendência para evadir-se do real, a dispersão mental, o descontrole da imaginação e principalmente a ociosidade como consequência da preguiça. É bom esclarecermos que nem sempre a energia significa vontade, isto porque, se estivermos usando muita energia nos atos automáticos, é possível que a vontade esteja adormecida.

Para que possamos adquirir uma vontade enérgica, porém refletida, convém desenvolver algumas capacidades de nossa mente, tais como: atenção, concentração, meditação e principalmente a perseverança, o fator decisivo de nossa evolução espiritual. Uma vista de olhos na literatura psicológica nos adverte que devemos fazer "esforços" contínuos, se quisermos vencer na vida; sem sacrifício nada chega às nossas mãos; a dor é o aguilhão de nosso progresso e a ociosidade cansa mais do que o trabalho. Para a consolação de nossos espíritos, diz-nos que os bons nadadores desenvolvem-se mais nadando contra a correnteza do que a favor dela.

Estamos desenvolvendo ideias acerca da vontade humana. Como relacioná-la com a vontade divina? A nossa consciência tem algo de divino? Como ter a certeza de que agindo de livre e espontânea vontade, estamos obedecendo à vontade divina? Allan Kardec em O Livro dos Espíritos oferece-nos uma luz quando desenvolve os capítulos relacionados com as leis divinas ou naturais. Diz-nos que a Lei Divina ou Natural está inscrita na consciência do ser. Portanto, se forjarmos a nossa consciência de acordo com as leis naturais, estaremos encaminhando as nossas ações para a prática do bem, o que implica na aproximação de nossa vontade com a vontade divina.

O entrave entre ser humana e divina dissipa-se quando tivermos uma percepção exata do que sejam essas leis naturais, porque os nossos atos livres estarão sendo encaminhados para a prática das virtudes, o que trará como consequência uma ampliação de nossa liberdade e um maior conhecimento da divindade, que nos permitirá agir de acordo não só com os avisos de nossa consciência, mas sobretudo com os ditames de nossa consciência bem formada.

Cair, sim, porque é da natureza débil do homem; esmorecer, jamais, porque podemos pedir força a Deus através da prece. (https://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/vontade-humana-e-vontade-divina.html)

Educação da Vontade

Vontade - do latim voluntate significa a faculdade de representar um ato que pode ou não ser praticado. A vontade tende para a apreensão, pelo intelecto, dos bens que são apresentados através da cognição subjetiva. Portanto, a vontade é um grau mais perfeito do intelecto, pois o intelecto tem como objeto o ser enquanto ser, mas a vontade tende para o objeto enquanto apetecível.

Ação refletida é o ponto central da educação da vontade. Urge termos plena consciência de cada ação praticada. Somente depois de sopesarmos os prós e os contras de um ato é que devemos tomar uma decisão a favor ou contra. O esforço de transformar esse pensamento em hábito capacita-nos a disciplinar nosso querer.

Toda mudança de rotina é difícil. Uma vez iniciada, não são poucas as sugestões negativas a desencorajar-nos. Se mantivermos uma postura otimista, embora sofrendo as investidas contrárias, tal atitude fortalecer-se-á por si mesma. É que forças insuspeitas que estavam arquivadas no subconsciente emergem e quebram a casca da inércia.

São essenciais os exercícios para a disciplina da vontade. Afirmam os psicólogos que todo o esforço despendido na mudança dos automatismos, por mínimo que seja, produz resultados inesperados. Observe que a disposição de nos mantermos sóbrios diante de uma dada situação cria a ideia de sobriedade para o conjunto de nossos atos; a eliminação de uma atitude de preguiça deixa o corpo alerta para a maioria de nossas atitudes.

A evolução moral e a evolução espiritual não se dão aos saltos. A vigilância dos nossos desejos é de vital importância para o progresso do nosso querer. Nesse sentido, muito contribuirá para o bom êxito dos nossos propósitos a melhoria de nosso comportamento: postura correta, roupas adequadas e isenção de cacoetes.

Tenhamos em mente o dinamismo da vida. Nada de pusilanimidade, quando as circunstâncias obrigarem-nos a mudar de conduta, pois somente assim eliminaremos os últimos resquícios da rotineira comodidade. (https://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/educao-da-vontade.html)

Notas do Blog

Arthur Schopenhauer

O pessimismo de Schopenhauer veio da sua metafísica, a metafísica da Vontade. A Vontade, ao contrário da razão, não tem limites, pois ela vai para qualquer lado: bom ou ruim. Tanto um quanto o outro gera um querer, o qual nos conduz ao caos. Segundo Schopenhauer, ao tomar consciência de si, o homem se vê movido por aspirações e paixões. Estas constituem a unidade da Vontade, compreendida como o princípio norteador da vida humana. Voltando o olhar para a natureza, o filósofo percebe esta mesma Vontade presente em todos os seres, figurando como fundamento de todo e qualquer movimento.

A sua aproximação com o Budismo e o Hinduísmo se dá da seguinte maneira: em algum momento, alguém tem que controlar estas forças da Vontade. Controlar a Vontade geral é quase impossível, mas não a Vontade que se manifesta em nós. Isso significa retirar-se do mundo (como os budistas o fazem). Contudo, não é pela meditação budista, mas pela saída estética. Ou seja, a pessoa quando se concentra num quadro, numa música ou em outra coisa qualquer, ela se anula de tal maneira que chega a esquecer que tem Vontade. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/10/arthur-schopenhauer.html)

Atividade Fecunda

A vontade humana está sempre pronta para responder aos apelos dos sentidos. Nesse sentido, basta que sejamos resolutos e atendamos rapidamente a um estímulo externo e estaremos enquadrados no seio da sociedade. E a vontade divina? Como atendê-la a contento? A vontade divina independe de uma vontade férrea de nossa parte. Para concretizá-la, temos que nos fazer fracos e submissos ao Criador. Não adianta impormos a vontade humana; é preciso que saibamos captar a vontade de Deus, em primeiro lugar. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/06/atividade-fecunda.html)

Filosofia Política: Resumo de Livro

A efervescência dessas novas ideias desemboca no Contrato Social de J. J. Rousseau (1712-1778), publicado em 1762, em que nos seus quatro livros procura enaltecer o Estado (1.º livro), a sua dinâmica (2.º livro), o governo (3.º livro) e "os princípios do direito político" (4.º livro). Fala-nos da vontade geral, elemento-chave para a articulação de todas as políticas. Para ele, a vontade geral supõe que cada um (e não grupos, facções, partidos) se dê inteiramente, no ato de formação do povo pelo qual a vontade geral se engendra, e cuja soberania exprime a legitimidade. É por este ato que se define a identidade do povo. Ele testemunha publicamente uma universalidade que assegura doravante a liberdade civil. 

O Século XVI-XVIII baseou-se na defesa do direito natural e da vontade geral. Este período começa com as divergências de Lutero e Calvino com relação aos ditames do Clero Romano. No âmbito da filosofia política, destacam-se os contributos de Hobbes, Espinosa, Locke, Montesquieu e, principalmente, os de J. J. Rousseau, no seu Contrato Social. Para Rousseau, a vontade geral supõe que cada um (e não grupos, facções, partidos) se dê inteiramente, no ato de formação do povo pelo qual a vontade geral se engendra, e cuja soberania exprime a legitimidade. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/07/filosofia-poltica.html)

Barbarismo e Intelectualidade

As principais promoções para a barbarização da inteligência podem ser vistas.

A Desvalorização da Vontade — A vontade é uma disposição para o bem, é uma disposição já intelectualizada. Confundir a vontade com o desejo é uma posição verdadeiramente bárbara. A vontade é uma deliberação intelectual e não um impulso cego. (https://sbgfilosofia.blogspot.com/2020/10/barbarismo-e-intelectualidade.html


Notas Esparsas 


Sobre a relação entre hábito e vontade, podemos dizer que o importante está em que a vontade nunca perca o domínio que sobre o hábito. A vontade não deve permitir que hábito se torne fim de si mesmo, que se degrade em pura rotina ou que se transforme num mero automatismo psicológico. 

Sobre a relação entre dissonância cognitiva e vontade,  podemos dizer que os filósofos se interessam por dois fenômenos: o autoengano e a fraqueza de vontade. Primeiramente, a dissonância cognitiva é o nome dado a um viés cognitivo que leva as pessoas a procurarem algum tipo de coerência em suas crenças e ideologias, embora a realidade as desminta com fatos. 

Por que será que os auto-enganadores tentam levar a si próprios a acreditar em algo que, de algum maneira, sabem muito bem que é falso? Alguém pode recorrer ao autoengano quando o conhecimento causa dissonância. Por que será, por exemplo, que o fraco de vontade executa ações que sabem serem erradas? Alguém pode se tornar fraco de vontade quando surge uma dissonância a partir das consequências esperadas da prática da coisa certa.

Dissonância. 1) Reunião de sons que causam impressão desagradável ao ouvido.  2) Falta de harmonia, discordância entre duas ou mais coisas. 








Notas de Livro

O problema dos Ser, do Destino e da Dor, Léon Denis

De que forma podemos orientar essas potências interiores? Pela Vontade.

É pela vontade que nos distanciamos das coisas corriqueiras e nos pomos em consonância com o pensamento divino.

Em sua ação, a vontade pode ser comparada a um ímã. A vontade de estudar, de aprender, de evoluir atrai para nós novos recursos vitais, que não surgiriam se não nos esforçássemos para obtê-los. O princípio de evolução não está na matéria; está na vontade, cuja ação se estende à ordem invisível das coisas, como à ordem visível e material.

O próprio fato de olhar de frente aquilo que chamamos de mal, perigo, dor, a resolução de afrontá-los, de vencê-los, diminui-lhes a importância e o efeito.

O método do mind-cure resume-se na seguinte fórmula: “O pessimismo enfraquece; o otimismo fortalece”.

Uma sociedade é um agrupamento de vontades que, quando unidas, voltadas para um mesmo objetivo, constituem um centro de forças irresistíveis. As humanidades são focos ainda mais poderosos, que vibram na imensidão.

Pela educação e pelo treinamento da vontade, certos povos chegam a resultados que parecem milagres.

O homem consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente que suas forças crescem proporcionalmente a seus esforços. “A fé transporta montanhas”.

Sou uma consciência e uma vontade livres; construí-me a mim mesmo, inconscientemente, através dos tempos; edifiquei lentamente minha individualidade e minha liberdade e, agora, conheço a grandeza e a força que estão em mim.

Michelangelo havia adotado, como regra de conduta, os preceitos seguintes: “Entra em ti mesmo e faze o que faz o escultor com a obra que quer tornar bela; suprime tudo o que é supérfluo, torna nítido o que é obscuro, leva a luz a toda parte e não para de burilar tua própria estátua”. (Capítulo 20 — "A Vontade" [3.ª Parte, "As Potencias da Alma"].


Norberto R. Keppe, da Trilogia Analítica, diz que realizar a própria vontade é aceitar o Mal. Afirma, ainda, que a vontade do homem está invertida por causa da inveja. De acordo com Kant, o homem quer ser livre para fazer o Mal. 

A Trilogia Analítica é o desenvolvimento da Psicanálise Integral, criada por Norberto R. Keppe, psicanalista, filósofo, cientista social e físico (amador) que unificou a ciência à filosofia e à teologia. Keppe denominou seu método de Trilogia pois ela é o resultado do estudo: No ser humano: Sentimento (amor), Pensamento (razão) e Ação (consciência) Na sociedade: Teologia, Filosofia e Ciência; Em Deus: Trindade Divina – Pai ( Bondade), Filho (Verdade) e Espírito Santo (Beleza). E Analítica pois é uma ciência experimental e realiza um trabalho científico analítico.

Pensamentos

"Nada temos nosso senão a nossa vontade, tudo o mais não é nosso. A doença leva a saúde, e a vida; as riquezas nos são arrancadas pela violência; os talentos do espírito dependem da disposição do corpo. A única coisa que é verdadeiramente nossa, é a nossa vontade." (Fenelon)

"Faça o que puder e a tarefa lhe será leve na mãos. Tão leve, que você poderá superar os testes mais difíceis que o podem estar aguardando." (Dag Hammarsljold)

"O valor de um homem mede-se pelo seu querer, não pelo seu saber." (Herbart)

"Aqueles que alimentam muitos desejos são, geralmente, dotados de pouca força de vontade. Aqueles que tem força de vontade não são dispersivos. Para concentrar esforços numa determinada coisa torna-se necessário renunciar a muitas outras." (Johann Lavater) 

"Quanto mais fraco for o corpo, mais ele comandará; quanto mais forte for o corpo, mais ele obedecerá."  (J. J Rousseau) 

"Nenhum escritor profissional pode dar-se ao luxo de escrever só quando tem vontade. Se esperar até estar disposto, até estar inspirado, esperará indefinidadmente. O escritor profissional cria a disposição. Também tem sua inspiração, mas controla-a e domina-a, estabelecendo horas regulares de trabalho." (Somerset Maugham)


Dicionário

Vontade. Do latim "voluntas", de volo, velle" = querer, consentir. É a faculdade de perseguir o bem conhecido pela razão. A vontade pode ser fortalecida no indivíduo através da educação esclarecedora e, principalmente, através do combate ao capricho e à obediência passiva, bem como pela formação do hábito de propor a si mesmo tarefas difíceis e de trabalhar até conseguir alcançar o objetivo. (1)

Vontade. Para os platônicos é a faculdade que tende apenas para o verdadeiro bem. Esta definição não considera a noção psicológica, mas apenas a moral. 

Figura Ilustrativa (2)

Vontade. Para os platônicos é a faculdade que tende apenas para o verdadeiro bem. Esta definição não considera a moção psicológica, mas apenas a moral. Também ao definir-se a vontade como a faculdade que tende para os objetos materiais, pois ela ora escolhe uns, ora escolhe outros, não se inclui aquela moção. Ela tende para a apreensão, pelo intelecto, dos bens que são apresentados através da cognição subjetiva. É assim um grau mais perfeito do intelecto, pois sendo mais perfeito o seu objeto, é aquela, portanto, mais perfeita. O intelecto tem como objeto o ser enquanto tal, mas a vontade tende para o objeto enquanto apetecível. É mediante o intelecto que a vontade se manifesta. O que é recebido o é segundo o modo do recipiente (quidquid recipitur, per modum, recipientes recipitur).  Ora o intelecto recebe o espiritual, portanto é mais perfeito.

A vontade afetiva é também supra-sensível, como na intuição páthica (simpatética), na estética, na mística, na simbólica, etc. O ato voluntário é o ato que é eficientemente produzido pela vontade (ato elícito da vontade). Pode-se definir o ato voluntário como o que procede de um princípio intrínseco, com cognição do fim. Não surge de um princípio extra agentis, mas no próprio agente (in ipso agente).  A cognição do fim indica a direção que toma se a cognição é perfeita, isto é, quando o fim, enquanto tal, é apreendido formalmente temos o ato voluntário perfeito. Se o fim é apenas materialmente atingido, temos o ato voluntário. Este é o apetite sensitivo. A beatitude é o fim a que tende o homem. É a felicidade perfeita, a posse perpétua da felicidade sem mescla de qualquer mal, portanto sem qualquer carência, nem deficiência.

Chama-se de necessário o que é e não pode deixar de ser (nec esse).  A necessidade pode ser extrínseca, quando é posta por um agente externo, ou por um fim, ou finalmente intrínseca, quando provém da própria natureza. Quando ela provém de agente externo, temos a coação, que tem como princípio um agente externo, que contraria a inclinação ilícita, que a ela se opõe, segundo graus. A coação opõe-se ao ato voluntário, e chama-se violência quando se opõe ao ato natural. A vontade é assim uma necessidade natural, provinda de um princípio intrínseco. Costuma-se confundir vontade com volição, com querer, com conato, com desejo. Embora muitas vezes usadas e confundidas essas duas palavras, querer e desejar exigem que se dê nitidez às suas verdadeiras acepções na psicologia. Desejar consiste numa representação mais ou menos vaga de que nos seria um bem, a realização ou a obtenção do que é objeto de nosso pensamento. Querer é esse desejar, mas acrescentado da possibilidade de realizar-se o desejo. Desejamos até o impossível, mas queremos o que julgamos possível. No querer existe uma deliberação, um sopesamento, um balancear de valores. O desejo torna-se querer, quando há essa deliberação, esse balanceamento. Então, para bem compreendermos o querer, para compreendermos o ato voluntário, o ato volitivo, necessitamos analisar bem essa deliberação. Não há um querer sem uma ideia do que é querido, isto é, sem um motivo, uma representação intelectual. Mas basta só isso para orientar o querer? Não; é preciso que alguma coisa nos mova para o que é querido; é mister, portanto, um móvel, que tanto pode ser a atração de um prazer ou o medo de um desprazer ou sofrimento. Mas até aí não está formada ainda a deliberação, porque é necessário o exame desses motivos e desse móveis, se convêm ou não, se interessam ou não. Mas ainda não é tudo, porque é preciso decidir-se a realizar o ato de vontade para obter ou afastar o que se deseja ou se repele. Mas a vontade, até chegar a essa decisão não se completa, sem que seja executada, sem que se ponha em ato, sem a execução do ato.

A simples análise de todos esses processos está indica-nos que o ato volitivo não é tão simples, pois nele penetram ações, processos, que não permitem consideremos a vontade como um complexo psicológico mais vasto do que parece, pois na deliberação entram razões pró e contra, razões que por sua vez são complexas por encerrarem valorações, sentimentos, afeições, influências históricas e sociais, enfim elementos que, ademais, se entrechocam, se anulam, se associam, se fortalecem, se destroem, para que a vontade se estabeleça em vias de atualizar-se num ato de vontade.

Há diversas teorias para explicar a vontade. A teoria intelectualista, defendida por Hume, tem inúmeros seguidores. Segundo ela, a vontade não é um aspecto irredutível da vida consciente. É um conjunto de juízos, uma forma da inteligência que era o pensamento escolástico, em parte. Assim há vontade, quando uma ação tem por antecedentes dois juízos conscientes, um dos quais aprova a escolha do fim e o outro proclama possível a sua realização. A outra teoria, a afetiva, afirma que há na vontade de um elemento primordial, anterior ao juízo, um ímpeto anterior, o conato dos escolásticos.

Crítica - Há, na vontade, um impulso anterior ao raciocínio, como também a conjugação dos juízos. Não há consciência acional sem a consciência, sem a interferência da vida psicológica racional, mas também não exclui o mais primitivo e simples, que se manifesta nos instintos, nos impulsos vitais, que se modelam em desejos. (3)

Vontade. O conceito de vontade foi tratado no curso da história da filosofia de quatro pontos de vista: 1) Psicologicamente (ou antropologicamente), falou-se da vontade como de uma certa faculdade humana, como expressão de um certo tipo de atos; 2) moralmente, tratou-se da vontade em relação com os problemas da intenção e com as questões concernentes às condições requeridas para alcançar o Bem; 3) teologicamente, o conceito de vontade foi usado para caracterizar um aspecto fundamental e, segundo alguns autores, o aspecto básico da realidade, ou personalidade, divina; 4) metafisicamente, considerou-se às vezes a vontade como um princípio das realidades e como motor de todas as mudanças.

Das quatro abordagens a que mais predominou foi a psicológica.

Discutiu-se, ao longo do tempo, a distinção entre a vontade e o desejo (ou o mero impulso) e, por outro lado, entre a vontade e a inteligência e a razão.

Platão considerou a vontade como uma espécie de faculdade “intermediaria”. Ela se encontra abaixo da faculdade racional ou da razão, que dirige (ou deve dirigir) o homem (assim como a sociedade), mas acima do apetite sensível, ou mero desejo. Aristóteles insistiu no caráter racional ou, se se preferir, “conforme ao racional”, da vontade. É certo que a vontade tem em comum com o desejo o fato de ser um “motor”, isto é, de “mover a alma”, pois a vontade “apetece”. Contudo, a vontade não move, como o desejo, de qualquer modo. A este aspecto, os estoicos e, a rigor, quase todos os filósofos gregos, seguiram Platão e Aristóteles.

Na Idade Média, São Tomás e Santo Agostinho se pronunciam a respeito da vontade. Não é nova, pois Tomás se valeu de Platão e Santo Agostinho de Aristóteles. Há, assim, o entrelaçamento entre vontade e teologia. Contudo, a nova ideia do homem — assim como a ideia do “homem novo” — que ganha terreno com o cristianismo e que encontra expressão em grande parte da obra de Santo Agostinho, leva não poucos autores a deslocar a importância e a preeminência da vontade, tanto no homem como em Deus, e a fomentar deste modo o chamado “voluntarismo”, geralmente contra o chamado “intelectualismo”. (4)

(1) ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.

(2) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

(3)  SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.

(4) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.