Prazer

1) O que se entende por prazer?

Estado afetivo agradável. Júbilo, alegria, contentamento. Satisfação moral em que os elementos de ordem intelectual e espiritual sobrepõem-se aos de ordem sensível. 

2) O contraponto do prazer é a dor? 

Não. Para Antonio Sérgio, na sua tese sobre A Natureza da Afecção (1911), o contraponto do prazer é o “desprazer”, e não a dor. Alega que esta, ao contrário do prazer ou desprazer, é localizada em algum ponto do corpo físico. Diz ainda que algumas dores são prazerosas, como é o caso de se coçar uma ferida. (1) 

3) Quais são as duas principais correntes de pensamento que tratam do binômino prazer-dor? 

Monistas e dualistas. Para os monistas, o prazer e a dor são ligados a uma mesma função, vindos de uma mesma origem, ora manifestando-se de forma positiva ora de forma negativa. Para os dualistas, prazer e dor são distintos. Nesse caso, o prazer estaria ligado ao determinismo exclusivamente interno das necessidades e a dor ao determinismo exclusivamente externo das defesas. (1) 

4) No que se funda o princípio do prazer? 

Para a teoria psicanalítica, o prazer rege o funcionamento psíquico, cuja finalidade é evitar o desprazer e proporcionar o prazer por redução das quantidades de excitação. (2)

5) Pode-se buscar o prazer só por si mesmo? 

Não. O prazer é resultante de uma atividade que atinge um bem. Quando busca-se a si mesma, pode autodestruir-se. Observe a seguinte comparação: é como a sombra que se afasta de quem a persegue, mas não abandona quem a origina. (3)

6) Que relação pode se estabelecer entre prazer e bem? 

Em termos religiosos, podemos relacionar prazer e bem. Observe o pensamento de São Tomás de Aquino, na sua Summa Theologica: “É a mesma coisa desejar o bem e desejar a deleição (prazer), e qual não é outra coisa que o repouso no bem”.

7) Como nos devemos posicionar ante o desejo e o prazer? 

O desejo deve ser movido pela virtude da temperança, ou seja, ele deve ser refletido segundo a razão e não segundo a emoção.

8) A música espiritual depura o prazer?

Sim. No livro Obras Póstumas, Allan Kardec tece comentários sobre a música divina e a influência que o Espiritismo exercerá sobre a música de um modo geral, propiciando um terreno fértil para uma música mais fina e requintada. 

9) Cite algumas frases sobre o prazer. 

"Uma metade do mundo não consegue entender os prazeres da outra metade." (J. Austen);

"Não existe deleite sem um misto de dor." (G. Bruno);

"O prazer é o meio mais certo de conhecimento que a Natureza nos oferece e... aquele que muito sofreu é menos sábio do que aquele que muito se alegrou." (G. D'Annunzio);

"A alegria torna o homem sociável, a dor individualiza-o." (Ch. F. Hebbel);

"O homem pode suportar a dor sozinho, mas é preciso estar em dois para ficar contente." (E. G. Hubbard);

"Posso compartilhar as dores das pessoas, mas não seus prazeres. Existe algo curiosamente aborrecedor na felicidade alheia." (A. L. Huxley);

"Todo prazer tem seu momento culminante quando está para acabar." (Sêneca)

"É justamente em meio aos prazeres que nascem as causas de dor." (Sêneca)

10) O prazer é factível de evolução? 

Conforme os anos passam, vamos adquirindo novos modos de vida e novas percepções do prazer. Com uma idade mais avançada, podemos dispensar mais tempo ao cultivo de nossa alma. Em certos momentos, é como se estivéssemos vivendo a alegria da prece, narrada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, em que ouvimos “as liras dos arcanjos, a voz doce e suave dos serafins, mais leves que as brisas da manhã quando brincam nas folhagens dos seus grandes bosques”. 

Fonte de Consulta

(1) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]. 

(2) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993. 

(3) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

(Reunião de 10/05/2014)