À Corina

(Poesia satírica de João Bernardo Guimarães Alves (1900-1934),

neto de Bernardo Guimarães)

Aqueles versos que te fiz menina,

Transbordantes de amor e afeto puro,

Escritos no melhor papel da China,

Jogastes - oh! que tristeza - no monturo.

E nem os leste __ oh!, que pesar __ mas juro

Que não me importaria, alva Corina,

Se uso tivesses feito mais seguro

Pendurando-os num prego de latrina

Assim, ao menos, minha doce amiga,

Seriam empregados utilmente

Em cólicas ou dores de barriga

E seriam por ti lidos assaz,

Não pelos olhos que tu tens à frente

Mas pelo olho que tu tens atrás

Nota: O episódio é verídico: existiu mesmo uma Corina que jogou no lixo versos que João B. Guimarães Alves lhe fizera. Para se vingar, João compôs o soneto acima, que é lembrado pelos descendentes. De uma certa maneira, portanto, a vingança dura até hoje. (PRL)