BOLETIM 170-10/2023

AS FOTOS DESTE BOLETIM ESTÃO NO FINAL DA PÁGINA


Equipe de organização e redação do Boletim


Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Magda Melo


Colaboradores no nº 170

Dom Edson Damian

Dom Eugenio

Pe. Carlos Roberto dos Santos

Pe. Camilo Pauletti

Pe. Manoel Godoy

Pe. Gildo Nogueira

Pe. José de Anchieta

Pe. Willians Roque Brito

Pe. Paulo Cutrim

Pe. Loivo kochhann

Pe. José da Silva

Pe. Gege

Diac. José Gomes

Magda Melo


Ilustração e capa

Magda Melo


Editoração

Magda Melo


Revisão

Pe. Carlos Roberto dos Santos

Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Pe. Willians Roque de Brito


(CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DOS RESPONSÁVEIS ATUAIS)



DA REDAÇÃO  


APRESENTAÇÃO


Pe. Carlos Roberto dos Santos – Goiás /SP 

Responsável nacional.


Irmãos e irmãs, este ano de 2023 entra para nossa história por causa da dureza do coração do homem, que busca a guerra e teima em recusar a paz. Quem morre são os inocentes, pois observamos no mundo, com dor e tristeza, que os genocídios continuam, por causa da ganancia humana. Não é só trevas. Também há luzes, entre elas, a evolução da sinodalidade em nossa Igreja.

É neste contexto que chega em suas mãos o Boletim nº 170. 

Na seção fraternidade em Missão, ele traz testemunhos e vivências de irmãos e irmãs da Fraternidade. Os textos são emocionantes ao relatar o cotidiano onde o Espírito Santo sopra e faz o Reino de Deus acontecer. Dom Eugênio Rixen, bispo emérito de Goiás, relata a alegria de conviver, por um tempo, com a Fraternidade Missionária no Piauí. Pe. Gildo Nogueira Gomes, da Diocese de Barra do Piraí – Volta Redonda, descreve como um desbravador, sua emocionante visita à Diocese de São Gabriel da Cachoeira-AM. Pe. Camilo Pauletti, da Arquidiocese de Porto Alegre, mostra a alegria contagiante de sua experiência missionária, nestes últimos dois anos, vividos em Moçambique, África. E fechamos esta seção com um artigo sobre a nomeação do nosso irmão Pe. Luc Terlinden, da fraternidade de Bruxelas, como arcebispo de Bruxelas-Malinas. Já na seção espiritualidade do Irmão Carlos, o Boletim traz a bela entrevista de Dom Edson Damian (Unisinos) e ele nos enviou, a qual nomeamos o episcopado e a emeritude. Traz também um artigo sobre nosso amado irmão, Baba Simão, de Camarões, que está em processo de canonização, pelo seu grande testemunho de sacerdote, vivido como “o missionário descalço”, pela África e pelo mundo.

Por fim, você lerá os relatos, com uma foto oficial, de cada um dos encontros regionais das fraternidades. 


Um grande abraço a todos, e boa leitura. 



Uma Fraternidade Missionária no Piauí


A Fraternidade Missionária, inspirada na espiritualidade de São Charles de Foucauld, já existe faz vários anos. Ela já esteve presente em vários lugares do Piauí. Ultimamente. está presente na paróquia São Francisco de Assis do Piauí na diocese de Oeiras. O padre Edivaldo Pereira (Didi) e a missionária Fátima Bertoli, ambos da diocese de Assis (SP) animam esta comunidade com muito zelo e sabedoria.

Do 7 a 16 de dezembro de 2022 convivi com eles, participando das várias celebrações e pastorais da paróquia. O que mais me impressionou foi a proximidade de ambos junto ao povo. Visitamos uma mulher que vive praticamente em” cárcere domiciliar” por causa de graves problemas mentais. O carinho dado pelo Didi me lembrou o afeto dado por Jesus à mulher pecadora na casa de um fariseu (Lc 7,36-50). 

Visitamos também uma casa na zona rural da paróquia. As lágrimas da Fátima diante de uma criancinha passando fome e vivendo numa situação de miséria me fizeram pensar na frase de Jesus; “Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais, pois o Reino de Deus pertence aos que a elas se assemelham.” (Mc 10,14). Visitamos outra casa no interior onde viviam vários aleijados, sentados em cadeira de rodas. Todos foram vítimas progressivamente de uma doença degenerativa dos músculos. A mais jovem tinha participada quando era criança das Santas Missões Populares. Na hora da oração, ela cantou com muito entusiasmo e fé os cantos que ela conhecia. O sorriso dela era contagioso. Percebi que as visitas que a Fraternidade faz aos mais pobres traz alegria: “Tem mais felicidade em dar do que receber” (At 20,35).

A Fraternidade Missionária procura estar próxima às pessoas, principalmente aos mais pobres. São eles que nos humanizam e que, pelo mesmo fato, nos evangelizam. Tanto Fátima como Edivaldo levam uma vida próxima do estilo de vida das pessoas do lugar. Ele se levanta cedo para semear milho, mandioca, feijão numa roça. Os dois, com muito zelo e dedicação, cuidam da casa e das refeições! Muitas vezes os vi fazendo as tarefas da casa e das pastorais juntos. Nos dias que estive com eles, rezamos juntos, seguindo com criatividade o Ofício Divino das Comunidades ou fazendo a Adoração ao Santíssimo, como é costume fazer nas Fraternidades Jesus Caritas. Várias vezes, celebramos a Eucaristia junto com o povo na Igreja Matriz, nas comunidades rurais e nas CEBs. É a oração que sustenta a atividade missionária dos seguidores de Jesus!

As atividades do Pe. Edivaldo e Fátima não se limitam a cuidar da liturgia e das pastorais, eles atuam também em nível social para melhorar a vida do povo. Tomaram a iniciativa de construir uma casa para uma família muito carente com a ajuda da comunidade local, mas também de amigos do interior de São Paulo. A fraternidade não tem limites!

No domingo saímos cedo de manhã para conhecer o Parque Nacional Serra da Capivara, perto de São Raimundo Nonato. Pudemos admirar as belezas das paisagens, com suas rochas, sua vegetação, suas flores, suas trilhas e principalmente suas pinturas pré-históricas, as mais antigas da América. O contato com a natureza revigora nossas forças e nos aproxima de Deus.

Visitamos também o padre Geraldo Gereon, membro da Nossa Fraternidade Sacerdotal, grande missionário da caatinga piauiense. O missionário alemão levou vida para centenas de pessoas, incentivando a criação de cisternas para captação de água, a produção de mel, a criação de hortas, a plantação de milho e de mandioca, a partir da sua profunda fé, levou uma nova esperança e melhoria para muitas pessoas dos municípios de Simplício Mendes e São Francisco de Assis do Piauí.

A Fraternidade Missionária procura viver conforme as grandes intuições da espiritualidade de São Charles de Foucauld. A bondade do Edivaldo e da Fátima contagia a todos; a acolhida carinhosa os aproxima do povo; a presença junto aos mais pobres suscita a generosidade da população; a vida de oração anima a espiritualidade da comunidade.

Edivaldo e Fátima têm um grande sonho: ver crescer com novos membros a Fraternidade Missionária. Eles fazem um apelo para que jovens- rapazes e moças- se juntem a eles para este trabalho de evangelização junto aos mais pobres e nas regiões mais excluídas do nosso país. Muitos procuram um novo sentido para suas vidas. Ir ao encontro dos últimos, como o fez nosso Irmão Charles de Foucauld, é continuar a missão de Jesus de levar vida e vida em abundância aos pequenos, àqueles que a nossa sociedade marginaliza e exclui!

A convivência com Fátima e Edivaldo foi muito gratificante. Foi uma boa oportunidade de realimentar vários sonhos: uma verdadeira vida fraterna, a convivência com os pobres, uma vida de oração comprometida.


Dom Eugênio Rixen

Bispo Emérito de Goiás




Visita à Diocese de São Gabriel da Cachoeira-AM - Pe. Gildo Nogueira Gomes

Diocese de Barra do Piraí – Volta Redonda


Desde muitos anos eu tinha o desejo de visitar esta região onde vivem muitas etnias de povos originários, agora tive a oportunidade, combinei com Dom Edson Damian e vim pra cá.

Também vieram comigo os amigos Pe. Flávio e Pe. Matias, da nossa Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas local e da nossa Diocese de Barra do Piraí – Volta Redonda-RJ. Eles puderam ficar apenas duas semanas, eu continuei por aqui por um mês.

Eu queria conhecer um pouco, estar com, visitar, ver.

Estive na missão em Moçambique, Diocese de Lichinga, Província do Niassa, norte do país, de 1998 a 2001, na primeira Equipe Missionária do “Projeto Missionário Nordeste IV e V e Lichinga – Moçambique”.

Lá éramos uma Equipe Missionária de cinco irmãs, uma leiga e eu. Fomos designados para a Paróquia de São João de Brito, Distrito de Nipepe, Província do Niassa, com 50 comunidades nas diversas aldeias.

Convivemos com as populações de vida simples, sua cultura muito diferente da nossa, sua religiosidade. Para mim tudo isso foi muito importante, procuramos lá sermos servidores e solidários, na edificação da Igreja e no serviço do Reino, mas queria conhecer o modo de vida de nossos povos originários daqui. Necessidade de conhecer para amar mais.

Chegando à São Gabriel da Cachoeira tivemos a gratíssima oportunidade de participar, já no dia seguinte da “Itinerância” – visitas às comunidades, na Paróquia de “Pari Cachoeira”, com Dom Edson que celebrou crismas em diversas comunidades.

Viajamos seis dias pelos rios, são as estradas daqui, nunca imaginei que era assim, foram surpresas, espantos, medos dos rios e depois alegria e curiosidades, cuidando do frio do vento da “voadeira” na parte da manhã, vestindo todas as blusas e proteções, cuidado para não perder as coisas que voavam com o vento, perdi um boné, uma máscara, prendíamos tudo. A voadeira estava pesada, cinco ou seis pessoas, o combustível, mais de 500 litros, tem que levar, mais as bagagens, mas algum alimento e água, muito peso, mas íamos em alta velocidade, era bonito, lugares nunca vistos por nós três.

Primeiro dia pelo Rio Negro e depois pelo Rio Tiquié até “Taracuá”, antiga paróquia salesiana, hoje com a presença do Pe. Odair e de uma Comunidade das Irmãs Salesianas, à beira do rio. Lá estava um grande grupo de jovens professores "Yupedas” para uma capacitação, uns 70, hospedados nas dependências do antigo colégio salesiano. O padre mora sozinho numa construção grande e antiga, bem perto estão as irmãs, onde jantamos e tem wi-fi. Às 19 horas missa e Instituição de novos Ministros da Eucaristia, homens e mulheres, diversos professores também participaram com a comunidade. Dormimos na casa do padre e tomamos café de manhã com um alimento que ele preparou, criação dele, um mingau frito, muito gostoso, comemos bastante e partimos rio-acima com o destino à Comunidade da “Boca da Estrada”.

Neste 2º dia de viagem pelo Rio Ualpés e depois pelo Rio Tiquié, poucas horas de viagem e quebra o motor da voadeira, não funcionava mais, parecia que havia terminado a Itinerância, começamos a voltar, deixar que o rio nos levasse de volta, começamos a remar para ir mais depressa pois quando passamos havia um grupo numa praia, parecia pescadores, remamos com um remo e todos nós sentados na voadeira remando também com os chinelos, o bispo remava, Matias, Flávio e eu, muito divertido, quando chegamos o grupo não estava mais, havia outro grupo e continuamos a remar rio-abaixo até que passou por nós outra voadeira, do Vitor, conversou um pouco e seguiu, tinha outras urgências, mas uns 10 minutos depois ele volta e nos reboca até a comunidade de Matapi, onde havia wi-fi e comunicaram pedindo socorro, umas 2 horas depois chega a voadeira salvadora das irmãs salesianas de Taracuá e assim prosseguimos viagem. 

Continuamos contemplando o rio, o céu – que se via pra cima ou pra baixo, refletido nas águas, bem como a floresta que beira os rios. A noite foi chegando e precisamos parar numa comunidade, onde moram só três pessoas, Estevão, um jovem e ao lado um casal idoso, seu parente. Na casa do Estevão estendemos nossas redes, ele e Jonas prepararam um jantar, fomos tomar banho no rio, no escuro, nós com medo, mas tínhamos que entrar na água, funda e o que poderia ter naquelas águas, mas foi tranquilo e refrescante.

A programação de Dom Edson teve que ser modificada, só chegamos a Boca da Estrada no dia seguinte para avisar que não conseguimos chegar no dia anterior e a nova data da Crisma ficou para o domingo de manhã. Tudo combinado seguimos adiante para onde estava combinado, Comunidade Nova Fundação. 

Desembarcamos e fomos andar dentro da floresta, quase uma hora, atrás de Dom Edson, que anda muito rápido, com outras pessoas que nos acompanhavam, Jonas e Flávio ficaram preparando o almoço. Muito me alegrava encontrar pessoas, caminhar com elas, conversar.

Pessoas simples, piedosas, com dignidade, alegres com nossa presença, falavam suas línguas, o Tukano e o Português, às vezes precisava tradução com algumas pessoas, tem diversas etnias misturadas. Teve as confissões, missa com a Crisma e retomamos o caminho, às pressas pois parecia que ia chover e teríamos a próxima comunidade. Chegando à casa à beira do rio onde foi preparado o almoço entramos na voadeira rápido, pois estávamos atrasados para a próxima comunidade, pegamos as vasilhas com as comidas do almoço, comemos na voadeira e seguimos para a próxima comunidade à beira do rio, com confissões, missa e crisma e lanche e seguimos em frente.

Bem à tarde chegamos a Pari Cachoeira, um deslumbramento de cachoeira, onde o barco não passa, descemos ali diante de uma “cidade”, ruas cimentadas, grande construção Salesiana, Colégio antigo, hoje tudo desativado, onde centenas ou milhares estudaram, casa paroquial grande, antiga, tinha wi-fi, água boa, chuveiro, tv, ao redor daquelas majestosas construções salesianas. É uma sede de Distrito, tem Saúde Indígena, pequeno hospital, instituições do governo, usina hidrelétrica própria, campo de pouso de aviões, casa das irmãs salesianas e muito mais coisas, tem bairros, e uma grande igreja. À noite o bispo reuniu-se com lideranças para combinar novo horário da missa-com as crismas, previsto para domingo, teve de antecipar para sábado à noite. O pároco de lá, Pe. Lúcio estava viajando. Na casa das irmãs tomamos café, foram dois dias, muita fartura, sendo as irmãs muito acolhedoras e simpáticas, uma delas retornou conosco na voadeira.

Nas comunidades muita bebida e comida como: peixes, farinhas, bejus, caças, até arroz, feijão, macarrão, bebidas nativas e refrigerantes.

No sábado, acima das cachoeiras de Pari pegamos outra voadeira, de menor potência, com o prático Atílio e o Timoneiro José Maria que orientava onde não havia obstáculo para não correr o risco de quebrar o motor ou a hélice, diversos estavam parados com as hélices quebradas. Eram homens maravilhosos de conviver. Matias e Flavio ficaram em Pari, conhecendo melhor os arredores descansando e tomando banho no Rio Tiquié, logo abaixo da cachoeira.

Nas viagens escutamos muitas histórias, muito interessante. Chegamos até outra grande e linda cachoeira, deixamos ali a voadeira e carregamos às costas as bagagens, o motor, o combustível e subimos contornando a cachoeira para pegar outra voadeira mais acima. Lá tem uma sede da Saúde Indígena, cujos trabalhadores estavam naqueles dias atuando nas comunidades do entorno. Depois de algum tempo conseguimos uma voadeira para prosseguir e fomos até outra cachoeira onde deixamos ali, voadeira, motor e combustível e seguimos a pé, durante uns 30 minutos até outra cachoeira num Igarapé para tomar outra voadeira que custou a chegar, depois soubemos que a hélice havia quebrado batendo nos paus do igarapé.

Nesse caminho tive queda de glicose, comecei a suar, tive que comer balas de mel, passei numa casa onde uma jovem começava a comer uma fruta de conde e pedi-a e comi tudo, depois passei noutra casa e havia muito beju, pedi e comi diversos pedaços, sentados na pedra aguardando a voadeira deram-me “chibé” - farinha com água, comecei a beber, gostei, bebi muito, até que o bispo censurou-me, “tem que deixar para os outros”, e fiquei satisfeito, acho que com a glicose normalizada.

Depois de muito tempo chega a “rabeta”, voadeira com motor de pequeno porte, entramos, e só os padrinhos podiam entrar, pois não cabiam todos. O Timoneiro era outro que com um remo e orientações desviava dos paus, pedras e outros obstáculos, era um jovem catequista e crismando. Um galho quase nos atingiu e D. Cecilia foi desviar e caiu de costas ao meu lado, depois brinquei muito com ela por causa disso, graças à Deus ninguém se machucou, ficaram só as troças.

Lá era a comunidade de “Acará Poço”, dos Yupedas, etnia mais simples, desprezada e explorada pelas demais, povo amável, apaixonei-me por eles.

Num “Benzimento” que recebi, na cidade, pelo benzedeiro Sr. Dudu, recebi o nome Yupeda de “Botó”, que quer dizer clareira na mata, onde se faz roça e plantio para o sustento e alimentação.

Voltamos para Pari, chegamos quase ao anoitecer, próximo da hora da missa.

A Igreja estava cheia, umas 200 pessoas, muitos jovens para serem crismados, estão também no Ensino Médio, vestidos quase iguais em nossas cidades. Faltou luz logo antes de começar, demorou um pouco e começou a missa no escuro, um tempo depois voltou a eletricidade e tudo seguiu normal, muita música, canto, animação. As letras das músicas eram projetadas num telão, tudo em Tukano e em outras línguas, todos cantavam e nós ali, extasiados de alegria, mas não entendíamos nada. As orações tudo em português e também todos respondiam com firmeza. Acho que são bilíngues, trilíngues, etc.

Ao final da crisma uma homenagem prolongada ao Catequista, cada catequisando expressava seu carinho por ele, que acompanhou o grupo por três anos. Depois fomos convidados a participar de uma confraternização com os crismados, padrinhos e familiares, comemos e bebemos bastante. Os crismados ficaram todos de pé, ao redor de uma grande mesa enquanto comiam, os demais se sentavam onde podiam. O catequista ia falando, animando e orientando tudo o tempo todo.

Domingo cedo, tomamos café na casa das irmãs, um bom e farto café, nos embarcamos com destino a “Boca da Estrada”, última etapa de crismas, onde deveria ter sido a primeira. Irmã Cirlei, salesiana, embarcou conosco, com colete. Como em todas as comunidades, muitas confissões com o Sr. bispo, os padres, na língua nativa ou em português. Como em todos os lugares, povo simples, amável, acolhedor. Almoçamos e seguimos em direção à Taracuá onde devíamos pernoitar.

Uma voadeira dos salesianos veio nos buscar, esperou-nos em Matapi, onde estava estacionada a voadeira da diocese com seu motor avariado. Era um motor potente, de 90, com o “Prático” e o irmão Joãozinho, vietnamita muito acolhedor e agradável. Partimos em alta velocidade para Taracuá, Jonas seguiu com a voadeira das irmãs, chegou pouco depois de nós, já que estava leve.

Ficamos hospedados na mesma casa do Odair e jantamos na casa das irmãs, mas antes fomos tomar banho no Rio Ualpés. Dom Edson foi com sabão e logo terminou, mas nós fomos procurar um lugar melhor, havia uma praia, de águas mais tranquilas onde as crianças nos levaram, lá haviam outras pessoas do povoado. Ficamos muito tempo ali, atrasamos o jantar. As crianças subiam nas costas do Matias, fizeram-nos brincar de pique, ciranda, jogá-las para o alto no rio, correr com elas até para fora e pular no rio, foi uma festa. Havia umas 10 crianças. Era no meio do povoado, estavam próximo jogando bola, rapazes e o time feminino também jogava ao lado. Há muitos times femininos e masculinos.

Segunda-feira cedo depois de um bom café com Pe. Odair, agora havia xícaras com asas, despedimos das irmãs e seguimos na voadeira dos salesianos com destino a São Gabriel. Deixamos o Rio Ualpés, entramos no Rio Negro até o ponto de partida, acima das corredeiras.

Somos gratos a Deus, a Dom Edson, ao Pe. Anchieta, às irmãs, aos outros padres diocesanos e religiosos que nos acolheram, alguns leigos da diocese, entre eles o Jonas, o Júnior, D. Rose e às comunidades que nos proporcionaram esta experiência, rica, emocionante, que provoca em nós sentimentos de amor e compromisso com a vida deste povo e desta igreja local. Que o bom Deus possa abençoar este Povo e esta Igreja, em sua vida e missão. 


ESTRADAS DE RIOS

Nunca havia viajado tanto tempo em “Estrada de Rios”, rios imensos: Negro, Ualpés (Walpés, Valpés), Tiquié, quanta água, imensidão. Depois num Igarapé “Cunaru do Norte (?)”. No igarapé era difícil navegar, muitos obstáculos de paus e outros, o rio era estreito e raso.

Ninguém usa colete, nem os têm. A irmã salesiana que veio conosco de Pari, usou no início da viagem depois também não o usou. Dizem que às vezes acontecem acidentes e morrem pessoas.

A paisagem é de água, água e água, floresta e floresta o tempo todo. O céu está pra cima e pra baixo refletido na água. Muitas horas, dia inteiro, monotonia, parte da floresta ao lado do rio parece alagada, às vezes se vê barranco delimitando o curso das águas. Muitas grandes e pequenas ilhas, também “paranás”, espécie de atalhos que o prático entra, sem GPS, Wase, Maps, acho que ele tem um chip na memória que o orienta. Consegue desviar de pedras, paus, e outros obstáculos como pequenas cachoeiras e corredeiras, mas às vezes não consegue. O Vitor que nos salvou rebocando nossa voadeira o encontramos rebocado pois havia quebrado sua hélice num pau no meio do rio.

São 650 km de São Gabriel a Pari, a metade de São Gabriel a Manaus. Têm três barcos grandes que fazem o percurso a cada semana ou a cada 15 dias, demoram três ou quatro dias para subir e um pouco menos rio abaixo. Falaram que o valor da passagem é em torno de R$ 230,00, mas o custo de materiais é separado. Barcos grandes navegam melhor no tempo das cheias, também as voadeiras preferem o tempo das “enchentes”.

A emoção das voadeiras deixava-me sempre atento, muitas curvas no Rio Tiquié, barulho do motor e o vento em nossa cara, frio de manhã, tínhamos que vestir blusa e outros agasalhos, boné, etc, proteção do sol à tarde, cuidado para não voar as coisas, perdi um boné, uma máscara, tinha que evitar perder qualquer coisa, sobretudo o celular. Tiramos fotos, fizemos filmes, tive coriza que evoluiu para irritação de garganta. Mas no fim tudo fica bom.

Muita gente nos rios, às vezes tempo longo sem passar ninguém, barco grande pouco, voadeiras um pouco mais, rabetas algumas, canoas de pescadores algumas ao longo dos rios. Nesta região estrada só de rios e nada mais.


POUCOS PEIXES E OUTROS ANIMAIS

Nossa impressão é que existem poucos animais ou peixes, pois não vimos nada em seis dias de viagens. Dizem que o solo é muito pobre, o rio de águas negras é talvez muito ácido ou outra questão que existem peixes de diversas qualidades, mas em pequena quantidade. Pássaros muito poucos. Mas havia pescadores nas canoas e redes armadas e peixes para comer em todas as comunidades. Mas não comércio de peixes.


COBERTURA DE ZINCO NAS CASAS

As igrejas, centros comunitários e outros equipamentos públicos tudo coberto de zinco e também muitas casas. Há poucas casas com cobertura vegetal e paredes vegetais, muitas são fechadas com madeira e pouquíssimas com alvenaria. Mas há casas abertas, com cobertura vegetal, mas creio que são poucas. Isto dá um calor imenso mesmo na sombra do zinco. Creio que a qualidade de vida fica prejudicada, ainda mais neste tempo agora que todos reclamam de muito calor e pouca chuva, dizem que não é normal para aqui. Pra mim tudo é muito quente, mas convivo tranquilo com isso, dormi mesmo na casa sem ventilador, suava muito, mas descansava bem, agora ligo o ventilador, é melhor.


BENZIMENTO

Aqui há o benzimento, que foi muito desprezado pelos missionários antigos, que recebem um nome próprio, nativo, não o do batismo. Dom Edson valoriza esse nome, e o pede na hora da crisma, nome de batismo e de benzimento.

Recebi também o benzimento pelo Sr. Dudu, benzedor daqui da cidade, deu-me um nome que escolhi da etnia que escolhi, como eu não pertenço a nenhuma delas daqui. Tenho pertencimento indígena, mas se perdeu no tempo, é do sul do Estado do Espírito Santo.


FAMÍLIA

Não compreendi muito o modo das famílias aqui. Mas são bem numerosas, pelas perguntas que fiz, sobre quantos filhos, quantos irmãos, etc.

Há bastante migração de uma região para outra, muitos vieram e continuam vir para a cidade, para estudar, cuidar da saúde, trabalho, etc. Algumas aldeias estão quase vazias.

Há uma divisão do trabalho no interior das famílias e comunidades. Parece que as mulheres trabalham mais, assim ouvi algumas falas, no preparo da farinha, das comidas, das roças, os homens fazem as casas, caçam, pescam, etc. Vi uma mulher carregando um feixe de lenha e o marido ao lado carregando o facão, vi um homem lavando a fralda do bebê no rio e a mãe segurando o bebê bem próximo.

Na cidade parece que todo mundo trabalha, no que encontram, tanto os homens como as mulheres.

No desfile das agremiações do XXV Festribal ressaltavam o valor, a beleza e a força da mulher, a força e a coragem do homem guerreiro, caçador e pescador. Todos dançam juntos em diversas evoluções e coreografias. Percebe-se que há uma grande colaboração entre homens e mulheres, nas famílias e nas comunidades.

Aqui não se usa o nome “cacique”, nunca ouvi, mas “capitão”, para o responsável da “comunidade”, também não falam em “aldeia”.

Muitos já estudam, estão nas universidades, querem estudar, vão para outras universidades do país e lembram que têm um grau de inteligência e aproveitamento até maior que os outros universitários.

Na cidade tem casas de acolhimento de etnias que vêm para resolver questões de previdência, saúde, etc., até que retornem para suas comunidades.

Passando pela cidade parece que todo mundo é indígena, são de 23 etnias, e muitos vêm das inúmeras comunidades, 300 ou 700, não sei quantas são. Os não moradores ficam em grupos, nas calçadas, homens, mulheres e crianças. Pobres, simples.

Dizem que mais de 90% da população de São Gabriel são indígenas, que comprovamos visualmente, pela cor, estatura, cabelos, formato do rosto e pela fala, pois não falam em português. É um mundo bem diferente pra nós.


POVO E ETNIA

O município de São Gabriel da Cachoeira tem 105.000 Km2 de território e uma população aproximada de 52.000 habitantes, composto de 23 etnias. 

Os grupos étnicos são bem misturados pelas migrações, casamentos inter étnicos, e a etnia é definida pela paternidade, por exemplo, se o pai é “Baré” e mãe é de qualquer outra etnia os filhos sempre serão “Baré”.

Dizem que há uma hierarquia entre as etnias e há uns quatro grupos bem desprezados, que até bem pouco tempo eram muito explorados pelas outras. Ouvi isso de indígenas e não indígenas. 

Visitei algumas comunidades dos Yupedes, na região de Pari, é um dos grupos inferiores da hierarquia. Quando voltávamos da Itinerância, no 6º dia parando para visitar uma comunidade com o Senhor Bispo, os rapazes estavam jogando bola no sol intenso, depois alguns adolescentes nos acompanharam e eu perguntava de onde eram, se todos moravam ali, e brincaram com um deles dizendo que ele depois iria para sua comunidade dos yupedes, ele não gostou da brincadeira, parecia um xingamento, um modo de desprezo.

Nas meditações depois das visitas aos grupos menos importantes fiquei pensando na encarnação de Deus, na manifestação de Deus a Moisés, que veio não porque eram importantes, mas exatamente o contrário. Jesus nascendo de Maria, na gruta de Belém, criado em Nazaré, de “onde não sai coisa que preste”, condenado na cruz e depois ressuscitando. Que mistério, que escolha de Deus! Grande intuição teve Charles de Foucauld em perceber a grandeza em Jesus de Nazaré, o amor grandioso de Deus pelos pobres e pequenos, nos faz pensar em nosso movimento hoje, nos ajuda à conversão, à convivência, às opções, à solidariedade.

Estar aqui, ver um pouco desses povos, assistir ao XXV Festribal, com apresentação das danças, músicas, falas comprometidas com a realidade dos povos daqui, proteção das florestas, das culturas e dos próprios povos. Aqueles jovens dançando, eles existem, e se afirmam, são numerosos aqui, tem jeito, estilo e consciência indígena.

Estão estudando o fundamental, o médio, indo para as universidades, sendo bacharéis, tendo licenciatura, mestres, doutores, já há muitos.

Fica a questão o que fazer depois de formados, onde trabalharão, vão continuar com suas línguas? Muitos já deixaram as aldeias, foram para outras, para as cidades por causa da escola, saúde, trabalho, etc.

Mesmo nas comunidades dos rios ou da estrada muitos já tem acesso às mídias digitais, tv, internet, celulares, muito interessante, estão conectados, não vivem no isolamento, tem acesso às tecnologias, não tem só o remo, mas tem as voadoras, as rabetas, etc.

É uma vida em constante transformação, abertos ao mundo, com consciência ecológica e étnica.


VIDA RELIGIOSA

Muitos são católicos, presença dos religiosos aqui tem muitos séculos, de diversas congregações religiosas, jesuítas, capuchinhos, carmelitas, franciscanos, salesianos... Salesianos tiveram uma presença marcante e determinante, com grandes projetos, grandes escolas, internatos no Alto Rio Negro, como em Taracuá, Iauaretê, Pari Cachoeira, e outros centros, creio que a partir de 1920. Presença com seus valores e muitas críticas pelo modo pedagógico de desprezo da cultura local, religião, língua, etc., mas também como barreira que impedia a exploração, escravização, etc. Tema discutido, questionado e debatido.

Os salesianos continuam por aqui, sem grandes projetos, nas paróquias e outras atividades educativas e assistenciais.

As salesianas continuam em diversas comunidades, com presença fraterna, educativa, misericordiosa, bem como diversas outras congregações femininas.

Também a presença evangélica é significativa na cidade e em algumas regiões dos rios e na estrada. E como em todo lugar há uma certa disputa e competição religiosa, também há grupos espíritas. Nada sei sobre a tradição africana, também porque é mínima a presença dos negros.

Também nada sei como vivem as tradições religiosas indígenas, mas há diversos pajés, curandeiros, benzedeiros e benzedeiras.

A participação nas comunidades católicas que visitei é bastante ativa e participativa, com boa concorrência de pessoas e um bom entrosamento e valorização do clero e das irmãs.

Os e as catequistas são muito importantes nas comunidades dos rios e da estrada, creio que também na cidade. Quando visitamos as comunidades tanto com o bispo como com o padre os catequistas são o ponto de referência, responsáveis pela catequese, liturgia, organização da vida da igreja local. Não sei se são valorizados o suficiente, sei que há formação das lideranças a cada ano.



Vida Missionária - Pe. Camilo Pauletti


Estou há dois anos na missão em Moçambique, pelo projeto Igrejas Solidárias Rio Grande do Sul com Nampula, Arquidiocese do norte desse País. Nesse final de ano (2023) devo retornar ao Brasil para deixar o lugar para outros padres mais jovens que estão chegando.

Falar de missão, vida missionária, nem sempre é fácil. Melhor é viver, experimentar, estar na missão. Mas podemos partilhar alguns sentimentos, fatos ou aspectos da vida missionária.

Para mim ser missionário é um privilégio. Estar longe da família, da terra natal, dos amigos, das seguranças e confortos, não é problema. A vida é vivida e assumida em qualquer lugar. Se a situação for difícil, ali a experiência será mais rica.

Jesus diz: “Quem quiser me seguir, tome a sua cruz e me siga; quem quiser ganhar a sua vida, vai perdê-la, mas quem gastar sua vida, por minha causa, esse vai ganhar a vida.” Eu entendo essa passagem do Evangelho, a partir da experiência. Quanto maior for a doação, maior será nossa alegria.

Percebo que vivemos num mundo, onde se valoriza muito o poder e o ter centralizado no egoísmo. Satisfazer os desejos, ter boa aparência, influenciar os outros pela minha situação social. E vemos pessoas insatisfeitas, insaciáveis e infelizes. Mesmo dentro de nossa própria Igreja, há desejos de se mostrar, aparecer, se destacar... Roupas finas e caras, símbolos, gestos, celebrações, barulhos... Tudo para impressionar, ter mais adeptos. Mas há muito vazio, pouco conteúdo e testemunho de vida cristã, longe do verdadeiro Evangelho.

A experiência missionária, com o povo pobre e humilde, faz a gente descer, ir ao encontro, sentir a carência, os limites, a dureza da vida pela sobrevivência. Ao aproximar dos pequenos, no tocar, comer juntos, sentar no chão, ouvir as histórias de luta, cheirar, dançar, dormir com eles... Percebemos a riqueza da vida partilhada. O pouco, dividido, é muito enquanto o muito, centralizado, é uma miséria, pois nunca se satisfaz.

Nesses dias, caminhando na rua da cidade, aproximou-se de mim uma menina de uns dez anos e me pediu alguma coisa para comer. Então comecei um pequeno diálogo com ela. Sua mãe tinha viajado por causa de uma situação de tristeza da família; ficaram duas meninas em casa, até a mãe voltar. Mas, a comida nessa casa terminou e a mãe não voltou dentro do tempo previsto. Ali não havia outros parentes para socorrer; a menina procurava ajuda, mas lhe negavam: outros não a conheciam. Dei-lhe dez meticais pela sua insistência, o valor de um real. Perguntei o que iria fazer com esse troco. Ela me disse que iria comprar um punhado de farinha para fazer uma papinha e matar a fome.

Essa é uma realidade constante, não há como ser indiferente. Mas sabemos, por outro lado, que muitos exageram, ficam doentes, obesos por comerem e beberem demais. As desigualdades são gritantes nesse mundo. Ser sensível e nunca indiferente é uma postura que precisa ser assumida.

A vida tem sentido quando ela é colocada a serviço dos outros, então a vida é missão. Às vezes é preciso atravessar fronteiras, ir ao encontro de outras culturas, aproximar-se de outros povos. Isso nos ajuda a entender melhor o mundo e nos desafia a viver o Evangelho de Jesus.

Há poucos dias eu estava sentindo um incômodo no corpo. Fui verificar a temperatura e, quase 40 graus de febre. Procurei o hospital, fizeram análise de sangue e acusou malária. O enfermeiro me alertou que poderia ter convulsões, era preciso cuidar. Assim fui medicado, pois estava num lugar que isso era possível. No dia seguinte deveria ir ao interior, havia programação para visitar seis comunidades, era a única oportunidade que aquele povo tinha de poderia usufruir da presença do padre, no ano. Aguardei a febre baixar um pouco. Pensei naquele povo, eles mereciam a presença do padre, para confessar, realizar os batismos e celebrar a única eucaristia do ano. E assim, com sacrifício, fui. Valeu a pena! A febre foi embora! O povo ficou saciado e esse missionário, aqui, ficou feliz. Sem riscos e sacrifícios, não há missão, sem desprendimentos, doação e entrega, não há alegria!

A vida missionária se faz caminhando, com coragem, vivendo com pouco e tendo muita fé e esperança.

O Papa Francisco insiste tanto que devemos sair e ir ao encontro do povo. Quem tocar uma pessoa sofrida, ferida, doente, afastada, ali está tocando a carne do próprio Cristo.

Eu sinto uma gratidão muito grande, a Deus, pela vida e pela missão. Vale a pena ser missionário em terras estrangeiras. Somos todos chamados a viver o envio de Jesus: “Vão pelo mundo inteiro levar boa notícia, batizar, curar os doentes, expulsar os males e anunciar o Reino de Deus.”

A missão é de Deus, Ele precisa de nossa cooperação, do nosso serviço. Sigamos desafiando as forças do mundo, para nos aproximar das forças de Deus.



Luc Terlinden, Fraternidade de Bruxelas, 

Arcebispo de Bruxelas-Malinas 


Luc Terlinden, atual vigário geral da Arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, foi apresentado esta tarde como o novo arcebispo.

Pela primeira vez em quase um século (desde o cardeal Van Roey em 1926), um padre que ainda não é bispo é nomeado arcebispo. 

Portanto, Luc Terlinden, de Bruxelas, ainda não é muito conhecido do público em geral. Nos últimos dois anos, como Vigário Geral da Arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, foi o braço direito do atual Arcebispo, Jozef De Kesel. Terlinden é o décimo arcebispo desde a criação da Bélgica independente. Com a nomeação de Terlinden, a Santa Sé já segue o princípio de nomear alternadamente um falante de flamengo e um de francês.

Terlinden tem 54 anos. Isso soa jovem, mas está totalmente de acordo com a idade de seus predecessores - Danneels tinha 46 anos - e de arcebispos nomeados em outras partes do mundo. 

Ministério jovem

Terlinden só mudou para o seminário após seus estudos em economia e depois de alguma experiência de trabalho em educação.

Ele então fez uma especialização em teologia moral em Roma. Para sua tese de doutorado, ele estudou os escritos de mestres espirituais como Charles Taylor e John Henry Newman. 

Adquiriu experiência pastoral em paróquias e pastoral juvenil, o que o deixou com um compromisso duradouro com os Marolles de Bruxelas e com os jovens (na pastoral estudantil em Louvain-La-Neuve e como cofundador do Pôle Jeunes XL em Selles). 

Em 2017, tornou-se presidente do seminário diocesano francófono e membro do conselho episcopal. 

Em 2021, Terlinden tornou-se Vigário Geral da Arquidiocese de Mechelen-Bruxelas. 

É uma subida íngreme para alguém que leva uma vida muito simples como membro da fraternidade sacerdotal de Charles de Foucauld, um padre francês que veio viver entre os tuaregues na Argélia na virada do século XX. 


Mão direita de Kesel

Como Vigário Geral da Arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, Terlinden tornou-se o braço direito do Cardeal Jozef De Kesel e uma figura central na Arquidiocese. Desde então, ele mora com seu dachshund Oscar em Mechelen. As pessoas que o conhecem bem o chamam de homem brilhante, colegial e trabalhador, que tem uma atitude fraternal e também pode parar de vez em quando para aproveitar a vida.

Em entrevista à Kerk & Leven (7 de abril de 2021), Terlinden disse que as Jornadas Mundiais da Juventude em Roma em 2000 foram uma experiência profunda para ele, como uma peregrinação militar a Lourdes durante o serviço militar. Ele foi criado na fé e pensou em se tornar padre ainda jovem, mas a obrigação do celibato o fez hesitar. 


Sínodo sobre a sinodalidade

Como arcebispo, Terlinden quer se concentrar na sinodalidade. O cardeal De Kesel desempenhou um papel importante no sínodo continental por meio de sua contribuição sobre como lidar com a sociedade moderna e secularizada e como uma figura de ponte. 

Podemos supor que seu sucessor também assumirá essa tocha.

Ele disse sobre o celibato em Church & Life em 2021: 'Também estamos aprendendo cada vez mais que o sacerdócio e o celibato não são necessariamente a mesma coisa. 

Acredito no grande valor do celibato, mas muitas vezes esquecemos que a vocação ao celibato é uma exceção. A mídia foca muito no sacerdócio celibatário, mas nossa Igreja tem várias vocações dentro dela. Agora é seguir juntos na estrada."

Em setembro, Luc Terlinden espera primeiro a consagração episcopal, para assumir suas funções como arcebispo em 3 de setembro de 2023. 



ESPIRITUALIDADE DO IRMÃO CARLOS  Episcopado e emeritude


Entrevista de Dom Edson Damian a Unisinos, 

enviada pelo autor para publicação no boletim das fraternidades.

Para economizar espaço veja, por favor, esta entrevista AQUI

NOTÍCIAS

Baba Simão, de Camarões

Um sacerdote pela África e pelo mundo, Baba Simon,

o missionário descalço 


Com este livrinho, queremos apresentar Simon Mpeke, sacerdote camaronês, cuja causa de beatificação está em andamento em Roma, depois de ter passado pela etapa do processo diocesano.



BREVE BIOGRAFIA DE BABA SIMON


Mpeke nasceu em Batombe (Edéa), Camarões, por volta de 1906. Seus pais cultivavam a terra e não eram cristãos.

Em 1914, quando era aluno da escola dos palotinos alemães, pediu o batismo. O seu desejo foi ouvido pelos Espiritanos Franceses de Édea a 14 de agosto de 1918, após a primeira guerra mundial, no seu batismo recebeu o nome de Simão.

Já como professor atua nas escolas das pequenas cidades do interior, e posteriormente na missão central de Edea.

É aí, em 1921, que descobre que "negro pode virar padre". Ele não duvida. Ele termina com a jovem que lhe foi prometida e começa a estudar latim com um pequeno grupo de amigos. Em agosto de 1924 passaram a fazer parte do Seminário Menor Yaoundé, que abriu suas portas em julho de 1923.

Ali deixa a lembrança de um excelente seminarista, sério, muito piedoso e tranquilo.

Ele faz parte do grupo dos oito primeiros sacerdotes camaroneses ordenados em 8 de dezembro de 1935.

Desde o Seminário tem o gosto pela contemplação, com alguns companheiros planejou formar uma congregação ativa e contemplativa.

Em 1936 foi nomeado vigário numa Missão no meio do campo, onde deixou a memória de um padre muito zeloso e muito sobrenatural, que maravilha as pessoas e se entrega sem limites.

Marcado pela teologia de seu tempo, assumiu uma posição muito firme contra as práticas religiosas tradicionais da região. Considerado um sacerdote de grande valor, foi nomeado em 1947 para a grande paróquia de New-Bell, em Douala, onde foi nomeado pároco após um ano. Já pároco, Simão dá um grande impulso à paróquia, criando vários grupos e confrarias, apoiando os movimentos da Ação Católica e as escolas e sendo totalmente disponível e generoso para com as suas ovelhas.

A constituição das fraternidades dos Irmãozinhos e Irmãzinhas de Jesus, no início da década de 1950, o fez descobrir a espiritualidade de Carlos de Foucauld. Em 1953 passou a fazer parte do Instituto secular dos Irmãos de Jesus e pediu um ano sabático para fazer o seu "noviciado" na Argélia.

Ele será um dos fundadores a nível internacional da Union Sacerdotale Jésus-Caritas e seu primeiro responsável em Camarões e na África.

Sacerdote muito querido e influente, chegou a ser proposto, junto com outros dois, para o cargo de auxiliar de seu Bispo.

Por volta de 1954 sentiu o chamado a participar da evangelização dos povos ditos "pagãos" do norte de Camarões. Depois de muito refletir, levado pelo dinamismo missionário da Encíclica "Fidei Domun", em 1959 tornou-se o primeiro sacerdote missionário camaronês secular em seu próprio país.

Após uma breve passagem por uma comunidade de Irmãozinhos de Jesus, fixou-se em Tokombéré, na atual Diocese de Maroua-Mokolo.

Vivendo em total despojamento de si mesmo, o “missionário descalço” vai dedicar a sua vida ao combate à miséria, na qual vê um “inimigo de Deus”, segundo um estudioso muçulmano.

A sua intensa vida de oração e a sua alegria comunicativa fazem dele um luminoso testemunho do amor de Deus também nas localidades mais distantes da sua extensa paróquia.

Através da escola, das estruturas sanitárias, do compromisso contra a injustiça, do acompanhamento dos jovens e do apelo à fraternidade universal, permite uma verdadeira promoção de populações até então subestimadas. 

A sua preocupação pelo diálogo permanente com os responsáveis pelas religiões tradicionais e o encontro com os muçulmanos fizeram dele um precursor profético do diálogo inter-religioso valorizado pelo Concílio Vaticano II e valeu-lhe o nome pelo qual ainda é venerado 40 anos depois da sua morte, ambos por cristãos e não cristãos: "Baba Simon" (Papa Simão).

Em 13 de agosto de 1975, morreu exausto, ao final de uma vida inteiramente consagrada a Deus e aos homens.

Confiamos esta causa às vossas orações juntamente com a nossa querida região do Extremo Norte dos Camarões, tão permanentemente exposta ao grupo terrorista Boko Haram.

Por intercessão de Baba Simon, que os cristãos mantenham seu sangue-frio e continuem a testemunhar " a Boa Nova da filiação divina de todo ser humano " (Benoît XVI, Africae Munus, n. 8).


POSTULAÇÃO DA CAUSA DE BABA SIMON

Postal Ap. 74 MAROUA (Camarões) 2016   Conego Padre Roberto Barbosa de Melo, sua partida (23/07/23) e o risco da política de apagamento pastoral


O teólogo Leonardo Boff é feliz quando diz, acerca do atual papa, que Francisco não é apenas um nome, mas um projeto de Igreja. Nesse mesmo horizonte, podemos dizer que padre Roberto (Betinho, como o chamava) não é apenas um nome, um indivíduo, uma personalidade (que passa), mas um projeto de Igreja, um horizonte pastoral em sintonia com as grandes linhas do Concílio Vaticano II, da caminhada da Igreja na América latina e do papado de Francisco. 

A pessoa ou o pároco passa por morte ou por transferência, mas, mas o projeto pastoral em sintonia com o sonho de Jesus de uma Igreja sal da terra e luz da sociedade, esse sim deveria ser cultivado e acrescido com novos elementos, a partir do pároco substituto. Nenhum pároco é igual ao outro, graças a Deus. Nesse sentido, um novo pároco sempre traz consigo possibilidades novas e a oferta de se caminhar em estradas virgens.

Mas isso não poderia significar a instauração, pelo sucessor, de uma política de apagamento de uma caminhada pastoral sólida no horizonte de uma "Igreja em saída", como insiste Francisco.

Tenho quase 30 anos de padre e, falando a partir do chão que piso (ou do Rio que nado), lamentavelmente, teria mil e um exemplos para dar de paróquias que com a saída de um padre progressista, como Roberto, sofreram um processo sistemático e violento de destruição de todo trabalho realizado. Isso aconteceu, por exemplo, na paróquia de Santa Bernadete, onde trabalho, com a retirada, nos anos 80, do padre fundador, Sebastião Lourenço Vieira. Agentes de pastorais expulsos, pastorais perseguidas e trabalhos abandonados. Foram muitos os que foram retirados e outros que saíram por não encontrarem mais na paróquia um lugar de acolhida, diálogo e respeito. Perdas e traumas são sentidos até o dia de hoje. O povo não esquece! Querem mais exemplos?

Então, sem delongas, a morte inesperada e desconcertante do padre Roberto, além da dor da saudade, abre no coração de não poucos membros da comunidade, e de clérigos, leigos e leigas que acompanham a potente caminhada pastoral da Paróquia Sagrada Família, como tenho ouvido, um medo declarado: como será o pároco substituto?

Surge a legítima indagação: será ele sensível à longa caminhada pastoral construída durante 30 anos ou implementará a política do apagamento pastoral?

Ontem duas agentes de pastoral da paróquia Sagrada Família falaram comigo desse medo. E medo foi o termo que elas usaram. 

As construções pastorais de algumas paróquias, como a Sagrada Família, deveriam ser matéria de estudo de teologia pastoral. São verdadeiros patrimônios religiosos, teológicos, culturais, políticos e sociais.

Isso interessa à Igreja?

Esta breve reflexão manifesta o estado de cristãos católicos (paroquianos e não paroquianos), incluo teólogos, teólogas e pastoralistas, que não apenas choram a partida inesperada de um pastor e amigo; mas, como se não bastasse essa extremada dor, ainda sofrem por saberem, por experiência, que, sobretudo num modelo de Igreja alta e obstinadamente clericalista, sucessão é, por vezes sinônimo de dizimação.

Há padres que assumem paróquias como "exterminadores do futuro". Matam, de forma culposa ou dolosa, tudo que podem matar. Arrancam, pois, inadvertidamente, joio e, sobretudo, trigo! 

Sabemos e cremos que a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo, mas também sabemos de tantos espíritos que depõem contra projetos pastorais encarnados na realidade do povo, espírito, sobretudo clerical, (declarada ou veladamente) anti-Concílio e anti-Francisco.

Vivemos, pois, com a partida desconcertante de Betinho, num estado de luto e vigília; com um olho no peixe e outro no gato, com um olho no queijo e outro no rato, com um olho no caixão e outro na Missão.


Na verdade, tememos ser Betinho um tipo de padre em extinção...

Por isso, vivemos hoje um luto com atenção duplamente sofrida: com um olho no padre e outro na VIDA!

Paróquia, como todo espaço humano, é território de conflito. Que voz católica interessará à Igreja enunciar aos sem voz da Taguara?

Padre Roberto é uma fala viva, um projeto de Igreja, entre outros. Por isso, fazer memória é disputar narrativas. Fazer memória é um ato político!


 (Pe. Gegê)



RELATOS DOS ENCONTROS DAS REGIÕES DA FSJC


REGIÃO SÃO PAULO

por Pe. Willians Roque de Brito


Nos dias 2 a 4 de maio, os irmãos da região de São Paulo se reuniram em Jundiaí/SP, no Centro de Convivência Mãe do Bom Conselho, das irmãs agostinianas. Foram dias de oração, partilha das realidades, confraternização e até sobrou um tempo para gravar duas canções, a saber: “A oração do abandono” e “Jesus, eu irei te levar vida”.

O início foi ao redor da mesa, com um almoço, às 13h. Após o descanso da viagem, foi preparado um momento de apresentação e acolhida de todos. Estavam presentes 14 irmãos de 6 dioceses diferentes: Santos, Guarulhos, São José do Rio Preto, São Paulo, Marília, do estado de São Paulo e; Goiás, do estado de Goiás. Faltou-nos a presença dos irmãos de Campinas e de Assis, que habitualmente se encontram conosco. 

Na noite da terça-feira preparamos uma “pizzada” e compartilhamos um pouco de cerveja, refrigerante e vinho. Houve muitos contos, cantos e alegria. Foi um momento importante para a caminhada fraterna.

No segundo dia, quarta-feira, compartilhamos a leitura da “Carta de Córdoba”, bem como a partilha de experiência da terceira assembleia panamericana, que elegeu o padre Carlos como responsável panamericano das fraternidades. À tarde, foram criados três grupos para a revisão de vida: um de Marília, um de Guarulhos e outro de diversas dioceses. À noite, vimos os slides sobre “O suicídio: um grito de angústia ou uma resposta de paz?”. Em seguida, compartilhamos esta nova experiência cada vez mais espalhada do suicídio no clero.

No terceiro e último dia, quinta-feira, os irmãos se reuniram para compartilhar o futuro da fraternidade nacional, leram os elementos mais importantes do estatuto a respeito da eleição do novo responsável e indicaram três nomes, após escuta de todas as opiniões. Às 11 horas, os irmãos se reuniram para uma adoração eucarística e finalizou o encontro com a gravação das duas músicas já mencionadas, que podem ser encontradas nos seguintes links: https://youtu.be/sa-E4B9R-80?si=S58yJ-ioPhvnmXEI e https://youtu.be/uVH-GtYUHIE?si=ymLm5i1XRt942JxH . 

O próximo encontro ficou agendado para os dias 29 de abril a 01 de maio. O local ainda está por agendar, a depender da disponibilidade de alguma casa de retiro.



REGIÃO LESTE

Por Pe. José de Anchieta


O grande destaque fica para o encontro do leste, com presença generalizada no retiro regional realizado de 15 a 18 de maio, na Casa de Retiro Coqueiro D`água, em Santa Luzia – BH. 

O Godoy e a Magda montaram a pauta do encontro e organizaram o local. Houve uma participação de uma pessoa autista, filha de um diácono, que participou de forma muito equilibrada. 

Pe. Anchieta falou da importância do histórico em todo o Brasil da fraternidade apresentado por Pe. Gildo

Se fez presente Dom Joaquim Mol e interagiu muito bem no encontro. Pe. Luiz Carlos Aguiar fez uma apresentação a respeito da saúde psíquica dos padres. O responsável nacional, Pe. Carlos Roberto participou do retiro, falou sobre a revisão de vida e sobre a organização da Fraternidade como Associação Internacional de Padres.

Houve uma boa convivência entre os participantes com uma convivência tranquila profundas adorações e uma consciente revisão de vida. Foi realizado visita a histórica cidade de Sabará.

Tem alguns seminaristas surgindo em MG. No Rio de Janeiro, realizaram um encontro com 8 participantes, na Casa do Clero do Rio.

No Espírito Santo, ainda não tem uma fraternidade, pois os padres Beto e Eraldo participam em Minas Gerais. A fraternidade de Mariana deve organizar um encontro em Belisário.

Pe. Roberto Barbosa, que animava as fraternidades do Rio de Janeiro, com 12 padres, participou do retiro regional realizado em maio e após praticamente 2 meses faleceu, aos 23 de julho, o Pe. Jeferson assumiu as fraternidades. 

Os padres Gildo, Flávio e Matias passarão um mês em São Gabriel da Cachoeira/AM para uma experiência missionária. 


REGIÃO NORTE

Por. Pe Paulo Cutrim

Nosso encontro da região norte, este ano, foi em Belém do Pará, cidade das mangueiras, de 24 a 27 de julho de 2023, tendo como referência a casa paroquial nossa senhora de Fátima. A casa paroquial fica no centro de Belém, e tem como pároco o cônego Silvio.

Nós, padres Paulo Sérgio, João Pedro e o seminarista Felipe, fomos de ônibus, saindo de São Luís no dia 23 de julho as 19h30; chegamos em Belém às 11h e o padre Silvio foi nos buscar na rodoviária. Lá já estava o padre Jaime Pereira, de Belém, e o padre Carlos, responsável nacional da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. Depois chegou o padre Humberto e, mais depois, chegou o padre Carlinhos, de castanhal.

Almoçamos e, depois, partimos para o descanso e tarde livre. Participamos da missa da comunidade às 18h, na matriz Nossa Senhora de Fátima. Com a noite livre, fomos passear.

Na terça feira iniciamos com a oração e, depois, o café.

Padre Carlos Roberto, responsável nacional, conduziu a parte da manhã trazendo-nos a reflexão sobre a vida e a espiritualidade na fraternidade, explorando o texto: “O legado espiritual e social do Eremita do Saara.

Ainda na parte da manhã ainda chegou o padre José Luis que, está no interior do estado do Pará.

Ao meio dia fomos celebrar na igreja de Santana, no centro. Almoçamos pó lá mesmo e à tarde fizemos uma conversa com o padre Carlos sobre a organização da Fraternidade e a vivência cotidiana dos irmãos nas fraternidades.

No mesmo dia, à noite, fomos para a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia, onde tivemos a Celebração Eucarística, presidida pelo nosso responsável nacional, o Pe. Carlos. Depois da missa fomos tomar um lanche no centro.

No dia 25, quarta-feira, fomos para um balneário na cidade de Santo Antônio do Tauá, paróquia do padre Eric que, nos acolheu e, também participou do encontro.

No dia 26, quinta feira, depois de nos orientar sobre a eleição do novo responsável nacional, o padre Carlos viajou e nós, de São Luís, fomos levá-lo ao aeroporto; de lá fomos com o padre Silvio para a ilha do Cotijuba, próximo de Belém, onde passamos momentos agradáveis, além de visitarmos as praias da ilha. No final do dia, voltando da ilha, tomamos o ônibus às 19h30, de volta para são Luís.

Conforme a solicitação, indicamos três nomes de candidatos à Responsável Nacional, para a eleição que acontecerá em janeiro de 2024.

O encontro foi muito bom e proveitoso para a convivência das fraternidades do norte. Estiveram presentes de São Luis, MA, os padres Paulo Sérgio e João Pedro além do seminarista Felipe; de Belém participaram os padres Silvio, Jaime Pereira, Carlinhos, Humberto, Eric, José Luiz e, também, o seminarista Romário que, depois do encontro, foi ordenado diácono.


REGIAO SUL


por Pe. Loivo Kochhann


Nos dias 2 a 4 de julho de 2023 experienciamos nosso encontro anual das fraternidades Sacerdotal Jesus Caritas da Região Sul, nas dependências do Seminário Diocesano de Cachoeira do Sul. Marcaram presença apenas a Comunidade de Porto Alegre e a anfitriã Comunidade de Cachoeira do Sul. Contamos com a preciosa presença do responsável nacional Pe. Carlos.

Momentos de estudo, oração e especialmente de emocionantes partilhas de vida fizeram do Encontro uma verdadeira experiência de fraternidade na inspiração de São Carlos de Foucauld. Ao redor da mesa nos lambuzando com as saborosas refeições e até nos divertimos com um descontraído baralho. À tardezinha uma caminhada ao espaço que acolhe a grande Romaria Diocesana. As Celebrações Eucarísticas foram o ápice do Encontro.

Estudamos as indicações para a eleição do novo responsável nacional, como proposto nas Diretrizes e Estatuto da Fraternidade, e depois de ouvir todos os irmãos, inclusive os que não vieram, entregaremos os três nomes candidatos a Responsável Nacional ao Pe. Carlos.  

"Irmão, é bom se encontrar..."


REGIÃO NORDESTE


por Diácono José Gomes


Caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança.

Nosso encontro da Região Nordeste aconteceu no Centro de Treinamento de Líderes, no Distrito de Carnaíba, Diocese de Juazeiro, BA, entre os dias 28 a 31 de agosto de 2023.

O tema escolhido foi Espiritualidade e Profetismo e o lema, “mais amor na fraternidade” (2Pd 1,7)

Iniciamos nosso encontro em clima de hospitalidade e ambiente fraterno que nos une seguindo a inspiração da espiritualidade do São Carlos de Foucauld! Contamos com a presença do Pe. Carlos Roberto, nosso responsável nacional e panamericano, juntamente com os irmãos e irmãs dos estados da Região Nordeste, no total de 27 participantes!

No dia 28 de agosto, iniciou-se com a acolhida e celebração da eucaristia. Após o jantar o responsável regional Diácono José Gomes fez acolhida e falou sobre o caminhar juntos na acolhida fraterna e na Esperança, dentro da perspectiva do tema central: PROFETISMO E ESPIRITUALIDADE. Falou um pouco sobre a estrutura da Fraternidade em todos os níveis; a vida do irmão universal Carlos de Foucauld e evidenciou alguns tópicos relacionados a sinodalidade e vivência Fraterna no seguimento ao Bem Amado e Senhor Jesus de Nazaré.

No dia seguinte, 29 de agosto, pela manhã, o Pe. Carlos Roberto nos orientou na meditação e na oração, oferecendo-nos um texto muito interessante sobre “O legado espiritual e social do Eremita do Saara. Depois de um tempo de deserto, fechamos a manhã com a adoração ao Santíssimo Sacramento. No período da tarde, continuamos enfocando a espiritualidade, agora com o Pe. Edivaldo (Didi), trazendo para a roda de conversa o apelo do “Voltar ao Evangelho”, nas intuições do irmão Carlos. À noite, depois da celebração da missa, fizemos uma bonita confraternização.

Dia 30 de agosto despertamos para a missa das 7h com a notícia do agravamento da saúde da quase centenária, mãe do Diácono José Gomes, nosso responsável de região. Ele conseguiu providenciar, em tempo, um vôo direto para casa, para cuidados próximos da situação.

O encontro seguiu, com adaptações ao tempo e à coordenação com a reflexão sobre o Profetismo. Depois do Café da Manhã, o Pe. Freddy no ofereceu a reflexão sobre o 15º Intereclesial das CEB’s, dinamizando com uma vídeo-entrevista. Após o almoço, com a solicitação para voltarmos mais cedo, refletimos sobre a eleição, em futuro próximo, do novo responsável da Fraternidade. Padre Carlos apresentou as orientações do Diretório e Estatuto, trouxe dados e informações da Fraternidade, e juntos, fizemos o levantamento de três nomes de candidatos, conforme pedido do nacional. Fechamos a tarde com um Painel trazendo indicativos desafios e perspectivas para a sinodalidade, sobre a Fraternidade e o 15º Intereclesial.

Foi um encontro muito proveitoso com momentos de partilha, unidade e fraternidade! Evidenciamos a participação da equipe de liturgia (Zacarias, Fátima e Lindolfo).

Para o encontro regional de 2024 foi escolhido a Cidade de Campina Grande – PB, no Convento de Ipuarana dos Frades Franciscanos! Agradecemos a Deus, a intercessão de São Carlos de Foucauld e a alegria de mais um momento de Fraternidade!



REGIÃO CENTRO OESTE



por Pe. José da Silva


Aconteceu nos dias 21 a 23 de agosto na Pousada São Francisco, dos nossos amigos José Dilson e Neiva, em Chapada dos Guimarães-MT, mais um encontro da nossa fraternidade. Tivemos a grata satisfação de acolher nosso coordenador nacional, o Pe. Carlos Roberto dos Santos e Pe. José Soares de Souza, que o acompanhou. Éramos 12 padres e tivemos o prazer de acolher Dom Jacy Diniz Rocha, da Diocese de São Luiz de Cáceres que participou conosco.

Nosso encontro foi conduzido pelo nosso coordenador Pe. José da Silva, que acolheu a todos e nos apresentou a agenda do encontro. Após a Santa Missa fizemos o momento das apresentações individuais onde cada participante teve a oportunidade de partilhar com o grupo as experiências vividas e como está conduzindo sua vida. Na manhã do dia 22 de agosto, Pe. Carlos Roberto nos ajudou a meditar sobre “o legado espiritual e social do eremita do deserto”. Pe. Gunther Lendbradl, nos recordou algumas orientações e exigências da Revisão de Vida, conforme a espiritualidade da Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas, do nosso Irmão Charles de Foucauld.

Foram momentos muito fortes de fraternidade, de oração e de engajamento na caminhada, pois havia um clima muito gostoso proporcionado pelo local e pela curiosidade de vários padres que vieram pela primeira vez.


AGENDA 2023-2024


Encontro da FSJC São Paulo

Data:29/4 a 01 de maio de 2024

Local: a definir


Encontro da FSJC Região Leste

Data: 20 a 23 de maio de 2024

Local: Centro Treinamento Dom João Batista – Vitória-ES


Encontro da FSJC Região Sul

Data: 7 a 9 de julho de 2024

Local: a definir


Encontro da FSJC Região Norte

Data: 08 a 11 de julho de 2024

Local: São Luiz do Maranhão


Encontro da FSJC Região Centro Oeste

Data: 26 a 28 de agosto de 2024

Local: a definir


Encontro da FSJC Região Nordeste

Data: 26 a 29 de agosto de 2024

Local: Convento Franciscano Santo Antonio

Ipuarana – Lagoa Seca – Campina Grande-PB



Encontro da Equipe Panamericana 2024

Data: 2 a 9 de janeiro de 2024

Local:  Ouaxaca – México


Retiro Nacional da Fraternidade

Data: 23 a 30 de janeiro 2024

Local: Centro de Conviv. Mãe Bom Conselho - Jundiai – SP

Pregador: Equipe da FSJC


COLABORAÇÃO ANUAL COM A FSJC 


Lembamos aos membros das diversas fraternidades do Brasil o compromisso de colaborar financeiramente, uma vez ao ano, com 10% do seu salario mensal, para a manuteção da Fraternidade.

Calcule o valor e faça sua colaboração no Encontro Regional da sua fraternidade. No entanto, se necessário, sua colaboração também pode ser feita no Retiro Anual, com o tesoureiro da Fraternidade. 



BOLETIM DA FRATERNIDADE - FAÇA SUA ASSINATURA ANUAL 

OU RENOVE SUA ASSINATURA 


O investimento para cada assinatura - três edições ao ano - é de R$ 50,00 (cinquenta reais), pago de uma única vez ao tesoureiro da Fraternidade (veja Pe. Willians, na página 47).

Você pode fazer um presente a um amigo simpatizante da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, ou àquele que há tempos não está participando, ou outra pessoa. 

Se quiser fazer uma doação para colaborar com os custos dos boletins que forem impressos para circulação gratuita, é só acrescentar, ao valor da assinatura, o quanto a mais  quer doar.



COLABORAÇÃO COM A CASA DA FRATERNIDADE


Voce pode colaborar com uma doação expontânea, fazendo um pix para  47.659.405/0001-08 – CNPJ e envie comprovante para o email: casadafraternidade22@gmail.com 

Voce pode fazer uma colaboração mensal. Entre em contato conosco pelo email: casadafraternidade22@gmail.com 

Voce pode fazer um depósito bancário na conta da ASSOCIAÇÃO JESUS CARITAS, Agência 277-1  (Banco do Brasil), conta Corrente 29.813-1 - IBAN: BR3900000000002770000298131C1 e envie comprovante para o email: casadafraternidade22@gmail.com


INDICAÇÃO DE LIVROS

A amorosidade do Deus-Abba e Jesus de Nazaré, Boff Leonardo. Ed Vozes.

Padres exaustos, A síndrome de burnout no contexto eclesial brasileiro, Vagner Sanagiotto, Ed. Vozes

Leigos no caminho de Charles de Foucauld, Benedito Prezia. Editora Scortecci 


INDICAÇÃO DE SITES

https://sites.google.com/site/jesuscaritascarlosdefoucauld

https://gritaroevangelho.blogspot.com/

www.vatican.va

blog:www.hermanitasdejesus.org/brasil/brasilnuestrahistoria.htm

htpp://www.ihu.unisinos.br

htpp://www.cartacapital.com

agencia.ecclesia.pt

portalcatolico.org.br



CONSELHO  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DO CONSELHO)


SERVIÇOS (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DE SERVIÇOS)


FAMÍLIA ESPIRITUAL DO IRMÃO CARLOS DE FOUCAULD NO BRASIL  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DA FAMÍLIA C.F.)


FOTOS DO BOLETIM 170 

PIAUÍ- FRAT. EM MISSÃO

PIAUÍ-2 FRAT. EM MISSÃO

S. GABRIEL DA CACHOEIRA-VISITA...

XXV FESTRIBAL- S. GABRIEL CACH.

VIDA MISSIONÁRIA- PE.CAMILO

VIDA MISSIONÁRIA- PE.CAMILO 2

VIDA MISSIONÁRIA- 3

VIDA MISSIONÁRIA - 4

LUC TERLINDEN, BRUXELAS, NOVO ARCEBISPO, É DA FRATERNIDADE

MÃO DIREITA DE KESEL

BABA SIMON-1

BABA SIMON-2

BABA SIMON-3

BABA SIMON-4

BABA SIMON-5

PE. ROBERTO BARBOSA DE MELO

~REGIÃO SÃO PAULO 

~REGIÃO LESTE

~REGIÃO NORTE

~REGIÃO NORTE

~REGIÃO SUL

~REGIÃO NORDESTE

~REGIÃO NORDESTE

~REGIÃO CENTRO OESTE