Schmitz, P. G. (1995/1996). Personalidade e processos de adaptação cultural. Revista Portuguesa de Psicologia, 31, 37-59.

Resumo

As sociedades diferem quanto ao modo como facilitam a aculturação dos imigrantes. Podem distinguir-se diversos tipos de estratégias de aculturação: integração, assimilação, segregação e marginalização. Os estudos mostram que estas formas se relacionam de modo diferencial com a saúde e a adaptação psicossocial. Quanto ao modo mais escolhido pela sociedade hospitaleira (sociedade de imigração) ou por um grupo imigrante encontraram-se diferenças individuais na preferência por um estilo específico de aculturação, na adaptação psicossocial a uma nova cultura e nas consequências para a saúde e bem-estar.

Há pouca investigação quanto à relação entre estas variáveis e as diferenças básicas de personalidade. Os dados recolhidos na RFA com diferentes grupos de imigrantes mostraram que estas diferenças individuais na aculturação e na adaptação psicossocial estão altamente correlacionadas com uma série de variáveis fundamentais da personalidade, como sejam as dimensões do modelo factorial «cinco grandes» de Costa ou de Zuckerman ou estilos cognitivos (Witkin, Rokeach). A compreensão das relações complexas entre cultura, sociedade, influências de grupos sociais, factores básicos de personalidade e modos de aculturação individual pode ajudar os cientistas sociais a desenvolver estratégias de intervenção e a avançar com algumas sugestões para o desenvolvimento de adequados programas socio-políticos de aculturação.

Abstract

Societies differ in the extent they facilitate acculturation of immigrants. Different types of acculturation strategies can be distinguished: integration, assimilation, segregation and marginalization. Research findings show that these modes are differently related to health and psychosocial adjustment. Irrespective of the mode mostly preferred by the society of settlement or by an immigrant group, we find marked individual differences in the preference of a specific acculturation style, psycho-social adaptation to a new culture, and consequences for health and well-being.

Little research is conducted to relate these variables to basic personality differences. Data collected in the FRG with different immigrant groups illustrate that these individual differences in acculturation and psycho-social adaptation are very closely related to a series of basic personality variables such as the dimensions of Costa`s and Zuckerman`s «Big-Five» factor model, or of Strelau`s and Rusalovs structure of temperament model. Understending the complex relationships between culture, society, influences of social groups, basic personality factors and individual acculturation modes can help the social scientist to develop intervention strategies and to make some suggestions for the development of adequate socio-political acculturation programs.

Texto integral / Full text