O Escravo Ambrósio

Ambrósio foi o escravo que acompanhou o estudante Bernardo Guimarães na sua mudança de Ouro Preto (MG) para São Paulo (SP), onde se matriculou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Corria o ano de 1847.

Os acadêmicos agrupavam-se em repúblicas, que não eram apenas moradias, mas também sociedades literárias e musicais. Para os então alunos da Faculdade de Direito de São Paulo, o mundo se dividia em duas classes: acadêmicos (eles próprios) e futricas (o resto da humanidade). Eles levavam uma vida divertida, alegre e boêmia.

Para pagar as despesas das repúblicas, os estudantes de famílias de pouco recurso tinham de fazer dinheiro a qualquer custo. Uma das maneiras de conseguir dinheiro era transformar seus cativos em "escravos de ganho". Foi o que Bernardo fez com o velho escravo da família Guimarães, o Ambrósio, o qual, ao contrário dos cativos de outros estudantes, não tinha forças para trabalhar em chácara ou como cortador de lenha.

Hábil quitandeiro -- fazia biscoitos, bolos e doces que ficam expostos em tabuleiros --, Ambrósio fez ponto no largo da Igreja da Misericórdia e depois nas escadarias da Igreja do Carmo.

Como os biscoitões de farinha de milho de Ambrósio fizeram sucesso, Bernardo Guimarães abriu uma vendola de guloseimas na rua das Sete Casas. Ambos repartiam os lucros.

Bernardo Guimarães escreveu o poema À Sepultura de um Escravo em memória a Ambrósio, que morreu em 1851.

Biscoitão de Milho do Escravo Ambrósio

receita conservada na família de Bernardo Guimarães desde o século XIX

Ingredientes


2 xícaras (chá) cheias de farinha de milho

2 xícaras (chá) de leite integral

2 xícaras (chá) de polvilho azedo

2 xícaras (chá) de polvilho doce

1 xícara de banha (pode usar 1 xícara de óleo de milho)

2 ovos grandes ou 3 médios

1 colher (sobremesa) de sal

1 colher (chá) de açúcar


Modo de Fazer

Ferva o leite junto com o óleo (banha), até começar a subir.

Numa gamela de madeira (ou numa bacia de plástico ou de inox), coloque a farinha de milho e os polvilhos, sal e açúcar. Misture. Despeje sobre as farinhas o leite fervendo e mexa com a colher de pau. Espere descansar.

Junte os ingredientes, se possível em uma gamela de madeira. Primeiro, misture a farinha de milho e o leite e deixe descansar até que a farinha fique bem encharcada. Depois, junte o polvilho, o óleo, os ovos e o sal. Misture bem e amasse com as mãos até a massa ficar mole. Depois de bem misturada, prepare um saco de plástico com um furo na ponta. Esprema os biscoitos em um tabuleiro no forma e tamanho que desej



*Polvilho é fécula de mandioca e tem de dois tipos, doce e azedo. O doce é quando a borra da decantação da mandioca é moída depois de seca. O úmido é obtido quando essa borra da decantaçãod amandioca é moída meio úmida.

O segredo do Escravo Ambrósio era é usar os dois tipos de polvilho, bem como "temperar" com sal e açúcar.