Alcino Lagares Côrtes Costa*
Patriotismo é um sentimento de amor pela pátria, de respeito pelos seus símbolos e de solidariedade com os compatriotas.
Por isso, nunca pude entender porque o presidente Jair Bolsonaro ( que sempre inclui “patriotismo” em seus discursos) nomeara para ministro da Educação um colombiano: Ricardo Vélez Rodriguez. Este, em entrevista à revista Veja no início de fevereiro, ofendeu a nação brasileira ao declarar que os brasileiros são ladrões. Foi mantido no cargo! Somente foi substituído em 08 de abril, após uma série de trapalhadas e entrar em “rota de colisão” com evangélicos e com parlamentares de diversos partidos políticos.
Em 05 de fevereiro de 1963, com o Decreto nº 51.697, o presidente João Goulart instituíra, com 5 graus (sendo a “Grã-Cruz” o mais elevado), uma ordem honorífica denominada “Ordem de Rio Branco” para galardoar “pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras que, por seus serviços ou por mérito excepcional, se tenham tornado merecedoras desta distinção”.
Então, por inexistir o “mérito excepcional” que a justificasse, causou estranheza a publicação no Diário Oficial da União em 30 de abril, a concessão da “Grã-Cruz” a Olavo de Carvalho, um autoproclamado “filósofo”. Trata-se de brasileiro que se mudou para os Estados Unidos em 2005 e não presta nenhum serviço ao Brasil. Ao invés, utiliza-se de termos de baixo calão e ofende frequentemente o vice-presidente (general Mourão) e os generais que integram o alto escalão do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Na manhã do dia 7 de maio, ele novamente ofendeu os generais e escreveu, referindo-se ao general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas (que padece de uma doença autoimune): “(...) altos oficiais militares, (...) escondem-se por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas (...)”.
O presidente Bolsonaro parece não perceber que, ao afirmar que idolatra quem humilha os generais, está incentivando em seu governo o desrespeito a esses e possibilitando que a disciplina e a hierarquia deixem de ser as bases institucionais das organizações militares.
Em vez de demonstrar solidariedade com o general (hoje no Gabinete de Segurança Institucional), diminuiu a importância das ofensas declarando: “Eu recebo críticas muito graves todo dia e não reclamo”.
No mesmo dia, promoveu uma solenidade capaz de desviar a atenção da mídia, na qual assinou o decreto 9.785 que facilita o porte de armas, amplia a compra individual de munição de 50 para até 5.000 cartuchos e faz a alegria de fabricantes e vendedores de armas e munições!
Mas, patriotismo é um sentimento de amor pela pátria, de respeito pelos seus símbolos e de solidariedade com os compatriotas e a “Ordem de Rio Branco” traz, no centro, a legenda em Latim “Ubique Patriae Memor”: “Em todo lugar, a lembrança da Pátria”!
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* coronel QOR e presidente do Conselho Superior da Academia de Letras João Guimarães Rosa da Polícia Militar de Minas Gerais. E-mail: cellagares@yahoo.com.br