Rosenzweig, M. R. (1992). Research on neural processes of memory formation. Revista Portuguesa de Psicologia, 28, 133-148.

Resumo

A memória está tão intrinsecamente relacionada com o comportamento, que, desde há largos séculos, tem sido, do mesmo modo que os seus mecanismos, tema para especulações. Datam da Antiguidade Clássica alguns métodos para melhorar o seu rendimento (a «Arte da Memória»), mas a ciência da memória só começa em 1885, ano em que o psicólogo Hermann Ebbinghaus mostrou como poderia ser medida. Isto veio abrir o caminho não só aos estudos cognitivos e do comportamento mas também à investigação no campo da neuroquímica e no das modificações neuroanatómicas nos cérebros dos ratos de laboratório em resultado da aprendizagem ou da experiência informal. Mais recentemente, nos anos 60, iniciou-se o estudo dos processos neuroquímicos relacionados com a formação da memória permanente e descobriu-se que a síntese das proteínas deverá ocorrer logo depois das aprendizagens que visam a retenção na memória a longo-prazo.

Referiu-se, depois, o estudo dos processos neuroquímicos necessários à formação dos níveis mais elementares da memória – memórias de curto-prazo e «intermédia» - e conclui-se da existência de processos neuroquímicos específicos que os determinam. Modulando os processos requeridos para cada nível pôde melhorar-se ou inibir a formação da memória. No nosso estudo dos níveis da formação da memória, as galinhas revelaram-se excelentes sujeitos. Nestes animais pudemos estudar não apenas os processos neuroquímicos inerentes a cada nível como também o papel das diversas áreas do cérebro envolvidas no processo de formação da memória. Muito fica para descobrir, mas este campo oferece numerosas oportunidades para as futuras gerações de investigadores.

Abstract

Memory is so central to behavior and experience that speculations about memory and its mechanisms go back to ancient times. Some methods of improving memory (the «Art of Memory») date from classical antiquity, but the science of memory started only in 1885 when the psychologist Hermann Ebbinghaus showed how to measure memory. This led not only to behavioral and cognitive studies, but also to research in biological psychology and other neurosciences on the neural mechanisms of learning and memory. In the 1950s our research group at the University of California at Berkeley discovered neurochemical and then neuroanatomical changes in the brains of laboratory rats as a result of learning or of informal experience. In the 1960s we began to study the neurochemical processes involved in the formation of long-term memory and found that protein synthesis must occur soon after learning in order to form long-term memory. We then turned to the study of neurochemical processes required for formation of earlier stages of memory, short-term and intermediate term memories, and we found that the processes required for each stage, we can enhance or impair the formation of memory. For our work on the stages of memory formation, young chicks are excellent subjects. In these animals we have studied not only the neurochemical processes required for the different stages, but also the roles of different brain regions involved in the stages of memory formation. Much remains to be discovered, and this field offers many opportunities for the next generations of investigators.

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