BOLETIM 134-2009

Da Redação 

Caros leitores, amigos e irmãos da Fraternidade. 

Neste número do nosso Boletim você pode relembrar as meditações feitas no último retiro em Brasília pelo Pe. João Cumaru ou meditar agora os textos e viver um pouco do que viveram os irmãos naqueles dias. Temos também um testemunho missionário de Moçambique, do Fabiano; a experiência de Dom Eugênio no Sínodo, e as bodas de prata de uma recepção dolorosa vivida pelo Alírio na Transamazônica. 

Anote as datas do próximo retiro e pense seriamente no Mês de Nazaré. Vamos nos encontrar em janeiro de 2010 em Fortaleza, e o Mês de Nazaré será no Mosteiro da Anunciação do Senhor, na diocese de Goiás. Nosso irmão piauiense Geraldo Gereon nos ajudará nas meditações do retiro. Eliésio está tomando as providencias de tudo o que for necessário para o bom andamento daqueles dias de oração e fraternidade. 

Do retiro para cá tivemos a grata notícia da nomeação de nosso irmão Edson Damian para São Gabriel da Cachoeira, sua Nazaré ou Tamanrasset cheia de água. Geograficamente, o último lugar nas fronteiras da Venezuela e da Colômbia. Humanamente falando, o lugar de Jesus, que se identifica com os que aparentemente têm menos valor econômico. 

Tivemos também o retiro dos seminaristas no mosteiro de Taizé, em Alagoinhas, na Bahia. Foi muito bom e muito agradável.

Naqueles dias procuramos realizar o que nosso irmão Jaime Jongmans lembrou aos rapazes, o que dizia nosso Vieux Frère, Pierre Cemitière: “A Fraternidade é a amizade”. Sem muita teoria, procuramos experimentar a graça do encontro. 

Dom Eugênio Rixem nos comunicou que o Mosteiro da Anunciação do Senhor de Goiás está vivendo um momento de transição e ele está solicitando uma equipe da espiritualidade do Irmão Carlos para coordenar o mosteiro em conjunto com a diocese de Goiás. Se você estiver interessado favor entre em contato com Dom Eugênio. 

Nosso irmão Carlos é bem-aventurado, assim proposto à veneração de todos os cristãos na Igreja. Olhamos para onde ele olha e dele esperamos uma forte intercessão. Que ele apresente à misericórdia de Deus nossas necessidades. 

Boa leitura a todos.

1- RETIRO

O RETIRO PERTENCENTE A ESTE BOLETIM ESTÁ NAS PÁGINAS DE RETIROS. PARA ACESSÁ-LO, POR FAVOR, USE ESTE LINK: 



2. PARTILHA 

Sínodo da Palavra 

Dom Eugênio Rixen 

Para mim, foi um privilégio ter participado do Sínodo da Palavra. Uma experiência eclesial única. Nunca pensei que um dia pudesse participar de um evento eclesial, ainda mais com um assunto muito interessante: “A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. 

Fomos quatro bispos eleitos pela Assembléia Geral dos Bispos, em Itaici: Dom Geraldo Lírio, Arcebispo de Mariana; Dom Valmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte; Dom Joviano de Lima Júnior, Arcebispo de Ribeirão Preto e Presidente da Comissão de Liturgia; e eu mesmo, Bispo de Goiás, e Presidente da Comissão bíblico-Catequética. Mas ninguém foi por causa das comissões, e sim, por causa das eleições. Além desses, havia mais três outros bispos, indicados pelo próprio Papa: Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo; dom Raymundo Damasceno Assis, Presidente do CELAM e arcebispo de Aparecida; e dom Filippo Santoro, da comunhão e libertação e bispo de Petrópolis. 

Durante todo o sínodo, nós ficamos juntos na mesma casa, tomamos todas as refeições juntos. Além desses bispos, havia, ainda, mais dois bispos brasileiros: Dom Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero, e Dom Dionísio Lachovicz, bispo auxiliar do Rito Oriental Católico Ucraniano, do Paraná. Havia auditores que tinham direito à palavra: Moisés, de Fortaleza, fundador da comunidade Shalom. Padre Ari Luis do Valle Ribeiro, de Santo Amaro, escreveu a tese de doutorado sobre as duas fontes, tentando comprovar que não é tão segura a existência da fonte Q. É uma briga de exegetas. Havia, também, peritos que não tinham o direito de falar. Os auditores sim, mas os peritos não. Eram 253 padres sinodais do mundo inteiro: 51 da África, 62 da América, 41 da Ásia, 90 da Europa, e 9 da Oceania. 163 foram eleitos pelas conferências episcopais, 38 por exercício, são os Cardeais da Cúria Romana e os Patriarcas do Oriente; 32 escolhidos pelo Papa, e 10 pela união dos superiores gerais. A superiora geral das Irmãs Paulinas, que é uma brasileira, uma das poucas mulheres dentro do sínodo. Convidados fraternos de outras igrejas: luteranos, presbiterianos, anglicanos e patriarcas orientais. Também havia o sucessor do irmão Roger de Taizé, que me convidou para almoçar com ele e, também Carlos Mesters estava lá, e tive a oportunidade de jantar com ele. 

Logo de início, o Papa convidou um rabino para fazer uma palestra. Ele falou muito bem sobre uma coisa pouco conhecida na Igreja Católica, a leitura judaica da Bíblia. De fato, foi muito interessante. Nossa comissão bíblico-catequética, há dois anos atrás, convidou rabinos e, padres da Congregação de Sion, que tem muita prática nessa área. Só que no final da palestra, o Rabino desviou do assunto e a palestra assumiu um tom muito político, defendendo Israel, o que provocou a raiva dos patriarcas do oriente, quase todos árabes: o patriarca católico de Jerusalém, da Síria. E, mais ainda, porque foi celebrada missa para comemorar os cinqüenta anos da morte de Pio XII, na basílica de São Pedro, onde o Papa, lógico, defendeu Pio XII. Falou que Pio XII fez o que pode, que se tivesse feito mais, poderia ter sido pior.


Uma noite, passei pelo lugar onde eram deportados os judeus; é muito perto do Vaticano, praticamente ao lado. Foram centenas os judeus deportados. E os judeus se queixam de que o Papa não se pronunciou suficientemente para proteger os judeus que foram levados. O papa Bento XVI quase canonizou Pio XII na celebração... Tivemos outras missas, todos os movimentos calculados, a maneira de girar, tudo perfeito... Uma delas foi na Basílica de São Paulo fora dos muros, onde se iniciou o sínodo. O altar fica em cima do túmulo de São Paulo. A última missa foi na basílica de São Pedro, onde se deu o encerramento do sínodo. Além disso, tivemos o privilégio, que nem todo mundo tem, de assistir ao concerto da Orquestra Filarmônica de Viena, que se apresentou na basílica de São Paulo fora dos muros. Depois, vimos o filme, na sala Paulo VI, sobre a vida de João Paulo II. Muito interessante, feito com os comentários do Cardeal Stanyslau, que fora secretário de João Paulo II, um filme muito interessante. O Cardeal Vanois, biblista muito famoso, francês com nome flamengo, fez importante palestra. A língua oficial do sínodo foi o latim; as grandes palestras e sínteses eram em latim. Mas, havia tradução simultânea, em alemão, inglês, italiano, francês e espanhol. Nós nos queixamos: por que alemão e não português, já que havia mais pessoas que falavam português do que alemão, mas o Papa é alemão. 

Eu, particularmente, fiz duas intervenções: uma de cinco minutos, sobre Bíblia e catequese; também havia pensado em falar sobre Ceb’s e Bíblia, mas eu fiz isso em outros momentos nos grupos por língua. Mostrei que a Bíblia é o livro da catequese, e essa idéia passou. Também fui escolhido para fazer a homilia na oração da manhã. Terminei essa homilia, para nossa glória, com a frase de Carlos de Foucauld: “tem que reescrever o evangelho com a própria vida”.

 

Na frente do Papa, só se podia entrar de batina, com faixa roxa, e os cardeais, de vermelho. Mas, quando não era na frente do Papa, podíamos andar de clergyman. Nos primeiros dias, cada bispo falou cinco minutos, 213 falaram cinco minutos. À tarde, e isso é uma grande novidade no sínodo, a palavra era livre. A gente tinha um botão que se apertava quando queria falar, mas eu apertei várias vezes e nunca consegui falar. O botão dos cardeais chega mais rápido na central. Toda intervenção, a gente tinha que entregar antes para facilitar o trabalho dos tradutores. Mas, eu não consegui falar e outros bispos também não. Dom Valmor se queixava muito de que o botão dele não era rápido demais. 

A segunda parte era mais interessante porque era por grupos de línguas. Eu fiquei com um grupo muito interessante, francês. No meu grupo, havia vários patriarcas do oriente e a conversa com eles foi muito interessante. O patriarca do Irã contava que no país dele, a Bíblia era proibida de ser divulgada. Um muçulmano não pode ter a Bíblia em casa, é motivo de prisão. Só pode ter a Bíblia quem é católico. Também os bispos do Vietnã, que ainda tem o regime comunista, falaram de quantos cristãos foram perseguidos e quantos morreram por causa da Palavra. Mesmo em Israel há muitos cristãos que são controlados. Também o bispo de Ruanda contou como muitos cristãos não entraram nessa briga racista, e muitos morreram também por causa disso. Logo depois que o sínodo acabou, voltou a briga no leste do Congo. Os problemas, no fundo, são de interesses econômicos. Existem matérias primas, que os Estados Unidos e a Europa precisam e só se encontram lá. Isso incentiva a luta racial e a matança. 

Na segunda parte do sínodo, a gente tinha direito de fazer proposições, porque o sínodo não é deliberativo, mas só consultivo. Existiam mais de 200 proposições que foram reduzidas a 50. Houve uma nova discussão, e foi pra votação final. O grupo de redação final tem muito poder sobre o conteúdo final do documento. Todas as propostas passaram. Duas tiveram mais dificuldades: uma relacionada ao ministério do leitorado, para as mulheres. 

Assuntos essenciais que foram discutidos: primeiramente, quando a gente lê a Bíblia, é Deus que nos fala. Quando se fala de palavra de Deus, entende-se a tradição, a escritura e o magistério. Antes da Escritura, havia uma Tradição, e essa Tradição também é Palavra de Deus. O Magistério, que tem como missão explicar a Palavra de Deus, também faz parte da Palavra de Deus. Quando se fala da Palavra de Deus na Igreja, é tradição, escritura e magistério. Isso é doutrina do Concílio Vaticano II. Outra coisa é que a primeira atitude do cristão é a atitude de escuta, como o próprio Jesus fez, junto aos discípulos de Emaús, ele não começou a falar, mas primeiro escutou. Aliás, no livro do Apocalipse, o único conselho que é repetido sete vezes é escutar. Outro detalhe: foi algo muito latino-americano, isso certamente vai aparecer no documento pós-sinodal, que é a animação bíblica de toda pastoral. Os bispos de toda a América Latina falam que a Bíblia deve ser o livro principal de toda pastoral. 

O sínodo também falou muito sobre a liturgia. A liturgia da palavra e a liturgia eucarística são uma única liturgia. Uma vai fecundando a outra. Nem sempre a liturgia da palavra foi valorizada como deveria. Insistiu-se muito, no sínodo, de que a homilia seja feita em cima dos textos bíblicos, aliás, foi pedido pra rever os textos bíblicos. Um dos bispos pediu, por exemplo, para rever a segunda leitura, porque a segunda, muitas vezes, é muito difícil de encaixar numa homilia. Uma outra coisa muito interessante é a valorização maior da primeira leitura, uma vez que o primeiro testamento também é palavra de Deus. Houve muitas discussões sobre textos difíceis, como: Deus que pede para Abraão matar seu próprio filho; onde se pede a Deus para quebrar os dentes dos inimigos. Mas a Bíblia é rica porque expressa todo tipo de sentimento humano. Vários bispos da Ásia, da África e da América Latina lembraram-se dos mártires da palavra de Deus. Muita gente, como Irmã Doroty, não morreu por causa de uma ideologia, mas por causa da palavra de Deus. Dom Oscar Romero também morreu por causa da palavra de Deus. Os pobres são os primeiros destinatários da palavra de Deus e seus protagonistas. Os pobres nos fazem entender a palavra de Deus. Foi uma pena que Frei Carlos Mesters não foi escolhido como perito no sínodo. Parece que o Vaticano pediu para ele e o grupo dele fazer uma proposta para a exortação pós-sinodal e Frei Carlos Mesters teria respondido que é só pegar a mensagem final como esquema: A voz da palavra, o rosto da palavra, a casa da palavra e o caminho da palavra. Aliás, para quem não leu ainda a mensagem pós-sinodal, é muito, muito linda. 

Outra coisa, o anúncio do Kerigma, às vezes, falta muito isso. O Papa, em suas últimas declarações, fala uma coisa que eu acho interessante: a religião não é, primeiramente, uma moral, ou uma ideologia, é antes de tudo um encontro com a pessoa do Cristo morto e ressuscitado. As pastorais e a catequese têm que partir, realmente, do kerigma, e nossa espiritualidade tem isso muito forte. Para Carlos de Foucauld, Jesus não era uma idéia, mas era uma pessoa. Incrível que, nos seus escritos, quando ele fala de Jesus, e Irmãzinha Madalena de Jesus, quando a gente lê o último livro, é evidente: Jesus era uma paixão, não era uma idéia. 

Depois, encontrar caminhos para que a palavra de Deus possa dar sentido à vida, às nossas lutas, à transformação do mundo. Alguém, no sínodo, falou também que a Bíblia é uma carta de amor de Deus para conosco. Uma carta de amor de um Deus apaixonado por nós. Também foi falado que a teologia da prosperidade é uma manipulação da Bíblia. 

O Papa, como qualquer um, só falou cinco minutos nas intervenções iniciais. E a intervenção dele, eu achei que foi interessante, ele disse o seguinte: a análise histórico-crítica, que procura o Jesus da história e que lê toda a Bíblia procurando seu fundamento histórico-crítico, é absolutamente necessária, senão, diz o Papa, vamos cair num fundamentalismo. Jesus não é um mito, é uma pessoa histórica, que teve atitudes e comportamentos. E, na mensagem final, há um parágrafo muito bonito sobre o aspecto histórico de Jesus. O Papa continua dizendo que, só isso não basta, precisa também a leitura espiritual porque é palavra de Deus. É Deus quem fala. A expressão que o sínodo utilizava era “leitura espiritual da Bíblia”. Aí vem uma coisa que estava muito presente nos documentos preparatórios da Leitura Orante da Bíblia, a Lectio Divina, que hoje em dia já é muito comum aqui no nosso continente, como momento de leitura, meditação e oração. 

O sínodo foi preparado da seguinte maneira: nós recebemos um primeiro documento que se chama lineamenta, são as grandes linhas do que se pretende fazer, isso foi em 2007; 

A comissão bíblico-catequética da CNBB distribuiu esse documento em algumas dioceses, todas as contribuições voltaram para a comissão e nós fizemos uma síntese disso. Essa síntese foi pra Roma. Depois foi escrito um outro documento chamado instrumentum laboris (instrumento de trabalho), só que quando chegamos no sínodo, tudo isso foi esquecido, e foi como se começássemos tudo de novo. Com a Conferência de Aparecida foi do mesmo jeito.

A mensagem final tem quatro capítulos: a voz da Palavra; o rosto da Palavra; a casa da Palavra; e o caminho da Palavra. Com relação ao primeiro capítulo, mostra que Deus fala pra todo mundo, isso quer dizer que a salvação é para todos. Deus não fala apenas para bispos e padres, se comunica com a criação. Depois, Deus nos fala através da história da humanidade, através dos acontecimentos. Depois, Deus nos fala nas Escrituras. 

Quanto ao segundo capítulo, o rosto da Palavra, esse rosto é Jesus. Começa com a frase de São João: a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Jesus é a plena revelação do Pai, ele é o caminho, a verdade e a vida. Conhecer o Jesus histórico é muito importante para não cairmos no fundamentalismo, diz o texto. Hoje, tem muito Jesus fantasioso, Jesus é marketing, Jesus é bom para vender. É incrível como Carlos de Foucauld, quando estava em Nazaré, fez muitos comentários dos evangelhos, acho que nunca foram traduzidos esses comentários. 

Quanto ao terceiro ponto, a casa da Palavra, volto a insistir sobre a proclamação do kerigma. O Kerigma é o anúncio de que Deus passou pela terra fazendo o bem, anunciando sua mensagem, que ele ressuscitou, que ele continua no meio de nós através do seu Espírito, é o discurso de Paulo no dia de Pentecostes. A casa da Palavra é a catequese. Não sei se estão sabendo, mas nós propusemos que o tema prioritário, em Itaici este ano, seja a iniciação cristã, o tema central será a vida dos presbíteros. Eu coloquei, e acho que vai passar: iniciação à vida cristã, porque quando se fala de iniciação cristã se pensa muito em sacramento apenas, mas o importante é como formar discípulos de Jesus. Os sacramentos são meios, não finalidades, o importante é fazer discípulos. E toda iniciação cristã, que é um dos objetivos da catequese, deve formar discípulos. Montamos uma equipe para redigir um documento, porque na CNBB sempre temos que escrever documentos. Não sei quem falou, mas alguém disse que a igreja tem muitos documentos, o problema é colocar tudo isso em prática. Comblin, em seu tom irônico, elogiou Aparecida, mas disse: quem vai colocar isso em prática? Os padres certamente não, quem sabe os leigos. Além da catequese, coloca também a liturgia das horas, e volta a falar da Lectio Divina. Coloca Maria como modelo, aquela que guardava a Palavra. 

Há duas frases no evangelho de Lucas: Maria guardava todas essas coisas em seu coração. Aí termina essa parte da casa da palavra falando sobre palavra e caridade: é o amor que concretiza e dá estabilidade para as Sagradas Escrituras. Então, se a gente não ama, se a gente não vive a palavra, ninguém vai acreditar. Se nós estamos aqui é porque nos animamos com a vida de Carlos de Foucauld, que procurou escrever o evangelho na própria vida, assim como tantas outras pessoas: Madre Tereza, Dom Helder Câmara. Hoje em dia tem tantos modelos frouxos que não vale a pena serem imitados. As pessoas vivendo o evangelho, dá para acreditar que isso é possível. 

Finalmente, o quarto capítulo, o caminho da Palavra, tem aspecto missionário: Ide e fazei que todos os povos se tornem meus discípulos. É muito interessante porque ele começa a falar dos meios de comunicação. Hoje são um grande meio de anunciar o evangelho. A segunda coisa que ele coloca é a família, lugar do anúncio da Palavra. E propõe que cada casa tenha o seu altar com a palavra de Deus, como antigamente o povo tinha os seus oratórios. Outra coisa, encarnar a fé na história, pede o sínodo. Isso é muito bom para nós. Termina os caminhos da Palavra com o diálogo com os judeus, mulçumanos, outras religiões, descobrindo as sementes do Verbo, uma palavra do Concílio, nessas religiões. 

Eu fiz uma conclusão que é bem pessoal: segundo minha compreensão, o que faltou no sínodo e eu tentei fazer passar no grupo lingüístico, mas parece que estava difícil, é que Deus não fala somente através do magistério, mas também dos simples e que o povo pobre também consegue interpretar a Bíblia, e muitas vezes, fala coisas muito interessantes que os sábios não dizem. Outra coisa é que as mulheres também pudessem receber o ministério da palavra, do leitorado. O último questionamento que eu faço é a dinâmica do sínodo. O próprio dom Cláudio Hummes questionou a dinâmica do sínodo, mas não foi muito ouvido. A nossa dinâmica da CNBB é bem mais democrática, os documentos da CNBB procuram consolar todo mundo. 

Vivi na Missão de Micani 

Pe. Fabiano Dalcin 

Quando a malaria atacava, dava um desânimo, nos víamos num limite, sentíamos um esvaziamento. É estar num limite, viver nesse limite entre a vida e quase a morte, mas também olhar para a realidade do povo, para a dificuldade que eles viviam e ainda assim agradecer a Deus por estar naquela situação, mesmo sentindo dor, mesmo sofrendo, mas agradecer porque foi uma oportunidade que Deus deu, pelo menos pra mim, de estar lá e de sentir como aquele povo, na região que nós estávamos, onde há pobreza absoluta, que ali há muita alegria, há muita humanidade, eles também são donos do tempo, não têm pressa, não são tão preocupados como nós. Mas transmitem e passam pra nós uma sabedoria, uma serenidade, uma maneira de lidar com os fracassos, com a morte. Eu fiquei quase três anos, mas como em toda missão agente vai pensando que pode ajudar e recebe muito mais do que levamos para oferecer, apesar de que eles eram ansiosos pela visita dos missionários, do padre, o Camilo também ouviu isso, ele que ficou seis anos e depois voltou para cá, e ficou quase três anos sem padre lá, ficaram só as irmãs. E o povo sentia muita falta da presença do padre, apesar de as irmãs estarem fazendo um bom trabalho, mas eles reclamavam muito com isso. E quando nós chegamos lá, o Camilo foi junto, para me acompanhar e retomar um pouco esse trabalho, senão eu não ia, porque coloquei como condição que eu só ia se tivesse um outro companheiro pra ir junto, sozinho eu não queria ir, e o Camilo foi pra ficar três meses, depois voltava e três meses eu ficava sozinho para depois ir outro padre. 

Muitas vezes eles diziam: “agora estamos felizes, porque temos padres no meio de nós, sinal de que Deus não esqueceu de nós”. Ai um dia eu comentei no conselho paroquial: é bonito ouvir isso, mas, também a responsabilidade fica um pouco grande pra nós, nós não vamos salvar a paróquia, nós não vamos fazer tudo, vocês precisam continuar o trabalho de vocês. Mas na sabedoria deles eles diziam: “não padre, a gente sabe que o trabalho vai continuar e que nós temos que fazer a nossa parte, mas vocês têm que estar aqui para fazer companhia pra nós”. Então foi um pouco isso que foi a missão lá, estar com o povo, estar com eles, sem fazer grandes coisas, grandes projetos. Era mais ser um no meio deles, como certeza de que Deus não esqueceu deles. Eu digo que é uma experiência que vale para todos nós. Se alguém pensa em fazer uma experiência pra renovar o seu ministério, o seu sacerdócio, é recomendável essa experiência. Não é a mais fácil, mas é edificante. 

Lá eu vivi na missão de Micani, que tinha várias paróquias, junto com Larde, que são duas aldeias dentro do distrito de Moma, e Moma é a sede desse distrito, onde fui morar no segundo ano. No primeiro ano vivi na missão de Micani, junto com as irmãs, que é onde o Camilo sempre ficou. Em Moma, morei sozinho, onde não tinha energia, água encanada. Lá eu cortei o cabelo pra economizar água da cisterna. Quando nós fazíamos uma visita por ano, era bom. Mas na paróquia de Larde, encontrei comunidades que fazia dezoito anos que o padre não ia ali, mas a comunidade estava ali, com catequese, com catecúmenos, com o conselho da comunidade, com ministérios, e que funcionavam muito bem. A diocese era Nanpula. 

O povo lá fala que a Igreja em Moçambique tem apenas 50 anos, claro, com a colonização havia a catequese dos missionários, mas o forte que se viveu foi o marxismo, onde qualquer religião era proibida de falar de Deus. Mas quem fez surgir as comunidades de base foram pessoas que se encontravam escondidos, muito mais do que os missionários. 

Eu lembro que quando a gente fazia celebração nas regiões, então se reuniam várias comunidades para os sacramentos e os anciãos co-celebravam com os padres, e tinham a sua túnica, e ficavam ali. Olha, me impressionava a atitude deles naquele momento da celebração, davam de dez a zero no presbitério da minha diocese quando o bispo se reúne com ele. Eles eram praticamente semi analfabetos, mas transmitiam uma fé muito grande. 

Os cristãos são catequizados pra manter a fidelidade conjugal. Tentávamos conscientizar. Não tocávamos na questão do preservativo. Diziam lá que quando fizeram a campanha para o uso do preservativo foi que a Aids aumentou lá, porque não sabiam usar. A poligamia é muito comum lá, é aceita. Inclusive muitos cristãos que iam à comunidade, quando ganhavam um pouco mais de dinheiro pegavam outra esposa e saiam da comunidade.

 Lá não tinha essa coisa de carinho, namoro, beijo. Conhecia hoje, amanha já estavam casados. 

A diocese de Nanpula tinha o rito de iniciação cristã, e procurava conscientizar para o valor da mulher. A mulher era quem plantava, cultivava, carpia, colhia, porque era fértil. O homem só vendia. A mulher sofre muita descriminação. A criança quando nasce, a primeira coisa que ganha é uma enxada. Um grande obstáculo era a língua. Quando cheguei lá, muitas crianças saiam correndo, porque nunca tinham visto um branco. A cultura é diferente. Mas eles sabem discernir o branco colonizador do branco missionário. O missionário dorme junto, come junto, está sempre com eles. Eles também têm um preconceito muito grande com a própria cor, dizem que por causa da cor não conseguem melhorar a vida. 

Quando o missionário chega lá, fica um mês aprendendo a cultura e seis meses pra aprender a língua. Eu não fiz o curso de línguas. Eles gostavam de que se celebrasse a missa na sua língua, eu apanhava um pouco. Outra coisa interessante é que não havia muita dificuldade com a homilia, porque acabavam as leituras e eles mesmos já começavam a partilhar a palavra. 

Eu tinha o cuidado de não estragar a caminhada do povo, onde o leigo era protagonista, mas o próprio clero local estava acabando com isso. Conforme foi aumentando o numero de clérigos, a atuação dos leigos foi ficando para trás. Batismo, casamento, só os padres podiam conferir. Para mim, um grande exemplo de pároco era o seu Candido, que nem padre era. Ele ficou administrando a paróquia por seis anos enquanto não havia padre e visitava todas as comunidades. Uma coisa engraçada é que quando queriam mostrar que nós éramos bem vindos no local, davam uma galinha para nós.


Uma noite de angustia na transamazônica

 Padre Alírio Bervian 

Acolhido numa paróquia de Brasilnovo, com desprezo, difamação e pichação pública; em 1984, portanto, “Jubileu de Prata”. 

Deusanira é seu nome, 

E o povo está com fome... 

Um convite ele deixou: 

Segue-me com carinho 

Acolha o bom e o mal vizinho 

Não é este exemplo que mostrou. 

Isto é desafio duro 

Receber pintado nos muros... 

A tinta não apagou! 

Não sou poeta, nem pretendo, 

Faço em verso e agüento a história que passou 

Cheguei aqui sem nada, 

Senti uma oposição danada, 

Mas amigos não faltaram, comecei a criar coragem. Não arredei da viagem de fazer o que ele mandou 

Ide sem pretensões, eu vos envio, 

Eu vos envio, entre leões, convosco eu estou. 

Não pretenda ser maior, se irmão menor, 

Assim ele mandou

Mesmo que forem desprezados, 

Perseguidos e caluniados... Alegrai-vos! 

Ele mandou! O futuro é garantido, 

Mesmo no presente vencido, assim ele falou. 

A semente só germina se na terra se exterminar... Na gente ele pensou 

Não quero ser lembrado, só quero deixar marcado, Que Deus por aqui passou! 

Viu o mundo de injustiça, o ódio, ganância e cobiça, Calado não ficou 

Ouviu gemidos de dor, sofrimento e falta de amor, E parado não ficou. 

Procurou amigos de verdade sem ódio nem falsidade, E até o fim os amou 

Não teve medo da morte, 

Com sua própria sorte uma ligação ele deixou. 

Quem se entrega sem reserva 

Ao exterminador de uma erva, que o mundo venerou, Terá no futuro, a sorte de ver 

Que a própria morte em vida transformou.


3. COMUNICADOS 

Conselho Internacional 

Revisão do Diretório 

Menen, Bélgica, 18 de abril de 2009 

INTRODUÇÃO 

Em nosso último Conselho (2008) refletimos sobre o segundo capítulo do Diretório: “Nas encruzilhadas do mundo e da Igreja”. Durante o Conselho de 2009, continuamos a revisão do quarto capítulo do Diretório: “Meios da Fraternidade”. 

1. O que a Fraternidade oferece ao padre diocesano? 

- A Fraternidade Sacerdotal é um lugar de amizade e de fraternidade para o padre diocesano. 

- A Fraternidade oferece um método simples, porém eficaz, que se baseia em meios realistas para se viver a espiritualidade do sacerdote diocesano. 

- A Fraternidade ajuda o padre a viver ali onde se encontra. 

- Na Fraternidade os padres são estimulados a serem fiéis a si mesmos e aos outros. 

- A Fraternidade é um lugar para partilhar e enfrentar as dificuldades próprias da nossa humanidade. 

- A Fraternidade interpela e oferece perspectiva para viver nosso ministério. 

- Durante a revisão de vida somos estimulados a enfrentar nossa personalidade e a realidade do mundo em que vivemos. 

- As Fraternidades são espaços de pluralidade, que reúne padres de diferentes idades, experiências e ministérios. 

2. Desenvolvimento futuro 

Ao pertencer a uma Fraternidade descobrimos outros aspectos da vida fraterna. Os meios que a Fraternidade oferece ajudam a ser mais, cada dia, sacerdote diocesano; aprofundar em sua espiritualidade e a tornar-se como Jesus, bom Pastor. 

- A Fraternidade estimula o espírito de adoração. A adoração vivida nos encontros, nos convida a buscar, cada dia, momentos de adoração eucarística. Assim, expressamos nossa união com Cristo, a quem damos parte de nosso tempo. A adoração nos leva a descobrir o Cristo nas pessoas que encontramos e a tratá-las com caridade e respeito. 

- Somos convidados a ler o Evangelho, não somente para preparar a Missa e a homilia. Devemos ler a bíblia de maneira gratuita, para descobrir o vínculo entre o evangelho e nossa vida pessoal. Ler o Evangelho ajuda a preparar a revisão de vida. Fixemos raízes no evangelho. 

- Estar enraizados no Evangelho nos ensina a disponibilidade de Cristo e a fazer a vontade do Pai e estar a serviço do povo; leva-nos a ter um espírito de atenção às necessidades do povo de Deus e de nossas dioceses. 

- O sacerdote diocesano possui uma espiritualidade própria: ele é próximo das pessoas, é enraizado na cultura do povo com o qual vive, ele busca ser um bom pastor, um amigo de Jesus. O padre é um pastor de toda a comunidade: crianças, jovens, adultos, idosos, doentes, imigrantes. Aceitar esse desafio nos enriquece. 

- A espiritualidade está enraizada em nossa humanidade. A fraternidade nos oferece um espaço para partilhar nosso trabalho, nossa vida, nossos sentimentos. O sobrenatural se fundamenta no natural. Ser mais espiritual significa também ser mais humano. 

- A Fraternidade oferece oportunidades para viver encontros em nível nacional ou internacional. Isso amplia nossa visão e nos dá perspectiva do verdadeiro significado da universalidade da Igreja Católica. Conhecemos padres de outras dioceses, países e continentes. 

- Os Retiros e o Mês de Nazaré nos ajudam a aprofundar e ampliar nossa espiritualidade. 

3. A Fraternidade é fermento para a vida da Igreja 

- A participação na Fraternidade abre a mente e o coração dos presbíteros à dimensão universal da Igreja. Isso se percebe no espírito missionário que se vive na Fraternidade. 

- A Fraternidade é uma escola de comunhão para a vida da Igreja. Na Fraternidade os padres aprendem a trabalhar e a servir unidos.


CONCLUSÃO 

No nosso próximo Conselho Internacional continuaremos refletindo sobre o Diretório. A nossa esperança é que as Fraternidades, em todos os níveis, e nos seus diferentes encontros, reflitam e partilhem os pontos aqui abordados e nos enviem suas sugestões e observações. Confiamos que nos diferentes níveis (local, regional e nacional) continuem refletindo sobre como a Fraternidade pode ajudar o padre diocesano. 

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Menen, Bélgica, 18 de abril de 2009 

Estimados irmãos 

Saudações cordiais de Menen, Bélgica, da casa de Eddy. Ele acolheu Abraham, José e Richard, dando as boas vindas, na paróquia onde ele foi recentemente nomeado pároco, depois de ter ensinado, durante vinte cinco anos, no seminário de Bruges. As religiosas, da paróquia, ajudaram assegurando a acolhida e hospitalidade durante todo o encontro. 

A agenda começou com a revisão de vida. Depois, partilha das informações sobre a vida da Fraternidade nos diversos continentes. 

Na América Latina, José disse que recebeu apenas a resposta da Fraternidade do Chile, do convite enviado aos responsáveis da América Latina e Caribe, para a Assembleia Continental. A Fraternidade do Brasil publica, anualmente: O Boletim das Fraternidades e publicou diversos livros e subsídios interessantes, por exemplo, “Meios para uma espiritualidade presbiteral” para apresentar à Fraternidade. Em 2010 será realizado em Goiás, GO, o Mês de Nazaré. Um retiro para seminaristas está sendo organizado, na Comunidade de Taizé, em Alagoinhas, BA, para os dias 20 a 23 de julho de 2009. Pe. Edson Damian, que esteve presente na Assembléia de 2006, e falou sobre “A Espiritualidade do Irmão Carlos hoje”, foi nomeado bispo para a diocese de São Gabriel da Cachoeira, na Amazônia. 

Abraham informou sobre a África, a qual ele deseja visitar em 2010. A Assembleia Continental da Ásia, prevista para 2008, foi cancelada. Richard participará da Assembleia Nacional, nas Filipinas, de 18 a 23 de outubro de 2009. Na ocasião, festejarão o trigésimo aniversário da Fraternidade local. Talvez fraternidades de outros países pudessem se organizar, na Ásia, para participarem. 

Laurent Dognin está organizando a Assembleia Europeia para o mês de Julho próximo, em Malta. Em julho de 2010, acontecerá em Viviers, França, onde Charles de Foucauld foi ordenado presbítero, uma semana europeia de espiritualidade para padres. No ano passado houve dois meses de Nazaré na Europa: em Marrocos (para os que falam inglês) e outro na Alemanha. Nota se, hoje, um maior interesse para com o mês de Nazaré, o que é um sinal positivo. Abraham pregou o retiro, em agosto de 2008, para os padres das Fraternidades, na Espanha. 

No Canadá, o mês de Nazaré aconteceu em 2008. Nos Estados Unidos, as Fraternidades tem um novo responsável nacional: Mark Mertes. O próximo mês de Nazaré está previsto para 2010. Precisa-se refletir, ainda mais, em publicar um Boletim em inglês, que poderá ser uma grande ajuda para os irmãos que falam inglês, especialmente os da Ásia. O boletim francês poderá servir de modelo. 

Deu-se continuidade aos trabalhos da revisão do Diretório. Refletiu-se sobre a necessidade de um projeto que fale da vida em fraternidade. Um texto que servirá para apresentar a Fraternidade e, ao mesmo tempo, servirá para apoiar as Fraternidades existentes. 

Na terça-feira, após o almoço, visitamos o seminário de Bruges, onde Eddy ensinou durante vinte e cinco anos, e alguns lugares turísticos da cidade. Encontramo-nos com o bispo local, Dom Vangheluwe. De volta a Menen, na parte da tarde, houve também um encontro com um grupo de paroquianos que, durante a quaresma, organizam campanhas de solidariedade. 

Na quarta-feira, após o almoço, nos encontramos com padres das Fraternidades do norte e do sul da Bélgica. Após essa reunião, Amand de Cock nos informou sobre o encontro da família espiritual do Ir. Carlos (com 20 ramos diferentes) e falou sobre seu plano de viajar para o Brasil para participar da Ordenação Episcopal do Edson Damian, em São Gabriel da Cachoeira, na Amazônia. 

Na quinta-feira, analisamos o orçamento de 2008, e planejamos o orçamento para a Assembleia Internacional de 2012. No período da tarde Jacques Midy esteve conosco e nos informou sobre a situação das Fraternidades, no Continente Africano: ele nos falou da presença da Fraternidade em 7 países. Propôs disponibilizar os artigos do Boletim Internacional Francês, para outras línguas. E insistiu na importância de se ter um Boletim, em inglês. 

Enviamos cartas de felicitações ao Mariano Puga, pelos seus 50 anos de Ordenação Sacerdotal, e ao Edson Damian, por sua Ordenação Episcopal. 

Desfrutamos de uma belíssima primavera e concluímos os trabalhos com a celebração eucarística com a comunidade paroquial de Menen, onde ressoava o refrão universal: “Cristo Ressuscitou! Aleluia”. 

Abraham Apolinário Eddy Lagae José Bizon Richard Reiser 

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Mês de Nazaré 

Alagoinhas, 17 de maio 2009 

Queridos Amigos e Companheiros, 

Está na hora de dar um sinal de vida. Já estamos na metade do mês de maio. O tempo voa e não espera por ninguém. Aproveitando esta edição do nosso boletim, mando-lhes a primeira carta em preparação do mês de Nazaré, próximo, que vai acontecer em Goiás, durante o mês de janeiro de 2010. Se porventura você conhece um companheiro que gostaria de participar, mas que não tem acesso ao boletim, faça então o favor de lhe entregar uma cópia desta. 

Por ocasião do nosso último retiro da “Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas”, com sua espiritualidade baseada na caminhada e vida do nosso Irmão Universal Charles de Foucauld, no mês de janeiro p.p., em Brasília, eu prometi começar aos poucos a articular, organizar e planejar o nosso próximo “Mês de Nazaré”. Este exercício espiritual se realizará na diocese do bispo, nosso companheiro, Eugênio Rixen, que será o nosso anfitrião. 

Querido Amigo e Companheiro, você que foi uma das pessoas que deu o seu nome, como candidato a participar deste “Mês de Nazaré”, é motivo da minha grande alegria. Por enquanto é um bom grupo de candidatos, porém a maioria ainda sem ter dado o seu sim definitivo. É preciso, de qualquer maneira, que todos que vão participar sejam bem motivados e tenham já participado de alguns eventos da nossa Fraternidade. Eu serei o animador, mais outras pessoas (Padres Jaime Jongmans, José de Anchieta, Paulo Wafflard) se colocaram à disposição para formar uma equipezinha de apoio. Provavelmente nenhum deles participará o tempo todo, mas cada um estará alguns dias conosco, assumindo alguma ajuda a fim de fazer desta experiência algo inesquecível que nos marcará profundamente, por um bom tempo. 

Peço que os candidatos, que estão decididos a participar, preencham, mais uma vez, a ficha aqui anexa e me envie por correio ou por e-mail. A partir daquele momento, eu me comprometo a lhe enviar (a partir de agosto – estou amanhã indo para a Europa por dois meses) subsídios que vão nos ajudar a nos preparar, aos poucos, para entrar de cheio na experiência deste exercício espiritual. Só para se lembrar... o “Mês de Nazaré” começará com o jantar do dia 04 de janeiro (segunda feira) e terminará com o café de manhã do dia 29 de janeiro (sexta feira) e não dia 30 como foi anunciado. 

O “Mês de Nazaré” é um tempo privilegiado de formação, fazendo-nos descobrir o carisma do Irmão Carlos e a graça da revisão de vida. Proporciona conhecer os outros caminhos da fraternidade: oração contemplativa, dia de deserto, leitura da fé de nossas vidas, compromisso com a justiça, os pobres... Pode ser também ocasião de um a profundamento e fortalecimento de amizade entre os irmãos participantes. Pode enfim ser ocasião, para quem quiser, de um compromisso explícito na Fraternidade.

 

Uma vez, ao término de um Mês de Nazaré, eu me expressei da seguinte forma: 

O ‘Mês de Nazaré’ é como um aniversário! É festejar a vida e o compromisso desta vida em prol do povo; dos pequenos, dos pobres, dos excluídos. Por isso, são dias nunca esquecidos, em que se renovam as lembranças de acontecimentos sagrados, marcados no profundo humano... 

As angústias passam, também as lágrimas e as dores... Passam os riscos, as aventuras e mesmo as alegrias mais puras... tudo será envolvido na misericórdia e no amor infinito de Deus... Somente permanece sempre a gratidão e a amizade, lá onde existe o Amor! 

Desejei muito estes dias. Eles se tornaram um novo aumento de amor e disponibilidade, seja qual for o estado em que a gente se encontre. Por isso quero, com novo ardor fraternal, ir em frente... na alegria simples,... na paz,... na luta,... na conquista,... no otimismo! Sempre estarei atento Àquele que disse: ‘Dá de graça o que recebeste de graça’!...” 

Bem, penso eu, que estas considerações, por enquanto, são suficientes como primeiro contato com vocês. 

Acreditar sempre que o melhor está por vir... 

Acreditar sempre que Deus não falha... 

Quando menos se espera, tudo se resolve... 

E a vida continua... 

Permaneço a teu dispor em tudo aquilo que puder te ajudar. 

Vivemos na companhia e na força do Ressuscitado, nosso Bem amado Irmão e Senhor Jesus. 

Abraço fraterno do irmão e companheiro, 

Freddy.


Nota de Falecimento 

Faleceu aos 15 de março de 2009, em S. Luis, MA - o arcebispo emérito Dom Paulo E. Andrade Ponte, pioneiro da Fraternidade Jesus Caritas no  Brasil.  Foi na fazenda do pai dele, em julho de 1959 (faz 50 anos!), na serra de Aratanha, CE, que houve o primeiro retiro relacionado a Carlos de Foucauld para padres de todo o Brasil pregado por René Voillaume (1905-2003). Foi um dos cinco padres brasileiros que participaram da primeira Assembléia Internacional da Fraternidade Jesus Caritas, em Taybeh (Palestina) em julho de 1962, com 50 padres de 18 nacionalidades. Participou durante anos da Fraternidade de Fortaleza-CE fundada por Francisco Hélio Campos a Fraternidade mais antiga do Brasil. 

Hoje apenas dois dos participantes  brasileiros em Taybeh estão vivos, ambos do Pará (Ruy Coutinho e Samuel Sá). Não seria bom resgatar a história dos primórdios da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no Brasil? Gostaria de lançar um apelo a quem participou dos primórdios da Fraternidade em Salvador e São Paulo de se manifestar; consegui alguns dados do Pará e do Rio, mas há ainda muito para se pesquisar para poder celebrar daqui a pouco as bodas de ouro da Fraternidade no Brasil. 

Obrigado pela atenção! 

Aguardo informações. 

Jaime da Bahia 

(pe.jaime@yahoo.com.br)

 

Felicitación de Pascua 

Menen 

17 de Abril de 2009 

Edson, Hermano, 

Recibe nuestra felicitación de Pascua y nuestra alegría por el nuevo servicio al que te llama nuestra madre Iglesia. Nos llena de gozo y esperanza que sea en este tiempo de Pascua que inicies tu ministerio episcopal al servicio del pueblo de Dios que peregrina en San Gabriel. 

Hemos venido a casa de Eddy Lagae en Menen, para nuestro Consejo anual de la Fraternidad y desde el primer día has estado presente en nuestra oración, especialmente en la Eucaristía y la Adoración. 

Sabemos el desafio que asumes en tu amada Amazonia, que también a nosotros nos preocupa, más por los pueblos que la habitan que por ser el mayor recurso natural que posee nuestro planeta. 

Desafio de la gran pluralidad del pueblo de Dios que te ha sido confiado, de sus tensiones, peligros y carencias. Pero estamos seguros que son mayores sus riquezas humanas y espirituales. 

Cuentas con Jesús y su Espíritu, con la ayuda del Bienaventurado Carlos, quien nos ha inspirado y con lo poco que podemos aportarte tus hermanos. Eso sí cuentas con nuestro cariño incondicional y nuestra fraternidad. 

Estos días nos encontramos con Amand Decock quien estará presente en tu instalación y le hemos pedido que nos represente, junto a ios demás hermanos de la Fraternidad que te acompañaran.


Pide tu también al Padre por nuestro servicio en favor de la Fraternidad a nivel Internacional, que podamos animar y motivar a nuestros hermanos en los distintos países a vivir más en serio el seguimiento a Jesús del que nos dejo tan hermono testimonio el Hermano Carlos de Foucauld. 

Fraternalmente, 

Abraham José Richard Eddy 

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Carta ao futuro “epíscopo” Edson 

Sorocaba, 24 de março de 2009 

Queridíssimo e futuro “epíscopo” Edson! 

No 7º dia do reinado do presidente Lula, no 120º ano da República, o anjo Gabriel apareceu a um padre já meio coroa, mas com rosto de jovem, gaúcho, da família Damian, e seu nome é Edson. Entrando onde ele estava, disse-lhe o anjo: “Bom dia, padre Edson, amado de Deus! Ele está sempre contigo!”. A estas palavras, o padre ficou intensamente perturbado e pôs-se a pensar o que significava aquela saudação. Disse-lhe o anjo: “Não temas, padre Edson, pois achaste graça diante de Deus. O clamor da diocese de São Gabriel da Cachoeira, com suas 22 etnias indígenas, rios e florestas, chegou até a Trindade! Buscando a pessoa indicada, Deus inspirou o vosso papa a te escolher para bispo desse lugar tão difícil!”. 

O padre Edson, porém, perguntou ao anjo: “Como se dará isso, pois eu não sou digno! Tenho muitos limites! Já critiquei muitos bispos! Já tive vontade de brigar com vários deles! Ademais, eu gostaria de morrer sacerdote, no último lugar!”.


O anjo lhe respondeu: “Deus é poderoso para realizar por nós, em tudo, muito além, infinitamente além do que pedimos ou pensamos!” (Ef 3,20). Além disso, não há um último lugar tão último como essa diocese!”. 

Um silêncio se fez ouvir. O anjo tremia os lábios, com medo de uma negativa. Jesus se ajeitou melhor no seu trono, à direita do Pai. Maria viu, num relance, todas as coisas boas feitas pelo Pe. Edson e torceu para que ele aceitasse! O demônio, ao lado do padre, mostrava-lhe todas as vezes que ele pecou, e certas fraquezas tão elementares! E se ele voltasse a cometer algum deslizes? Será que iria ter paciência com os padres? Será que ele iria deixar a humildade e aproveitar a importância do Cargo! 

Entretanto, o beato Carlos de Foucauld em pessoa pegou o seu cordão e deu uma lambada no demo, que fugiu grunhindo. Depois acariciou suavemente os cabelos do padre Edson e sussurrou-lhe ao seu ouvido: “Meu filho, aceite! Vá gritar o evangelho naquele lugar com a própria vida, pois vai ser difícil lhe conseguir um hidroavião!”. 

O padre Edson ajoelhou-se diante do anjo e lhe disse: “Como é para o bem de todos e a felicidade geral dos indígenas, diga a Deus que eu aceito!”. Todos no céu fizeram festa, e agora que ficamos sabendo, a festa está sendo por aqui, também! 

Palavra de Escoteiro! 

Edson, eu recebi a carta ontem, mas ela caiu sob o banco e só vi o jornal. Só li a carta hoje, depois que já escreverá a outra folha. Fiquei Feliz também com a ordenação do Geovane! Valeu! 

Um abração! Seu amigo 

Eduardo


4. UM LIVRO UM AMIGO 

BRUNI, Giancarlo. Mariologia Ecumenica, Approcci documenti prospettive, Edizione Dehoniane Bologna, 2009 

CALABRESE, Gianfranco. Vita Consacrata e Dialogo Interreligioso, Per uma recíproca fecondazione. Edizione Dehoniane Bologna, 2009 

FERREIRA, João Cesário Leonel. Novas Perspectivas Sobre o Protestantismo Brasileiro, Paulinas, São Paulo, 2009 

FITZGERALD, Dom Michael. A Unidade, Desejo de Deus. Quarenta anos de diálogo inter-religioso. Cidade Nova, São Paulo, 2009. 

KNITTER, Paul F., Introdução às Teologias das Religiões. Paulinas, São Paulo, 2008 

VIGIL, Jose. M., TOMITA, Luiza E., BARROS, Marcelo. (Orgs.) Teologia Pluralista Libertadora Internacional. Paulinas, São Paulo, 2007.


5. AGENDA 

Encontro da Coordenação Nacional com América Latina e Caribe 

26 a 29 de outubro de 2009 

Casa de Oração Maria de Nazaré 

Mairiporã, SP 

Resp. Pe. Celso Pedro da Silva e Pe. José Bizon 


Retiro Anual 

05 a 12 de janeiro de 2010 

Orientador: Pe. Geraldo Gereon 

Casa de Encontros Cordimariana 

Rua Coronel Correia, 2.718 

Fortaleza - Caucaia – CE 

Tel. (85) 3342-0906 

Diária R$ 40,00 

Resp. Pe. Celso Pedro da Silva 


Mês de Nazaré 

04 a 29 de janeiro 2010 

Mosteiro da Anunciação do Senhor 

Rua Felipe Leddet, s/n 

Goiás, GO 

Resp. Pe. Freddy Goven e Equipe


Subsídios para a Juventude 

Fone/Fax: (0xx11) 2917-1425 

Centro de Capacitação da Juventude 

Rua Bispo Eugênio Demazenod, 463 A 

Vila Alpina - São Paulo/SP - CEP: 03206-040 www.ccj.org.br e-mail: ccj@ccj.org.br


Responsáveis da Fraternidade  (CLIQUE PARA ACESSAR OS NOMES DOS RESPONSÁVEIS)

CONSELHO  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DO CONSELHO)


SERVIÇOS (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DE SERVIÇOS)


FAMÍLIA ESPIRITUAL DO IRMÃO CARLOS DE FOUCAULD NO BRASIL  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DA FAMÍLIA C.F.)