Suicídio

Perguntas e Respostas

1) O que é o suicídio?

De um modo geral, define-se suicídio como a ação pela qual alguém põe intencionalmente termo à própria vida. É um ato exclusivamente humano e está presente em todas as culturas.

2) O suicídio é apenas dos nossos dias?

Não. Há, na história da humanidade, diversos relatos de suicídio: as Escrituras Sagradas registram o suicídio de Abimileque, de Saúl, de Aquitofel e de Zambri; nos povos orientais, o suicídio é um fato vulgar e normal; no Egito, tornou-se célebre o suicídio de Cleópatra. 

3) Quais são as causas do suicídio?

As causas, numerosas e complexas, são analisadas sobre três aspectos: a) fatores biológicos, sugerindo que algumas pessoas nascem com certas desordens psiquiátricas; b) fatores psicológicos, consubstanciados em neuroses, depressões graves, melancolias, delírios etc.; c) fatores sociais, em que pessoas tiram sua vida para evitar conflitos e tensões inter-humanas, para eles insuportáveis. 

4) Como estão distribuídas as taxas de suicídio?

Na Ásia e Oriente a taxa de suicídio é maior do que a dos Estados Unidos, a dos Estados Unidos maior do que a da América do Sul.

5) Qual é a principal iniciativa do CVV?

Sua principal iniciativa é o Programa de Apoio Emocional realizado pelo telefone, chat, e-mail, VoIP, correspondência ou pessoalmente nos postos do CVV em todo o país (veja como acessar o serviço). Trata-se de um serviço gratuito, oferecido por voluntários que se colocam disponíveis à outra pessoa em uma conversa de ajuda e preocupados com os sentimentos dessa pessoa.

6) O que é o suicídio segundo o ponto de vista espírita?

Do ponto de vista da Doutrina Espírita, o suicídio é considerado um crime, e pode ser entendido não somente no ato voluntário que produz a morte instantânea, mas em tudo quanto se faça conscientemente para apressar a extinção das forças vitais. Importa numa transgressão da Lei Divina. É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Criador. (Equipe da FEB, 1997)

7) Quais são os agravantes e os atenuantes do suicídio?

Há que se considerar a influência que receberam dos outros, os seus estados mentais etc. Será que nós, com o nosso modo impensado de agir, não os induzimos involuntariamente? Será que a sociedade, pelo seu descaso, não deixou de auxiliá-los, quando podia fazê-lo? 

8) Qual a grande surpresa dos que cometem o suicídio?

Um dos grandes embaraços de quem comete o suicídio, pensando que teria dado cabo da vida, é a surpresa de que continua vivo.

9) Por que razão o Espírito André Luiz fora chamado de suicida?

O Espírito André Luiz está enquadrado no suicídio inconsciente. Mesmo não tendo cometido voluntariamente o suicídio, dissipou desordenadamente as suas energias físicas e mentais. No campo mental, a cólera, a falta de autodomínio e inadvertência no trato com os semelhantes; no campo físico, o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas.

10) O que você tem a dizer sobre o livro Memórias de um Suicida?

No livro Memórias de um Suicida, fala-se do vale dos suicidas, ou seja, o lugar para onde vão as almas daqueles que cometeram o suicídio. Por que vale? É um lugar que tem um desnível com relação ao plano? Dá-se a impressão que todos os que cometem o suicídio vão para esse lugar de sofrimento atroz, em que figuras dantescas aparecem a todo o momento, e o indivíduo que cometeu o suicídio fica sentindo os germes comerem o seus restos mortais. 

11) Como Allan Kardec trata do problema do suicídio? 

Em O Livro dos Espíritos, nas perguntas 943 a 957, Allan Kardec discute o tema apontando as causas e as consequências deste ato sinistro. Diz-nos que o desgosto pela vida é efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da saciedade. 

Mais questões para reflexão

Quem morre descansa?

Por que um indivíduo apodera-se da direção de um avião e se transforma num homem-bomba? 

Tem o homem o direito de tirar a sua própria vida? (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/suic%C3%ADdio?authuser=0)

 

Texto Curto no Blog 

Suicídio

O suicídio é uma ação intencional em que o ser humano dá cabo da própria vida. Dos atos humanos, é o mais sério, pois para aqueles que o praticam a vida lhes carece de sentido, de fundamento. O tema suicídio comporta vários aspectos: psicológico, filosófico, sociológico e religioso. Vê-lo somente por um desses ângulos tisna o reto juízo.

As causas do suicídio são complexas e numerosas. Na Biologia, pesquisas indicam que fatores genéticos desempenham papel de risco, sendo que a esquizofrenia e o alcoolismo aumentam-no sobremaneira. Na Psicologia, os fatores determinantes estão nas neuroses, nas perturbações mentais, nas depressões graves, nas melancolias, nos delírios. No âmbito da Sociologia, Émile Durkheim afirmou que a causa do suicídio só pode ser sociológica. Para tanto, caracterizou três tipos de suicídios: a) suicídio egoísta, quando a pessoa se mata para não sofrer mais; b) suicídio altruísta, quando a pessoa se mata para não dar trabalho aos outros; c) suicídio anômico, em que o indivíduo se mata devido aos desequilíbrios de ordem econômica e social.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calculou em 1 milhão o número de suicídios para o ano de 2000. De acordo com a organização, a média anual de suicídios no mundo passou de 10,1 (em 1950), para 16 casos (em 1995) a cada 100.000 habitantes, correspondendo a um aumento de 60%. Na Ásia e Oriente a taxa de suicídio por 100.000 habitantes é mais do que 16, na América do Norte situa-se entre 8 e 16, na América do Sul apresenta-se com menos de 8 e na África não há dados disponíveis. Em números absolutos, a China lidera as estatísticas, com 195 mil suicídios no ano de 2000, seguido pela Índia com 87 mil, a Rússia com 52,5 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil e a Alemanha com 12,5 mil.

Dada a gravidade do fato, ou seja, alguém dar cabo da própria vida, há inúmeros órgãos, a maioria não governamentais, que tentam auxiliar em sua prevenção. A maioria baseia-se no trabalho pioneiro do Reverendo britânico Chad Varah, de 89 anos, criador do Samaritanos, atendimento pelo telefone. No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é bastante conhecido. Além deste, há também, o Socorro Emocional , que do mesmo modo que o CVV, segue os preceitos o psicólogo norte-americano Carl Rogers, cuja tese é a de que todo o ser humano tem potencial suficiente para encontrar saídas para o seu próprio problema.

No âmbito da Doutrina Espírita, Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos diz-nos que ele é um crime, porque além de obstruir o livre arbítrio, é uma violação às leis de Deus. Em O Céu e o Inferno, relata as experiências dos Espíritos que cometeram o suicídio. No livro Nosso Lar, o Espírito André Luiz se vê às voltas com o suicídio inconsciente. Baseados nessas instruções, o Espírita deve opor-se à idéia do suicídio, pois a certeza da vida futura lhe dá condições de saber que será menos ou mais feliz de acordo com a resignação com que tiver suportado os sofrimentos na Terra.

Tenhamos paciência frente aos nossos problemas. Quem sabe se esperarmos um pouco mais, a dificuldade não toma outro rumo, a doença não recebe o remédio correto, o desgosto não tem o consolo necessário? Depositemos a nossa confiança inteiramente em Deus. Ele sabe o momento oportuno de nos tirar do embaraço.

Fonte de Consulta

SILVA, B. (coord.) Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1986.

Enciclopédia Encarta.http://encarta.msn.co

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/suicdio-e-espiritismo.html)

 

Em Forma de Palestra

Suicídio

1. Introdução

Quais são as causas que nos levam a tentar o suicídio? Falta de Fé? Orgulho ferido?  Tédio da vida? Vingança? Desespero? Medo do fracasso? Tem o homem o direito de tirar a sua própria vida? Quais as consequências deste ato fatal na vida humana? O que Doutrina nos orienta a respeito deste tema? 

2. Histórico

Desde a Antiguidade, o suicídio sempre foi punido severamente. Plutarco mandava os condenados terem seu cadáver levado nu, em passeata até o cemitério. Em Tebas e Chipre, o morto era privado de honras fúnebres. Em Atenas, no século IV, cortava-se a mão direita daquele que cometera o suicídio.  

Em termos estatísticos, os hebreus foram os que menos cometeram o suicídio. As Escrituras registram apenas o suicídio de Abimileque, de Saúl, de Aquitofel, de Zambri e pouco mais. 

Nos povos orientais, o suicídio é um fato vulgar e normal. Os japoneses adotam o haraquiri, ritual de suicídio usando a espada. São famosos os camicases, pilotos japoneses, membros de um corpo de voluntários que no fim da 2.ª Guerra Mundial, treinados para desfecharem um ataque suicida contra objetivos inimigos, especialmente navios. Na Índia não se contam os suicídios senão aos milhares. 

Na história do Egito, tornou-se célebre o suicídio de Cleópatra. 

Em Cartago eram também frequentes os suicídios. Amílcar matou-se humilhado por uma derrota e Aníbal suicidou-se para não cair nas mãos dos seus inimigos. Códio, rei de Atenas, matou-se para livrar o seu país dos horrores da guerra. 

Na Idade Média, período caracterizado por uma maciça dominação religiosa, o suicídio diminuiu, pois quem o cometesse não recebia as bênçãos da Igreja. Na renascença, período de maior liberdade religiosa, o suicídio recrudesceu e continua até nos dias atuais, principalmente explicados pelos problemas causados pela Revolução Industrial e pelo Capitalismo nascente, os quais diminuíram os apelos à Religião. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira) 

3. Conceito

Suicídio. Do francês suicide, por analogia com homicídio, do latim homicidium, pela formação sui e cidium, de caedere, matar a si mesmo. 

Dado que o suicídio afeta todos os aspectos da vida humana, ele deve ser estudado levando-se em conta os componentes físicos, sociais, mentais etc. e que, em consequência, obedece a uma causação múltipla. A cada um desses componentes corresponde um ângulo de análise, e a cada ângulo, uma definição patológica, sociológica, moral, filosófica etc. Estas não devem ser necessariamente contraditórias, mas complementares. (Silva, 1986) 

De um modo geral, define-se suicídio como a ação pela qual alguém põe intencionalmente termo à própria vida. É um ato exclusivamente humano e está presente em todas as culturas. 

Do ponto de vista da Doutrina Espírita, o suicídio é considerado um crime, e pode ser entendido não somente no ato voluntário que produz a morte instantânea, mas em tudo quanto se faça conscientemente para apressar a extinção das forças vitais. Importa numa transgressão da Lei Divina. É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Criador. (Equipe da FEB, 1997) 

Excetuando-se os suicídios que se verificam por força da embriaguez e da loucura, e os quais se podem chamar de inconscientes, todos os mais têm por causa primeira a incredulidade, se não só a incredulidade, pelo menos a simples dúvida quanto ao futuro espiritual; numa palavra: "as ideias materialistas são os maiores 'incentivadores do suicídio'": elas produzem a "frouxidão moral", escreve o pensador espiritualista Allan Kardec. (Edipe)

O fato do suicídio é estudado por diversas ciências, nomeadamente a psicologia e a sociologia (esta a partir do clássico estudo de E. Durkheim, Le Suicide, 1907) e suas auxiliares, que o procuram descrever o mais exatamente possível, tipificá-lo, descobrir-lhe as causas e fatores etc. Com razão escreveu A. Camus, em Le Mythe de Sisyphe, que "só existe um problema filosoficamente sério, o suicídio". Trata-se de saber "se a vida merece ou não ser vivida". 

Para o homem, viver não é um simples fato; se a vida não se apresenta como valor, se fica sem sentido, deixaria de haver razão de viver: em tal circunstância — a verificar-se — a única decisão coerente, para o "ser de sentido" que o homem é, seria a de deixar de viver, pondo termo à vida. Pode a vida ser considerada totalmente carente de sentido? As considerações dos filósofos se concentram em três tópicos. Primeiro, mal que o suicida causa a si mesmo. O fato de grande número dos que foram impedidos ou falharem na sua tentativa de suicídio não se revoltarem ou lamentarem por isso, leva-nos crer que a vida deve conservar algum sentido. A questão de fundo que o suicídio levanta fica por responder. 

Segundo, insistem outros nos males e prejuízos de múltipla ordem que o suicida causa a terceiros e à sociedade. A verificar-se a hipótese de que a supressão da vida de alguém faz falta e prejudica a terceiros, isso significa que tal vida tem valor e sentido — pelo menos para esses a quem a supressão afeta. Bastará esse fato para que o próprio pretendente ao suicídio, por alegada falta de sentido da própria vida, esteja moralmente obrigado a conservá-la? 

Esta leva ao terceiro tipo de argumentação usualmente apresentada contra a licitude do suicídio — o suicida viola o senhorio, supremo e exclusivo, que Deus sobre ela tem. 

A argumentação comum aos pensadores crentes, particularmente cristãos, mas não só, encontramo-la já formuladas por Sócrates (Fédon, 62b). Suposta a existência do Criador e seu consequente supremo "senhorio", este argumento será indiscutível e universalmente válido se se verificar o pressuposto implícito que nele está incluído, a saber: o senhorio divino sobre a vida humana é absolutamente exclusivo de Deus, pelo que sempre e em todos os casos em que alguém decide pôr termo à vida viola esse senhorio. Ora mesmo entre autores cristãos, sobretudo recentes, não faltam alguns que pensam não haver razões apodíticas que fundamentem este pressuposto; o que o leva a admitir como não destituída de probabilidade a opinião segundo a qual certas ações auto mortais (a autoquiria dos antigos) praticadas em favor de terceiros — p. ex., para salvar vidas alheias, ameaçadas pela extorsão de informações que o próprio não tem possibilidade de impedir — constituíram sacrifícios de vida plenamente justificados, nas quais se verifica a palavra evangélica: "ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por quem ama". Tendo em conta a conotação pejorativa que geralmente anda ligada à palavra suicídio, propõem estes autores que assim não se chamem as tais ações auto mortais, mas antes "sacrifícios da vida". E julguem que neles não se viola o supremo senhorio de Deus — supremo, mas não absolutamente exclusivo —, porque, atuando "segundo a razão", as pessoas em causa estariam a agir "segundo Deus", de acordo com sua vontade (e portanto com "sentido") uma vez que atuavam graças à autonomia subordinada própria do sujeito racional, "senhor" de si sem deixar de ter Deus por Senhor. 

A principal dificuldade em admitir a posição exposta reside talvez no fato de a vida temporal ser condição do relacionamento livre do homem com Deus, da recepção e resposta aos apelos que Ele lhe dirige (e que dão sentido à vida), condição que o suicida elimina. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia)

4. Causas do Suicídio

As causas do suicídio são muitas e variadas.

4.1. Perspectiva biológica

Pesquisas indicam que o comportamento suicida acontece em famílias, sugerindo que fatores biológicos e genéticos desempenham papel de risco. Algumas pessoas nascem com certas desordens psiquiátricas tal como a esquizofrenia e o alcoolismo, o que aumenta o risco de suicídio.

4.2. Teorias psicológicas

Em princípio o suicídio é comparado por muitos psicológicos com os casos de neurose. Os determinantes do suicídio patológico estão nas perturbações mentais, depressões graves, melancolias, desequilíbrios emocionais, obsessões, delírios crônicos.

O psiquiatra americano Karl Menninger elaborou sua teoria baseando-se nas ideias de Freud. Ele sugeriu que todos os suicidas tem três dimensões inconscientes e interrelacionadas: vingança/ódio (desejo de matar); depressão/desespero (desejo de morrer); culpa/pecado(desejo de ser morto). 

4.3. Sentido sociológico

Socialmente o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas (desorganizadas) em que os indivíduos se veem forçados a tirar a própria vida para evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis. Para Émile Durkheim, a causa do suicídio só pode ser sociológica. Em seu estudo caracterizou três tipos de suicidas:

a) suicida egoísta. A pessoa se mata para não sofrer mais;

b) suicida altruísta. A pessoa se mata para não dar trabalho aos outros (geralmente pessoas de idade);

c) suicida anômico. A pessoa se mata por causa dos desequilíbrios de ordem econômica e social. Exemplo: a Revolução Industrial, tirando empregos de algumas pessoas, estimulou-lhes o suicídio. (Enciclopédia Encarta) 

4.4. Mais detalhes

Dr. Roosevelt Cassorla menciona em seu livro “O que é suicídio” que a maioria dos suicídios são por motivos de vingança e para causar remorso e sofrimento em que fica.

Depressão e melancolia induzem maioria dos suicídios.

Uma anedota nos mostra uma pessoa que se jogou num rio querendo matar-se. Enquanto se debate na água, recusa cordas e boias que as pessoas lhe jogam da margem. Finalmente, um policial a ameaça com um revolver: “ou você sai daí ou te dou um tiro”. O suicida em potencial, que quer matar-se, não quer ser morto, e sai da água... 

5. Estatística

5.1. Evolução dos suicídios

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou em 1 milhão o número de suicídios em 2000. De acordo com a organização, a média anual de suicídios no mundo passou de 10,1 a cada 100.000 habitantes, em 1950, para 16 casos no mesmo universo de pessoas em 1995, o que corresponde a um aumento de 60%. 

Países do Leste Europeu são os recordistas em média de suicídio por 100.000 habitantes. A Lituânia (41,9), Estônia (40,1), Rússia (37,6), Letônia (33,9) e Hungria (32,9). Guatemala, Filipinas e Albânia estão no lado oposto, com a menor taxa, variando entre 0,5 e 2. Os demais estão na faixa de 10 a 16. 

Em números absolutos, porém, a China lidera as estatísticas. Foram 195 mil suicídios no ano de 2000, seguido pela Índia com 87 mil, a Rússia com 52,5 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil e a Alemanha com 12,5 mil. (Folha de São Paulo, 05/07/2000, p. a11).

Resumindo: na Ásia e Oriente a taxa de suicídio por 100.000 habitantes é mais do que 16, na América do Norte situa-se entre 8 e 16, na América do Sul apresenta-se com menos de 8 e na África não há dados disponíveis. 

Gertner calcula que por cada suicídio completado há 10 tentativas. Os homens tendem a se suicidar de modo violento; as mulheres de modo suave e em menor proporção.

5.2. Dados recentes

OMS: suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo.

Segundo dados de 2012 da agência da ONU, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, sendo a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Setenta e cinco por cento dos suicídios ocorrem em países de baixa e média renda.

“Para cada suicídio, há muito mais pessoas que tentam a cada ano. A tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral”, disse a organização.

A ingestão de pesticida, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns de suicídio em nível global.

Observação: há que se tomar cuidado na comparação estatística entre nações, porque nem todos têm o mesmo conceito do que seja morrer por suicídio. 

6. Centros de Prevenção

O Reverendo Chad Varah, de 89 anos, é o criador do serviço de prevenção ao suicídio. Samaritanos é o nome britânico da ONG cuja similar brasileira funciona desde o início dos anos 60 como CVV, Centro de Valorização da Vida. 

Pastor anglicano, Chad Varah começou seu trabalho em 1936, quando foi chamado para oficiar o funeral de uma menina de 14 anos. A garota havia se suicidado ao ficar menstruada pela primeira vez. Desesperada, pensou que havia contraído uma doença. Esse episódio chocou de tal maneira o jovem reverendo que ele resolveu dar aulas de educação sexual para jovens. Descobriu depois, numa notícia de jornal, que três pessoas se suicidavam a cada dia em Londres. Foi assim que, em 1953, numa pequena sala munida de telefone na Igreja de St. Stephen, no centro londrino, ele fundou os Samaritanos. (Folha de São Paulo, 24/06/2001, p. A 19) 

O CVV (Centro de Valorização da Vida) é um serviço telefônico grátis que atende 24 horas do dia. Recebem 4000 ligações por mês só na cidade de São Paulo. O CVV possui alguns lemas como “somente aquele que sabe ouvir poderá ajudar” ou, o mais conhecido, “é mais fácil viver quando se tem um amigo”. Todo o corpo de plantonistas é composto por pessoas voluntárias. Um dos métodos de atuação do CVV é tentar entender a pessoa, sem minimizar o seu problema. Outro conselho do CVV é que seja permitido o desabafo, deixar a pessoa chorar, se extravasar. 

Sede Sapientae - é um centro multidisciplinar sem fins lucrativos, reconhecido como um grande pólo do estudo de saúde mental, educação e filosofia. Oferece terapia a preços de acordo com a renda do paciente. Situa-se na rua Ministro de Godói, 1484 - Perdizes - São Paulo - fone: (11) - 3866-2730. 

Clínica de Psicoterapia da PUC-SP (Pontifícia da Universidade Católica – São Paulo) - também oferece terapia de acordo com a renda do paciente. Situa-se na rua Almirante Pereira Guimarães, 150, Pacaembu, São Paulo - fone: (11) – 3862-6070. 

7. Doutrina Espírita

7.1. Anotações Extraídas das Obras de Allan Kardec

Em O Livro dos Espíritos, nas perguntas 943 a 957, Allan Kardec discute o tema apontando as causas e as consequências deste ato sinistro. Diz-nos que o desgosto pela vida é efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da saciedade. Para aqueles que exercem as suas faculdades com um fim útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido a vida se escoa mais rapidamente. Os Espíritos nos advertem que quando cometemos o suicídio responderemos como por um criminoso. Acrescenta ainda que "aquele que tira a própria vida para fugir à vergonha de uma ação má, prova que tem mais em conta a estima dos homens que a de Deus, porque vai entrar na vida espiritual carregado de suas iniquidades, tendo-se privado dos meios de repará-las durante a vida. Deus é muitas vezes menos inexorável que os homens: perdoa o arrependimento sincero e leva em conta o nosso esforço de reparação; mas o suicídio nada repara". 

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo V - Bem-Aventurados os Aflitos, analisa o suicídio juntamente com a loucura, e nos diz que "a calma e a resignação, hauridas na maneira de encarar a vida terrestre, e na fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio". A leitura atenta deste capítulo do Evangelho seria um preservativo para todos os males da humanidade, pois não só nos explica os meios de nos livrarmos da pena como também nos alerta para o bem e o mal sofrer, sobre a melancolia etc. 

Em O Céu e o Inferno, no capítulo V, há relatos dos próprios suicidas sobre o seu estado infeliz na erraticidade. Verificando cada um deles, vamos observar que, embora o sofrimento seja temporário, nem por isso deixa de ser difícil, pois o remorso parece não ter fim. 

Na Revista Espírita, podemos encontrar mais informações valiosas. Eis algumas delas: “Carta Deixada por um Suicida” (R.E. de 1861, p. 128); “Sensações de Suicida após a Morte” (R.E. 1862,  p. 141); “Comunicação do Espírito de Mary, Viúva” (R.E. 1862, p. 150); “Comunicação do Espírito de Lamennais sobre a Viúva” (R.E. 1862, p. 150); “Exame de um Traço Característico dos suicidas” (R.E. 1862, p. 197); “Espírito de Suicida Relata as Torturas que Sofre” (R.E. de 1863, p. 84); “Esclarecimentos de São Luís sobre a Situação de Suicidas” (R.E. 1861, p. 130)

Tópicos esparsos nas diversas revistas: “O conhecimento do Espiritismo premune contra o suicídio”, “O duelo é um suicídio”, “Um suicídio falsamente atribuído ao Espiritismo”, “Um suicídio causado por evidente obsessão”, “Um suicídio impedido pelo Espiritismo”, “O suicídio dos animais prova que têm consciência de sua individualidade” e “Um suicídio por amor”. 

7.2. Anotações Extraídas das Obras Complementares 

No livro Memórias de um Suicida, fala-se do vale dos suicidas, ou seja, o lugar para onde vão as almas daqueles que cometeram o suicídio. Por que vale? É um lugar que tem um desnível com relação ao plano? Dá-se a impressão que todos os que cometem o suicídio vão para esse lugar de sofrimento atroz, em que figuras dantescas aparecem a todo o momento, e o indivíduo que cometeu o suicídio fica sentindo os germes comerem o seus restos mortais.

Em Mecanismos da Mediunidade, o Espírito André Luiz, ao discutir sobre a ideoplastia do pensamento, fornece-nos elementos para a nossa reflexão sobre este tema. Se muitos ficam pensando no suicídio, eles criam um campo mental, uma espécie de aura de formas- pensamentos, e se um Espírito menos avisado entrar nessa faixa vibratória, ele poderá ser induzida ao cometer este ato. Por isso, precisamos tomar cuidado com o teor energético do nosso pensamento, pois uma vez emitido ele criará as forças desencadeantes para a ação. 

8. Reflexões Baseadas nos Pressupostos Espíritas

8.1. Continuar Vivo

Um dos grandes embaraços de quem comete o suicídio, pensando que teria dado cabo da vida, é a surpresa de que continua vivo. Nesse sentido, de que vale tirar-nos a vida, se continuamos a existir? 

8.2. Atenuantes e Agravantes

Não temos o hábito de relacionar a parte e o todo e podemos cair no erro da absolutização do relativo. É o caso de estigmatizar todos os Espíritos que cometeram suicídio, colocando-os num mesmo grau de sofrimento e punição. Há que se considerar a influência que receberam dos outros, os seus estados mentais etc. Será que nós, com o nosso modo impensado de agir, não os induzimos involuntariamente? Será que a sociedade, pelo seu descaso, não deixou de auxiliá-los, quando podia fazê-lo? 

8.3. O Espírita tem de opor-se à ideia do suicídio

A certeza da vida futura lhe dá condições de saber que será menos ou mais feliz de acordo com a resignação com que tiver suportado os sofrimentos aqui na Terra. 

8.4. Suicídio inconsciente

O relato do Espírito André Luiz, quando estava no umbral - e ouvia chamá-lo de suicida -, é marcante, pois mesmo não o tendo cometido voluntariamente, dissipou desordenadamente as suas energias físicas e mentais. No campo mental, a cólera, a falta de autodomínio e inadvertência no trato com os semelhantes; no campo físico, o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas. 

8.5. Orar e vigiar

 Nunca se deve dar tanta atenção a este dispositivo da mente. Há muitos momentos de angústia, de solidão, mas temos que passar por cima como um trator que vai moendo tudo o que lhe vem de encontro. Utilizando-nos da prece e da vigilância, podemos aliviar muitos desses males do pensamento. 

9. Conclusão

Enfrentemos a nossa vida, pois não podemos ter outra. Lembremo-nos de que o problema pode não ser tão grave quanto a nossa imaginação o pinta. Quem sabe se esperarmos um pouco mais, exercitando a paciência e a resignação, a dificuldade não toma outro rumo, a doença não recebe o remédio correto, o desgosto não tem o consolo necessário? Depositemos a nossa confiança inteiramente em Deus. Ele sabe o momento oportuno de nos tirar do embaraço.

10. Bibliografia Consultada

EDIPE - ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 3. ed. São Paulo: Iracema, 1987.

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.] 

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d.p. 

KARDEC, A. O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo. 22 ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975. 

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE 1984. 

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995. 

SILVA, B. (coord.) Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1986.

XAVIER, F. C. Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito André Luiz. 8. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977. 


 

Irmão X

Depoimento

O Espírito Irmão X (Humberto de Campos), no capítulo 2 (“Depoimento”), do livro Estante da Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, faz onze perguntas a uma jovem senhora que, há precisamente catorze anos, cometeu o suicídio, ingerindo formicida.

Pelo teor de suas respostas, constatamos a lucidez de seu pensamento, embora sob o peso de remorsos incomensuráveis. Não nos fala do “Vale dos Suicidas” ou de regiões tenebrosas, criadas para os que estão nesta situação.

Esta entrevista confirma-nos que cada caso é um caso, sendo prejudicial ao nosso raciocínio colocá-los num saco comum. A Codificação Espírita alerta-nos que há, nesses casos, os agravantes e os atenuantes. Por isso, a ponderação doutrinária deve vir em primeiro lugar antes de expressarmos as nossas emoções com relação ao assunto.

Desapontamento de um Suicida

O Espírito Humberto de Campos (Irmão X), no capítulo 9 (“Desapontamento de um Suicida”), do livro Reportagens de Além-Túmulo, psicografado por Francisco Cândido Xavier, descreve o caso de Tomasino Pereira.

Tomasino Pereira, apesar de ter recebido orientações espíritas, deu cabo à própria vida. Depois de 30 anos no mundo espiritual, recebe a visita de Rogério, tendo por acompanhante Humberto de Campos.

Rogério, em suas conversações com o suicida, foi duro nas palavras e nas advertências.

No final Rogério diz: “Imensa é a trajetória dos Espíritos sofredores. Mas, no auxílio efetivo, é indispensável considerar que cada doente reclama o seu remédio. A maioria dos suicidas requisita a dureza e a ironia para que possa entender a verdade”. 


Causa da Cegueira de Camilo Castelo Branco

Tese: Curso de preparação para reencarnar com segurança – impedir que o suicida cometa o mesmo erro. 

Em Memórias de um Suicida, obra mediúnica de Yvonne A. Pereira, podemos observar a trajetória (desde o ato até a próxima encarnação) dos Espíritos que cometeram suicídio. O livro trata em especial de Camilo Castelo Branco, mas há, também, referência a outros Espíritos. Na leitura deste exemplar, notamos o empenho dos mentores espirituais para recuperar o suicida  e dar-lhe condições de ter novamente uma vida sadia. 

Os cuidados dos mentores espirituais são um hino à disciplina. Inicialmente, as visitas dos terráqueos são proibidas aos réprobos. Depois, estes são orientados no refazimento do erro, ou seja, de terem tirado a própria vida. Há a Legião dos Servos de Maria, caravanas de Espíritos que estendiam a fraternidade ao extremo, auxiliando sobremaneira cada um desses Espíritos. Conforme o progresso alcançado, havia o convite para frequentar os cursos de Filosofia, Moral e, principalmente, do Evangelho de Jesus Cristo. 

Há muitas citações evangélicas. Entre elas, anotamos: "Deixai vir a mim as criancinhas, que delas é o reino dos Céus"; "Honrai vosso pai e vossa mãe"; "Vinde a mim, vós que sofreis e vos achais sobrecarregados, e eu vos aliviareis"; "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo"; "A cada um segundo as suas obras"; "Vinde a mim, benditos de Meu Pai, passai à minha direita".

No capítulo V da terceira parte, há explicações sobre a causa da cegueira de Camilo Castelo Branco. No século XVII, desejava casar-se com Maria Magda. Esta prefere desposar Jacinto de Ornelas y Ruiz. Mesmo ingressando na Companhia de Jesus, esta paixão não lhe saiu da cabeça. Depois de algum tempo, encontra o casal e toma conhecimento que ele é "reformista". Com esse pretexto, prende-o, tortura-o e deixa-o cego. Como a Lei divina cobra os efeitos da ação, veio sofrer de cegueira, quando da sua última encarnação, que o levou ao suicídio. 

O duro ensinamento: "O suicida é um Espírito criminoso, falido nos compromissos que tinha para com as Leis sábias, justas e imutáveis estabelecidas pelo Criador, e que se vê obrigado a repetir a experiência na Terra".  

 

Índice da Revista Espírita

Suicídio

Carta deixada por um suicida – página 128 (1861)

Palestra com Espírito de jovem suicida – página 140 (1862)

Sensações de suicida após a morte – página 141 (1862)

Punição de suicida possuidor de grandes faculdades – página 142 (1862)

Comunicação do Espírito de Mary, viúva – página 150 (1862)

Comunicação do Espírito de Lamennais sobre a viúva – página 150 (1862)

Palestra com Espírito de suicida. Por amor de Deus – página 210 (1862)

Exame de um traço característico dos suicidas – página 197 (1962)

O Espiritismo mostra o terrível sofrimento dos suicidas – página 200, 212 (1862)

A questão da covardia ou coragem no suicídio – página  198 (1862)

Espírito de suicida relata as torturas que sofre – página 84 (1863)

Confissões do Espírito de um escritor suicida – página 21 (1867)

Notícia sobre o suicídio da rua Quincampoix – página 257 (1860)

O suicida da samaritana – página 172 (1858)

Suicídio por superstição: uma viúva de Malabar – página 360 (1858)

Palestra com Espíritos suicidas – página 59, 128 (1861)

Esclarecimentos de São Luís sobre a situação de suicidas – página 130 (1861)

O conhecimento do Espiritismo premune contra o suicídio – página 59 (1861)

Um suicídio motivado pela morte de um ente querido – página 195 (1861)

O duelo é um suicídio ou assassinato premeditado – página 343 (1862)

Um suicídio falsamente atribuído ao Espiritismo – página 118 (1863)

Um suicídio causado por evidente obsessão – página 27 (1864)

Um suicídio impedido pelo Espiritismo – página 345 (1864)

Responsabilidade no suicídio de uma jovem esposa – página 41 (1864)

O suicídio de um ateu – página 58 (1861)

O suicídio dos animais prova que têm consciência de sua individualidade – página 51 (1867)

Um suicídio por amor – página 270 (1858)

Esclarecimentos do Espírito São Luiz sobre os suicídios – página 270, 314 (1858)

Dois suicídios falsamente atribuídos ao Espiritismo – página 284, 344 (1864)

(São Paulo, julho de 2017)