À morte da inocente Maria

Filha de meu amigo Pedro Queiroga

Como gota de orvalho, que na aurora,

Brilhando um só momento,

Do cálix da bonina se evapora,

E se perde no azul do firmamento,

Ao maternal regaço assim fugiste,

Mimosa criatura,

A todos nós deixando, em hora triste,

Cheios de dó, transidos de amargura.

Eras anjo, bem sei; o vôo alçaste

Para o trono de Deus;

Mas em saudade infinda cá deixaste

Os que não gozam mais sorrisos teus.

Maria, pede a Deus, que das alturas,

Pra onde tu voaste,

Envie refrigério às amarguras

Daqueles que tão cedo abandonaste.

Junho - 1880.