S.C.FOUCAULD E OS NÃO-POBRES

S.C.Foucauld e os não-pobres


27/08/2023


Quantas pessoas que gostam e seguem o nosso querido São Carlos de Foucauld são, de fato, pessoas que se fizeram pobres de modo concreto? Sinceramente, não sei dizer.O que vejo, e os exemplos são muitos, são pessoas que não fazem voto de pobreza, mas vivem uma vida simples, de pobre, embora tenham uma segurança monetária e de vida em geral.


Sempre acreditei que o Irmão Carlos tenha percebido isso, mas hoje li, num de seus escritos, que ele fala sobre isso. É no livro “Meditações sobre o Evangelho”, da editora Livraria Morais, Círculo do Humanismo Cristão. Às páginas 105 e 106 ele diz:


1- Sobre o texto de Lucas, 12,33: “Vendei o que possuís, e dai esmola. Provei-vos de bolsas que não envelhecem, de um tesouro inexaurível” (Eu conservei a tradução original do livro).


“Quando amamos o nosso próximo, o primeiro fruto desse amor é o auto empobrecimento, a fim de contribuirmos para o seu bem-estar, a menos que a obediência a Deus ou aos Seus representantes o não consinta, como sucede a um Papa, a um bispo, a um rei etc., mas, em casos desses, mesmo querendo Deus que permaneçamos ricos, isso deve apenas fazer de nós tesoureiros dos pobres, para vivermos pobremente e não nos servirmos desses bens de que somos depositários em serviço de Deus senão para utilidade de corpos e almas, senão para fazermos aos corpos e às almas muito mais bem do que faríamos distribuindo tudo de uma vez só”.


2- Sobre o texto de Lucas 14,33: “...qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo”.


Ele fala da pobreza também material e não apenas de espirito, mas acrescenta: “É, portanto, indispensável, para ser discípulo de Jesus, desejar e abraçar essa pobreza, adentro dos limites fixados pela obediência a Deus e aos seus legítimos representantes (que podem, com vista a um bem maior, proibir a certas almas que abracem visivelmente a pobreza material(...)”.


É o que falei num texto que escrevi semanas atrás sobre a pobreza do(a) eremita autônomo, que precisa ter dinheiro para se auto sustentar. O importante, nisso tudo, é viver de modo pobre e simples, sem muitas exigências. E lhes digo que isso não é fácil, apesar de que a gente acaba se acostumando.


É deprimente, por exemplo, ver pessoas que fazem o voto de pobreza serem, num âmbito de requinte, exigentes, no dia a dia, com tudo o que usam e com o ambiente em que vivem. Não basta “não possuir nada porque tudo é da Congregação a que se pertence”: é preciso também viver uma vida simples. Um padre diocesano, por exemplo, que troca seu carro a cada dois anos por um carro novo de marca famosa e cara, está vivendo uma vida simples, em solidariedade com o povo? Se for ordem do bispo trocar o carro a cada dois anos, pelo menos escolha uma marca mais simples! Embora a gente também precisa entender que cada caso é um caso.


Concluo dizendo aos que não podem “se desfazer de tudo pelo Reino dos Céus”, ficarem tranquilos de consciência, se procurarem viver uma vida simples, pobre, de caridade, partilha e um verdadeiro amor a Deus e a todos.


Teófilo Aparecido de Jesus