A certeza de Teresa

Jovem e solteira, Teresa Maria Gomes estava entretida lendo os Cantos da Solidão, de seu poeta preferido, Bernardo Guimarães, quando seu cunhado, o médico-cirurgião dr. Calixto José de Arieira, mandou que interrompesse a leitura.

-- Preciso que fiques a vigiar essas sanguessugas. Mantém-te atenta para que elas não fujam desta bacia. Logo chegará uma pessoa enferma que necessitará da aplicação.

Ignorando a incumbência, a Teresa continuou a se dedicar às palavras do poeta o qual -- sabia ela --, era filho da mesma cidade em que vivia a família Gomes: Ouro Preto. As sanguessugas que fossem para onde quisessem.

Voltando do consultório para pegar as sanguessugas, o dr. Arieira ficou aborrecidíssimo com a desatenção de sua cunhada:

-- Menina desatenta! Ainda hás de casar-te com um labrego!

Ao que Teresa Maria replicou de imediato:

-- Lá isso é que não! Eu hei de casar com o autor deste livro!

Alguns anos depois, em 1867, no dia 15 de agosto, Bernardo casava-se com Teresa.