Caríssimo amigo e mestre Cel Lagares,
O seu belo artigo, em que manifesta, com inegável objetividade e coragem, seu posicionamento acerca das graves “insinuações” sobre movimentações financeiras irregulares apontadas pelo COAF, atribuídas à família Bolsonaro, que têm, até o presente momento e segundo seu relato, recebido do presidente eleito respostas “evasivas”, conduziu-nos a profundas reflexões.
Reconhecemos como inegável o comprometimento do presidente eleito, caso se comprovem as denúncias, em face dos mandamentos constitucionais e legais, explicitados no seu artigo.
Ao finalizar e partindo do pressuposto de que são verídicas as denúncias, sugere o artigo ao presidente eleito:
“O dever de cultuar a verdade e a probidade como fundamentos de dignidade pessoal impõe que renuncie já...”
Hipótese que, na nossa percepção e uma vez concretizada, indubitavelmente abriria portas a manifestações e conflitos vários, para o gáudio dos partidos de esquerda, desestabilizando o País e mergulhando-o numa severa e profunda crise política, de consequências imprevisíveis.
Desnecessário destacar a tragédia em que o nosso amado país foi lançado pela corrupção e irresponsabilidade dos (des) governos que, há mais de 14 anos, nos dirigiram. Dolorosa situação da qual estamos na iminência de nos libertarmos, não sem uma caminhada longa e de sacrifícios extremados, mas com esperanças renovadas de um futuro melhor, despertadas nos corações da maioria do eleitorado brasileiro, pela fé e entrega inabaláveis do presidente eleito que, por muito pouco, sacrificou sua própria vida?
Que mal é maior questionamos: destruirmos a imagem daquele que, embora imperfeito como qualquer de nós, conquistou a confiança e a esperança da esmagadora maioria dos brasileiros, em nome das tão sonhadas moralidade e probidade públicas, deixando o nosso país exposto a uma monumental e incerta crise política, ou seguirmos em frente nos escudando no benefício da dúvida?
Crise da qual, certamente, se aproveitará essa organização criminosa que aparelhou o Estado Brasileiro, desviando bilhões de reais do erário, alimentando governos ditatoriais mundo afora, causando danos e prejuízos incalculáveis... Que ao longo dos anos vem renegando e tentando destruir os ideais de liberdade e democracia que, desde sempre, alimentam a alma do povo brasileiro.
Pergunto ainda: é possível, nesse momento, buscarmos a implantação de um “governo ideal”, dos nossos sonhos, ou seria mais prudente e aconselhável nos contentarmos com o governo real, que podemos alcançar agora? Estabelecermos um período sólido e estável de transição, no nosso entender tão benéfico para que as coisas se acertem sem traumas e violências desnecessárias.
Não acreditamos em milagres e, muito menos, em perfeição ou soluções mágicas que se conseguem com um toque de “varinha de condão”, para a solução de problemas tão graves e sérios quanto aos que vive a Nação Brasileira.
Ouvi certa feita, de um palestrante, que “nem tudo o que é BOM é do BEM, assim como nem tudo o que se diz do BEM é BOM”.
Concordo que uma possível renúncia do presidente eleito, comprovadas as acusações, seria uma medida do BEM por estar de acordo com a Lei, mas não seria BOM para o nosso sofrido Brasil, em face das circunstâncias desse momento muito especial que, não apenas o nosso país, mas todo o mundo atravessa e que muitos estudiosos espiritualistas estão denominando de Transição Planetária.
Louvo-o, pelo conteúdo do artigo e sua coragem em se manifestar com clareza, firmeza e propriedade, aliás muito próprias do Ser Humano honrado, digno e de caráter irretocável, que sempre mereceu a nossa admiração e profundo respeito.
Finalizando, ponderamos: se desconsiderarmos as “insinuações”, nos amparando no benefício da dúvida, visando o bem maior para a Pátria Brasil, estaríamos, mesmo assim, conduzindo ao “trono real” um “grande e indigno pecador”?
Deixo para atirar a primeira pedra “aquele que não tiver pecado”!
Com o nosso abraço fraterno,
Marcílio.
Caro amigo, Marcílio,
Obrigado pelo retorno e pelas contribuições com suas ideias sempre construtivas.
Há, sem dúvida, muita sabedoria em suas reflexões. Frequentemente escrevo o que penso ser “o melhor” _ com que autoridade, porém, poderia eu decidir o quê é “melhor”, mormente quando se trata da vida de toda uma nação? Nenhuma, é claro._, logo, apenas e insignificantemente, quando posso afirmar (aristotelicamente, segundo o princípio de identidade) ser ontológico aquilo que evidencia ser lógico.
Relutei _ bem mais do que noutras vezes _, sobre divulgar, ou não, esse artigo. Em minha mente estiveram pensamentos semelhantes a esses que você inteligentemente ponderou: “_Teria um lobo se apresentado em pele de cordeiro?... Se fomos enganados com discursos vazios, isso não é nada bom... mas, mesmo assim, dos males qual será o menor?”
Pensei, porém, que a verdade é o bem da inteligência.
Então, considerei, no conceito de ética militar, portanto na oposição entre “espírito de corpo” (apoiamos a eleição de um militar, porque ele defendia os “valores militares” que cultuamos?) e “corporativismo” (deveríamos manter uma vil cumplicidade com aquele militar que se desvia do dever, simplesmente por ser militar?).
O Brasil já teve Constituições tratando a eleição presidencial de modo diverso da atual: presidente era o candidato eleito em primeiro lugar; vice-presidente era o segundo mais votado... hoje, não mais:
“Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de (...)”
Nos termos constitucionais, portanto, o general Antônio Hamilton Martins Mourão _ contra o qual nada pesa _ foi eleito simultaneamente com o capitão Jair Bolsonaro para a presidência, uma vez que não existem “vice-problemas” nacionais a serem “vice-resolvidos”.
Mas, se são “fake news” as insinuações de peculato contra Bolsonaro, prefiro que ele fale firmemente serem falsas acusações (nada de: “Não sei... não vi... vocês devem perguntar isso daí é pro chefe do gabinete...”) e que governe com sabedoria.
Se são fatos, será menos sofrido para a Nação Brasileira a renúncia prévia (em vez de um governo cheio de acusações como foram os de Dilma e Lula) e a assunção pelo outro militar _ igual e simultaneamente eleito pelos brasileiros _, o general Mourão.
Mais uma vez agradecendo pela gentileza de seu estimulante “feed back”, abraça-o o amigo, Lagares