Soneto
À morte de uma formosa e célebre meretriz,
conhecida pelo apelido de Luminária
Já se apagou enfim a luminária,
Que mais de lustres oito esteve acesa,
E qual o sol, no foco da beleza,
Deslumbrava do mundo a gente vária.
Ontem de amor a turba perdulária
Tinha na sua luz a mente presa;
Hoje de horror a frágil natureza
Se esconde dessa, que adorou precária.
Eis aqui, ó mortais, a humana sorte!
Murcha-se a flor apenas é colhida,
E a formosura segue a mesma sorte.
Breve a luz fica em trevas confundida,
E só não causa ao mundo horror a morte,
Quando a virtude nos adorna a vida.