Aristocracias

1) Quais são as formas de governo?

As formas de governo podem ser resumidas em três: 1) de um só; 2) de poucos; 3) de todos. Aristóteles (384-322) estabeleceu a classificação ainda hoje adotada das formas de governo: a monarquia, em que o poder se concentra em uma pessoa; a aristocracia, em que o poder se concentra num grupo de pessoas; a democracia, em que o povo exerce o poder através de representantes eleitos. Essas formas variaram muito através dos tempos, passando pela ditadura, pelo absolutismo, pelo poder do exército etc. Cada uma dessas formas pode se degenerar: a monarquia, em tirania, a aristocracia, em timocracia e a democracia, em demagogia.

2) Qual o conceito de poder?

Poder – Do latim potere é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força.

A sociologia define poder, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Existem, dentro do contexto sociológico, diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, entre outros.

Para Hobbes, o poder é algo que "se baseia nos meios para obter uma vantagem"; para Russel, "o conjunto de meios que permitem obter efeitos desejados".

3) Como se define a aristocracia?

Aristocracia - Do grego aristos (melhor) e kratos (poder), "governo dos melhores". Segundo Platão, os melhores para governar eram os filósofos, pois eram os mais sábios e tinham mais capacidade de dirigir uma nação. Isto não implicava a ideia de transmissão hereditária de privilégios sociais que prevaleceu em seguida.

4) Como resumir historicamente a autoridade?

Na antiguidade, a autoridade era exercida pelos chefes de família, ou seja, pelos patriarcas. Com o aumento populacional e a complexidade das sociedades, foi preciso substituir os chefes de família pelos homens fortes, o exército. O poder militar juntou-se ao poder eclesial, criando, na Idade Média, a autoridade de Nascença. Depois vieram a influência do dinheiro e da inteligência, que perduram na época atual.

5) Por que Allan Kardec retoma esse tema em Obras Póstumas?

Ele quer nos mostrar que a inteligência é neutra e nem sempre conduz os homens aos melhores resultados. Acha que a inteligência deve ter uma direção, direção esta dada pela moral. Por isso, o termo aristocracia intelecto-moral.

6) Como entender a dinâmica da aristocracia intelecto-moral?

É ela que conduzirá o homem ao reino do bem na Terra, pois fará com que os detentores do poder baseiem as suas decisões apenas no bem comum e não nos seus interesses pessoais, como sói ainda acontecer presentemente. Allan Kardec diz-nos que todas as aristocracias tiveram a sua razão de ser e atenderam a uma necessidade peremptória da população. Porém, nenhuma delas teve por base o princípio moral; "só este princípio pode constituir uma supremacia durável, porque terá de animá-lo sentimentos de justiça e caridade".

7) As falcatruas políticas que sempre houve, e ainda há, não impedirão a implantação desta aristocracia intelecto-moral?

Segundo Allan Kardec, não. De acordo com os seus pressupostos, o bem deverá suplantar o mal. Os homens de bem não fazem alarde de suas obras; os maus, sim. Dia virá em que, por força da inexorabilidade do progresso, os homens que ocuparão os postos de comando serão os mais inteligentes e os mais moralizados.

8) Qual a influência do Espiritismo para a concretização deste tipo de aristocracia?

O Espiritismo é uma doutrina que trabalha com a razão; ele reclama a discussão e a luz. "Em vez da fé cega, que aniquila a liberdade de pensar, diz ele: Não há fé inabalável, senão a que possa encarar, face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. A fé necessita de base e esta base consiste na inteligência perfeita daquilo em que se haja de crer. Para crer, não basta ver, é, sobretudo, preciso compreender". Nesse caso, podemos apontar o Espiritismo como um dos principais precursores da aristocracia do futuro, a aristocracia intelecto-moral.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975, capítulo sobre Aristocracias, p. 239 a 245.

(Reunião de 15/08/2009)