Dias, G. F. e Fontaine, A. M. (1998). A construção da autonomia: Elaboração de um instrumento para jovens universitários portugueses. Revista Portuguesa de Psicologia, 33, 37-70.

Resumo

No presente trabalho é apresentado o desenvolvimento de um instrumento, o Questionário de Autonomia (QA), susceptível de ser utilizado para avaliar jovens no fim da adolescência, início da idade adulta. Descreve-se a elaboração do QA a partir de uma abordagem teórica e clínica. Quatro escalas reflectindo a construção da autonomia são definidas: autonomia relacional, capacidade de projecção no futuro, capacidade de estar só e capacidade de separação. As qualidades psicométricas das escalas são analisadas e efectuados estudos preliminares de validação de constructo através, quer da capacidade diferenciadora do QA, quer da sua relação com indicadores de bem-estar psicológico.

A amostra compreendeu 530 estudantes universitários de Lisboa. Os resultados mais relevantes mostram que: (1) os jovens que já namoraram e que não recorreram a ajuda psicológica/psiquiátrica no último ano têm valores mais elevados de autonomia relacional e de capacidade de projecção no futuro do que os que não namoraram ou recorreram a ajuda psicológica/psiquiátrica; (2) os homens têm maior autonomia relacional do que as mulheres; (3) os jovens oriundos de meios sociais mais favorecidos não se diferenciam significativamente dos oriundos de meios menos favorecidos relativamente a nenhuma das escalas do QA; (4) a valores mais elevados de autonomia relacional e de capacidade de projecção no futuro está associado maior bem-estar psicológico.

Abstract

In the present work, we present the development of na instrument, the Autonomy Questionnaire (AQ), susceptible to being used to evaluate young people at the end of adolescence and early adulthood. The elaboration of QA is described on the basis of a theoretical and clinical approach. Four scales, reflecting the autonomy construction, are defined: relational autonomy, ability to project into the future, capacity for being alone, and capacity for separation. The psychometric qualities of the scales are analysed, and preliminary studies of construct validity are carried out by means of both the AQ differentiating power and its relationship with well-being indicators.

The sample comprised 530 university students from Lisbon. The more relevant results show that: (1) young people who have already dated and haven`t asked for psychological/psychiatric help in the last year have higher values of relational autonomy and ability to project into the future than those who never date dor ever asked for psychological/psychiatric help; (2) men have higher relational autonomy than women; (3) youngsters from lower and higher socio-economic statuses are not differentiated with respect to any of the AQ scales; (4) psychological well-being is associated with higher values of relational autonomy and ability to project into the future.

Texto integral / Full text