O voo angélico

Era um anjo entre nuvens oscilando,

Trajando linda, vaporosa veste;

No mimoso semblante e gesto brando

Tão bela, como tudo que é celeste.

No temeroso espaço balançada

Fazia medo e pasmo vê-la assim;

Se não fora criança, era uma fada,

Se não fora do mundo, um querubim.

Mas era mesmo querubim e fada,

De ambos reunia a etérea essência;

Fada pela arte mágica, encantada,

E anjo pelo encanto da inocência.

Balançou-se no ar, e de repente

Pelo espaço vazio se arrojou;

Caiu... oh! não; pousou serenamente,

E suas vestes de anjo não manchou.

Possas, menina, no correr da vida

Como um anjo assim sempre esvoaçar,

Ser de teus pais a pérola querida,

Dos lares teus o anjo tutelar.