Poder

Perguntas e Respostas

1) Qual a dificuldade que temos para definir o poder?

A definição de poder é polissêmica, pois este termo é ambíguo e, por isso mesmo, difícil de captar numa fórmula ou numa proposição.

2) Como ver o poder em termos de interação?

Em termos interativos, poder é a capacidade de impor, direta ou indiretamente, determinados interesses numa dada situação social. Não é uma propriedade, mas uma relação, um processo. 

3) Como analisá-lo sob o ponto de vista da meta-relação?

Além da imposição, podemos falar de uma relação que está acima de outras relações, ou seja, uma meta-relação. Exemplo: controle social. 

4) Como se explica o caráter ambíguo do poder?

É que o poder passa de uma situação de competição para uma de controle da própria competição.

5) O poder é um direito ou uma função?

Primeiramente é uma função, um dever. Depois, confere aos seus legítimos detentores o direito de governar. 

6) Como se dá a legitimidade do poder?

Nas sociedades mais desenvolvidas, a presunção de legitimidade é conseguida pelo voto. A autoridade investida num cargo só será legítima se não houve o chamado "estelionato eleitoral". 

7) O que é o poder político?

Poder político é a força que o estado detém para controlar o comportamento de uma coletividade humana, a fim de garantir determinadas relações sociais.

8) Poder-se-ia falar de poder politico mundial?

Sim. O bem comum universal põe-nos em contato com problemas que exigem um governo mundial.

9) Como os Espíritos analisam a questão da autoridade?

A “autoridade, da mesma forma que a fortuna, é uma delegação da qual serão pedidas contas àquele que dela se acha investido.Não creiais que lhe seja dada para lhe proporcionar o vão prazer de comandar, nem, assim como o creem falsamente a maioria dos poderosos da Terra, como um direito, uma propriedade”.

10) Segundo o Espiritismo, qual a melhor forma de governo?

Seria a aristocracia intelecto-moral. Aristocracia - do grego aristos (melhor) e cracia (poder) significa poder dos melhores. Poder dos melhores pressupõe que os governantes tenham dado uma direção moral às suas inteligências. 

(Reunião de 26/09/2015) (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/poder?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Poder: Emergência e Predisponência

O poder - do grego kratos - manifestou-se desde a Antiguidade até os nossos dias sob diversas formas: inicialmente a teocracia, em que a divindade dá as leis que regulam a ordem social; segue-se-lhe a aristocracia, ou o governo dos melhores, secundada pela oligarquia, governo de poucos e a monocracia, governo de um; posteriormente, surgem a democracia, governo do povo, a plutocracia, governo dos ricos e a oclocracia, domínio das "vontades" populares. Essas fases cráticas não obedecem a uma exatidão mecânica, pois dependem do grau de intensidade envolvido em cada momento histórico.

Em toda e qualquer sociedade, independentemente de sua estrutura econômica ou social, podemos perceber pelo menos quatro características fundamentais do temperamento humano: 1ª) pessoas com tendência acentuada para o transcendente, para o místico, para o religioso; 2ª) pessoas que revelam um ímpeto empreendedor, amando a ação pela ação; 3ª) pessoas em que predominam os valores utilitários, que tendem a organizar a produção e a riqueza; 4ª) pessoas que acentuadamente obedecem, que prestam serviços.

Em todos os seres humanos há essas tendências, ou emergências que se atualizam mais ou menos intensivamente nos vários graus de predisponência. Convém, aqui, fazer uma ressalva ao marxismo. A análise meramente materialista-histórica não alcança corretamente a gestação das classes sociais, porque as vê como produto de uma estrutura meramente econômica, desligada dessas emergências espirituais que são inatas em cada ser vivente.

A historiologia - filosofia da história - deve ser reformulada. Embora as idéias materialistas tenham influenciado fortemente a filosofia moderna, convém verificar que os homens, antes de tudo, são almas pensantes. Daí advém os estados criativos e intuitivos da mente humana, isentos de qualquer finalidade utilitária, restringindo-se tão somente à perfeita identificação com o "eu" superior. Jungidos ao consumismo imediato, falseamos o princípio ético da nossa realização pessoal.

A posse do poder, sendo acompanhada pela ambição de muitos, acaba por confundir os meios com os fins. Nesse sentido, as emergências individuais que deveriam ser maximizadas acabam sendo negligenciadas. A política, que é uma técnica de harmonizar os interesses individuais com os sociais, passa, nesses momentos, a ser uma técnica de conquista do poder e da conservação do mesmo. É por isso que se vê as crises na história, porque há sempre uma separação entre os que governam e os que são governados.

Tenhamos em mente que o poder deve ser exercido para administrar o bem público. Utilizá-lo em benefício próprio pode ocasionar graves transtornos à consciência.

Fonte de Consulta

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. Ed., São Paulo, Editora Matese, 1965. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2008/06/poder-emergncia-e-predisponncia.html)


Em Forma de Palestra

Poder Político e Espiritismo

1. Definição 

Poder político é a força que  o estado detém para controlar o comportamento de uma coletividade humana, a fim de garantir determinadas relações sociais.

O Estado é a forma política de uma sociedade. “É a organização político-jurídica de uma sociedade, com um governo próprio, um território determinado e tendo como objetivo o bem comum ou o bem público” (1).

2. Teoria e Práxis 

A questão da relação entre a teoria e a práxis pode ser encontrada no “Mito da Caverna” desenvolvido por Platão, no famoso livro VII da República.

Nesta alegoria, Platão coloca alguns homens numa caverna, de costas para a entrada, de modo que só conseguem ver as próprias sombras projetadas no fundo da mesma.

Dentre eles há o filósofo que se vira e vai ao encontro da luz (conhecimento). Inteirado do saber, sente-se na obrigação de passá-lo aos outros. Mas, se disser a verdade, será ridicularizado. Por isso, cria o “Mito” para ser obedecido (2).

3. Política 

Segundo a Filosofia Espírita, a política é um fenômeno social que tem origem na essência ética do indivíduo, razão pela qual o cidadão se manifesta não somente como um ser moral, mas também como um ser político.

O homem adquire , por este ser político, o direito e a obrigação de participar do progresso social, mas com um conceito totalmente distinto do conceito da política clássica, que irremediavelmente conduzirá ao desmoronamento do Estado contemporâneo (3).

4. Riqueza e Poder 

A maioria de nós gosta de possuir muitos bens e ter domínio sobre os demais homens.

Mas de acordo com as instruções dos Espíritos, “autoridade, da mesma forma que a fortuna, é uma delegação da qual serão pedidas contas àquele que dela se acha investido.

Não creiais que lhe seja dada para lhe proporcionar o vão prazer de comandar, nem, assim como o creem falsamente a maioria dos poderosos da Terra, como um direito, uma propriedade” (4).

5. Aristocracia Intelecto-Moral 

As  sociedades em tempo algum prescindem de chefes para se organizarem.

Daí, a necessidade da autoridade. Esta, porém, vem modificando ao longo do tempo.

No início, tínhamos a força bruta, depois a do exército. Na Idade Média, a autoridade de nascença. Segue-se-lhe a influência do dinheiro e da inteligência, na época atual. Será o fim? Não.

Há que se implantar a Aristocracia Intelecto-Moral (5).

6. A Moral Espírita 

Os princípios codificados por Allan Kardec nos auxiliarão eficazmente nas resoluções de ordem política, ou seja, substituirão os impulsos automatizados no egoísmo pelos da fraternidade universal.

Dando uma nova força à inteligência, indicar-lhe-á o rumo certo que deverá seguir para a obtenção do “bem comum”.

QUESTÕES

1) O que é poder político?

2) O que é política?

3) Qual a relação entre teoria e práxis?

4) Como Kardec, auxiliado pelos Espíritos, interpreta a riqueza e o poder?

5) O que se entende por Aristocracia Intelecto-Moral?

TEMAS PARA DEBATE

1) Formas de governo.

2) Governo do futuro.

3) Política e Espiritismo.

4) Público x Privado: o “bem comum”.

7. Referência Bibliográfica 

(1) COTRIM, G.  Fundamentos da Filosofia.

(2) FERRAZ Jr., T. S.  Política e Ciência Política.

(3) MARIOTTE, H.  Parapsicologia e Materialismo Histórico.

(4) KARDEC, A.  O Evangelho Segundo o Espiritismo.

(5) KARDEC, A.  Obras Póstumas. 

São Paulo, dezembro de 1996.



Notas do Blog

Aristocracias

Historicamente, a autoridade pode ser assim resumida. Na antiguidade, era exercida pelos chefes de família, ou seja, pelos patriarcas. Com o aumento populacional e a complexidade das sociedades, foi preciso substituir os chefes de família pelos homens fortes, o exército. O poder militar juntou-se ao poder eclesial, criando, na Idade Média, a autoridade de Nascença. Depois foi-lhe acrescentada a influência do dinheiro e da inteligência, que ainda perduram na época atual. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/07/aristocracias.html)

Realeza de Jesus

De acordo com O Evangelho Segundo o Espiritismo, o reino de Jesus não é deste mundo. O título de rei, porém, não implica sempre o exercício de um poder temporal? Em se tratando desse poder temporal, o ideal é que os países fossem sempre administrados por pessoas idôneas, honestas e competentes. Nesse caso, os detentores do poder deveriam dedicar-se ao bem comum e não aos próprios interesses. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2015/12/realeza-de-jesus.html)

Política e Espiritismo

A finalidade da política é o "bem comum". Como alguns homens investidos de um cargo público deixam-se corromper, há uma tendência de julgarmos a política no seu sentido pejorativo. A conseqüência é um descrédito aos políticos e dificuldade no exercício da cidadania, transparecendo que somos cidadãos somente quando votamos. Depois disso, não temos mais nada a ver com o déficit público, a dívida externa e outros fatos da vida nacional. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/politica-e-espiritismo.html)


Dicionário

Poder. v.t. Ter a faculdade ou a possibilidade de. ADAG. "Em casa do Gonçalo mais pode a galinha que o galo". DIR. A palavra poder tem sentidos diversos em Direito Civil e em Direito Político. Em Direito Civil, chama-se poder a faculdade que o indivíduo tem não só de se determinar, mas também de exigir a outrem o que este lhe deve. Em Direito Político, o poder é o exercício da soberania do Estado, ou seja, da ordem jurídica que dimana da Constituição do Estado ou da sociedade humana politicamente organizada. (1)

Poder (social). O poder de um indivíduo ou instituição é a capacidade de este conseguir algo, quer seja por direito, por controle ou influência. O poder é a capacidade de se mobilizar forças econômicas, sociais ou políticas para obter um certo resultado, e pode ser medido pela probabilidade de esse resultado ser obtido em face dos diversos tipos de obstáculos ou oposição enfrentados. Não é essencial à sua definição que o resultado seja conscientemente procurado pelo agente: o poder pode ser exercido na ignorância de sua existência ou efeitos, embora, claro, seja frequentemente exercido de forma deliberada. Contudo, de acordo com o ponto de vista de alguns autores, dentre os quais se destaca Foucault, todas as relações sociais são sistemas de poder: o poder fundamental não é exercido por indivíduos, encontrando-se antes disperso, como um aspecto impessoal da sociedade, e manifesta-se em particular sob a forma de vigilância, regulação ou disciplina, que adaptam os seres humanos à estrutura social envolvente. O poder da sociedade não se encontra limitado à sua capacidade de impedir as pessoas de fazerem coisas; inclui o controle da autodefinição e da forma da vida preferida dos seus membros. Uma das principais preocupações da teoria política é determinar quando o exercício do poder é legítimo, o que é frequentemente colocado em termos do problema da distinção entre autoridade e poder. Ver também exploração; opressão. (2)

Poder político é a força que o estado detém para controlar o comportamento de uma coletividade humana, a fim de garantir determinadas relações sociais.

Poder. Pode ser visto: I) aspectos políticos; II) aspectos éticos

I - Aspectos políticos

1. Introdução

O poder é quase unanimemente considerado o objeto central da política e a generalidade dos autores vê nesse conceito a base da justificação da própria autonomia da Ciência Política, a qual, segundo esse entendimento, consistiria precisamente no estudo do poder e de noções próximas (influência, autoridade, governo, Estado, etc.) 

A definição de poder é polissêmica, pois este termo é ambíguo e, por isso mesmo, difícil de captar numa fórmula ou numa proposição. 

2. O poder como fenômeno de interação 

Enquanto fenômeno de interação, definiremos P. como a capacidade de impor direta ou indiretamente determinados interesses numa dada situação social. Nesta perspectiva, fica afastada a concepção de P. como propriedade ou atributo, para passar a vê-lo como relação. O P. releva efetivamente das relações interpessoais. Se bem que nele exista uma forte componente psicológica, a verdade é que, como salienta Lasswell: "Power is an interpessoal situation" e no P. estão sempre em jogo, de forma imediata ou mediata, relações entre pessoas. Como refere o mesmo autor, o P. não é um tijolo que se desloca de um lugar para o outro, mas um processo que desaparece quando cessam as respostas que o apoiam. 

Seguindo Weber, muitos outros autores definem P. em termos probabilísticos. Nesta perspectiva, não é visto apenas como o lado ativo de uma relação de imposição - como seríamos conduzidos a pensar numa pura representação formal da relação de poder -, mas sobretudo em termos de probabilidade que tem um ator implicado numa dada relação social de obter aquilo que vida, apesar das resistências com que eventualmente depare. 

Hobbes fala de P. como resultado de "forças reunidas". 

3. O poder como meta-relação 

Além da imposição e de todas as noções conexas, o P. diz também respeito àquilo a que poderíamos chamar uma meta-relação, isto é, uma relação sobre relações de domínio, um controle sobre as próprias situações sociais. Numa primeira aproximação, esta exceção tem a ver com aquilo a que poderíamos chamar "obliquidade do poder". Com efeito, e pelo menos na sua dimensão social, o P. exerce-se através da procura de outros objetivos. 

4. O caráter ambíguo do poder 

Questão: como é que se explica que o P. seja ao mesmo tempo o produto da competição e o meio de limitar essa competição? 

Isso acontece porque passamos de um plano de interação simples ao da relação dos indivíduos como organizações ou estruturas que, por seu turno, condicionam os resultados previsíveis. 

Se ele encontra a sua origem na competição, a verdade é que, a partir de um determinado nível (que só histórica e concretamente se define), existe a necessidade de uma certa estabilização, a qual toma normalmente a forma de institucionalização. 

II - Aspectos éticos 

Além do que foi dito acerca da autoridade e no que precede são ainda de considerar algumas questões:

1. O poder é um direito ou uma função? O P. foi visto ao longo da história ora como só direito, ora como só função. Resumindo: P. é primariamente uma função, um dever, um serviço (ministerium), que confere aos seus legítimos detentores o direito de governar. 

2. Origem - Sendo o P. essencial à sociedade, tem origem "natural", como a mesma sociedade política: é exigido pela própria natureza social do homem e não deixando totalmente ao seu arbítrio. 

3. Titular - Na sequência do que precede, quais são as condições do legítimo detentor do P.? A determinação - que se trate de pura designação ou de delegação - dos legítimos governantes poderá verificar-se de dois modos: só pelas circunstâncias, quando apenas haja um sujeito apto para assumir o Governo (caso que raramente se verificará; segundo Leclerc, ter-se-ia dado em 1799 como Bonaparte e em 1945 com De Gaulle) ou por escolha da sociedade (o modo mais normal, seja qual for o processo adotado). 

Serão governantes ilegítimos: os que, sem que as circunstâncias o exijam, se impõem contra a vontade popular; os incapazes, de incapacidade comprovada, permanente, irremediável; os que abusam do P. de forma grave, generalizada e continuada (os "tiranos" na terminologia antiga). Problema delicado, sobretudo no campo prático, é o da legitimação por prescrição de governantes inicialmente ilegítimos; não parece poder negar-se esta possibilidade, sendo até de pensar que inúmeras vezes se tem tornado realidade. 

4. Poder política mundial - O bem comum universal põe nos nossos dias problemas de dimensão mundial, que apontam para a necessidade de uma autoridade política cujo poder, constituição e meios de ação assumam dimensões igualmente mundial. Sobre esta difícil questão, tanto prática como teoricamente, remetemos para o dito em humanidade (sobretudo nn. 6 e ss.) (3)

(1) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]. 

(2) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

(3) POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.


Pensamento

"Todo ato de bondade é demonstração de poder." (Jeremy Bentham)

"O segredo da força consiste em saber que os outros são ainda mais covardes do que nós." (L. Börne)

"Quanto maior o poder, mais poderoso é o abuso." (Edmund Burke)

"Para sabermos quais são as agruras do poder, procuremos os que o tem; para sabermos quais o seus prazeres, procuremos os que empós dele correm: as agruras do poder são reais, os prazeres imaginários." (C. C. Colton)

"Até mesmo os poderosos podem precisar dos fracos." (Esopo)

"Os humildes sofrem quando os poderosos combatem entre si." (Fedro)

"O poder leva ao orgulho, e este à insolência." (Focílides)

"O amor da liberdade é o amor dos outros; o amor do poder, o amor de nós próprios." (W. C. Hazlitt) 

"Em geral, o poder e a grandeza cobrem de soberba o coração do homem, embriagam-no e causam-lhe uma espécie de delírio." (Barão Houbach)

"Não se confira a um homem mais do que um único cargo, não se acumulem nele muitos destinos, e menos ainda destinos de diversa índole." (Juan de Mariana)

"É melhor reinar no inferno do que servir no céu." (J. Milton)

"Quem tem poder imagina que faz acertadamente tudo quanto faz, porque tem a liberdade de fazer tudo quanto quer." (Francisco de Quevedo)

"Para conquistar o poder é preciso amá-lo. Ora a ambição nunca está de acordo com a bondade, mas apenas com a duplicidade e a violência. Logo, não são os melhores, são os piores que se apoderam do poder." (Leon Tolstoi)

"De grande valor moral é quem, dispondo de poder ou de autoridade, só faz o que lhe ordena o dever e não o que lhe é mais fácil, vantajoso ou agradável." (Dante Veoleci)


Mensagem Espírita

Poderes Ocultos 

“E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades, nas aldeias ou nos campos, depunham os enfermos nas praças e lhe rogavam que os deixasse tocar ao menos na orla de seu vestido; e todos os que nele tocavam, saravam.” — (Marcos, capítulo 6, versículo 56.)

Não raro, surgem nas fileiras espiritualistas estudiosos afoitos a procurarem, de qualquer modo, a aquisição de poderes ocultos que lhes confira posição de evidência. Comumente, em tais circunstâncias, enchem-se das afirmativas de grande alcance.

O anseio de melhorar-se, o desejo de equilíbrio, a intenção de manter a paz, constituem belos propósitos; no entanto, é recomendável que o aprendiz não se entregue a preocupações de notoriedade, devendo palmilhar o terreno dessas cogitações com a cautela possível.

Ainda aqui, o Mestre Divino oferece a melhor exemplificação.

Ninguém reuniu sobre a Terra tão elevadas expressões de recursos desconhecidos quanto Jesus. Aos doentes, bastava tocar-lhe as vestiduras para que se curassem de enfermidades dolorosas; suas mãos devolviam o movimento aos paralíticos, a visão aos cegos. Entretanto, no dia do Calvário, vemos o Mestre ferido e ultrajado, sem recorrer aos poderes que lhe constituíam apanágio divino, em benefício da própria situação. Havendo cumprido a lei sublime do amor, no serviço do Pai, entregou-se à sua vontade, em se tratando dos interesses de si mesmo. A lição do Senhor é bastante significativa.

É compreensível que o discípulo estude e se enriqueça de energias espirituais, recordando-se, porém, de que, antes do nosso, permanece o bem dos outros e que esse bem, distribuído no caminho da vida, é a voz que falará por nós a Deus e aos homens, hoje ou amanhã. (XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 70)