Albert Einstein (1879 - 1955), em seu livro “Mein Weltbild” (“Minha visão de mundo”) nos ensina, com sua teoria da “Relatividade Geral” o “quadridimensional” mundo físico, com a percepção da dimensão “espaço-tempo”.
Escrevo este artigo no Brasil às 21h20 do dia 30 de agosto de 2021, enquanto no Japão são 09h20 do dia 31 de agosto. Eu e um dos atletas brasileiros que estão participando da “Olimpíada paralímpica” em Tóquio, embora em lugares tão distantes e em dias diferentes (pelo mesmo calendário), podemos afirmar neste mesmo instante: “_Estou aqui, agora”. Paradoxalmente, ambos dizemos a verdade!
Em abril de 1770, para estreitar os laços entre a França e a Áustria, foi arranjado o casamento da arquiduquesa Maria Antonia Josepha Johanna von Habsburg-Lothringen (de 14 anos) com o jovem Louis Capêt (de 17 anos), Duque de Berry, que viria a ser rei da França (em maio de 1774) com o título de Luís XVI.
Maria Antônia, que entre nós ficou conhecida como “Maria Antonieta”, tornou-se, por sua origem austríaca, odiada pelo povo francês.
O luxo dos palácios era contrastante com a pobreza e a fome do povo.
Faltava o “pão”.
Assim, uma frase que teria sido dita por uma princesa espanhola dois séculos antes _ e até já teria sido registrada em livro, em 1766, por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), quando Maria Antonieta ainda era uma criança de 10 anos _ foi-lhe atribuída pelo povo francês que a odiava e a culpava pelo governo absolutista de Luiz XVI:
“_ Se o povo não tem pão, que coma brioches”!
Com início em 1789, a “Revolução Francesa” pôs fim àquela monarquia e ambos, rei e rainha, acabaram guilhotinados em 1793: ele, em janeiro; ela, em outubro.
“O quê é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem fez a pergunta, já não sei.” (Santo Agostinho, 354-430).
De acordo com relatório do IBGE, a extrema pobreza no Brasil (grupo de 13,5 milhões de pessoas que sobrevivem com, no máximo, 145 reais mensais) aumentou nos últimos anos; mais de 14 milhões de brasileiros não conseguem se colocar no mercado de trabalho e, conforme o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão estratégico do governo federal, mais de cem mil brasileiros vivem “em situação de rua” e dormem no chão.
O número de miseráveis brasileiros é maior do que toda a população da Bolívia (esta com aproximadamente 12 milhões de almas).
A inflação em várias capitais brasileiras é puxada pelo preço de alimentos básicos, tais como arroz e... feijão.
Falta “pão” (e feijão!) para o povo.
E foi neste período de tantas dificuldades, em frente ao Palácio da Alvorada, na manhã de sexta-feira, 27 de agosto de 2021 (mesma data, mas à noite em Tóquio), que o nosso grande Presidente da República (1,85m), declarou:
“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: 'Ah, tem que comprar é feijão'. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar". (Sic).
O povo precisando de novas frentes de trabalho e de alimento para viver e o nosso presidente fazendo propaganda de armas... para matar. Que lástima!
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*Coronel QOR da Polícia Militar de Minas Gerais.