Barros, A. e Ferreira Marques, J. (1999). Os valores e os “cinco factores” de personalidade. Revista Portuguesa de Psicologia, 34, 29-54.

Resumo

A investigação sobre o desenvolvimento da carreira teve uma importante evolução nas últimas décadas, com especial ênfase para variáveis como os valores e para a organização de instrumentos de medida. No âmbito do projecto internacional Work Importance Study (WIS), foi elaborada a Escala de Valores WIS com características metrológicas satisfatórias e que abrange os seguintes valores: Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade, Económico, Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho.

Mencionado em muitos estudos sobre a personalidade publicados nos anos 80 e 90, o modelo dos cinco factores reconhece o potencial dos traços como variáveis explicativas e/ou descritivas da personalidade. Para McCrae e Costa (1996) os cinco factores representam hierarquicamente a estrutura da personalidade e são os seguintes: Neuroticismo (N), Extroversão (E), Abertura à Experiência (O), Amabilidade (A), e Conscienciosidade (C). Em relação com esta evolução na teoria da personalidade, surgiram alguns inventários, entre os quais o NEO-PI-R (NEO Personality Inventory – R), que tem subjacente a representação hierárquica da personalidade considerando os cinco factores e as suas trinta facetas, e a respectiva forma reduzida NEO-FFI (NEO Five-Factor Inventory) que permite apenas avaliar os cinco factores.

Neste artigo são examinadas as relações entre os valores e os cinco factores de personalidade, utilizando a Escala de Valores WIS e o NEO-FFI numa amostra de 214 adultos. O estudo engloba alguns dados obtidos com cada instrumento, correlações entre as variáveis e uma análise factorial das escalas dos dois instrumentos.

Abstract

Career development research had an important evolution during the last decades, with a special emphasis on variables like values and on the design of assessment instruments. In the framework of the international project Work Importance Study (WIS), the WIS Values Scale was developed with satisfactory psychometric characteristics and provides scores on the following values: Ability Utilization, Achievement, Advancement, Aesthetics, Altruism, Authority, Autonomy, Creativity, Economics, Life Style, Personal Development, Physical Activity, Prestige, Risk, Social Interaction, Social Relations, Variety and Working Conditions.

Mentioned in many studies about personality published in the 1980s and 1990s, the five-factor model recognizes the potential of the traits as variables that can describe and/or explain personality. According to McCrae and Costa (1996), the five factors represent hierarchically the personality structure. They are the following: Neuroticism (N), Extraversion (E), Openness to Experience (O), Agreeableness (A) and Conscientiousness (C). In relation to this evolution in personality theory, some inventories were developed; the NEO-PI-R (NEO Personality Inventory – R) has an implicit hierarchical representation of personality, considering the five factors and their thirty facets, and the corresponding short form NEO-FFI (NEO Five-Factor Inventory) allows only the assessment of the five factors.

In this article, the relations between values and the five factors of personality were examined, using the WIS Values Scale and the NEO-FFI, on a sample of 214 adults. The study includes some data obtained with each instrument, correlations between the variables and a factor analysis of the scales of the two instruments.

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