O idioma Sânscrito faz parte de um grupo de línguas e dialetos “indo-áricos” antigos, que eram falados no norte da Índia até aproximadamente 500 anos a. C. e é preservado no Hinduísmo.
Em Porbandar, distrito de Kathiawar, na Índia, no dia 2 de outubro de 1869, nasceu um menino. Em 1888 ele se mudou para Londres (onde se formou em Direito) e depois para a África do Sul (onde permaneceu por 21 anos).
De volta à terra natal, ele se tornou mundialmente conhecido por ter liderado uma “política de não violência” que, em 15 de agosto de 1947, tornou a Índia independente do Reino Unido e inspirou movimentos pacíficos pelos direitos civis e pela liberdade em todo o mundo.
Aquele defensor da paz foi assassinado a tiros em Nova Déli, no dia 30 de janeiro de 1948.
O nome daquele pacifista é Maohandas Karamchand Gandhi; mas, em Sânscrito, existe uma palavra com significado de “grande alma". Essa palavra é “Mahatma”.
É por essas razões que, em todos os países deste planetinha azul e branco, ele é conhecido e aclamado como “Mahatma Gandhi”!
Em sua homenagem e como forma de incentivar a educação, para que os povos busquem paz, solidariedade, respeito pelos direitos humanos e mediação de conflitos pelo diálogo, a ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu o dia 2 de outubro (dia do seu nascimento) como “Dia Internacional da Não Violência”.
No Brasil ocorrem aproximadamente 60 mil mortes violentas por ano, a maioria de jovens entre 15 e 30 anos, fato que o coloca entre os 10 países mais inseguros do mundo!
Uma análise sobre o que se encontra por trás de toda e qualquer violência evidencia que, por termos corpos, convivemos com instintos egoístas, os quais são impulsionados por reflexos inatos; mas, podemos perceber em nós sentimentos altruísticos que nos fazem crer que os conceitos de justiça, beleza, verdade e bem são também inatos e podem predominar sobre os instintos.
A racionalidade nos distingue dos animais e dá vida ao universo simbólico; portanto, a palavra é o programa mais importante em nossas mentes: ela extrapola caracteres e sonoridade, adquire significado e se torna parte essencial da realidade humana.
As palavras de Thomas Morus (1478 - 1535), criticando o rei Henrique VIII, permanecem válidas no Brasil de hoje:
"Abandonais milhões de crianças aos estragos de uma educação viciosa e imoral. A corrupção emurchece, à vossa vista, essas jovens plantas que poderiam florescer para a virtude, e vós as matais quando, tornadas homens, cometem os crimes que germinavam, desde o berço, em suas almas. E, no entanto, que é que fabricais? Ladrões, para ter o prazer de enforcá-los." (Thomas Morus, 1478-1535, em “A Utopia”)
Para que a violência desapareça, o processo civilizatório nos aponta a necessidade do “diálogo para convencer” em lugar da coerção que se revelou ineficaz como “recurso para vencer”.
Que o simbolismo desse 2 de outubro de 2024 institua a educação como prioridade absoluta. Caso contrário, permaneceremos incapazes de responder a uma angustiante pergunta: haverá um dia _ consequente de um processo civilizatório cada vez mais humanista _, em que os seres humanos se reconhecerão como irmãos ou, contrariamente, sobreviverá para sempre o medo que a humanidade tem de si própria?
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*coronel QOR e conselheiro da Academia de Letras dos Militares Mineiros, capitão-médico João Guimarães Rosa. E-mail: cellagares@yahoo.com.br
Publicado no jornal O TEMPO em 02/10/2024