Neto, F. (1999). Preditores da solidão em jovens timorenses residentes em Portugal. Revista Portuguesa de Psicologia, 35, 45-66.
Resumo
Por meio deste estudo propusemo-nos examinar o nível de solidão em jovens timorenses residentes em Portugal e os factores susceptíveis de predizer o seu nível de solidão. Foram testadas três hipóteses: as pontuações de solidão em jovens timorenses a viver em Portugal não são diferentes das de jovens portugueses a viver em Portugal; variáveis dentro de cada um dos três conjuntos de variáveis considerados – sociodemográficas, de contacto intercultural e de adaptação psicossocial – serão preditores da solidão; e variáveis de contacto intercultural e de adaptação psicossocial terão mais importância na predição da solidão que variáveis sociodemográficas. A amostra era composta por 118 timorenses (M=16,2 anos; DP=2,3). Um grupo de controlo com 363 jovens portugueses foi também incluído no estudo. O tempo médio de estadia em Portugal da amostra era de 5,5 anos (DP=3,7). Pediu-se aos participantes para preencherem um questionário com várias medidas, incluindo informação sociodemográfica, competência linguística em tétum e em português, identidade timorense e portuguesa, interacção social com o endogrupo e com o exogrupo, auto-estima, locus de controlo, sintomas patológicos e solidão. As hipóteses foram parcialmente confirmadas. Encontrou-se que os jovens timorenses sofriam menos de solidão que os jovens portugueses; variáveis sociodemográficas, de contacto intercultural e de adaptação psicossocial explicaram 38% da variância. A auto-estima emergiu como sendo o preditor mais importante. São sugeridas as aplicações deste estudo para o aconselhamento.
Abstract
The aims of this study were to find out the degree of loneliness among young Timorese living in Portugal, and the factors that may predict the level of loneliness among them. Three hypotheses were tested: loneliness scores of Timorese adolescents living in Portugal are not different of the Portuguese adolescents living in the same country; variables within each one of the three sets taken into account – socio-demographic, intercultural contact and psychosocial adjustment – will be predictors of loneliness; and the variables of intercultural contact and psychosocial adjustment will be more predictive of loneliness than socio-demographic variables. The study sample consisted of 118 participants (mean age = 16.2 years; SD = 2.3). The mean duration of sojourn in Portugal for the sample was 5.5 years (SD = 3.7). They were asked to fill a questionnaire with several measures, including socio-demographic information, ethnic language proficiency, majority language proficiency, ethnic identity, majority identity, endogroup social interaction, exogroup social interaction, mastery, self-esteem, symptoms outcome and loneliness. A control group involving 363 Portuguese youth were also included in the study. The hypotheses were partially supported. There were significant differences between young Timorese and Portuguese adolescents living in Portugal in terms of level of loneliness. Unexpectedly, Portuguese adolescents were lonelier than young Timorese. Within each one of the three sets of variables – socio-demographic factors, intercultural contact and psychosocial adjustment variables – predictors of loneliness were found. The strongest predictors of loneliness self-esteem, psychological symptoms, mastery and endogroup social interaction which accounted for 38% of the variance explained. Implications of the study for counselors are suggested.