Desaba parte da fachada do solar de BG. E ninguém nada faz

No dia 6 de novembro de 2004, uma parte da fachada do solar em Ouro Preto onde viveu e morreu o poeta e romancista Bernardo Guimarães desabou, conforme relata o sitewww.ouropreto.com.br, reproduzindo notícia do jornal "A Semana", daquela região. A queda ocorreu numa manhã de sábado e não atingiu ninguém. Ao repórter Douglas Couto, do jornal “A Semana”, o cabo Antônio Mendes, do Corpo de Bombeiro, disse que a qualquer momento podem haver novos desabamentos. “O risco é grande, porque a construção é antiga”, afirmou o policial.Apesar disso, a Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), que é responsável pelo patrimônio histórico da Ouro Preto, nada fará. Dayse Lustosa, presidente da entidade, afirma que o Governo do Estado de Minas não tem recursos para restaurar o solar.O casarão fica na rua Alvarenga, 96, no Bairro das Cabeças, parte alta de Ouro Preto. A foto acima, de Victor Godoy, foi tirada alguns dias após o desabamento. O imóvel está abandonado há muito tempo.Em 28 de setembro de 1998, os editores deste site enviaram à Fundação Roberto Marinho e-mail com o apelo para que o imóvel fosse recuperado, de modo, se possível, abrigar um museu sobre Bernardo Guimarães.“O casarão encontra-se em péssimo estado de conservação — há, inclusive, risco de desabamento”, ressaltava o e-mail.Resposta da fundação: “Agradecemos o interesse pelo trabalho da Fundação Roberto Marinho. Informamos que seu e-mail foi encaminhado à equipe responsável pelo Patrimônio, caso haja interesse eles entrarão em contato”. Não houve interesse.

A família de Bernardo Guimarães tinha a esperança de que a Fundação recuperasse o prédio, porque a entidade, além de ter investido em vários projetos de preservação em Ouro Preto, está ligada à Rede Globo, cuja gravação da “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, lhe deu muita audiência no Brasil e abriu as portas de centenas de países para as suas telenovelas.

“Agora, que o romance está sendo gravado pela Rede Record, a Fundação Marinho tem mais um motivo para sustentar o seu o desinteresse pela recuperação do solar”, afirma Paulo Roberto Lopes, editor deste site.

O solar foi construído em meados do século 18. Nele, BG escreveu “O Índio Afonso e Maurício” e “O Ermitão de Muquém”. Muitas histórias ou lendas o cercam, como a de que a cabeça de Tiradentes, que sumiu depois do esquartejamento do inconfidente, estaria ali enterrada.

A reivindicação para que o imóvel seja recuperado também não é nova. Gastão Penalva, num livro, escreve que “a casa que foi de Bernardo Guimarães desaba a cada dia que amanhece, num sinistro fragor de maldição". Esse livro foi publicado em 1933.