No século XVIII, o “colonialismo” desenvolvido pelos europeus levou-os a buscar apoio “científico” para “justificar moralmente” o vergonhoso “tráfico negreiro” de africanos, bem como as ações que desenvolviam contra povos indígenas.
Para satisfazer aqueles interesses colonialistas, em 1796, o médico alemão, Franz Joseph Gall (1758-1828), INVENTOU a “Frenologia”, uma pseudociência baseada em antropologia física, que explicaria, através da morfologia craniana, as características intelectuais de seres humanos e a publicou no livro “Untersuchungen ueber die Anatomie des Nervensystems ueberhaupt, und des Gehirns insbesondere” (“A Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso em Geral e do Cérebro em Particular”).
Conforme a mentira propalada pelo autor, o traçado dos crânios dos europeus refletia externamente "elevada inteligência", evidenciando uma “raça superior”, enquanto os traços dos povos africanos e de indígenas evidenciavam "baixa inteligência", logo “raças inferiores”. Nasceu, assim, o conceito de “raças” humanas.
A teoria ganhou vulto: em 1820, em Edinburgh (Escócia), foi criada a “Sociedade de Frenologia”, constituindo-se no principal centro britânico de estudo daquela teoria.
Embora, já naquele tempo, cientistas começassem a desprezar a “frenologia”, por sua completa ausência de rigor metodológico, foram os estudos científicos, iniciados com técnicas de ablação pelo fisiologista Jean Marie Pierre Flourens (1794 – 1867) e a descoberta da “Área de Broca” no lobo frontal esquerdo pelo médico Pierre Paul Broca (1824 –1880) que demonstraram os equívocos _ para não dizer “a farsa” _ em que se tinha apoiado o fundador da “Frenologia”.
Nesse ínterim, nos Estados Unidos da América, entre 1861 e 1865, ocorreu uma guerra civil ( a “Guerra de Secessão”) envolvendo, de um lado, os Estados do Sul (os “confederados”, que insistiam em manter a escravidão) e, de outro, os Estados do Norte (os “abolicionistas”).
O exército nortista foi vitorioso e a escravidão foi abolida naquele país. No entanto, fez nascer a “segregação racial”, permanecendo os afro-americanos sem os direitos civis desfrutados pelas pessoas brancas.
Em agosto de 1955 _ 90 anos depois! _, um menino negro de 14 anos (Emmet Louis Till), morador de Chicago, viajou para visitar parentes no Mississippi.
Sua mãe recomendou que ele evitasse algumas coisas (falar alto, por exemplo) na pequena cidade (Money) onde visitaria o tio e primos, para “evitar chamar atenção”, porque ali as pessoas negras não eram bem-vistas.
Ocorreu que, em Money, o menino teria assobiado para uma mulher branca de 21 anos (Carolyn Bryant), que saía de uma lanchonete.
Ela contou ao marido (Roy Bryant) e este _ dizendo que iria “ensinar uma lição ao menino negro” _ foi, com 2 outros homens, numa caminhonete, à casa do tio de Emmet. De lá, arrancaram o menino à força, levaram-no para um galpão onde foi espancado, teve um olho arrancado, recebeu um tiro, foi amarrado pelo pescoço, com arame farpado, a um descaroçador de algodão e jogado no rio. Seu cadáver, desfigurado, foi devolvido para a mãe em Chicago.
Os criminosos foram levados a julgamento diante de um júri e, em 23 de setembro de 1955, foram absolvidos por unanimidade!
No século XX, com o estabelecimento de uma “Árvore Filogenética”, a ciência pôde enterrar definitivamente o termo obsoleto “frenologia” e substituir o conceito de “raça” por “ancestralidade” (que se refere às características que uma pessoa herda de seus ancestrais).
As pesquisas para verificação de “sequência base” no DNA humano demonstram que as unidades que compõem a informação genética são 99,9% idênticas e evidenciam que TODOS NÓS, independentemente de cor da pele, textura dos cabelos e traçados dos olhos, nariz e boca TEMOS A MESMA ANCESTRALIDADE.
No dia 6 de março de 2025, assistimos, pela TV, quando alguns indivíduos de pele branca, um deles com uma criança no colo, agrediram covardemente, com gestos racistas e cuspidas, Luighi, um menino de 18 anos, atleta negro, do Sub-20 do Palmeiras e este se desmanchou em lágrimas de sofrimento pela humilhação. As cenas são absolutamente revoltantes e comoventes para todo ser humano, digno desse nome.
Em pleno século XXI, ainda existem aqueles que afirmam a existência de “raças” humanas, insistem em dividir a sociedade com uma doutrina supremacista fundamentada na cor da pele das pessoas e se recusam a enxergar a demonstração científica da “Ancestralidade única” e as evidências contidas na sequência base do DNA humano.
Se estudassem, talvez os boçais supremacistas brancos pudessem se tornar seres humanos também!