Soneto

A um amigo da roça

Comprai constante caro o mantimento,

O vinho, o só prazer, que ao triste resta,

Pagai como juiz do santo a festa;

Vestido aparecei ao cumprimento.

Aos filhos dai na escola o vestimento,

Tratai família com decência honesta;

Ao pobre dá, ao desvalido empresta,

E dos tributos faze o pagamento.

Sobre estas ajuntai mil outras castas

De despesas, a que ando condenado,

De que tu, lá na roça, bem te afastas,

E julga, qual é mais afortunado,

Se tu, que tudo plantas, nada gastas,

Ou eu, que tudo gasto do ordenado