“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da totalidade. Quando um torrão de terra é levado pelo mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio; a morte de um homem qualquer me diminui, porque sou parte da humanidade, e por isso nunca mandes indagar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” (John Donne,1572-1631)
Em artigo publicado nesta data (25/06/2024), o Cmt-Geral da BMRS nos informa terem sido usadas “armas de guerra” para tirar a vida do nosso companheiro, o sargento Fabiano, e que bandidos têm acesso a essas armas pelas nossas fronteiras.
Em 2006, no Japão, houve 2 mortes por armas de fogo. Quando o número saltou para 22, em 2007, o fato foi considerado um “escândalo”.
No Brasil ocorrem, por ano, aproximadamente 60 mil mortes violentas, fato que o coloca entre os 10 países mais inseguros do mundo!
Se há tamanha diferença comportamental entre dois países (o Japão e o Brasil, por exemplo), é um absurdo aceitarmos tantas mortes violentas em nosso país, sabendo ser possível evitá-las.
O Estado é, por definição, “uma entidade soberana, instituída através de um governo, que exerce o poder político em um território”.
O exercício do poder político deve ser feito com fundamento na ordem jurídica e o primeiro dos deveres do Estado é prover a segurança de seu povo. Para tal, cabe a ele o “monopólio do uso da força”.
Conforme uma CPI realizada em 2006 para investigar a origem de armas pesadas que são usadas por “milícias” e por traficantes, constatou-se que 5% desembarcam por mar, vindo de outros continentes, 8% vêm da Bolívia, 17% do Suriname e 68%, do Paraguai.
É um absurdo continuarmos a aceitar que armas estejam entrando “por atacado” pelas nossas fronteiras, enquanto nossos companheiros se esforçam para apreendê-las “no varejo” e vão se tornando heróis... mortos.
Então _ mais do que a existência _ é a continuação da entrada de armas no Brasil que tornam necessárias coragem e ações das Forças Armadas para proteger as nossas fronteiras (o Exército), nossos portos e águas territoriais (a Marinha) e nossos aeroportos (a Aeronáutica) para cumprir a sua missão constitucional: “Defesa da Pátria” e “Garantia da Lei e da Ordem” (artigo 142 da C. F.).
Afinal, “patriotismo” é um sentimento de amor, orgulho e devoção à pátria e aos seus símbolos e de solidariedade aos compatriotas, jamais podendo ser confundido com meras prédicas semânticas destituídas de coerência prática.
Caro companheiro, sargento Fabiano, que nos precedeu na derradeira viagem _ a viagem espiritual _, onde quer que você esteja, receba as nossas melhores homenagens e a nossa respeitosa admiração pela obra que aqui realizou. Que seu espírito esteja em paz, que seus familiares e amigos se reconfortem, sabendo-o um herói e sabendo que todos nós, policiais-militares, nos sentimos diminuídos.
Caro Comandante-geral da BMRS, coronel Cláudio dos Santos Feoli, receba a nossa solidariedade.