Porta Estreita

Perguntas e Respostas

As Perguntas e Respostas referem-se à lição 20 de Vinha de Luz 

“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.” — Jesus. (Lucas, 13:24.)

 1) O que o Espírito estima ao reencarnar?

Pede pela “porta estreita”, ou seja, sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais.

2) Por que roga pela "porta estreita"?

Porque reconhece a necessidade do sofrimento purificador, anseia pelo sacrifício que redime e exalta o obstáculo que ensina.

3) Qual a sua compreensão acerca da dificuldade?

Tem consciência de que a dificuldade enriquece a mente e, por isso, não pede senão a lição para tal finalidade.

4) Qual o próximo passo?

Obter o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento.

5) E depois de reencarnado?

Volta a procurar as “portas largas” por onde transitam as multidões.

6) Quais são as suas ações corriqueiras?

Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor esforço; temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal.

7) O que representa este sono doentio?

Um grande menosprezo aos compromissos assumidos.

8) Quando é que os homens acordam?

Quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte.

9) Qual a conclusão?

“Rogaram a “porta estreita” e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas “portas largas”, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem".

(Reunião de 2024)

https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/porta-estreita-li%C3%A7%C3%A3o-20-de-vinha-de-luz


A Íntegra da Mensagem

“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.” — Jesus. (Lucas, 13:24.)

Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma estima na “porta estreita” a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais.

Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.

Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento.

Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as “portas largas” por onde transitam as multidões.

Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor esforço.

Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal. Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.

E, no sono doentio do passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos assumidos.

Em geral, quase todos os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte.

“Ah! se fosse possível voltar!...” — pensam todos.

Com que aflição acariciam o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!... com que transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros!...

Mas... é tarde. Rogaram a “porta estreita” e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas “portas largas”, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.


Texto Curto no Blog

"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. - Quão pequena é a porta da vida! Quão apertado o caminho que a ela conduz! E quão poucos a encontram". (Mateus, 7, 13 e 14.)

A porta simboliza o local de passagem entre dois estados: do conhecido para o desconhecido; das trevas para luz. Além de abrir-se, a porta convida-nos a transpô-la, passar do domínio do profano para o domínio do sagrado. Nas tradições judaicas e cristãs, a porta dá acesso à revelação. Cristo é a porta pela qual o cristão tende ao Reino dos Céus. No sentido escatológico, é a possibilidade de acesso a uma realidade superior.

A porta larga pode ser caracterizada pelos vícios materiais e morais, pelas festas mundanas, pelos prazeres, pelo sexo desenfreado. Podemos incluir também a mentira, a prevaricação, a desonestidade e o enganar os outros para auferir grandes lucros monetários. A porta estreita é caracterizada pela prática das virtudes: o perdão, o sacrifício total da liberdade humana e o amar ao próximo como a si mesmo.

Quando nos predispomos a viajar para um país vizinho, levamos conosco somente o necessário para a nossa breve permanência lá: roupas, calçados e um pouco de dinheiro. A morte deveria receber o mesmo tratamento, no sentido de levarmos em nossa bagagem somente o que pudesse passar pela porta estreita. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, enfatiza que o homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo, ou seja, nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos e as qualidades morais. Estes são os tesouros que nenhum ladrão nos roubará.

Antes de virmos a este mundo, pedimos aos bons Espíritos a "porta estreita", que é o obstáculo que redime, a dificuldade que enriquece a mente, as doenças do corpo e impossibilidades mil, para melhor aproveitarmos a oportunidade de evolução. Estando encarnado, porém, voltamos a procurar as "portas largas" por onde transitam as multidões, esquecendo-nos dos compromissos assumidos. E assim, de encarnação em encarnação, vamos adiando e retardando cada vez mais o nosso progresso espiritual.

Mesmo que escolhamos a "porta larga da perdição", os Espíritos superiores não nos deixam sem suas influências benéficas. Há os anjos de guarda, os Espíritos protetores e os Espíritos familiares que estão sempre nos secundando e nos orientando na melhor decisão a tomar. Quando nos desviamos do bem e chafurdamos no mal não é pela falta de suas instruções, mas simplesmente porque preferimos dar ouvidos aos falsos profetas, aqueles Espíritos que, pela nossa pouca fé e pelo nosso comodismo, nos encaminham para o mal.

Esforcemo-nos por vencer as más tendências. Não há outra saída. Somente assim poderemos passar pela porta estreita e criar condições para a salvação de nossa alma imortal. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/porta-estreita.html)



Em Forma de Palestra

1. Introdução

Qual o significado de porta? E sua simbologia nas diversas religiões? A porta estreita refere-se à nossa salvação? O que Jesus realmente quis dizer com o termo "porta estreita"?

2. Simbologia e Texto Evangélico

2.1. Simbologia da Porta

A porta simboliza o local de passagem entre dois estados, entre dois mundos, entre o conhecido e o desconhecido, a luz e as trevas, o tesouro e a pobreza extrema.

A porta não só se abre; convida-nos a transpô-la, passar do domínio do profano para o domínio do sagrado. Há diversos tipos de portas: as portas das catedrais, os torana hindus, as portas dos templos ou das cidades Khmers, os torii japoneses etc.

Nas tradições judaicas e cristãs, a importância da porta é imensa, porquanto é ela que dá acesso à revelação.

Se Cristo em glória é representado no alto dos frontispícios das catedrais, é porque ele próprio é, de acordo com o mistério da Redenção, a porta pela qual se chega ao Reino dos Céus: Eu sou a porta, quem entrar por Mim, será salvo (João, 10,9).

No sentido escatológico, é a possibilidade de acesso a uma realidade superior. (Dicionário de Símbolos)

2.2. Metáfora da Viagem

Quando nos predispomos a viajar para um país vizinho, levamos conosco somente o necessário: roupas, calçados e um pouco de dinheiro. E mesmo que quiséssemos levar muita coisa em nossa bagagem, poderíamos ser impedidos, no aeroporto, por excesso de peso.

E se estivéssemos empreendendo uma viagem para o outro lado da vida? O que deveríamos levar? Somente aquilo que fosse possível de ser passado pela porta estreita. O resto teria de ficar aqui. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ao tratar da propriedade diz que a verdadeira propriedade não é o dinheiro e os bens materiais, que ficam aqui, mas o desenvolvimento da inteligência, os conhecimentos morais e o bem que tivermos praticado em prol do nosso próximo. Estes são os tesouros que nenhum ladrão nos roubará.

2.3. Texto Evangélico

"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. — Quão pequena é a porta da vida! Quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram." (Mateus, 7, 13 e 14.)

"Tendo-lhe alguém feito esta pergunta: Senhor, serão poucos os que se salvam? Respondeu-lhes ele: — Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois vos asseguro que muitos procurarão transpô-la e não o poderão. — E quando o pai de família houver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater, dizendo: Senhor, abre-nos; ele vos responderá: não sei donde sois: — Por-vos-eis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença e nos instruíste nas nossas praças públicas. — Ele vos responderá: Não sei donde sois; afastai-vos de mim, todos vós que praticais a iniquidade. Então, haverá prantos e ranger de dentes, quando virdes que Abraão, Isaac, Jacob e todos os profetas estão no reino de Deus e que vós outros sois dele expelidos. — Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Setentrião e do Meio-Dia, que participarão do festim no reino de Deus. — Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos". (Lucas, 13, 23 a 30.)

3. Planejamento da Reencarnação

3.1. Os Pedidos

Antes de virmos a este mundo, pedimos aos bons Espíritos a "porta estreita", a fim de aproveitarmos a oportunidade de evolução espiritual. Queremos vir com defeitos no corpo, impossibilidades mil, a fim de que estejamos aptos ao trabalho de ressarcimento de débitos passados como também a nossa preparação para o que há de vir.

3.2. Comentário de Emmanuel

O Espírito Emmanuel assim se expressa: "Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos". (Xavier, 1972, cap. 20)

Estando encarnado, porém, volta a procurar as "portas largas" por onde transitam as multidões, esquecendo-se de todos os compromissos assumidos.

3.3. O Compromisso Assumido

O Espírito irmão X, no capítulo 15 de Estante da Vida, narra-nos as provações pedidas por Alberto Nogueira, no sentido de reparar a sua posição de Espírito delinquente.

Em resumo, ele diz: rogo a vossa permissão para tornar ao campo terrestre a fim de resgatar as minhas faltas. Conceda-me a lepra, o abandono dos entes queridos, a extrema penúria, a loucura ou cegueira, os calvários morais e os tormentos físicos de qualquer natureza...

Eis o despacho da autoridade superior:

"O Senhor pede misericórdia, não sacrifício. O interessado resgatará os próprios débitos, em vida normal, com as tarefas naturais de um lar humano e de uma família, em cujo seio encontrará os contratempos justos e educativos para qualquer criatura com necessidades de reequilíbrio e aprimoramento, mas, por mercê do Senhor, será médium espírita, com a obrigação de dar, pelo menos, oito horas de serviço gratuito por semana, em favor de necessitados na Terra, consolando-os e instruindo-os, na condição de instrumento dos Bons Espíritos que operam a transformação do mundo, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo..."

Certo dia houve necessidade dos mentores espirituais procurarem Alberto para resolver um problema espiritual de uma mãe e sua filha. Estas foram ao Centro no qual ele deveria estar trabalhando, e não o encontraram; depois, foram à sua casa. Alberto Nogueira simplesmente esquiva-se do assunto, como se nada tivesse a ver com a dificuldade.

"Aquele espírito valoroso que pedira lepra, cegueira, loucura, idiotia, fogo, lágrimas, penúria e abandono, a fim de desagravar a própria consciência, no plano físico, depois de acomodar-se nas concessões do Senhor, esquecera todas as necessidades que lhe caracterizavam a obra de reajuste e preferia a ociosidade, enquadrado em pijama, com medo de trabalhar". (Xavier, 1974)

4. Porta Larga Versus Porta Estreita

4.1. Caracterização da Porta Larga

Em geral, tudo aquilo que desvia as nossas ações dos fins mais elevados da vida e dos compromissos assumidos.

·         Vícios materiais e morais.

·         Festas mundanas, os prazeres e o sexo desenfreado.

·         Enganar os outros para auferir lucro financeiro.

4.2. Caracterização da Porta Estreita

·         Estar bem com a própria consciência. O que adianta agradar aos outros e desagradar a nós mesmos?

·         Sacrifício da personalidade em busca do bem comum.

·         Renúncia aos prazeres passageiros.

4.3. A Sugestão do Irmão X

O Espírito Irmão X, no capítulo 4 de Cartas e Crônicas, dá-nos algumas ideias para um desencarne tranquilo. Ele diz:

·         Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais.

·         Os excitantes largamente ingeridos constituem perigosa obsessão.

·         Não se renda à tentação dos narcóticos.

·         Se tiver dinheiro, não adie as doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las.

·         Em família, observe cautela com testamentos.

·         Não se apegue demasiadamente aos laços consanguíneos.

·         Convença-se de que se você não experimenta simpatia por determinadas criaturas, há muita gente que suporta você com muito esforço. (Xavier, 1974)

5. Conclusão

Esforcemo-nos por vencer as más tendências. Não há outra saída. Somente assim poderemos passar pela porta estreita e criar condições para a salvação de nossa alma imortal.

6. Bibliografia Consultada

CHEVALIER, J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

XAVIER, F. C. Cartas e Crônicas, pelo Espírito Irmão X. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974.

XAVIER, F. C. Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974.

Frases e Pensamentos

Desculpismo sempre foi a porta de escape dos que abandonam as próprias obrigações. 

“Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, cerrada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai que vê o que se passa em secreto vos recompensará”. — Jesus. (MATEUS, 6:6) 

Jesus, em sua época, atravessava cidades ensinando que a salvação é para todos. Alguém lhe perguntou se eram poucos aqueles que se salvam? Jesus respondeu: "Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: 'Senhor, abre a porta para nós!' E ele responderá: 'Não sei de onde são vocês'. E vocês começarão a dizer: 'Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas praças!' Mas ele responderá: 'Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam injustiça!' Então haverá aí choro e ranger de dentes, quando vocês virem Abraão, Isaac e Jacó junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vocês jogados fora". (Lucas 13, 22 a 28) 

Na causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Sua dedicação nos cerca os espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já ele nos amava. Tudo na vida tem o preço que lhe corresponde. Se vacilamos receosos ante as bênçãos do sacrifício e as alegrias do trabalho, meditemos nos tributos que a fidelidade ao mundo exige. O prazer não costuma cobrar do homem um imposto alto e doloroso? Quanto pagarão, em flagelações íntimas, o vaidoso e o avarento? Qual o preço que o mundo reclama ao gozador e ao mentiroso?

Mas se escolhermos o caminho reto, a porta estreita, também teremos percalços, contudo o resultado é diferente. Nesse sentido não devemos pensar no Deus que concede, mas no Pai que educa; não no Deus que recompensa, sim no Pai que aperfeiçoa. Daí se segue que nossa batalha pela redenção tem de ser perseverante e sem trégua. (Xavier, Boa Nova, 1977, cap. 6)

A base de todo o intercâmbio está na mente. O nosso pensamento pode ser comparado a uma pedra nas mãos do escultor: se este agir de má vontade e usar ferramentas mal afiadas, a pedra permanecerá ociosa por muito tempo, e notar-se-á poucas mudanças na sua estética; ao contrário, se agir de boa vontade e usar ferramentas apropriadas, em pouco tempo vê-se surgir uma obra de arte. Da mesma forma são os nossos pensamentos que, carregados de hábitos nocivos e impulsos degradantes, dificultam a percepção das luzes espirituais superiores. Há casos de viciação tão graves que nos levam ao monoideísmo, ou seja, à ideia fixa, que exigirá, no futuro, esforços hercúleos para nos libertamos dela. Denominamos tais estados de obsessão, possessão, vampirismo etc.; não importa o termo; a relevância é que tudo está na mente. Assim, cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo de experiência em que situa a própria felicidade: as andorinhas seguem a beleza da primavera; as corujas acompanham as trevas da noite. Para que permaneçamos num campo vibratório de luz, devemos construí-lo dentro de nós. E isso nem sempre é tarefa fácil, porque teremos que despender as nossas energias interiores para porfiar por entrar pela "porta estreita", a porta das dificuldades e não da perdição. 


Dicionário

Porta. Simboliza o local de passagem entre dois estados, entre dois mundos, entre o conhecido e o desconhecido, a luz e as trevas, o tesouro e a pobreza extrema. A porta se abre sobre um mistério. Mas ela tem um valor dinâmico, psicológico; pois não somente indica uma passagem, mas convida a atravessá-la. É o convite à viagem rumo a um além...

A passagem à qual ela convida é, na maioria das vezes, na acepção simbólica, do domínio profano ao domínio sagrado. Assim são os portais das catedrais, os torana hindus, as portas dos templos ou das cidades khmers, os torii japoneses etc.

Nas tradições judaicas e cristãs, a importância da porta é imensa, porquanto é ela que dá acesso à revelação; sobre ela vêm se refletir as harmonias do universo. As portas do Antigo Testamento e do Apocalipse, ou seja, o Cristo em sua majestade e o último Julgamento, acolhem o peregrino e os fiéis. Suger dizia aos visitantes de Saint-Denis que convinha admirar a beleza da obra realizada, e não a matéria de que havia sido feita a porta.

Ele acrescentava que a beleza que ilumina as almas deve dirigi-las no sentido da luz, cuja porta verdadeira é Cristo.

Se Cristo em glória é representado no alto dos frontispícios das catedrais, é porque ele próprio é, de acordo com o mistério da redenção, a porta pela qual se chega ao Reino dos Céus: Eu sou a porta, quem entrar por Mim, será salvo (João 10,9). (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Porta. Símbolo da determinação e da passagem entre dois campos diferentes. Segundo antiga concepção oriental, o céu e o mundo subterrâneo possuem portões. Nas pirâmides encontra-se, frequentemente, a denominação "portão de Nut" para a passagem da antecâmara à câmara funerária, isto é, portão celeste. A assim chamada porta aparente nos túmulos egípcios e templos dos mortos é símbolo da comunicação dos vivos com os mortos; comparem-se, também, as representações das portas nos túmulos etruscos. Os romanos possuíam um deus próprio de travessia e de passagem: Juno. 

O sentido escatológico de porta e portal torna-se evidente, principalmente, no NT; Jesus diz de si mesmo: "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo" (João 10, 7 e ss.). Enquanto as virgens tolas permanecem atrás de portas fechadas, permite-se o ingresso das virgens prudentes com os seus esposos ao matrimônio (celeste) (Mateus 25, 1-12). Na arquitetura das igrejas o portal simboliza entrada para o Céu. 

A frequente representação de Maria em portas refere-se à sua interpretação como porta coeli, pela qual o Filho de Deus ingressou no mundo. Tocar a porta ou a entrega de sua - Chave é o ato simbólico de tomada de posse. (Lurker, 2003)

Porta. Como a ponte, a porta simboliza a passagem de uma esfera para outra - por exemplo, deste mundo para o além, do domínio profano para o sagrado etc. Há uma concepção muito difundida de uma porta do Céu ou porta do Sol que marca a passagem para a esfera extraterrena e divina. Também o Mundo Subterrâneo ou o Reino dos Mortos localiza-se, segundo a concepção de muitos povos, do outro lado do grande portão. A porta fechada indica frequentemente segredo oculto, mas também proibição ou inutilidade; a porta aberta representa um convite para sua travessia ou significa um segredo revelado. As representações de Cristo nas portas medievais (por exemplo, no tímpano) referem-se às conhecidas palavras de Cristo: "Eu sou a porta"; ao contrário, tomam como referência o fato de ela ser chamada quase sempre de a Porta do Céu, pela qual o Filho de Deus veio ao mundo. (Lexikon, 1997)

CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998. 

LEXIKON, Herder. Dicionário de Símbolos. Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Cultrix, 1997.

LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.