Meditação

1) O que se entende por meditação? 

Esta palavra tem muitos significados, mas trata-se sempre de uma prática, de um exercício pelo qual o ser humano é removido da distração para a concentração em sua profundeza, em sua origem. 

2) Que relação existe entre atenção, concentração, reflexão e meditação? 

Na atenção devemos estar passivos; na concentração e reflexão, ativos. A meditação, por sua vez, é um estado de alma de completo percebimento de nós mesmos. Ultrapassa a reflexão, pois enquanto aquela é uma volta sobre si mesmo, esta vai em busca dos aspectos mais gerais do ser. 

3) Como distinguir entre reflexão e meditação? 

A reflexão diz respeito às causas, às circunstâncias e aos efeitos de um determinado fato. Exemplo: queda de Napoleão I. A meditação procura mostrar uma lição do fato: no caso, que a ambição desordenada, a sede doentia das conquistas conduzem ao desastre. A reflexão fixa-se sobre um tema; a meditação amplia-o, englobando, inclusive, questões morais. (1)

4) A meditação pode conduzir-nos ao êxtase? 

Sim. O êxtase é um prolongamento da meditação profunda. Nesse estado, nossa mente, inteiramente desprendida dos interesses materiais, vê-se numa dimensão desconhecida, porém real, em que se comunica com as essências mais puras do conhecimento. Ainda assim, é preciso muito cuidado, pois a fascinação pode ofuscar o brilho da contemplação, emergindo, em contrapartida, os preconceitos que nos dominam. 

5) Como o homem chega à Sapiência? 

Para Hugo de São Vitor, a Sapiência é conquistada através de 5 etapas bem definidas: 1.ª) Leitura; 2.ª) Meditação; 3.ª) Oração; 4.ª) Prática; 5.ª) Contemplação. A leitura serve para buscar os conhecimentos, os motivos, os estímulos para a reflexão; a meditação é um discernimento crítico do que se leu; a oração serve para nos fortalecermos em Deus para o agir; a prática é o exercitar-se no bem; por último, a contemplação é a etapa de realimentação para o bem agir. 

6) Quais são os graus da ascensão mística? 

Os graus da ascensão mística são geralmente três: pensamento (cogitatio), que tem por objeto as imagens provenientes do exterior e destina-se a considerar as marcas de Deus nas coisas; a meditação (meditatio) que é o recolhimento da alma em si mesma e que tem por objeto a imagem de Deus; e a contemplação (contemplatio), que visa a Deus mesmo. Esses graus estão ilustrados e subdivididos de vários modos pelos místicos, que habitualmente dividem um desses graus em outros dois, enumerando assim, no êxtase, sete graus de ascensão. (2)

7) Há alguma técnica de meditação? 

De acordo com Krishnamurti, a meditação é um estado de percebimento interior que não comporta técnica. À medida que usamos este ou aquele método, mecanizamos nossa mente e nos tornamos incapazes de descobrir a verdade. Nesse sentido, devemos ter cuidado de não transformarmos nossas confusões, num método. Pois, uma vez estabelecida a teoria, o conhecimento que se exercita, tem o caráter "verdadeiro", porém, em realidade, "falso". 

8) Pode-se dizer que a meditação é um esvaziamento de nossa mente? 

Sim. Estamos constantemente remoendo o passado, ou, temendo o futuro. Presos às superstições, dogmas e rituais, temos dificuldade de conceber o novo, ou seja, somos facilmente sugestionados pelo que ouvimos, lemos ou experimentamos. Libertar a mente de todos esses condicionamentos é ponto central da meditação autêntica. 

9) Como analisar o “Otium cum dignitate”? 

Segundo Cícero, o “otium” era o prêmio ao trabalho, principalmente depois de o indivíduo retirar-se da vida pública. A frase acima deve ser traduzida como “lazer com dignidade” e não “ócio com dignidade”. Nesse caso, o descanso pela obra realizada pode muito bem ser interpretado como uma meditação profunda sobre a vida e os prazeres do espírito. 

10) Qual a utilidade (no Espiritismo) da prática da meditação? 

A mediunidade nada mais é do que nos colocarmos em sintonia com os Espíritos. Quanto mais estivermos desapegados da matéria e cônscios de nós mesmos, mais aptos estaremos para receber as boas inspirações dos Espíritos de luz. 

Fonte de Consulta

(1) LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

(2) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(Reunião de 27/10/2012)

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/medita%C3%A7%C3%A3o?authuser=0