Endereço ao Editor

Eis os cantos que d'alma me fugiram

No seio de meu ermo,

Quando um dia à idéia me acudiram

O triste fado, o desastroso termo

Do sabiá das terras brasileiras,

Do cantor mavioso das palmeiras.

Aceita agora estes singelos cantos,

Filhos do coração:

Foram d'alma exalados entre prantos

Em minha solidão.

Mas dá-lhe asas; faze com que corram

Às mais remotas plagas,

E não permitas que afogados morram

Pelas do olvido sonolentas vagas.

Cá destas broncas serras,

Onde nasceram, voem pressurosos

E vão morrer dolentes, suspirosos,

Do Maranhão pelas formosas terras,

Berço do bardo ilustre,

Que às pátrias letras deu tamanho lustre.

Ouro Preto, outubro de 1869.