Caros leitores, Epistemologia é o ramo da filosofia que estuda o conhecimento e estabelece critérios de ordem lógica e métodos de investigação empírica para que o conhecimento seja considerado científico.
Para que a pesquisa de natureza histórica tenha valor científico, a metodologia científica exige que os registros atendam aos critérios de “atestado de fontes independentes” e de “credibilidade contextual”.
Quer pela singularidade das fontes quer pela ausência de credibilidade contextual, se fossem apresentados para fins científicos, certos registros religiosos seriam reprovados.
Porém, registros religiosos não são “históricos” e não podem ser submetidos aos critérios de validação “científica”.
Na Roma antiga, o ano era composto de 10 meses lunares: Martius, Aprilis, Maius, Iunius, Quinctilis, Sextilis, September, October, November e December.
O primeiro dia do mês chamava-se “Calendas”, o dia da Lua Nova (daí o termo “calendário”) e “Idus” era o dia da Lua Cheia; portanto, o ano começava com as “Calendas” de “Martius”.
No ano 49 a C, um ditador, Iulius Caesar (Júlio César, 100 a C – 44 a C) assumiu o poder em Roma.
Em 46 a C, um astrônomo (Sosígenes, de Alexandria) foi encarregado de elaborar um novo calendário (“Calendário Juliano”), acrescentando-lhe os meses “Ianuarius” e “Februarius”.
Porém, em 44 a C, Iulius Caesar foi assassinado.
Gaius Octavianus (63 a C – 14 da era cristã), sobrinho-neto de Iulius Caesar, foi nomeado, por testamento, filho adotivo e herdeiro do tio-avô e mudou o nome para Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus.
Em 42 a C, o senado romano reconheceu, por decreto, Iulius Caesar como “deus” do Estado romano (“Divus Iulius”) e Caesar Augustus como “filho do divino” (“Divi Filius”); logo, o representante de deus, na terra.
Em homenagem àquelas divindades, o mês Quinctilis foi renomeado “Iulius” (daí, em português, julho) e o mês Sextilis renomeado “Augustus” (em português, agosto).
No ano 525 da era Cristã, o monge Dionísio Exíguo escreveu que Jesus Cristo nascera em 25 de dezembro do Ano 753 da fundação de Roma, devendo o seguinte (754 f.R.) ser o ano 1 da era cristã.
Em 1582, o Papa Gregório XIII, num novo calendário (Calendário Gregoriano), desprezando o fato de Jesus ter dito para “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, manteve os nomes que homenageavam as duas divindades romanas (“Iulius” e “Augustus”), manteve a data escrita por Dionísio para o início da era cristã e fixou quais seriam os anos bissextos.2
Dionísio Exíguo, porém, havia se equivocado sobre o nascimento de Jesus. O equívoco foi (e permanece) mantido no calendário gregoriano: Herodes _ que interrogara os três magos_ morreu entre 749 e 750 depois da fundação de Roma, obviamente não lhe sendo possível, 3 ou 4 anos após, inquirir qualquer pessoa, por mais poderes temporais que pudesse ter tido em vida...
“Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo.” (MATEUS. 2:7-8)
E...“Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos.”(MATEUS, 2:16)
A circunstância de ter Jesus sido visitado antes do ano 750 da fundação de Roma pelos magos (quando já tinha quase 2 anos) evidencia que ele nasceu aproximadamente 6 anos a. C.
Então, nós já tivemos _ em 2018 _ um feliz 2024. Que tenhamos, neste 2024, um feliz 2030!
_________________________
1- Coronel PM QOR e Conselheiro da Academia de Letras dos Militares Mineiros Capitão-Médico João Guimarães Rosa.
2- A Terra dá uma volta de 900 milhões de quilômetros em torno do Sol em 365 dias e aproximadamente 6 horas, razão pela qual, a cada quatro anos, temos um 29 de fevereiro.