Saudade

Anima plus vivit ubi amat, quam ubi animat.

(S. Francisco de Assis)

Vem, ó saudade, toma-me em teu carro,

Em teu regaço leva-me dormindo,

Entre fagueiros sonhos embalado

Por esse espaço infindo.

Leva-me além daquele erguido monte,

Que lá campeia quase que sumido

Nas brumas do horizonte.

Leva-me além; - oh! muito além ainda;

Do eterno plaino largo campo fende;

E entre escalvadas serranias broncas

O carro teu suspende.

Aí nas abas de sombrio morro

Abate o vôo, e deixa-me nos braços

Daquela por quem morro.

Rio de Janeiro, 1858.