Leal, M. R. M. (1980/1981/1982). Uma proposta alternativa para tratamento de crianças com perturbações de contacto. Revista Portuguesa de Psicologia, 17/18/19, 157-178.

Resumo

Hipotetizou-se que a diferenciação do eu se faz, nos primórdios, pela progressiva separação de experiências emocionais, as que se originam na criança e as que se originam no seu interlocutor quando o intercâmbio entre os dois é regulado ou pode ser regulado pela iniciativa da criança. Isto acontece quando o diálogo mãe-filho ou cuidador-criança se estrutura num ritmo de trocas que se modula segundo o esquema da «análise de contingência da resposta» cujo indicador é a pausa rigorosamente colocada na sequência temporal de interacção, conforme descrito (Leal, 1981). Aplicou-se esta hipótese ao tratamento de crianças deficientes com perturbação de desenvolvimento de personalidade ou de organização do eu (manifestando comportamentos psicóticos) e procurou-se operacionalizar um modo de intervenção na linha das observações aduzidas. Conclui-se que há uma nítida alteração no modo de se relacionar com um adulto interveniente quando foi aplicada a intervenção rigorosamente planeada como projecto de investigação, cujos elementos acima detalhamos. Da validade da intervenção para efeitos de generalização não se poderá concluir sem que se passe mais algum tempo sobre a experiência e se que se possa replicar o projecto com outros casos de desorganização de personalidade ou outra deficiência.

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