Corrupção e Espiritismo

1) O que significa corrupção?

Corrupção. Do latim corruptione significa a ação ou o efeito de corromper. Consequentemente, podridão, putrefação, decomposição. Na ordem física, é um fenômeno de involução dos entes materiais. Para Aristóteles, é o contrário de geração. Psicologicamente, denota um estado desordenado e patológico da consciência que leva o indivíduo livre a exercer o mal ou o pecado. Em termos políticos, é a falta de honestidade que acompanha o desempenho de determinadas funções administrativas.

2) O sentido metafórico é mais (ou menos) amplo do que o sentido restrito?

O sentido metafórico é mais amplo do que o sentido restrito. Refere-se normalmente ao afastamento de uma matriz tida por modelo de perfeição.

3) Em política, quais são os três tipos de corrupção? 

Os três tipos são: 1) a prática da peita ou uso da recompensa escondida para mudar a seu favor o sentir de um funcionário público; 2) o nepotismo, ou concessão de empregos ou contratos públicos baseada não no mérito, mas nas relações de parentela; 3) o peculato por desvio ou apropriação e destinação de fundos públicos ao uso privado. A corrupção é considerada em termos de legalidade e ilegalidade e não de moralidade e imoralidade. (Bobbio, 1986) 

4) Como surgiu a palavra corrupção?

A palavra corrupção teve sua primeira designação num contexto biológico e naturalista, sendo associada a um dos momentos do clico da vida, justamente quando o corpo começa a perder o seu vigor, sua força, sua vitalidade e caminha para a morte. Passou, depois, para as cidades, porque os filósofos as entendiam como corpos naturais. (Martins, 2008)

5) Quando a noção física da corrupção passou para a noção moral?

Na época em que os cristãos projetaram o pecado e a decadência humana sobre a sociedade romana pagã. Esta imagem foi extraída dos escritos dos Padres da Igreja. Santo Agostinho, na sua obra Cidade de Deus, foi um dos que defendeu a ideia de que a queda do Império foi motivada pela corrupção moral dos romanos. (Martins, 2008)

6) Quais as duas maneiras de interpretar a corrupção?

De um lado está a maneira moralista impingida pelos cristãos, que viam no indivíduo a decadência moral, o que gera consequências nefastas para a sociedade. Do outro, principalmente pela influência de Maquiavel, a corrupção como algo resultante das regras próprias do mundo político, sem maiores correlações com a moralidade do indivíduo. (Martins, 2008)

7) O discípulo do Evangelho necessita participar da política do mundo para cumprir o seu ministério?

Não. Lembremo-nos de que Jesus que não precisou de portarias e decretos, embora respeitáveis, para consolidar a sua missão de amor ao próximo. Nesse mister, o Espírito Emmanuel alerta-nos: “E, quando convocado a tais situações pela força das circunstâncias, deve aceitá-las não como galardão para a doutrina que professa, mas como provação imperiosa e árdua, onde todo êxito é sempre difícil”. (pergunta 60 de O Consolador)

8) Que tipo de subsídio Allan Kardec nos oferece para enfrentarmos a corrupção?

No capítulo sobre As Aristocracias, em Obras Póstumas, Allan Kardec ensina-nos que as sociedades nunca prescindiram de chefes. Para refrear a corrupção e melhorar o relacionamento político, ele propõe a formação de uma aristocracia intelecto-moral, ou seja, os governantes devem ser inteligentes e de moral elevada para se posicionarem acima dos interesses pessoais e de grupos e se lançarem ao alcance do bem comum, que é de todos.

9) Como o espiritista deve se posicionar diante da corrupção?

Diante da corrupção, deve ter em mente as assertivas do Evangelho. Não é porque a corrupção se tornou lugar comum, que ela não deva ser extinta. Nesse caso, há muitas maneiras de se conseguir serviços públicos: basta que tenhamos por princípio não oferecer dinheiro. Quem sabe se, indo todo o dia à repartição pública, não conseguiríamos o mesmo resultado?

Fonte de Consulta

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

BOBBIO, N. et al. Dicionário de Política. 2. ed. Brasília: UNB, 1986.

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.

MARTINS, José Antonio. Corrupção. São Paulo: Globo, 2008. (Filosofia Frente & Verso)

POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

(Reunião de 19/03/2011)