Espiritualismo e Espiritismo

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por espiritualismo? 

Filosoficamente, distinguem-se dois elementos: o espírito e a matéria. Na religião, crença de que os mortos, através dos médiuns, podem se manifestar aos vivos.

2) O que é o Espiritismo?

É uma doutrina que se funda na crença da existência de Espíritos e nas suas manifestações.

3) Quando surgiu a primeira posição espiritualista?

Na Teoria das Ideias de Platão, em que os objetos físicos seriam cópias das ideias incorpóreas. 

4) Qual a contribuição de René Descartes?

O seu dualismo, ou seja, o res cogitans e o res extensa abriu espaço para as posições tanto dos espiritualistas quanto dos materialistas. 

5) Quando teve início o espiritualismo moderno? 

Espiritualismo como um movimento religioso moderno teve seu começo no século XIX, precisamente em 31 de março de 1848, quando as irmãs Fox ouvindo certos sons ou pancadas na sua casa em Hydesville, N. Y., procuraram interpretá-los em termos de comunicação com os mortos.

6) Como Arthur Conan Doyle descreve este episódio?

No livro A História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle relata que as meninas cansadas de ouvir barulhos, resolveram responder com pancadas na parede. Em seguida, há vários diálogos até se descobrir que tempos atrás houve um assassinato naquela casa. 

7) Quais são os tipos de fenômenos do espiritualismo moderno?

Telepatia, clariaudiência, levitação, materialização e transporte, entre outros. 

8) O que se entende por doutrina espiritualista?

Por Doutrina Espiritualista entende-se toda a doutrina que em seus pressupostos adota a imortalidade da alma. Assim, poder-se-ia arrolar a Teosofia, o Esoterismo, a Escola Rosacruciana, a Umbanda, o Catolicismo etc.

9) No que o Espiritismo se diferencia das doutrinas espiritualistas?

Por seus princípios diretores. O fenômeno é o mesmo. O que vale é o tratamento dado. Allan Kardec fazia-o sob o guante da ciência. De acordo com J. H. pires, o Espiritismo é o delta é o ponto de chegada, mas esse ponto de chegada não é um ecletismo um somar de tudo. É um universalismo próprio com seus pontos de apoio da razão.

10) Todo espírita é espiritualista, mas nem todo espiritualista. Comente.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AMORIM, D. O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas. 4. ed., Rio de Janeiro, Léon Denis, 1989.

DOYLE, A. C. História do Espiritismo. São Paulo, Pensamento, s.d.p. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/espiritualismo-e-espiritismo?authuser=0)

 

Texto Curto no Blog

Espírita e Espiritualista

"TODO ESPÍRITA É ESPIRITUALISTA, MAS NEM TODO ESPIRITUALISTA É ESPÍRITA" 

Muitos espíritas, por estarem constantemente discutindo os princípios doutrinários do Espiritismo, acabam enfatizando o sentido pejorativo da palavra Espiritualismo. Questionados sobre a abrangência de cada termo, respondem que o Espiritismo é mais amplo do que o Espiritualismo. É sobre isso que gostaríamos de lançar alguma luz.

O que significa a palavra Espírita? Espírita é adepto do Espiritismo. E o Espiritismo? O Espiritismo é uma doutrina que se funda na crença de existência de Espíritos e nas suas manifestações. O que é uma doutrina? Doutrina é um conjunto de princípios que serve de base a um sistema filosófico, político, religioso etc. O que entende por princípios? Proposições diretoras de uma ciência, às quais todo o desenvolvimento posterior dessa ciência deve estar submetido. Quais são os princípios fundamentais do Espiritismo? Existência de Deus, reencarnação, lei de causa e efeito, lei de evolução, pluralidade dos mundos habitáveis etc.

O que significa a palavra Espiritualista? Espiritualista é adepto do Espiritualismo. E o Espiritualismo? Para darmos uma resposta convincente, devemos separar o sentido restrito do geral. Genericamente, o Espiritualismo é uma doutrina segundo a qual o espírito ou alma constitui realidade substancial distinta da matéria e do corpo.Especificamente, representa as teorias imanentes de cada crença, religião ou seita, que procuram explicar a relação entre o espírito e a matéria. Quando não atentamos para essas distinções, caímos no erro da absolutização do relativo. Vejamos, a seguir, as diferentes concepções que o Espiritualismo assume.

Para o Moderno Espiritualismo, criado a partir do fenômeno de Hydesville, em 31 de março de 1848, nos Estados Unidos, o Espiritualismo é o estudo dos fenômenos de efeitos inteligentes (comunicação com os mortos), dos fenômenos de efeitos físicos (levitação, materialização, transporte etc.) e dos fenômenos anímicos (telepatia, clarividência, clariaudiência); Para o Esoterismo, o Espiritualismo é oensinamento reservado a número restrito de iniciados; para os Rosacruzes, é a compreensão do Infinito imanifesto, dos sete planos da consciência e dos diversos simbolismos e aforismos. Poderíamos estender esta explicação para o Budismo, oCatolicismo, o Protestantismo, a Umbanda, o Candomblé etc.

O Espiritismo, mesmo sendo uma filosofia espiritualista, distingue-se, pelos seus princípios doutrinários, de todas as correntes espiritualistas acima. Os orientais, por exemplo, creem na reencarnação; o Espiritismo, também. Contudo, o enfoque espírita, baseado na análise científica, difere fundamentalmente da interpretação deles. O Moderno Espiritualismo aceita a comunicação com os mortos, mas não crê na reencarnação. O Católico e o Protestante não aceitam a reencarnação. A Umbanda e o Candomblé tem rituais, altares, pontos cantados; o Espiritismo não os têm.

Na sua generalidade, fazemos parte o Espiritualismo; especificamente, temos um corpo de doutrina, ditada pelos Espíritos superiores, que nos fazem interpretar de maneira distinta os mesmos fatos. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/esprita-e-espiritualista.html)

Espiritualismo e Espiritismo

O espiritualismo, como um movimento moderno religioso, tem o seu começo a partir dos fenômenos das "pancadas" presenciados pelas irmãs Fox, em Hydesville, N. Y., em 1848. O termo cobre fenômenos como percepção extra sensorial, telecinesia, e muitos estados associados com o êxtase religioso (falar em línguas estrangeiras ou balbuciar frases sem sentido). De lá para cá, muitos se interessaram em estudar as relações mediúnicas entre os espíritos desencarnados (mortos) e os médiuns (intermediários deles). Entre tais pessoas incluem-se Helen P. Blavatsky e Henry Sl. Olcott, os fundadores da Teosofia, Wiliam Crookes, Conan Doyle e Oliver Lodge.

O Espiritismo tem relação tanto com a definição filosófica quanto com a do movimento religioso, iniciado a partir de 1848. Do ponto de vista filosófico, o Espiritismo está inserido no Espiritualismo, pois distingue o Espírito da matéria. Contudo, não é o Espiritualismo, por ser este mais amplo. Do ponto de vista do movimento religioso, o Espiritismo, embora aceitando a comunicação com os mortos e todos os fenômenos relatados pelos adeptos do espiritualismo, não pode ser classificado como sinônimo, pois há enormes divergências quanto aos princípios doutrinários.

Na realidade, o Espiritismo tem autonomia própria, e Allan Kardec expressa-a em função de cinco princípios fundamentais: (1) existência de Deus, como inteligência cósmica responsável pela criação e manutenção do universo; (2) existência da alma ou espírito, envolvido pelo perispírito, que conserva a memória mesmo após a morte e assegura a identidade individual de cada pessoa; (3) lei da reencarnação, pela qual todas as criaturas retornam à vida terrena e vão, sucessivamente, evoluindo no plano intelectual e moral, através das provas e expiações dos erros do passado; (4) lei da pluralidade dos mundos, isto é, da existência de vários planos habitados, que oferecem um âmbito universal para a evolução do espírito; (5) lei de causa e efeito, pela qual se interligam as vidas sucessivas do espírito, dando-lhe destino condizente com os atos praticados.

Aprofundar para duvidar, a fim de buscar a verdade dos fatos. Eis o trabalho incessante daquele que é amante do saber.

Fonte de Consulta

Encarta Encyclopedia: http://encarta.msn.com/

Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro/São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1993

The Macmillan Encyclopedia. Aylesbury, Market House, 1990. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/espiritualismo-e-espiritismo.html)

 

Em Forma de Palestra

Espiritualismo e Espiritismo

1. Introdução

O objetivo desta pesquisa é estudar as várias acepções que o espiritualismo assume, comparando-as com os pressupostos espíritas, a fim de que se possa aclarar o real significado, tanto do espiritualismo como do Espiritismo.

2. Conceito 

2.1. Em Filosofia 

Em sentido estrito, e no seu significado ontológico, espiritualismo designa a doutrina segundo a qual existem duas substâncias, radicalmente distintas pelos seus atributos, uma das quais, o espírito, que tem por caracteres essenciais o pensamento e a liberdade; e outra, a matéria, que tem por caracteres essenciais a extensão e a comunicação puramente mecânica do movimento ou da energia. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira) 

Mais evidentemente, o espiritualismo é aplicado à filosofia como a aceitação da noção de infinito, Deus pessoal, imortalidade da alma, ou a imaterialidade do intelecto e da vontade. Menos obviamente, inclui crenças tais como forças cósmicas finitas ou mente universal, com a condição de que elas transcendam os limites da interpretação materialista vulgar. (Britannica)

2.2. Em Religião

Crença de que os mortos manifestam suas presenças às pessoas, usualmente através do clarividente ou médium; também, a doutrina e prática daqueles que acreditam nisso. (Encarta)

Teoria que enfatiza a intervenção direta das forças espirituais ou sobrenaturais em todo o mundo. O termo cobre fenômenos tão díspares como percepção extra-sensorial, telecinesia, e vários estados associados com o êxtase religioso, tal como a xenoglossia (falar em línguas estranhas ou expressar-se de modo ininteligível). Nas sociedades ocidentais, espiritualismo significa comumente a prática da comunicação com os espíritos dos mortos através dos médiuns em sessões espíritas. (Macmillan Encyclopedia).

3. Histórico

3.1. Filosofia

Considera-se que a primeira expressão nítida de posição espiritualista apareceu na filosofia de Platão (428-347 a.C.) que afirmou a existência de um plano de realidades incorpóreas e imutáveis – as idéias – das quais os objetos físicos seriam apenas cópias imperfeitas e transitórias. Essa linha de pensamento ganhará força com o advento do cristianismo: os primeiros teólogos cristãos verão na obra de Platão um apoio filosófico para as teses religiosas da existência e da sobrevivência da alma e para a afirmação de um Deus criador, puro espírito. O platonismo cristianizado terá sua mais plena e duradoura expressão no pensamento de Santo Agostinho (354-430). Na filosofia moderna, o espiritualismo ganha impulso a partir da distinção radical feita por Descartes (1596-1650), entre res cogitans (substância pensante) e res extensa(substância extensa). Esse dualismo substancial, todavia, serviu tanto para inspirar posições espiritualistas (que afirmaram a preeminência da res cogitans), quando para abrir caminho para doutrinas materialistas (que acabaram por reduzir toda a realidade ao mecanismo da res extensa). (Enciclopédia Abril)

Gottfried Wilhelm Leibnitz, um versátil racionalista germânico, postulou um mundo espiritualista da mônada psíquica. Os idealistas F. H. Bradley, Josiah Royce, e William Ernest Hocking viram os indivíduos como mero aspecto da mente universal. Para Giovanni Gentile, criador da filosofia do dualismo na Itália, a pura atividade da consciência é a única realidade. A crença firme num Deus pessoal mantida por Henri Bergson, um intuicionista francês, foi anexada à sua crença na força cósmica espiritual (élan vital). O Personalismo Moderno deu prioridade às pessoas e personalidades em explicar o universo. Os filósofos franceses Louis Lavelle e René La Senne, especificamente conhecidos como espiritualistas, lançaram a publicação Philosophie de L'esprit("Filosofia do Espírito") em 1934 para afirmar que a filosofia moderna deu atenção especial ao espírito. Embora esse jornal não professasse preferência filosófica, deu-lhe especial atenção à personalidade e às formas de intuicionismo. (Britannica)

3.2. Religião

A tentativa de comunicar-se com os Espíritos desencarnados parece ser uma das formas que a religião adota nas sociedades humanas e ser amplamente distribuída no espaço e no tempo. Práticas muito parecidas com as sessões espíritas modernas têm sido noticiado em várias partes do mundo, como por exemplo, Haiti e entre os Índios Norte Americanos, e não há razão para supor que estes sejam de origem recente. O registro de uma sessão de materialização de há muito tempo é atribuído ao Velho Testamento no que diz respeito à visita de Saul ao feiticeiro, ou médium, de Endor, no curso pelos quais a materialização apareceu foi considerada pelo rei como do profeta Samuel (I Sam. 28:7-19). Certos fenômenos mediúnicos foram noticiados nas tentativas feiticeiras da Idade Média, particularmente o aparecimento de espíritos na forma quase-material e a obtenção do conhecimento através dos espíritos. Supõe-se que muitos daqueles perseguidos pela prática da feitiçaria foram os que hoje denominamos médiuns – embora sua mediunidade tivesse sido colorida pelo fato de ser organizada no culto proibido, e os espíritos com os quais a comunicação era estabelecida considerados como demônios. Alguns fenômenos mediúnicos foram também encontrados entre aqueles considerados na Idade Média como possuídos pelos demônios, isto é, falando em línguas desconhecidas do orador e levitação ou levitação parcial.

Espiritualismo como um movimento religioso moderno teve seu começo no século XIX, quando as irmãs Fox ouvindo certos sons ou pancadas na sua casa em Hydesville, N. Y., procuraram interpretá-los em termos de comunicação com os mortos. (Britannica)

4. O Moderno Espiritualismo

4.1. Fenômeno de Hydesville           

De acordo com Arthur Conan Doyle, em seu livro The History of Spiritualism, "os espíritas tomaram oficialmente a data de 31 de março de 1848 como o começo das coisas psíquicas, porque o movimento foi iniciado naquela data". Utiliza-se a palavra espírita, porque se traduziu spiritualism por espiritismo. O correto seria dizer que "os espiritualistas tomaram oficialmente...".

Partindo desse ponto de vista, iremos dirimir todas as dúvidas e confusões a respeito desses dois termos, principalmente aqueles relacionados ao espiritismo americano e ao espiritismo anglo-saxão.

O que foi o episódio de Hydesville? A família Fox (protestante), tendo-se mudado para Hydesville, pequena cidade de NY, começa a ouvir pancadas. Depois de algum tempo, cansados daquele incômodo, a filha mais nova do casal, Kate, desafia o suposto causador do barulho e faz também barulho com os seus dedos, pedindo para que fosse respondida. A partir daí foi estabelecido um código e puderam se comunicar. Através deste diálogo (toques, pancadas) descobriu-se que o barulho era produzido por um espírito, Charles Hosma, que havia sido assassinado naquela casa, e enterrado no porão. Vasculharam o local e nada encontraram. Contudo, anos mais tarde, quando uma das paredes caiu, verificou-se a veracidade do fato. 

Como vemos, este episódio relata um fato mediúnico, um fenômeno mediúnico. Ele não foi importante? Sim, pois a partir dessa data, os vivos começaram a se comunicar com os mortos, que nos dizeres de Conan Doyle, foi uma verdadeira invasão organizada. Contudo, tal fenômeno não caracteriza o Espiritismo como doutrina organizada.

Cabe ressaltar que há uma diferença entre a história do Espiritismo, retratada na Revista Espírita, daquela feita por Arthur Conan Doyle. Kardec estabelece as duplas ligações do Espiritismo com o Cristianismo, de um lado, e com o Druidismo, de outro, e prova que antes das ocorrências espíritas de Hydesville, nos Estados Unidos, com as irmãs Fox, narradas por Arthur Conan Doyle, em História do Espiritismo, já se realizavam sessões espíritas na França.

Para ilustração, citamos os 6 períodos de desenvolvimento da Doutrina Espírita, expostos na Revista Espírita de 1863: 1) curiosidade; 2) filosófico; 3) luta; 4)religioso; 5) intermediário; 6) renovação social. O período de curiosidade caracterizou-se pelos fenômenos das mesas girantes. O período filosófico coincidiu com o lançamento de O Livro dos Espíritos (18/04/1857). O período de luta identificou-se com o auto-de-fé de Barcelona (1860), em que os livros espíritas foram queimados em praça pública. Não houve explicação para o período intermediário. O período de renovação social preconizava a mudança de hábitos e atitudes de toda a humanidade.

4.2 Tipos de Fenômenos

O Espiritualismo moderno enumera, entre outros, os seguintes fenômenos mediúnicos:

"Telepatia" é a comunicação de idéias de um para outro além dos meios físicos. "Clarividência" é o poder de ver através de meios outros além do olho físico.

"Clariaudiência" é o poder de ouvir através de meios outros além do ouvido físico.

"Levitação" é o levantamento de um objeto por outros meios além dos meios físicos.

"Materialização" é o aparecimento do espírito em matéria.

"Transporte" é a produção de objetos sem meios físicos ou a passagem de objetos através de objetos (i.é., parede) os quais não têm abertura.

4.3. Prós e Contras

Como em todo o acontecimento, há sempre os que aprovam e os que desaprovam. A Igreja, por exemplo, foi uma opositora feroz em virtude de suspeitar do movimento e seu clamor da nova revelação que poderia ou suplementar ou repor a revelação cristã. As práticas espiritualistas parecem também a algumas entidades religiosas ser parte de atividades proibidas da necromancia. Um decreto sagrado da Igreja Católica Romana em 1898 condenou as práticas espiritualistas, embora permitindo as investigações científicas legítimas dos fenômenos mediúnicos.

Os defensores do espiritualismo são aqueles que acreditavam na possibilidade de se comunicarem com um ente querido que já se fora. Além do mais, ao entrarem em contato com o mundo espiritual, esperavam também um certo consolo, no sentido de aliviar as suas dores.  

5. Doutrinas Espiritualistas

Por Doutrina Espiritualista entende-se toda a doutrina que em seus pressupostos adota a imortalidade da alma. Assim, poder-se-ia arrolar a Teosofia, o Esoterismo, a Escola Rosacruciana, a Umbanda, o Catolicismo etc.

Se quisermos nos valer de um estudo comparativo, veremos que há pontos de contato com todas elas, mas a visão espírita dá-lhe um colorido especial.

Tomemos a palavra reencarnação

O catolicismo não aceita a tese da reencarnação; há muitos grupos orientais que além de aceitá-la reduzem-na à metempsicose, ou seja, à transmigração da alma em corpo de animal. A doutrina Rosa-cruz tem os seus símbolos, as suas cerimonias, os seus conceitos, a sua maneira, enfim, de explicar o infinito imanifesto, os sete planos da consciência, a alma do mundo, ou seja, uma forma simbólica de explicar a reencarnação, o que não acontece com o Espiritismo. 

6. Visão Espírita

"Sob o ponto de vista fenomenológico ou experimental, o Espiritismo tem relações com o Moderno Espiritualismo ocidental, uma vez que o elemento primordial desse movimento foi o fato mediúnico. Do mesmo modo, o Espiritismo tem vínculos com as correntes espiritualistas do Oriente, sob o ponto de vista filosófico da reencarnação; sob o ponto de vista histórico, entretanto, nem mesmo com as escolas e doutrinas reencarnacionistas a codificação do Espiritismo tem liames diretos. Quando se formou a doutrina com o nome de Espiritismo? No século XIX. As doutrinas orientais, aquelas que têm mais afinidade com o Espiritismo, em virtude da velha crença na reencarnação, já existiam desde milênios". (Amorim, 1989, p. 33)

De acordo com J. H. pires, o Espiritismo é o delta é o ponto de chegada, mas esse ponto de chegada não é um ecletismo um somar de tudo. É um universalismo próprio com seus pontos de apoio da razão.

Assim, no que tange à filosofia, pode-se dizer que todo o espírita é espiritualista, mas nem todo espiritualista é espírita, porque tanto um quanto o outro acredita na existência de Espíritos, mas não quer dizer que os dois acreditam em suas manifestações.

No que tange às doutrinas religiosas do século XIX, convém distinguir bem o termo espiritualismo do espiritismo. Se não o fizermos acabamos confundindo mediunidade com Doutrina Espírita.

7. Conclusão

A discussão Espiritualismo versus Espiritismo desemboca numa conclusão lógica: o Espiritismo tem autonomia própria, e, Allan Kardec, expressa-a através da codificação dos seus princípios fundamentais. Embora a revelação espírita tenha sido de iniciativa dos Espíritos superiores, o trabalho maior coube ao próprio homem – Allan Kardec – que, através do método teórico-experimental, elaborou um corpo de idéias que se basta a si mesmo.

8. Bibliografia Consultada

AMORIM, D. O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas. 4. ed., Rio de Janeiro, Léon Denis, 1989.

DOYLE, A. C. História do Espiritismo. São Paulo, Pensamento, s.d.p.

Encarta Encyclopedia: http://encarta.msn.com

Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro/São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1993.

Encyclopaedia Britannica: http://www.britannica.com/

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

The Macmillan Encyclopedia. Aylesbury, Market House, 1990. 


 Notas do Blog

Cuidados com a Terminologia Espírita

Terminologia é o "conjunto dos termos especializados próprios de uma ciência, de uma técnica, de um autor ou de um grupo social determinado". Nesse caso, há a terminologia médica, a terminologia do esoterismo, a terminologia da informática etc. É também a "disciplina linguística que estuda os conceitos e os termos usados em linguagem de especialidade". Há, assim, a linguagem do dia-a-dia e a linguagem especializada. Claro está que o expositor espírita deverá se preocupar com a linguagem especializada. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2009/06/os-cuidados-com-terminologia-espirita.html)

 

Artigo

O Espiritismo Cristão com suas Provas

Reencarnação (re + encarnação) significa voltar a entrar na carne. A reencarnação é a volta do Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. Pode-se falar também que é a doutrina da pluralidade e da unidade das existências corpóreas, isto é, do nascimento ou renascimento de Espíritos tanto na esfera terrena como na de outros planetas.

Objetivos da reencarnação: 

1) Expiação — Expiar significa remir, resgatar, pagar. A expiação, em sentido restrito consiste em o homem sofrer aquilo que fez os outros sofrerem, abrangendo sofrimentos físicos e morais, seja na vida corporal, seja na vida espiritual.

2) Prova — Em sentido amplo, cada nova existência corporal é uma prova para o Espírito. A prova, às vezes, confunde-se com a expiação, mas nem todo sofrimento é indício de uma determinada falta. Trata-se freqüentemente de simples provas escolhidas pelo espírito para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento. Assim, a expiação serve sempre de prova mas a prova nem sempre é uma expiação.

3) Missão — A missão é uma tarefa a ser cumprida pelo Espírito encarnado. Em sentido particular, cada Espírito desempenha tarefas especiais numa ou noutra encarnação, neste ou naquele mundo. Há, assim, a missão dos pais, dos filhos, dos políticos etc.

4) Cooperação na Obra do Criador — Através do trabalho, os homens colaboram com os demais Espíritos na obra da criação.

5) Ajudar a Desenvolver a Inteligência — a necessidade de progresso impele o Espírito às pesquisas científicas. Com isso a sua inteligência se desenvolve, sua moral se depura. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.

Como o aborto do anencéfalo pode ser visto segundo a Doutrina Espírita? Para o Espiritismo, o acaso não existe. Todo nascimento é uma prova para os pais e para os filhos. Prova essa que ajuda no crescimento espiritual de ambos. Interromper a gravidez porque a lei permite será um inconveniente para o progresso desse ser junto a uma família, mesmo que seja por minutos, horas ou dias.

O Espiritismo nos mostra que o Espírito, ao reencarnar, pode escolher a prova da riqueza ou da pobreza. Muitas vezes esta ou aquela provação é sugerida pelos benfeitores espirituais, em função do que o Espírito fez numa reencarnação passada. Nesse sentido, a pobreza é uma prova em que o Espírito iria se conscientizar do que é a falta do necessário para o provento da vida.

A melancolia faz-nos voltar para dentro de nós mesmos. É uma forma de fazer uma reflexão sobre o nosso nada, a nossa impotência, a nossa fraqueza. Quando nos voltamos para o nosso interior, vemos o quanto somos dependentes uns dos outros, o quanto precisamos do auxílio dos guias espirituais que nos acompanham. Há, porém, no meio dessa sofreguidão, um consolo: o de que o mundo material é apenas uma escola, um meio de passarmos pelas nossas provas e expiações. Nu viemos, nu voltaremos. Eis o grande ensinamento que nos remete à tomada de consciência de nossa pequenez.

Diante de qualquer dificuldade, lembremo-nos das orientações espirituais: "Resisti com energia a essas impressões que enfraquecem vossa vontade. Essas aspirações para uma vida melhor são inatas no espírito de todos os homens, mas não as procureis neste mundo. Lembrai-vos de que tendes a cumprir uma missão, durante vossa prova na Terra, uma missão de que nem suspeitais. Seja em vos devotando à vossa família, seja cumprindo os deveres que Deus vos confiou. E se, no curso dessa prova, e desempenhando a vossa tarefa, vede os cuidados, as inquietações, os desgostos se precipitarem sobre vós, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os francamente; eles são de curta duração".

O codificador do Espiritismo, para efeito didático, dividiu a mediunidade em duas grandes áreas: quanto ao fenômeno e quanto ao aspecto funcional. Subdividiu o fenômeno em efeitos físicos e em efeitos inteligentes; o aspecto funcional, em mediunidade natural e em mediunidade de prova. A percepção clara dessas distinções terminológicas auxiliar-nos-ão a compreender melhor toda a fenomenologia espírita, diferenciando-a de outras doutrinas espiritualistas e dos diversos sincretismos religiosos.

A desigualdade verificada entre as classes sociais, no usufruto dos bens terrenos, perdurará nas épocas do porvir? Para o Espírito Emmanuel, na questão 55 de O Consolador, a pobreza, a guerra e a ignorância são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa, a moléstia coletiva estará eliminada.

Allan Kardec, na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos, ensina-nos que a fatalidade existe no tocante à escolha feita pelo Espírito antes de reencarnar, ou seja, passar por determinadas provas físicas. Ceder ou resistir à prova depende do seu livre-arbítrio.

No mundo espiritual, os Espíritos formam famílias unidas pela afeição, pela simpatia e semelhança de inclinações. De acordo com essas afinidades, os Espíritos se atraem para viverem conjuntamente. Nesse contexto, a encarnação de um de seus membros não corta esse laço familiar. A ruptura é momentânea. Depois de passar pela prova em uma nova reencarnação, ele volta para o seio de sua família espiritual. É como se fosse o retorno de uma viagem. Os que estão desencarnados velam pelos que estão no mundo da matéria.

Numa crise familiar, o princípio da reencarnação assume papel fundamental. Ele convoca os interessados a refletirem sobre um novo campo de observações, impelindo-os à tolerância, sem a qual não conseguirão o entendimento para cumprir a missão pela qual se propuseram a realizar neste planeta de provas e expiações.

Quando menos esperamos, surge uma dificuldade em nossa vida. Perguntamos: como isso pode acontecer comigo? O que eu fiz? É dívida do passado? É prova?  É expiação? Será que Deus se esqueceu de mim? O inesperado ocorre com mais frequência do que o esperado. Se tivéssemos esperado, possivelmente a ocorrência não produziria tanto impacto. O que seria de nossa evolução sem os contratempos? Como exercitaríamos a virtude se não aparecesse o vício? De qualquer maneira, cabe-nos manter o equilíbrio físico e espiritual.

São Paulo, agosto de 2016.