BOLETIM 162-2020

BOLETIM DA FRATERNIDADE SACERDOTAL

JESUS + CARITAS

(Circulação interna – pro manuscrito)


Este Boletim nº 162 é uma publicação trimestral da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no Brasil, e tem como objetivo criar laços entre as diversas fraternidades por meio de estudos e comunicações entre seus membros, espalhados em todo o território do país.

Equipe de organização e Redação

Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Pe. Nelito Dornelas

Magda Melo

 

Colaboradores neste número 162

Pe. Carlos Roberto dos Santo

Dom Edson Damian

Dom Jeova Elias

Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Pe. Camilo Pauletti

Pe. Willians Brito

Pe. Jose de Anchieta Moura Lima

Pe. Nelito Dornelas 

Magda Melo

 

Ilustração e capa

Magda Melo

 

Editoração

Magda Melo

 

Revisão

Pe. Carlos Roberto dos Santos

Pe. Edivaldo Pereira dos Santos


Responsáveis da Fraternidade  (CLIQUE PARA ACESSAR OS NOMES DOS RESPONSÁVEIS)

CONSELHO  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DO CONSELHO)


SERVIÇOS (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DE SERVIÇOS)


FAMÍLIA ESPIRITUAL DO IRMÃO CARLOS DE FOUCAULD NO BRASIL  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DA FAMÍLIA C.F.)


 

 DA REDAÇÃO 

 

APRESENTAÇÃO

 

Pe. Carlos Roberto dos Santos - Tupã/SP 

Responsável nacional.

 

Irmãos e irmãs, este ano de 2020 vai entrar para nossa história. Quanta tristeza por causa da pandemia provocada pelo covid-19, e mais ainda, pelos descasos das autoridades civis em defender a vida “acima de tudo”. Apesar disso a alegria da canonização do Irmão Carlos, e todos seus desdobramentos, encheu-nos a todos de esperança. E não podemos nos esquecer a alegria da nomeação e ordenação episcopal de Dom Jeová Elias, nosso irmão.

É neste contexto, de trevas e luzes, que chega em suas mãos o segundo Boletim da Fraternidade deste ano. Ele apresenta vários artigos sobre a nossa história: Pe. Camilo escreve sobre a influência do irmão Carlos na vida missionária.  Pe. Nelito e Magda fizeram uma entrevista com Dom Jeová, na qual ele partilha suas emoções, anseios e sua rica experiência conosco de vida. Pe. Edivaldo escreveu um belíssimo texto sobre a fraternidade e a missão em tempo de pandemia. No embalo da alegria pela canonização do irmão Carlos, Dom Edson Damian nos brinda com sua profunda espiritualidade: “admiramos os santos para seguir Jesus”. 

Como precisamos guardar na memória a nossa história, pedimos ao Lindolfo Euqueres Ferreira Neto, da Fraternidade Leiga Charles de Foucauld, que escrevesse uma série de textos sobre a “História da Fraternidade dos irmãozinhos de Jesus no Brasil”. Neste Boletim, ele nos mostra uma visão geral e, futuramente, contaremos a história de cada um deles. 

Por fim temos os comunicados do Pe. Carlos Roberto sobre a terceira edição, em língua portuguesa, do Diretório e Estatuto da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas; do Pe. Willians narrando a experiência de participar da ordenação de Dom Jeová Elias e, um texto sobre o encontro da Fraternidade sacerdotal Jesus Caritas Amigos do Padre Ernesto, na Região Leste

 

Um grande abraço a todos, e boa leitura.



FRATERNIDADES EM MISSÃO


CHARLES DE FOUCAULD E A INFLUÊNCIA NA VIDA MISSIONÁRIA

 

Pe. Camilo Pauletti

 

“Gritar o Evangelho com a vida”, este é o ditado que o Ir. Carlos procurou viver. 

É um exemplo de missionário, uma referência que motiva outras pessoas a deixar seu conforto, sua família, sua terra e ir para terras de missão em regiões mais afastadas.

Falo isso por experiência própria. Conhecendo a vida do Ir. Carlos, a busca de ir aos últimos, de chegar onde outros não chegam, partilhar, servir, aprender, conviver com os mais pobres. 

Essa vivência eu tive no tempo que passei na grande Amazônia e nos seis anos de presença em Moçambique na África. Todos os dias, desde minha ordenação, há trinta e quatro anos, rezo a oração do abandono, nela encontramos também forças para seguir. 

Os desafios diários, as situações de pobreza, o abandono e as carências naquelas realidades eram constantes. Mas também as alegrias, a solidariedade e a partilha de vida, nos tem ensinado tanto. 

Como esquecer os pequenos gestos, as palavras de gratidão, o olhar de satisfação e alegria só por estarmos aí juntos com eles. Lembro palavras ditas com coração: “Temos fome de comida, mas também fome de Eucaristia, hoje com alegria vou poder receber o Cristo, fazia quatro anos que esperava...”  Como não ficar sensibilizado com essas situações! 

Nossa vida e de tantos missionários e missionária ficam marcadas. Não precisa dar muito, basta a presença, dar do nosso tempo gratuitamente, sentar-se juntos, falar de novidades, comer do pouco que tem.

Irmão Carlos tem inspirado muitos missionários e missionárias. Em nossos dias vivemos tempos difíceis, a vida humana vale muito pouco frente ao dinheiro, o lucro e capital. O mundo grita pelo consumismo, a busca do prazer, do aparecer, da vida fácil, do conforto. 

O espírito missionário do desprendimento, desapego, solidariedade, do viver só com o necessário, do respeito à vida, a natureza, o amor aos pobres se faz necessário como nunca.

No contato, convivência e encontro com tantos missionários e missionárias nos vários continentes, posso garantir que vale pena dedicar-se à missão. Quanto maior forem as situações de pobreza, maior será a alegria da experiência do missionário e da missionária.

Presença do missionário e da missionária é Jesus que se encarna, é Irmão Carlos que se faz um com os Tuaregues no deserto da Argélia, é sentir que nossa vida ali naquela realidade sofrida, vale muito.

Convido os irmãos e irmãs, a acolherem o convite de ir, de ser missionário e missionária e viver em meio às inseguranças e situações de pobreza e abandono. Ou motivem-se a procurar algum lugar onde a necessidade da presença e solidariedade à vida faz-se urgente.

 

ENTREVISTA COM DOM JEOVÁ ELIAS


Entrevistadores 

Pe. Nelito Dornelas e Magda Melo 

Em nome da Comunicação da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, queremos parabenizá-lo pela sua eleição e seu sim ao chamado para servir o povo de Deus como bispo da Igreja.

Queremos estabelecer um diálogo com o senhor sobre sua nova missão. A nossa conversa vai fundamentar-se a partir do discurso proferido pelo Papa Francisco, na reunião da congregação para os bispos, no dia 27 de fevereiro de 2014[1].

 

“Dos lábios da Igreja recolher-se-á em todos os tempos e lugares o pedido: dá-nos um Bispo! O Povo Santo de Deus continua a falar: precisamos de alguém que vigie do alto; precisamos de alguém que olhe para nós com a abertura do coração de Deus... Serve-nos alguém que saiba elevar-se à altura do olhar de Deus sobre nós para nos guiar para Ele” (Papa Francisco). 

BOLETIM – Dom Jeová, como o senhor se sente diante da grandeza e da responsabilidade dessa missão que lhe fora confiada?

Num primeiro momento, quando Dom Sérgio me chamou para conversar e me informou que eu fora indicado para ser bispo e que o Papa Francisco estava fazendo esta solicitação, levei um susto, senti um pouco de medo e pedi um tempo para dar a resposta. Num segundo momento, o coração foi se acalmando, aquietando, e fui percebendo que o chamado de Deus não somente espera a resposta humana, mas também concede a graça e os meios para responder. Quem chama é fiel e é Ele que age. E, assim, o coração vai serenando, e, do susto inicial, vem, num segundo momento, uma experiência de alegria por ter sido chamado por Deus para uma missão tão importante na sua Igreja, e tão importante na relação com a humanidade.

Sinto-me pequeno diante da missão, da responsabilidade conferida e da grande expectativa presente na Diocese de Goiás. Mas confio na graça divina e na bonita caminhada desta Igreja particular, que também me motivou a dizer sim ao chamado de Deus.

 

“O povo percorre com dificuldade a planície do dia-a-dia, e precisa ser guiado por quem é capaz de ver as coisas do alto. Por isso, nunca devemos perder de vista as necessidades das Igrejas particulares às quais devemos providenciar. Cristo conhece a singularidade do Pastor de que cada Igreja necessita para que responda às suas necessidades e a ajude a realizar as suas potencialidades” (Papa Francisco).

BOLETIM – Quais são as singularidades e as necessidades da igreja de Goiás? 

Ainda é cedo para eu atestar com precisão as singularidades e necessidades daqui. Mas a Diocese de Goiás destaca-se no centro-oeste como a mais antiga, marcando a história da região e da Igreja no Brasil. Foi criada em 1745 pelo papa Bento XIV. Traz a forte marca do longo e profético pastoreio de Dom Tomás Balduíno, que pastoreou a diocese por 31 anos, e de Dom Eugênio Rixen, com mais de 21 anos de pastoreio em Goiás. A diocese assumiu como opção fundamental: ser uma grande rede de comunidades, comprometida com os mais pobres, defensora do meio ambiente e da vida em plenitude, animada pela compaixão e misericórdia de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Compõe-se de 25 paróquias, divididas em quatro regiões pastorais, que realizam assembleias periódicas para avaliar, pensar e planejar a caminhada pastoral. Muitas paróquias são de realidades rurais, algumas com a presença do agronegócio, monoculturas e pequenas confecções. Há paróquias com populações pequenas e com descenso populacional, sobretudo com o êxodo de jovens em busca de estudos e trabalho. A sede da diocese tem características muito particulares da religiosidade popular, sobretudo durante a Semana Santa, destacando-se a procissão do fogaréu, que eu ainda não conheço.

 

A igreja precisa de bispos que não sejam “homens condicionados pelo medo a partir de baixo, mas Pastores dotados de parresia, capazes de garantir que no mundo há um sacramento de unidade e por isso a humanidade não está destinada à dispersão nem à desorientação.”

BOLETIM – Dom Jeová como ser este sinal de unidade neste tempo marcado por tanta ruptura na igreja, na sociedade e nas famílias?

Vivemos um período cultural muito acentuado pelas polarizações, pela dificuldade em conviver com as diferenças e crescer nessa convivência. Não é fácil ser um sinal de unidade! Penso que, com a capacidade de escutar o que o outro tem a dizer, de tentar entender o seu propósito, de dizer o que se pensa, mas com caridade e respeito, e, seguindo a inspiração do nosso querido Irmão Carlos, desejo ser um sinal de unidade exercitando o apostolado da bondade. 

 

“Sabemos que o Colégio Episcopal, no qual mediante o sacramento serão inseridos os Bispos, sucede ao Colégio Apostólico. O mundo precisa saber que há esta sucessão ininterrupta. Pelo menos na Igreja, este vínculo com a arché divina não se interrompeu” (Papa Francisco). 


BOLETIM – Dom Jeová, como o senhor, como bispo, vai viver essa pertença ao colégio apostólico a partir da sua igreja particular, vivendo a dimensão de uma igreja sinodal?


Valorizando a CNBB, caminhando de um modo respeitoso e fraterno com os irmãos bispos, sobretudo no regional, aprendendo com os mais velhos as boas lições, dialogando, rezando juntos, opinando quando oportuno. Sendo presença nos encontros propostos...

 

“O Bispo é aquele que sabe tornar atual tudo o que aconteceu a Jesus e, sobretudo, sabe, juntamente com a Igreja, fazer-se testemunha da sua Ressurreição. O Bispo é, antes de tudo, um mártir do Ressuscitado. Não uma testemunha isolada, mas, juntamente com a Igreja. A sua vida e o seu ministério devem tornar credível a Ressurreição. Unindo-se a Cristo na cruz da verdadeira entrega de si, faz jorrar para a própria Igreja a vida que não morre. A coragem de morrer, a generosidade de oferecer a própria vida e de se consumir pelo rebanho estão inscritos no DNA do episcopado. A renúncia e o sacrifício são conaturais com a missão episcopal. E desejo frisar isto: a renúncia e o sacrifício são congênitos à missão episcopal. O episcopado não é para si, mas para a Igreja, para a grei, sobretudo para aqueles que segundo o mundo são descartáveis” (Papa Francisco).

BOLETIM – Como o senhor entende essas afirmações do Papa Francisco em sua vida e em que sentido a espiritualidade do Irmão Carlos de Foucauld lhe ajuda a viver a dimensão testemunhal e martirial do episcopado?

São afirmações de muito realismo e que assustam, mas, pela incipiente experiência, precisas. O episcopado não fazia parte do meu projeto de vida. Ele exigirá uma maior disponibilidade, uma doação mais plena, muitas renúncias e sacrifícios. Mas espero que comporte também alegrias. Experimentei, num primeiro momento, após a resposta ao chamado, um sentimento de profundo sofrimento e de que o ministério seria uma pesada cruz colocada nos ombros. No retiro canônico preparatório para a ordenação, pude experimentar também a alegria de ser chamado por Deus, de contar com a confiança e a graça dele. A espiritualidade de Foucauld me ajudará no reconhecimento da minha pequenez, na disponibilidade em servir com humildade, reconhecendo os meus limites humanos, a confiar na ação divina, a abandonar sempre a minha vida nas mãos amorosas e misericordiosas de Deus. Sou grato à Fraternidade Sacerdotal por ter me ajudado na proposta dos meios para vivência da espiritualidade presbiteral e pela convivência com irmãos que partilham o mesmo ideal de vida.

 

“O perfil de um Bispo não é a soma algébrica das suas virtudes. Certamente, serve-nos alguém que se distingue: a sua integridade humana garante a capacidade de relações sadias, equilibradas, para não projetar nos outros as próprias faltas e tornar-se um fator de instabilidade; a sua solidez cristã é essencial para promover a fraternidade e a comunhão” (Papa Francisco).


BOLETIM – Dom Jeová, o senhor é chamado, como bispo, a ensinar, governar e santificar o povo de Deus. Como exercer esse tríplice múnus nos tempos atuais?


De modo colegial, escutando, discernindo a vontade de Deus na complexidade das divergências. Com o desejo de sempre fazer o melhor, mas respeitando, continuando e atualizando a caminhada histórica da diocese. Buscando aprender com o Povo de Deus, tentando ser um sinal amoroso da paternidade/maternidade divina. Consciente de que não sou onisciente e onipotente. Sou limitado, pecador, mas contarei com a graça divina que não falhará. 

 

“Para ser bispo duas atitudes são imprescindíveis: a consciência diante de Deus e o compromisso colegial. Não o arbítrio, mas o discernimento, juntos. Ninguém pode ter tudo na mão, cada um coloca com humildade e honestidade a própria peça de um mosaico que pertence a Deus. Esta visão fundamental estimula-nos a abandonar a pequena cabotagem das nossas barcas para seguir a rota do grande navio da Igreja de Deus, o seu horizonte universal de salvação, a sua bússola firme na Palavra e no Ministério, a certeza do sopro do Espírito que a estimula e a segurança do porto que a aguarda” (Papa Francisco).


BOLETIM – Dom Jeová, como viver o episcopado em comunhão com o magistério do Papa Francisco?


Tenho uma profunda sintonia com o ensinamento e a pessoa do Papa Francisco. A mensagem que ele dirigiu aos povos latino-americanos e caribenhos, nas viagens apostólicas realizadas ao nosso subcontinente, em defesa da plenitude da vida humana, foi tema da tese que defendi nos estudos realizados em Bogotá. Pude ler todos os seus pronunciamentos e acompanhar os seus gestos por ocasião daquelas viagens. Cada vez mais me encantei com ele. O terei como referência de pastor e caminharei em profunda comunhão com o seu ensinamento. A nossa diocese sente-se encorajada e fortalecida a continuar a sua opção fundamental. Ele anima a nossa caminhada de fé, motiva-nos a ser uma Igreja em saída às periferias, misericordiosa, comprometida com os mais sofridos... 

 

A igreja precisa de bispos que sejam “homens que guardam a doutrina não para medir como o mundo vive distante da verdade que ela contém, mas para fascinar o mundo, para o encantar com a beleza do amor, para o seduzir com a oferta da liberdade doada pelo Evangelho” (Papa Francisco).


BOLETIM – Dom Jeová, essa afirmação relaciona-se em gritar o evangelho com a própria vida, como nos ensina Carlos de Foucauld. Como o senhor viverá isso em seu episcopado?


Tentando viver uma vida simples, assumindo a minha identidade de pobre, proveniente do sertão seco e sofrido do Ceará, mas, com a graça de Deus, forte, resiliente e esperançoso. O que mais fascina a humanidade não são os belos discursos, as doutrinas, mas o amor.  Gostaria muito de ser um sinal do amor de Deus. 

 

“Falei de bispos querigmáticos, agora indico outra característica da identidade do bispo: homem de oração. A mesma parresia que deve ter no anúncio da Palavra, deve ter na oração, tratando com Deus nosso Senhor o bem do seu povo, a salvação do seu povo. Um homem que não tem a coragem de discutir com Deus a favor do seu povo não pode ser bispo - digo-o de coração, estou convencido - nem sequer aquele que não é capaz de assumir a missão de levar o povo de Deus ao lugar que Ele, o Senhor, lhes indica” (Papa Francisco).


BOLETIM – Dom Jeová, como viver a vida de oração nos dias de hoje?


Primeiro, encontrando tempo e dispondo-se. A vida agitada pelos compromissos dificulta abrir espaço e encontrar o clima para a oração. Depois, unindo-se a toda criação num hino de contemplação, gratidão e num grito de socorro, num grito por vida. Tendo presente as dores e angústias, as alegrias e esperanças da humanidade. Corremos o risco de uma oração como fuga do “mundo ruim”, um refugiar-se em Deus para proteger-se da maldade do mundo. A Oração não é uma ação egoísta, mas um ato de amor, de comunhão com Deus e com a obra da criação divina.  

“O bispo deve ser capaz de ‘ter paciência’ diante de Deus, olhando e deixando-se olhar, procurando e deixando-se procurar, encontrando e deixando-se encontrar, pacientemente diante do Senhor” (Papa Francisco).


BOLETIM – Dom Jeová, como viver hoje a paciência evangélica?


Penso que paciência não é sinônimo de conivência com o erro, mas a capacidade de fazer a nossa parte, movidos pelos valores do Reino e não desistir do ideal, se a resposta não vem no tempo e na forma que esperamos. Devemos perseverar nos valores do Reino, não desanimar nas adversidades, insistir e ter a esperança de que a figueira estéril poderá produzir os frutos se persistirmos nos cuidados (cf. Lc 13,6-9). Para o Papa Francisco, Deus não se cansa de ter paciência, não se cansa de perdoar e oferecer uma nova oportunidade aos que erram. É não desistir dos ideais nas adversidades.

 

“Sejam Pastores próximos do povo, «pais e irmãos, sejam mansos, pacientes e misericordiosos; amem a pobreza interior como liberdade para o Senhor e também a exterior como simplicidade e austeridade de vida, que não tenham uma psicologia de “Príncipes”. (Papa Francisco).


BOLETIM – Dom Jeová, como o senhor entende essas virtudes evangélicas em sua vida e na vida das lideranças cristãs?


Como bem-aventuranças. Como promessas de felicidade para os que as vivem. Como um grande desafio numa cultura tendente a valorizar a ostentação, a estética, o ter e o poder. Contudo, os que mais marcaram a história da humanidade foram os pobres, os simples, a começar por Jesus Cristo, por Francisco, pelo Irmão Carlos, que se fizeram pequenos. O mundo reconhece, mesmo que demore, as pessoas que vivem essas virtudes.

 

“Vejamos o testemunho de Paulo. Ele confia os pastores da Igreja ‘à Palavra da graça que tem o poder de edificar e de conceder a herança’. Portanto, não como donos da Palavra, mas entregues a ela, servos da Palavra. Só assim é possível edificar e obter a herança dos santos. A quantos se atormentam com a pergunta sobre a própria herança – ‘qual é a herança de um Bispo? O ouro ou a prata? - Paulo responde: a santidade. A Igreja permanece quando se dilata a santidade de Deus nos seus membros. Quando do íntimo do seu coração, que é a Santíssima Trindade, esta santidade brota e alcança todo o Corpo. Há necessidade de que a unção do alto escorra até à orla do manto. O bispo nunca poderá renunciar ao anseio de que o óleo do Espírito de santidade chegue até à última orla da veste da sua Igreja”. (Papa Francisco).

BOLETIM – Dom Jeová, como viver a santidade na igreja e no mundo?

Como diz o Irmão Carlos, voltando sempre à beleza e riqueza do Evangelho. Reconhecendo o absoluto de Deus. Amando a Jesus Cristo, que se faz presente de diversas formas na nossa história, para além dos sacramentos, especialmente nos pobres e sofredores. A medida do amor, conforme ensina o nosso querido Irmão de Foucauld, é a imitação. Imitando a Jesus. Mas, acima de tudo, contando com a graça de Deus. 

Foto: Arquivo da FSJC

FRATERNIDADE E MISSÃO EM TEMPO DE PANDEMIA

 

Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Diocese de Oeiras

 

No início de 2020 fomos apresentados para uma agenda surpreendentemente cheia e, ainda, com uma infinidade de datas esperando acertos e confirmações. A impressão é que tínhamos combinado de fazer tudo e mais um pouco para compensar o que ficou perdido em 2019 e adiantar algo de 2021.

Não contávamos, entretanto, com a tragédia anunciada, mas não levada a sério, por muitos daqueles que deveriam prestar atenção e levar a efeito, ações de prevenção e cuidado. O carnaval tinha apelos econômicos irrenunciáveis.

O que era “nada” ou “quase nada”, na visão e versão de alguns céticos e imprudentes, ganhou território, expressão, força e nome de pandemia em tempo recorde.

Em pouco tempo tivemos que desfazer as malas, guardar os sapatos, abandonar a agenda e ficar em casa. Enquanto isso, outros tiveram que fechar as portas, até dos templos. Medidas austeras e necessárias, diante do desconhecido e mortal.

Ligados, diuturnamente, à TV ou ao celular passamos a consumir notícias, informações, fatos e boatos de infectados e mortos, primeiro em todo mundo e, depois, vertiginosamente, no Brasil. De alguma forma nós, também, fomos adoecendo.

Ficar em casa passou a ser, não apenas uma exigência externa de controle pandêmico, mas uma oportunidade de suavização da ansiedade, de cura da alma, de reaproximação familiar, de contato pessoal, de comunhão de mesa, de redescoberta dos valores humanos e do senso de amor e acolhida.

Entre distorções e aprendizados estamos vivendo num tempo crítico, com uma forte tendência a progredir na mentalidade acrítica e alienada que, valoriza as notícias falsas, abençoa a demonização do que não é política de consenso, ideologiza Deus, instrumentaliza a religião, infantiliza as buscas, dessacraliza as pessoas, monetariza a esperança e culpabiliza o pobre.

Tudo está envolvido pela pandemia, no mundo todo, mas, ao mesmo tempo, o que parece óbvio parece deixar cego, surdo e mudo, muita gente desse mundo todo. Por todo canto há renitentes que bradam soluções mágicas ou de impacto e, de outro lado os céticos e escarnecedores. Mas não bastarão os esforços de contenção ou remediação, como tem acontecido, com insistência. Isso é pouco, para não dizer inútil. Porque não são os efeitos que merecem uma guerra declarada, mas sim as causas.

O problema é mais para cima... mais para baixo... mais para o lado... mais para o meio... O mundo está doente ou o que é pior: toxicamente adoecido pelo medo e pela insensibilidade. Infelizmente existe uma indústria de interesses por detrás de todos os males que assolam a humanidade e, isso, hoje, é compartilhado, vergonhosamente, como negócio, num pregão de dissimulados.

Por todo canto há rumores conspiratórios sobre a origem dos males e, também, da pandemia presente! Verdade ou mentira? Se alguém inventou alguma coisa, o nome disso é banalização. Sim, banalização da vida com seu corolário de violência e dissimulação. E, não são poucos os (ir)responsáveis por isso, em todas as nações, mundo afora.

Infelizmente, a vida passou a valer menos, a cada dia que passa porque, deixou de ser o centro de referência e o valor absoluto para todos. A vida converteu-se em moeda e transformou-se em negócio: bem de consumo para um mercado insatisfeito e, sempre, ávido.

Estranhamente, a pandemia da Covid-19 não criou uma crise, revelou-a pré-existente à sua chegada. Podemos falar em crises. Inúmeras crises-pandêmicas camufladas, escondidas e abafadas. Longe de serem controladas ou vencidas, dado que foram maximizadas pela coisificação das pessoas, pelo endeusamento do poder, pela exacerbação econômica e pela dissolução de sentidos.

A linha do nosso horizonte, nesse tempo de pandemia da Covid-19, parece-se com o entardecer, onde o sol se esconde cedo, trazendo os uivos e os chiados do medo, no breu da noite. Tudo seria mais tenebroso, não fosse o céu pontilhado de estrelas, chamando-nos para esperanças múltiplas.

De fato, do outro lado da mesma história que grita seus ais, podemos ver e contemplar a vida que não para e que pede passagem, mesmo que em pequenas brechas. Todos nós, de certa forma, fomos desterritorializados e perdemos nossos discursos prontos, nossas teorias bem formadas, nossos sonhos intocáveis, nossas seguranças bem pagas, nosso status quo.

Fomos obrigados a voltar ao que sempre fomos e de cuja realidade procuramos fugir o tempo todo; as vezes nos alienando, as vezes fantasiando, as mentindo e as vezes negando: nossa humana realidade de seres carenciais. Sim! Somos necessitados uns dos outros, sofremos pelo distanciamento e precisamos de proximidade, queremos calor e aconchego humano, mas, na vida louca que estávamos vivendo não tínhamos tempo de ser humanos, quanto mais maridos, esposas, filhos, irmãos, família, cristãos...

De tão trágica e absurda a pandemia nos colocou, de novo, no centro. Ganhamos a oportunidade de voltar a ser gente, pessoa, família, missão. Nunca foi tão verdadeira e sincera a saudade sentida e a dor compartilhada, a lágrima caída e a solidariedade expressada, a presença acolhida e as mãos entrelaçadas.

A pandemia não passou e, por enquanto, não tem hora para acabar. Mas, podemos dizer que o novo cenário, tanto local como mundial, é propício e equivalente à solidariedade, à fraternidade e à missão. Este é o céu pontilhado de estrelas no entardecer desta pandemia. Estamos todos mais abertos e acessíveis. Esta é a hora! Este é o tempo! Este é o lugar!

A dura realidade permanece diante de nós, em carne viva. Mas, de certa maneira, a proximidade da dor e da morte, num face-a-face, sem ter como fugir, parece ter restituído parte de nossa sensibilidade e inquietude humana, perdida ou sequestrada pelo capitalismo despersonalizante.

É próprio do Evangelho de Jesus Cristo distinguir e destacar a importância da vida em qualquer estágio, situação ou necessidade. Os desafios presentes em cada hoje nosso, nos oferecem um campo aberto para o testemunho profético, do amor humano, ao mesmo tempo que nos chama à conversão.

Não temos outro caminho a seguir porque não temos outro amor para viver.

Sejamos solidários e fraternos. Este é o maior conteúdo da missão à qual fomos chamados.

 Foto: internet -https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52765220 

ESPIRITUALIDADE DO IRMÃO CARLOS


“ADMIRAMOS OS SANTOS PARA SEGUIR JESUS” 

Dom Edson Damian 

      No dia 27 de maio de 2020, a Congregação para a Causa dos Santos anunciou que Charles de Foucauld será canonizado. Foi um caminho longo e tumultuado. O processo iniciou em 1925 com a escuta de testemunhos sobre sua vida. Datilografaram uma montanha de escritos de Charles: 539 laudas de trabalhos científicos, 6.417 de correspondências e 7.624 de escritos espirituais e meditações do Evangelho. No total, mais de 14.500 laudas.

Durante o Concílio Vaticano II, Charles de Foucauld esteve presente através do testemunho de vários bispos que seguiam sua espiritualidade e desejavam uma Igreja “pobre e servidora”. Este é o título que aproximadamente quinhentos bispos deram ao famoso Pacto das Catacumbas, firmado na Catacumba de Santa Domitila, no dia 16 de novembro de 1965. Dom Helder Câmara esteve entre os signatários. Em 1979, a Congregação para a Causa dos Santos retomou o processo. Foi beatificado no dia 13 de novembro de 2005.

O milagre atribuído a Charles de Foucauld, que o conduzirá à canonização, não é uma cura miraculosa propriamente dita, mas uma proteção num grave acidente. Um jovem carpinteiro, também chamado Charles, caiu de um andaime de 15 metros na construção de uma capela. Acidente que poderia levá-lo à morte ou à invalidez. O fato aconteceu em Saumur, onde Charles de Foucauld morou durante sua infância. Lá existe uma paróquia dedicada a ele. No dia 30 de novembro de 2016, quando iniciava a memória litúrgica em comemoração ao centenário de sua morte, o operário acidentado foi colocado imediatamente sob a proteção dele. Uma semana depois do acidente, o carpinteiro deixava o hospital sem nenhuma sequela.

Charles de Foucauld “admirava os santos para seguir Jesus”. Jamais imaginava que um dia a mãe Igreja o apresentaria também como modelo no amor apaixonado pelo Bem Amado Irmão e Senhor Jesus, na vivência radical do Evangelho e na doação total para ser irmão de todos, colocando-se no último lugar para amar e servir os últimos e mais abandonados.

É muito significativo recordar que no arco dos últimos 50 anos, dois grandes papas, São Paulo VI, em 1967, e hoje Francisco, na Encíclica Fratelli Tutti, apontam Charles de Foucauld como inspiração para um novo caminho de fraternidade no mundo.

No primeiro caso, trata-se da encíclica Populorum Progressio, de 26 de março de 1967. Paulo VI lembra com gratidão a obra de desenvolvimento social conduzida com amor por uma multidão de missionários que, ao longo da história, juntamente com o anúncio do Evangelho levaram aos povos de todo o mundo a cultura e a promoção humana. Para exemplificar, cita a trabalhosa elaboração de um dicionário da língua tuaregue, executado por Charles de Foucauld:

Fiel ao ensino e exemplo do seu divino Fundador, que dava como sinal da sua missão o anúncio da Boa Nova aos pobres, a Igreja nunca descurou a promoção humana dos povos aos quais levava a fé em Cristo. Os seus missionários construíram, não só igrejas, mas também asilos e hospitais, escolas e universidades. Ensinando aos nativos a maneira de tirar melhor partido dos seus recursos naturais, protegeram-nos, com frequência, da cobiça dos estrangeiros. Sem dúvida que a sua obra, pelo que tinha de humano, não foi perfeita e alguns misturaram por vezes a maneira de pensar e de viver do seu país de origem, com a pregação da autêntica mensagem evangélica. Mas também souberam cultivar e promover as instituições locais. Em muitas regiões foram contados entre os pioneiros do progresso material e do desenvolvimento cultural. Basta relembrar o exemplo do padre Charles de Foucauld, que foi considerado digno de ser chamado, pela sua caridade, "Irmão universal", e redigiu um precioso dicionário da língua tuaregue. Sentimo-nos na obrigação de prestar homenagem a estes precursores, tantas vezes ignorados, a quem a caridade de Cristo impelia, assim como aos seus êmulos e sucessores, que ainda hoje continuam a servir generosa e desinteressadamente aqueles que evangelizam. (Populorum Progressio, 12)

 

Igualmente o Papa Francisco, concluindo o precioso e profético texto de sua encíclica Fratelli Tutti assinada sobre o altar junto ao túmulo de São Francisco de Assis, no último dia 3 de outubro do corrente ano, repropõe Charles de Foucauld como exemplo a seguir no caminho de reconstrução de um mundo fraterno e solidário:

Neste espaço de reflexão sobre a fraternidade universal, senti-me motivado especialmente por São Francisco de Assis e também por outros irmãos que não são católicos: Martin Luther King, Desmond Tutu, Mahatma Mohandas Gandhi e muitos outros. Mas quero terminar lembrando uma outra pessoa de profunda fé, que, a partir da sua intensa experiência de Deus, realizou um caminho de transformação até se sentir irmão de todos. Refiro-me ao Beato Carlos de Foucauld. 

O seu ideal de uma entrega total a Deus encaminhou-o para uma identificação com os últimos, os mais abandonados no interior do deserto africano. Naquele contexto, afloravam os seus desejos de sentir todo o ser humano como um irmão, e pedia a um amigo: ‘Peça a Deus que eu seja realmente o irmão de todos’. Enfim queria ser ‘o irmão universal’. Mas somente identificando-se com os últimos é que chegou a ser irmão de todos. Que Deus inspire este ideal a cada um de nós. Amém. (Fratelli Tutti, 286-287)

 

Estamos diante de alguém que soube “gritar o Evangelho com a vida”, lá onde não era possível anunciá-lo com palavras. O testemunho de um amor incansável pelos “últimos” foi reconhecido pelos próprios tuaregues, que por primeiro o chamaram marabut, expressão própria dos muçulmanos de reconhecimento da santidade de seus eremitas. Uma distinção que souberam atribuir a este “irmão de todos”. O próprio Charles de Foucauld relata que um dos dias mais felizes de sua vida foi quando os tuaregues verbalizaram o sonho que trazia no seu coração: chamaram sua choupana de “fraternidade” e a ele de “irmão universal”.

Sem dúvida a experiência de pesquisa científica na viagem ao Marrocos (Reconnaissance au Maroc, 1888, obra premiada com a medalha de ouro da Sociedade Francesa de Geografia), ofereceu-lhe os instrumentos para o trabalho de confecção do primeiro dicionário tuaregue-francês. Disciplina e rigor intelectual não lhe faltavam. Assim, ao longo de 12 anos, estudou o léxico e a gramática da língua tuaregue, além das poesias e tradições dos povos da Argélia, deixando um legado de valor inestimável para o conhecimento da cultura desse povo. As Irmãzinhas de Jesus, suas filhas espirituais, conservam em Roma (Tre Fontane) um fac-símile do dicionário, todo escrito a mão, com uma grafia bela, clara e ordenada, que dá uma ideia do ingente e amoroso trabalho realizado.

Numa época de perseguições e guerras por motivos religiosos, Charles de Foucauld soube viver pacificamente e ser acolhido como irmão e “marabut” entre os muçulmanos. Foi um precursor do diálogo ecumênico iniciado pelo Concílio Vaticano II. O Papa Francisco dedica a este tema o último capítulo da Fratelli Tutti: “As religiões ao serviço da fraternidade no mundo”. E nos surpreende quando nos diz que o diálogo com a maior autoridade de islamismo foi “uma fonte de inspiração” de sua encíclica:

"As questões relacionadas com a fraternidade e a amizade social sempre estiveram entre as minhas preocupações. A elas me referi repetidamente nos últimos anos e em vários lugares. Nesta encíclica, quis reunir muitas dessas intervenções, situando-as num contexto mais amplo de reflexão. Além disso, se na redação da Laudato si’ tive uma fonte de inspiração no meu irmão Bartolomeu, o Patriarca ortodoxo que propunha com grande vigor o cuidado da criação, agora senti-me especialmente estimulado pelo Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem me encontrei, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus «criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos». Não se tratou de mero ato diplomático, mas duma reflexão feita em diálogo e dum compromisso conjunto”. O acordo assinado em Abu Dhabi no dia 04 de fevereiro de 2019 chama-se: “Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência humana”. (Fratelli Tutti, 5).

 

Em tempos de conflitos e desvarios de toda ordem, neste mundo enfermo e desorientado, o nosso, Papa Francisco não vacila em repropor o testemunho de Charles de Foucauld para enfrentar, com o remédio da fraternidade universal, os males que nos afligem e colocam em risco o futuro da humanidade juntamente com a nossa Casa Comum. Sobretudo sua inserção no mundo muçulmano, seu modo de viver fraterno e despojado, oferecem hoje um ponto de referência de valor magnífico para o diálogo inter-religioso e a amizade social, como se exprime Francisco na Fratelli Tutti. 

A obra da paz no mundo conta com a inspiração e o exemplo deste homem que, a partir de uma “intensa experiência de Deus” e um amor apaixonado por Jesus e o Evangelho alcançou verdadeira fraternidade universal, identificando-se com os últimos, “os pobres negros do Saara”.

Querido irmão, querida irmã, agora com a proteção de São Charles de Foucauld, oxalá tenhamos mais coragem para “gritar o Evangelho com a vida”, para amar e servir os pobres e rezar com fidelidade a Oração do Abandono e a Oração de Confiança.  

NOTÍCIAS


TERCEIRA EDIÇÃO DO DIRETÓRIO 

Pe. Carlos Roberto dos Santos 

Responsável nacional

Está pronta a terceira edição do Diretório e Estatuto da Fraternidade Sacerdotal, em língua portuguesa. 

Foto: Arquivos da FSJC 

CAMINHOS PARA AS FRATERNIDADES SACERDOTAIS

Brasil

A primeira edição do nosso Diretório foi publicada logo após a Assembleia de Montefiolo, em 1976. A segunda edição, publicada em 1996, foi organizada pelo Cônego Celso Pedro, após o encontro de Ubatuba em 1994. E incluiu o texto do Estatuto Canônico da Fraternidade. Visto que estava esgotada, foi necessário fazer uma nova edição. Isto foi feito. O presente Diretório e Estatuto foi atualizado e contém as adequações feitas nas últimas Assembleias Gerais.

O texto Caminhos para as Fraternidades Sacerdotais Iesus Caritas no Brasil, que você tem em mãos, passou por três momentos: primeiro, Padre Jaime François Jongmans traduziu o Diretório internacional a partir da edição francesa e o apresentou ao Conselho da Fraternidade em 2019; depois Padre Carlos Roberto dos Santos o sincronizou com a edição espanhola, e incluiu o texto atualizado do Estatuto de 1994. Padre Manoel Godoy fez a revisão final e o texto foi aprovado pelo Conselho da Fraternidade em 2020.

O primeiro capítulo foi escrito pelo Padre Tony Philpot, a pedido da Assembleia Geral de Paris, em 2012, diante de um mundo tão mudado nos últimos tempos. Ele apresenta um itinerário da vida na Fraternidade aos padres em nosso contexto atual.

O segundo capítulo é o Diretório. O mesmo proposto na Assembleia de Montefiolo em 1976. No entanto, incorpora alguns textos aprovados na Assembleia Geral da Argélia, em 1982, tal qual foi feito na edição francesa de 1994.  A Assembleia Geral de Paris, em 2012, confirmou que o atual Diretório continua sendo a referência para a Fraternidade no mundo inteiro. 

O terceiro capítulo apresenta o Estatuto Canônico da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, atualizado conforme o texto definitivo de 1994. Pouca coisa foi alterada. 

Por ser um texto normativo, a tecnicidade pode parecer sem interesse a muitos irmãos, no entanto, isto é extremamente necessário para o reconhecimento oficial da Fraternidade em diversas localidades do mundo e, sobretudo, em âmbito de Igreja universal

Conforme foi aprovado no Conselho, solicito aos responsáveis das fraternidades locais que façam uma doação deste Diretório e Estatuto da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas aos bispos de suas dioceses. 


 A GRATA EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAR DA ORDENAÇÃO EPISCOPAL DE DOM JEOVÁ ELIAS

 

Pe Willians Roque de Brito 

Há oito anos tive a oportunidade de conhecer nosso irmão Jeová Elias, em um encontro para seminaristas, promovido pela fraternidade sacerdotal Jesus Caritas. E a alegria de receber o anúncio de sua nomeação episcopal foi contagiante, pois era notório que se tratava de um homem comprometido com a Igreja povo de Deus, proposta no Vaticano II e com a opção preferencial pelos pobres.

Representando a Fraternidade, juntamente com o Pe. Carlos Roberto, responsável nacional, tive a alegria de participar da sagração episcopal do Monsenhor Jeová Elias. Antes, porém, do dia da ordenação, pudemos ver sua serenidade e confiança absoluta nas mãos de Deus, em uma conversa entre amigos nas Pontifícias Obras Missionárias. A alegria era visível em todos os irmãos da Fraternidade, pela escolha da Igreja.

A ordenação episcopal do Jeová foi uma confirmação e uma demonstração da sua espiritualidade presbiteral. Foi marcada por um número pequeno de pessoas, devido à pandemia do coronavírus, mas era claro que se tratava de um pastor com cheiro de ovelhas, amado por aqueles que se fizeram presentes.

A celebração destacou-se pelo silêncio orante e toda a liturgia falou por si mesma. Os cantos foram profundamente orantes e em sintonia com o hinário litúrgico da CNBB. Em sua primeira mensagem ao povo, Dom Jeová falou como povo, contando-nos sobre sua origem simples e humilde nos trabalhos rurais e urbanos, e, em todos os lugares onde passara antes da formação presbiteral. Mesmo a sua missa de posse ele a chamou de missa de apresentação no início do seu ministério episcopal, manifestando não o desejo de possuir o povo, mas de integrar-se no meio dele.

A sensação de todos os que participaram desse momento único foi de gratidão a Deus pela vida, pelo testemunho e pela vocação de Dom Jeová Elias. E o pedido de todos era um só: que Deus o inspire para ser, a partir da Diocese de Goiás/GO, um apaixonado pelo evangelho para gritá-lo com a sua própria vida.

Fotos: Arquivos da FSJC               

COM PE. WILLIANS

COM PE. CARLOS

COM PE. MAURÍCIO

FRATERNIDADE SACERDOTAL JESUS CARITAS AMIGOS DO PADRE ERNESTO

Pe Nelito Dornelas e Magda Melo

A Fraternidade sacerdotal Jesus Caritas Amigos do Padre Ernesto, na Região Leste, reuniu-se on-line na quarta-feira do dia 7 de outubro de 2020. Foi uma boa e valiosa experiência, considerando ser esta nossa primeira reunião nesse ano.

Para muitos de nós foi também a primeira experiência com esta ferramenta de comunicação. Claro que nos faltou o cheiro, o toque e o abraço, mas não nos faltou o “odor do evangelho de Jesus Cristo”. 

Pedimos aos participantes que assistissem previamente ao vídeo disponível pela Paulus da live com Dom Betto sobre São Francisco e Irmão Carlos. Após a acolhida dos participantes e de novos membros e a apresentação de todos, cantamos, rezamos e partilhamos sobre o referido vídeo e sobre nossas experiências neste tempo de quarentena e de deserto, devido aos perigos expostos pelo corona vírus.

Falamos sobre o Diretório e contamos com a ajuda do Pe. Manoel Godoy que, por ter sido seu revisor, muito contribuiu com suas explicações. Nos comprometemos em adquirir, estudar e aplicar o mesmo em nossa vida pessoal e na fraternidade.

Sobre o retiro on-line nos dias 5, 6 e 7 de janeiro de 2021 decidimos por nos encontrarmos presencialmente naqueles dias numa chácara em Sete Lagoas com as bênçãos de nosso anfitrião Pe Warlen Dias. Estamos cientes de que devemos contribuir com R$ 50,00 por participante para o retiro nacional e nos comprometemos também em recolhermos a taxa de contribuição anual de cada membro no valor de 10% de nosso salário. A Magda ficou responsável por mais este serviço.

Sobre o Mês de Nazaré programado para janeiro de 2021, nossa fraternidade enviará candidatos para participar. Confirmamos a indicação do Pe. Anchieta como representante do Regional Leste junto ao Conselho Nacional, em substituição ao Pe. Beto, que renunciou a esta missão. Ao Pe. Beto nossos agradecimentos e ao Pe. Anchieta nossos votos de um abençoado serviço.

Nossa próxima reunião presencial será nos dias 30 de novembro, 1º e 2 de dezembro, também em Sete Lagoas por ser o local mais central para nossa fraternidade.

Uma boa notícia para nossa fraternidade é a acolhida como simpatizantes de dois diáconos permanentes da Arquidiocese de Belo Horizonte. São eles Gelson e Amauri. Gelson conhece a fraternidade e vive esta espiritualidade desde os tempos em que fora seminarista. Hoje, casado e pai de dois filhos, professor e estudante de teologia na PUC MG, vive seu ministério de encarnação nas periferias de Contagem-MG. Amauri, da pastoral do menor, do movimento fé e política vive sua encarnação juntos aos menores em situação de reclusão e nas periferias de Belo Horizonte. Ambos são testemunhas vivas do evangelho e o gritam com a própria vida. Chegaram para somar e multiplicar as boas novas em nossa fraternidade. Sejam bem vindos!

Outro membro que está voltando é o nosso amigo Pe. Júlio da diocese de Araçuaí. Não pode participar desta vez.

Não puderam participar os padres José Martins, Eraldo, Ivanildo, José Luiz e José Carlos. Todos justificaram-se. Queremos registrar aqui e parabenizar ao Pe Eraldo pelo seu esforço em participar conosco via online. Como ele mora no Quilombo Sapé do Norte em São Mateus – ES, ele ficou horas no meio de um eucaliptal na esperança de conseguir uma conexão de internet. Honrosa tentativa de nosso querido irmão eremita.

Tivemos os seguintes participantes em nossa live: Jorge, Godoy, Edson, Jaidson, Isnaldo, Gelson, Amaury, Neid, Magda, João Bento e Nelito, responsável por essa fraternidade.

 

Composição da Fraternidade:  Pe. Eraldo Cavicchini Matos (São Mateus – ES), Pe Jorge Gomes (Montes Claros), Pe. Júlio Antonio Rocha e Pe. Isnaldo Costa Leal (Araçuaí), Pe. Jaidson Martim e Pe. Edson Alcantara (Teófilo Otoni), Neid Duarte (Pará de Minas), Pe. Nelito Dornelas (Governador Valadares), Pe. José Martins da Rocha (Guanhães), Pe. Ivanildo e Pe. José Carlos (Janaúba), Magda Melo (Uberlândia), Pe. Warlen Dias (Sete Lagoas), Pe. Manoel Godoy, João Bento e os Diáconos Gelson Alves Pereira. e Amaury D. Moura (Belo Horizonte) e o Pe. José Luiz da Silva (Itabira).

 Foto: Arquivos da FSJC 

RETIRO ANUAL DA FRATERNIDADE

 

Considerando o contexto de pandemia que estamos vivendo, que limita locomoção e aglomeração de pessoas, e nos impõe muitos cuidados a tomar, principalmente com os que fazem parte do grupo de risco;

Considerando que não há previsão segura para vacina contra a covid-19 até ano que vem, o conselho nacional da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, reunido no dia 15 de setembro de 2020, decidiu CANCELAR o retiro presencial que estava previsto para acontecer de 5 a 12 de janeiro. 

No entanto, programamos um retiro on-line, que acontecerá nos dias 05 a 07 de janeiro de 2021.

Convidamos cada membro das fraternidades e simpatizantes, residentes no Brasil ou em outros países, para este momento profundo e fraterno de espiritualidade.

No período da manhã nos três dias, teremos momento comum, online: mantras, orações e pregação de 50 minutos.

A partir da pregação, cada participante reservará o tempo durante o dia para sua meditação e oração pessoal.

Nos três dias às 11h, todos faremos uma hora de adoração ao Santíssimo, cada um no seu local.

Nos três dias, se possível num mesmo horário, todos os padres celebrarão a eucaristia onde estiverem. Para os leigos, leigas, seminaristas e consagrados, o Padre Didi estará celebrando no mesmo horário, on-line.

Alguns grupos das fraternidades local estão se organizando para realizarem o retiro juntos.

Será cobrado uma taxa de RS 50,00 reais de cada participante.

Dados:

NOME

ENDEREÇO COMPLETO

TELEFONES

E-MAIL

DIOCESE

FRATERNIDADE A QUE PERTENCE

Para fazer a inscrição, favor enviar os dados acima até o dia 30 novembro 2020, no email: fsjcbrasil@gmail.com.

Fraternalmente, em Cristo Jesus, nosso bem amado irmão e Senhor, 

Pe. Carlos Roberto dos Santos

Responsável Nacional  


AGENDA - 2020 a 2021

Retiro Nacional da Fraternidade será online 

Data: 05 a 07 de janeiro de 2021

Local: em sua casa

 

 

COLABORAÇÃO ANUAL 

 

Lembramos aos membros das diversas fraternidades do Brasil o compromisso de colaborar financeiramente, uma vez ao ano, com 10% do seu salario mensal, para a manutenção da Fraternidade.

Calcule o valor e faça sua colaboração no Encontro Regional da sua Fraternidade. No entanto, se necessário, sua colaboração também pode ser feita no Retiro Anual, com o tesoureiro da Fraternidade.


Faça ou renove sua assinatura anual do boletim

·      O investimento para cada assinatura - três edições ao ano - é de R$ 50,00 (cinquenta reais), pago de uma única vez ao tesoureiro da Fraternidade (veja Pe. Willians, na página 39).

·      Você pode fazer um presente a um amigo simpatizante da fraternidade, ou àquele que há tempos não está participando, ou outra pessoa. 

·      Se quiser fazer uma doação para colaborar com os custos dos boletins que forem impressos a mais, para circulação gratuita, é só acrescentar, ao valor da assinatura, o quanto a mais  quer doar.


LI, ASSISTI e INDICO


INDICAÇÃO DE LIVROS

Quando os dias fazem pensar Memoria, Ideario, Compromisso, Pedro Casaldaliga. Ed Paulinas.

A impostura no ministerio da ordem, transtornos de personalidade e perversão no clero, a luz da psicanalise e da psiquiatria, Arlene Denise Bacarji, Ed. Amozon.com.br

A moral do Papa Francisco, um projeto a partir dos descartados, Ronaldo Zachariasm Maria Ines de Castro Millen, organizadores, Ed Santuario.

Trnsforma meu pranto em dança, como atravessar tempos difíceis com esperanca, Henri Nouwen. Ed vozes.


INDICAÇÃO DE SITES


https://sites.google.com/site/jesuscaritascarlosdefoucauld

https://gritaroevangelho.blogspot.com/

www.vatican.va

blog:www.hermanitasdejesus.org/brasil/brasilnuestrahistoria.htm

https://www.ihu.unisinos.br

https://www.cartacapital.com

https://agencia.ecclesia.pt/portal/2020/02/

https://www.portalcatolico.org.br/ 

 Responsáveis da Fraternidade  (CLIQUE PARA ACESSAR OS NOMES DOS RESPONSÁVEIS)

CONSELHO  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DO CONSELHO)


SERVIÇOS (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DE SERVIÇOS)


FAMÍLIA ESPIRITUAL DO IRMÃO CARLOS DE FOUCAULD NO BRASIL  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DA FAMÍLIA C.F.)


[1] Cfr. Discurso do Papa Francisco na reunião da Congregação para os bispos. Sala Bolonha do Palácio Apostólico, 27 de fevereiro de 2014. In: http://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2014/february/documents/papa-francesco_20140227_riunione-congregazione-vescovi.html

 

[2] Textos retirados do Boletim da Fraternidade Leiga Charles de Foucauld. ANO XLIV – Nº. 166 – AGOSTO 2017, ADAPTADO.