Pe. Anderson Messina Perini Pe. Geraldo Martins Dias Diác. Lindolfo Ferreira Neto Diác. Amauri Moura
Colaboradores no nº 175
Pe. José de Anchieta
Pe. Carlos Roberto dos Santos Pe. Eric Lozada
Pe. Eleuterio R. Ruiz (Argentina)
Pe. Willians Roque Brito Pe. Fernando Tapia (Chile)
Pe. Deusdédit M. de Almeida Pe. Roque Hammes
Pe. Waldemir Santana
Ilustração e capa
Pe. Anderson Messina Perini
Editoração e Traduções
Pe. Anderson Messina Perini
Revisão
Pe. Anderson Messina Perini Pe. José de Anchieta M. Lima Pe. Geraldo Martins Dias
Expedição e Assinaturas
Diác. Amauri Moura
Responsável Internacional
Pe. Carlos Roberto dos Santos (Brasil)
E-mail: pecarlosroberto@gmail.com
Equipe internacional
Pe. Mark Mertes (Estados Unidos) Pe. Boris Schüssel (Suíça)
Pe. Louis Edmond Esseyi A Gnadam (Camarões).
Responsável Pan Americano
Pe. Carlos Roberto dos Santos
Equipe Pan Americana
Pe. Roberto Ferrari (Tino) – Argentina Pe. Mártires Garcias de Óleo – RD Pe. Alejandro Trejo - EUA
Responsável Nacional
Pe. José de Anchieta Moura Lima
Site Oficial da Fraternidade
Pe. José de Anchieta Moura Lima – Lima Duarte/MG Irmão de todos, como responsável nacional da FSJC
“O amor é inseparável da imitação: quem ama quer imitar: é o segredo de minha vida. Me apaixonei por esse Jesus de Nazaré crucificado, e passo a
vida tentando imitá-lo".
PREZADOS AMIGOS E AMIGAS DAS FRATERNIDADES LOCAIS!
ESPERANÇA E PAZ!
No ano do jubileu da Esperança, neste número, o segundo Boletim das Fraternidades em 2025, demos destaque alguns dos textos da nossa VII Assembleia Internacional das Fraternidades em Buenos Aires na Argentina, nos dias 06 a 21 de maio, com o tema: SACERDOTES DE IESUS CARITAS TESTEMUNAS E FORJADORES DA FRATERNIDADE SACERDOTAL E
UNIVERSAL. Éramos 34 delegados de 21 países, da África, América, Ásia e Europa, vivenciado um clima de muita cordialidade, espiritualidade, alegria e partilha fraterna entre nós. Uma novidade é que foi também eleito como responsável internacional, pela primeira vez, um brasileiro, Pe. Carlos Roberto dos Santos, que nos deixa sua mensagem.
Pe. Eric Lousada da Indonésia, que foi o último responsável internacional, por seis anos, deixou-nos uma linda carta de agradecimento, que estamos publicando nesta edição de nosso Boletim.
O destaque nesta edição é com certeza o texto profundo do Pe. Eleutério Ruiz do clero de Buenos Aires que aprofundou na Assembleia Internacional o tema: A Fraternidade no Novo Testamento.
Poderemos ler, refletir e partilhar em nossas Fraternidades, nossa contribuição com textos de novos colaboradores: Pe. Roque Hummes, de Santa Cruz do Sul (RS), que escreve sobre o legado do Papa Francisco, e o texto do Pe. Deusdédit, Monte de Oliveira de Cuiabá (MT), discorrendo sobre as expectativas do novo pontificado do Papa Leão XIV. Já a reflexão do Pe. Fernando Tápia, da
Fraternidade do Chile, ajuda a nos preparar bem para o dia do deserto como forma de aprofundar por este meio, a nossa humanidade,
Neste ano do Jubileu, o mês da Bíblia nos convida a aprofundar o tema da Carta aos Romanos, com o lema: “A esperança não decepciona” (Rm.5,5), com o objetivo de refletir sobre a esperança, em sintonia com o Ano Santo da Encarnação, convocado pelo Papa Francisco. O Pe. Waldemir Santana é quem nos ajuda a conhecer melhor esta carta do Apóstolo dos gentios.
Unimo-nos em orações e apoio aos participantes da 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), nos dias 10 a 21 de novembro de 2025, na cidade de Belém (PA), sendo a primeira conferência climática da ONU na Amazônia.
Estamos convocando mais colegas para fazerem o Mês de Nazaré entre os dias 5 a 31 de janeiro de 2026, na Casa da Fraternidade na cidade de Goiás (GO).
Vamos motivar os colegas para se prepararem e se inscreverem até o próximo dia 30 de novembro para o retiro anual na Casa de Encontros dos Capuchinhos, em Hidrolândia (GO), nos dias 6 a 13 de janeiro de 2026. O orientador será Dom Vicente Ferreira, CSSR.
Nosso abraço fraternal a todos vocês com renovada esperança que não decepciona! (VER FOTO 01)
Queridos irmãos da Fraternidade.
Agradeço a Deus pela excelente experiência de fraternidade que vivemos na XII Assembleia em Buenos Aires. De modo especial nosso agradecimento se direciona a Eric e sua equipe pela organização e coordenação de todo o encontro, mas sem esquecer da equipe de acolhida e logística em Argentina, coordenada por Tino. Deus os abençoe.
Com certeza, Irmão Carlos continua nos inspirando a “gritar o Evangelho” em nosso ministério, vivendo nossa missão “por causa de Jesus e do Evangelho”, pois ainda está ecoando em nossas mentes e nossos corações tudo o que partilhamos nos relatórios nacionais e continentais apresentados durante a assembleia, e em nossas conversas nos grupos, à mesa ou nos passeios que fizemos.
Eu aguardei o primeiro encontro online da Equipe internacional para lhes escrever essa carta. Eu queria ouvir e partilhar com os irmãos dessa “Fraternidade de coordenação” que se inicia, as “memórias, os sentimentos de alegria, de esperança e os desafios” que permaneceram depois da Assembleia, para trabalharmos sobre eles nos próximos 6 anos.
De todas as preocupações, duas nos chamam bastante atenção. Primeira: as nossas Fraternidades estão envelhecendo e, segunda: padres novos não estão entrando em nossas Fraternidades. Por que não estamos atingindo o coração e a vontade dos jovens? Isso tem a ver com nosso testemunho de vida, ou são sinais dos tempos? Uma coisa é clara: temos um problema na continuidade da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, e é necessário rezar e refletir sobre como o enfrentaremos.
É verdade que estamos atravessando uma mudança de época com transformações radicais em todas as áreas da vida, de maneira especial nos valores que norteiam a vida humana. Problemas antigos da humanidade se misturam com problemas fictícios das Fake News. A comunicação desta época digital, com seus algoritmos, altera a percepção e o modo das pessoas compreenderem a realidade existencial, de relacionarem-se com Deus, e de viverem relações fraternas uns com os outros. Acrescentam-se ainda as incertezas e o medo de uma possível terceira guerra mundial, onde o que está em jogo não são somente conflitos geopolíticos, mas também étnicos e religiosos. Consequentemente, afeta nosso viver e existir, ou seja, “nosso testemunho”, pois este mundo nos envolve por todos os lados e parece contrariar o nosso querer-agir e nosso querer-viver a espiritualidade.
No entanto, é nesta época que somos vocacionados a viver a espiritualidade de Nazaré, do último lugar. Enquanto o mundo digital necessita de holofotes, microfones, brilhos e likes para aparecer em alto e bom som, e mostrar-se o tempo todo para ser “visto e ouvido” pelos outros, a espiritualidade de Nazaré, vivida na Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, seguindo os passos de irmão Carlos, vai noutra direção: silêncio, escondimento e simplicidade, desprendimento e vivência com meios pobres, rebaixamento para ser serviço aos últimos, intimidade com Jesus de Nazaré para testemunhar a bondade e fraternidade universal.
Queremos, como o Irmão Carlos, fazer valer o dom de Cristo, que nos faz irmãos de todos, e rezar e agir por este mundo ferido pela guerra e pela violência. Mas permanece uma questão: a nossa espiritualidade está em contradição com o mundo atual? Penso que não. É possível tocar o coração e a mente das pessoas a partir da internet? Penso que sim, mas temos que conhecer mais para melhor evangelizar neste mundo. É possível tocar seus corações para que se encontrem com Jesus, pobre servidor, e façam a experiência de “ficar com Ele” e serem seus seguidores? Penso que sim. O que não podemos é ficar sem fazer nada, achando que temos muito trabalho, cuidando da paróquia, do seminário, das pastorais, etc. Irmãos, creio que podemos fazer diferença lá onde estamos, se vivermos a proximidade, a bondade e o amor. Olhemos para o irmão Carlos. O que vemos? Um homem que viveu a realidade de seu tempo, obstinado em imitar seu Bem- amado Jesus Cristo; obstinado em testemunhar aquilo que Jesus faria se estivesse no seu lugar. Prestemos atenção na realidade que nos cerca, tanto as situações difíceis e dolorosas, quanto as alegrias e esperanças que nos animam, seja no mundo ou em nossas Fraternidades.
Mas em primeiro lugar devemos ter os olhos fixos em Jesus, como irmão Carlos fez. Ele aponta para Jesus, procurando n’Ele a inspiração para testemunhar a vida de Nazaré; Irmão Carlos viveu “Nazaré” em todos os lugares e situações em que esteve. Escutemos o Bem-amado Jesus de Nazaré, que Irmão Carlos tanto escutava, prestando atenção em cada palavra, cada ação, e como se encontrava com as pessoas, e procurava imitá-lo. Em cada Eucaristia, celebremos com nosso Bem-amado Jesus, a sua doação de vida; e doemos também a nossa vida, fazendo- nos oblação com Jesus, como fez Irmão Carlos, para colaborar na salvação das pessoas.
Irmãos, nosso Bem-amado Jesus de Nazaré é o “único modelo” onde podemos encontrar as respostas de que tanto necessitamos para o mundo de hoje.
Em nome de Jesus, um grande abraço com todo o meu afeto.
Pe. Carlos Roberto dos Santos
Responsável Internacional
Queridos Irmãos,
Muito Obrigado! Mille Grazie! Merci beaucoup! Muchas gracias! Baie Dankie! Mange Tak! Vielen Dank! Mèsi Anpil! Mile Maith Agat! Dziękuję Bardzo! Grazzi ħafna! Thank you very much!
“Se a única oração que você fizer em toda a sua vida for "obrigado", já será o suficiente.” Mestre ECKHART
Vindo de uma celebração da vida após a morte em memória de Jesus e da morte do Papa Francisco, que deixou marcas de sua vida corajosa, em solidariedade à associação da família espiritual de São Carlos de Foucauld, que agora se encontra reunido em Tarres, Espanha (nosso irmão Matthias Kiel me representa) e, enquanto aguardo com expectativa o conclave em Roma e nossa assembleia geral em Buenos Aires, escrevo-lhes esta última carta como seu irmão servo na Fraternidade nos últimos seis anos. Seis anos atrás, eu não conseguia me imaginar realizando essa tarefa. Venho de um país como Nazaré, muito pequeno, insignificante, na periferia do mundo. A ideia de ser o responsável geral era, no mínimo, avassaladora e assustadora para mim. Mas, lenta e suavemente, aprendi ao longo dos anos que não se trata de mim, mas de Deus me usando em minha pobreza e apesar de mim. Lutei muitas vezes rezando com o Irmão Charles a oração do abandono, enquanto mantinha a Fraternidade em oração, até que meu coração se acalmasse de todas as minhas ilusões e medos. Só pude olhar para trás, para os seis anos, com profunda gratidão por todos os ensinamentos, momentos de humildade e desafios que me fizeram chegar aonde estou agora como um irmão universal em constante progresso, seguindo Jesus de Nazaré nos passos do Irmão Charles.
Muito obrigado por confiar a mim e à minha equipe esta missão de servir e animar as Fraternidades ao redor do mundo, com todos os nossos dons e limitações. Nossa insegurança em liderar nos levou a ouvi-los – suas realidades e preocupações – por meio da pesquisa online, onde aprendemos que nossa fragilidade como Fraternidade nos impele a buscar uns aos outros com firme determinação e não a nos resignarmos à autossuficiência, onde tentamos viver nossas vidas e ministérios como “cavaleiros solitários”. Nosso estado frágil tornou-se um novo caminho para forjar Fraternidades reais, onde todos celebram, desafiam, ouvem e dependem do crescimento uns dos outros. Acima de tudo, muito obrigado por seu testemunho individual de vida, seu fogo corajoso e zelo por Deus, pelos pobres e marginalizados, sua firme resolução de ser irmão de todos por amor a Jesus e ao Evangelho e seu compromisso de viver a vida fraterna como padres diocesanos nas pegadas do Irmão Charles.
A alegria autêntica que advém da ressurreição de Jesus nos coloca a todos em uma peregrinação humilhante, porém cheia de alegria, como irmãos espirituais, buscando sempre, com paciência, mas com coragem, o que nutre nossos corações em meio à escuridão e à confusão avassaladoras do nosso mundo, convidando-nos a ouvir primeiro antes de falar, a compreender primeiro antes de julgar, a pregar o Evangelho com nossas vidas, a ver o rosto de Jesus nos pobres, a atender ao clamor da Mãe Terra e a enfrentar os desafios da vida com o coração fixo na vinda do Reino em nosso meio. Como os apóstolos, ver um túmulo vazio com corações oprimidos pela confusão, violência e desilusão das coisas que aconteceram os cegou de ver a realidade com um senso de distância reflexiva, admiração contemplativa e espanto. Após a ressurreição, não somos enviados para nos envolver com o mundo como conquistadores e pequenos messias que desconsideram os fracos para que os fortes controlem e dominem. Não, somos convocados como amantes, irmãos e amigos para valorizar cada experiência humana como um lugar de encontro, para ouvir os marginalizados, para abraçar aqueles que são desprezados, para desafiar os fortes, esperando com paciência e esperança que uma nova vida surja da bondade de cada coração humano e de cada experiência humana.
Neste ano jubilar, somos convidados a esperar como peregrinos juntos. O falecido Papa Francisco, em sua meditação matinal de outubro de 2013, apresentou dois ícones contrastantes para a esperança: a âncora e as dores do parto. Quando estamos ancorados em “uma lagoa artificial que nós mesmos construímos... onde tudo é confortável e seguro. Isso não é esperança”. Em vez disso, o ícone adequado para a esperança é o do trabalho de parto. Toda a criação “geme em conjunto, em dores de parto, até agora; gememos interiormente enquanto esperamos. Estamos esperando”. Esperar que uma nova vida se desenvolva é esperança autêntica. A esperança, então, “está intimamente envolvida na dinâmica de dar vida”, que muitas vezes “permanece invisível e oculta aos olhos humanos”. No entanto, sabemos que o Espírito está trabalhando silenciosa, gentil e pacientemente. “O Espírito está trabalhando em nós. Ele trabalha como um grão de mostarda, que é pequeno, mas cheio de vida e poder, até crescer e se tornar uma árvore. É assim que o Espírito trabalha”. Que o Espírito, o Doador da Vida, continue a renovar nossa Igreja e o mundo hoje de maneiras surpreendentes, e que tenhamos o coração para ver isso, uma experiência de cada vez. Seu caminho sempre estará oculto sob o drama do nosso tempo. Precisamos estar em silêncio interior para ver isso. É isso que nossos meios espirituais de adoração diária, dia do deserto, revisão de vida e meditação diária nos prepararam.
Irmãos, muito obrigado. Por gentileza, mantenham-nos próximos de seus corações em oração enquanto nos reunimos em Buenos Aires para nossa assembleia geral. Estamos reunidos com vocês e por vocês.
Com meu afeto fraternal,
Pe. Ben Eric C. LOZADA
Diocese de Dumaguete / FILIPINAS 3 de maio de 2025
AOS IRMÃOS DA FRATERNIDADE SACERDOTAL IESUS CARITAS EM TODO O
MUNDO
Queridos irmãos, De 6 a 21 de maio de 2025, 34 delegados da Fraternidades de 21 países da África, América, Ásia e Europa se reuniram na Casa de Retiros Mons. Aguirre na cidade de Buenos Aires, sob o lema: SACERDOTES DE IESUS CARITAS, TESTEMUNHAS E FORJADORES DA FRATERNIDADE
SACERDOTAL E UNIVERSAL, para realizar a XII Assembleia Geral da nossa Associação.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaríamos de agradecer aos nossos irmãos e irmãs argentinos pela calorosa recepção e pelo interesse em nos apresentar a cultura de seu país. Não esqueceremos a noite cultural, o passeio pelo Delta do Rio Paraná, a visita ao centro de Buenos Aires e o santuário de Nossa Senhora de Luján. Gostaríamos também de expressar nossa gratidão às diversas paróquias que nos acolheram no domingo, dia 11, com muita fé, amor e ternura, ao bispo Guillermo Caride de San Isidro, que nos visitou, e aos membros de nossa família espiritual que vieram compartilhar suas experiências.
Sentimos gratidão semelhante aos irmãos que nos iluminaram com suas apresentações sobre a realidade da Igreja Argentina, o pontificado do Papa Francisco e a Fraternidade no Novo Testamento, na encíclica Fratelli Tutti e na vida e apostolado de São Carlos de Foucauld. Estes são temas que estão disponíveis às Fraternidades para seu próprio estudo e reflexão; será publicado na página iesuscaritas.org. Um agradecimento especial à Equipe Internacional cessante: Eric LOZADA, Fernando TAPIA, Honoré SAWADOGO, Tony LLANES e Matthias KEIL pela proximidade e serviço aos irmãos durante esses seis anos e pela excelente organização desta Assembleia.
UM MUNDO FERIDO
Em um mundo ferido por divisões, polarizações, ambições de poder e guerras, a mensagem de Jesus de Nazaré sobre a Fraternidade Universal é mais necessária do que nunca. Foi assim que o Papa Francisco entendeu, e suas palavras e ações o demonstram. Sentimos, portanto, um forte chamado a ser testemunhas e forjadores de fraternidade tanto em nossos presbitérios quanto nas sociedades e culturas em que cada um de nós está presente, por meio de uma maior proximidade e serviço aos pobres, aos migrantes, aos marginalizados e às vítimas de todos os tipos de abuso. Sabemos que eles são os que mais sofrem com a falta de fraternidade.
A FRATERNIDADE É POSSÍVEL
A fraternidade é possível. Foi isso que vivenciamos nesta Assembleia, apesar da diversidade de línguas, culturas e experiências pastorais. Cada dia foi marcado pela oração comunitária de Laudes, adoração e celebração da Eucaristia, o que nos permitiu viver esses dias em um clima de escuta atenta, compreensão, alegria, acolhimento e diálogo. Foi assim que pudemos compartilhar nossas histórias pessoais, refletir sobre os temas discutidos, ouvir atentamente os relatórios apresentados e trabalhar em nossos Estatutos e Diretório
NOSSAS FRATERNIDADES
Os relatos que ouvimos nos mostram que, em vários países da Europa e da América, nossas Fraternidades estão envelhecendo. Não é o caso na África e na Ásia. Devemos, portanto, dar mais apoio espiritual e financeiro às Fraternidades de ambos os continentes. Nos países da Europa e da América, precisamos renovar nossos esforços para fazer com que São Carlos de Foucauld seja conhecido em nossos presbitérios e convidar padres, diáconos e seminaristas a se juntarem à nossa Fraternidade. Sentimos, portanto, um forte chamado para fundar novas Fraternidades e despertar aquelas que adormeceram.
Para conseguir isso, precisamos de muita criatividade e maior fidelidade ao carisma do Irmão Carlos e aos meios de crescimento espiritual disponíveis para nossa Fraternidade. Nosso testemunho de vida simples, fraterna, alegre e comprometida com os pobres, que brota da nossa estreita relação com Jesus Ressuscitado, será sempre o melhor caminho para atrair novos membros para a nossa fraternidade. Estamos convencidos de que a espiritualidade do Irmão Charles, centrada no Evangelho e na Eucaristia, celebrada e adorada, tem relevância duradoura.
A ELEIÇÃO DE LEÃO XIV
Durante o curso de nossa Assembleia, o conclave que elegeu um novo sucessor de Pedro, o Papa Leão XIV, foi realizado em Roma. Longe de nos distrair, sua eleição nos confirmou nos caminhos pelos quais o Espírito Santo está guiando sua Igreja: um renovado impulso missionário, um compromisso sempre maior com a justiça e a paz e uma maior participação de todos os batizados na vida da Igreja. Acreditamos que a fraternidade se expressa no modo sinodal de viver nossa fé e nossa pertença à Igreja e, portanto, nos sentimos chamados a promover esse estilo eclesial em nossas paróquias, comunidades cristãs, movimentos e outros ambientes pastorais nos quais desenvolvemos nosso ministério.
VERSÃO ATUALIZADA DE NOSSO ESTATUTO E DIRETÓRIO
Investimos grande parte do tempo desta Assembleia na atualização de nossos Estatutos e Diretórios para o desenvolvimento de nossas Fraternidades em todo o mundo. Fizemos reflexões e contributos valiosos e, por fim, os aprovamos. Eles serão apresentados à Congregação para o Clero e depois divulgados e estudados por nossos irmãos nos diferentes países onde estamos presentes. Esses documentos nos ajudarão a ter uma identidade mais clara e a dar mais relevância ao testemunho e aos textos do Irmão Carlos.
ENCONTRO DE JOVENS SACERDOTES DA NOSSA FRATERNIDADE
Em nossa Assembleia vivenciamos a riqueza da diversidade cultural e pastoral. Gostaríamos que os jovens sacerdotes da nossa Associação (com menos de 45 anos) tivessem uma experiência semelhante que os inspire ainda mais a seguir o nosso amado Irmão e Senhor Jesus, nos passos de São Carlos de
Foucauld. Confiamos à nova equipe internacional a organização deste encontro, com o apoio espiritual e financeiro de todas as nossas Fraternidades.
NOVA EQUIPE INTERNACIONAL
Durante a Assembleia elegemos nosso irmão Carlos Roberto dos SANTOS (Brasil) como novo Gerente Internacional e ele, por sua vez, formou sua Equipe: Roberto (Tino) FERRARI (Argentina), Mark MERTES (EUA), Boris SCHÜSSEL (Suíça) e Louis Edmond ESSEYI A GNADAM (Camarões). Ele também pediu a Eric LOZADA (Filipinas) para ser seu delegado para a Ásia e a Yves de MALLMANN (França) para ajudar na manutenção dos Arquivos. Agradecemos a todos por aceitarem este serviço. Oferecemos nosso apoio fraterno e pedimos ao Senhor Jesus que o sustente com sua graça e a Nossa Senhora de Luján que vele por você.
Pe. Ben Eric C. LOZADA
Pelos delegados da 12ª Assembleia Geral da Fraternidade Sacerdotal IESUS CARITAS.
Buenos Aires, 20 de maio de 2025. Esta carta pode ser encontrada em iesuscaritas.org
Pe. Eleuterio R. Ruiz – Arquidiocese de Buenos Aires/ARGENTINA
O tema da fraternidade2 é completamente transversal ao NT, embora sem nuances menores, como veremos a seguir. Em princípio, pareceria incompreensível, já que apenas do termo irmão/irmã, existem mais de 380 ocorrências no NT. Mas se incluirmos termos familiares, como filhos e filhas (que supõem uma relação de fraternidade entre eles) ou o de "Pai" referindo-se a Deus (que nos coloca como seus filhos e, portanto, também irmãos), os casos se multiplicam ainda mais. Ou seja: não vamos conseguir dar conta de todos os textos, como é óbvio. Levaremos, portanto, algumas ideias que parecem mais importantes e que podem ser relevantes para nós, que fazemos parte de uma fraternidade e queremos seguir aquele que se autodenominava Irmão Universal.
Por outro lado, a reflexão também tem como pano de fundo a encíclica Fratelli tutti3, cujo título é inspirado na saudação de Francisco de Assis aos seus irmãos e irmãs. Bem ali, é interessante que o grande texto que serve de base bíblica para toda a reflexão do Papa Francisco sobre a fraternidade, não use a palavra irmão/irmã, mas a categoria de "próximo".4 Com o qual se entende que é difícil circunscrever o assunto apenas à metáfora da família.
Categorias definidoras: da fraternidade biológica à fraternidade espiritual
Antes de considerar os textos do NT que tratam da fraternidade, é útil parar e examinar o conceito de fraternidade, tanto em seu sentido biológico e social quanto em seu sentido metafórico, a fim de contextualizar o uso que encontramos nos textos do Novo Testamento.
O conceito de “irmão” como categoria biológica e social
Em primeiro lugar, é uma categoria que vem do ambiente familiar e serve para designar a relação entre aqueles que nasceram dos mesmos pais e, como tal, têm um vínculo biológico entre eles, “de sangue”, como se costuma dizer, verificável por meio de estudos genéticos. Além desse fato biológico, socialmente são atribuídas à relação de irmandade características e expectativas que se configuram e se modificam ao longo do tempo e das diferentes culturas.
Em culturas antigas, como as culturas romana, grega e judaica / cristã dos tempos bíblicos, a instituição da família era fundamental para sustentar a vida. E embora fossem claramente patriarcais, dada a mortalidade precoce dos pais, mais de 50% dos jovens entre 20 e 30 anos não tinham pai ou mãe. Em média, uma pessoa tinha dois ou três irmãos, talvez um ou mais por adoção ou novo casamento. Isso implica que a união entre os irmãos foi muito grande.
Esperava-se que as irmãs tivessem um papel de proteção e cuidado em relação aos homens, e esperava-se que os homens defendessem as mulheres. Em geral, considerava-se que os irmãos tinham que defender a honra da família contra os de fora, e também tratar uns aos outros com honra. Esperava-se uma grande solidariedade entre eles e um forte vínculo emocional. Uma grande autonomia deve ser combinada com uma grande solidariedade mútua. O conhecido Salmo 133 elogia a convivência pacífica entre irmãos (embora use o termo em sentido metafórico, baseia-se no ideal da família): “Ó, como é bom, como é doce para os irmãos viverem juntos!” É o ideal a que aspiravam.
As motivações dadas para fortalecer o amor fraterno foram fundamentalmente a origem biológica comum e a própria educação. Às vezes, uma motivação religiosa também foi adicionada (compartilhando a mesma tradição religiosa, como é o caso dos Macabeus na Bíblia).
Embora um ideal de “igualdade” seja geralmente projetado na relação de fraternidade, esse aspecto não parece ter sido tão verdadeiro nos tempos antigos. Em vez disso, a harmonia entre irmãos significava que cada um aceitava seu lugar na estrutura familiar, com base no sexo, posição (se era primogênito ou não), situação conjugal (mulheres solteiras, após a morte do pai, estavam sujeitas aos homens) etc.5
Claro, também houve disputas, especialmente sobre questões de herança, como o texto de Sir 33,20-24 supõe:
Seja um filho ou uma esposa, irmão ou amigo, não dê a ninguém autoridade sobre você enquanto você viver. Não dê seus bens a outrem, para que você não se arrependa e tenha que reivindicá-los. Enquanto você viver e tiver fôlego, não se deixe alienar por ninguém: é melhor que seus filhos lhe peçam do que ter os olhos fixos nas mãos deles. Em tudo o que fizerem, sejam os que lideram e não manchem a sua reputação com nada. Quando os dias da sua vida terminarem, na hora da morte, divida sua herança.
No entanto, quando havia conflitos, geralmente se usava um mediador (que poderia ser um irmão ou irmã mediando, entre outros) ou mesmo um conselho de família para resolver determinadas situações6. Em casos especiais, a intervenção de um juiz poderia ser solicitada (em Lc 12,13-14, Jesus é solicitado a agir para resolver uma questão de herança e Jesus diz que ninguém o nomeou juiz ou árbitro).
Vale lembrar que a relação entre irmãos é diferente da amizade: enquanto esta última é opcional e voluntária, a relação entre irmãos é considerada obrigatória e dada pelo compartilhamento da mesma origem biológica, da mesma educação e das mesmas tradições familiares.
O uso metafórico do conceito de “irmão”
A metáfora fraternal ou sororal tem sido usada nos tempos antigos para se referir a muitas outras relações humanas. Muitas vezes, em fontes antigas, fala-se de mãe e filho como irmão e irmã. O mesmo acontece para se referir a primos, amigos e até amantes ou maridos. Na mesma Bíblia, o amado diz à amada: “Minha irmã, esposa” (Ct 4, 9).
A fraternidade como metáfora se enquadraria na categoria de “estrutural”7: consiste em estruturar um conceito em termos de outro. Quando dizemos "tempo é dinheiro", estruturamos o tempo em torno do dinheiro. Esses tipos de metáforas dependem muito da cultura em que estão localizadas (por exemplo, o valor atribuído ao dinheiro). Eles são tirados da vida social. Mas, ao se tornar uma metáfora, os conceitos relacionados interagem e se enriquecem.
No que diz respeito à vitalidade das metáforas, há muitas que já estão lexicalizadas (alguns as chamam diretamente de “mortas”), porque ninguém mais se lembra que são metáforas, como quando dizemos que alguém está “no sopé da montanha”. Outros são convencionais, compartilhados por todos, e fazem parte de nossas vidas, como quando dizemos “está chovendo torrencialmente”. E há outras que são novas, que alguém cria em um momento e dá uma expressividade única ao seu discurso, como quando o então cardeal Bergoglio disse que “não devemos impedir a vida”. Dentro dessa classificação, a metáfora da fraternidade entraria principalmente no convencional, embora seja importante: pelo contrário, pode ser uma porta de entrada para a vida concreta das comunidades, que a usam e vivem dela. E em alguns casos encontraremos, no que diz respeito ao NT, nuances que o tornam uma nova metáfora.
No mundo antigo – considerando as culturas próximas à Bíblia – havia o uso da metáfora fraternal / sororal para se referir, por exemplo, aos membros de um grupo como nos cultos de mistério e nas confrarias helenísticas. Aqueles que faziam parte do mesmo grupo foram considerados irmãos. Havia também o uso do termo "irmão" para se referir a alguém do mesmo povo, tanto nos romanos quanto nos gregos.
Na Bíblia, encontramos esse uso já no AT. Abraão é o pai de todo o povo e todos os seus filhos são irmãos e irmãs entre si (cf. por exemplo, Ex 2,11; 4,18; Nm 20,3; Dt 15,3; Sl 22,23). Sabe-se também que em Qumran, os membros da comunidade chamavam uns aos outros de "irmãos" (cf. por exemplo, 1QS VI,22: "para que ele possa se tornar um membro pleno do Jahad, ele deve ser inscrito na posição apropriada entre seus irmãos para discutir a Torá ...") e deve manter um amor fiel um pelo outro ('ahăbat ḥesed).
Como é evidente, nesses usos metafóricos do conceito de fraternidade, geralmente é feita uma distinção entre os "de dentro" e os "de fora", os que pertencem ou não ao grupo ou comunidade de irmãos. Essa dinâmica, que está enraizada no próprio conceito de fraternidade biológica, foi vista como insuficiente em vários momentos da história e surgiram tentativas de superá-la, como mostra Ratzinger em um estudo sobre o assunto8. Segundo o teólogo, quando se quer superar o dualismo dentro-fora, chega-se à ideia de fraternidade universal, como aconteceu na Revolução Francesa; Mas essa ideia acaba sendo tão genérica que não tem aplicação prática na realidade. Ou é projetado para um futuro além da história, como no marxismo, mas como tal não tem impacto na realidade presente.
Neste ponto, parece importante nos fazermos algumas perguntas que podem orientar nossa leitura dos textos. As perguntas seriam as seguintes: Que usos são dados no NT à metáfora da fraternidade? Qual é o seu escopo? E a partir daí, como entendemos a ideia de fraternidade? De que adianta falar de fraternidade universal, como fez o Irmão Carlos?
Fraternidade no Novo Testamento
A apresentação será feita tomando grupos de textos, para ver o mais característico de cada um, e um exemplo concreto que ilustre a ideia. Para dar um certo sentido cronológico, começaremos pelos textos mais antigos – as cartas paulinas – e depois nos voltaremos para os Evangelhos e os demais escritos posteriores. Teremos, portanto, uma certa ideia da evolução da metáfora no NT como um todo.
As Cartas Paulinas
Nas cartas da tradição paulina, o uso da categoria “irmãos” é muito frequente, por isso prestamos atenção a alguns textos que podem oferecer alguns esclarecimentos adicionais sobre as implicações desse termo9.
A primeira coisa a ter em mente é que a comunidade está passando por um processo de formação de sua identidade cristã, em confronto com o povo judeu em geral e com aqueles que não acreditam em Cristo. O uso cristão da metáfora da fraternidade se assemelhará, neste estágio, ao que eles tinham nas associações voluntárias do mundo helenístico-romano. São irmãs e irmãos que fazem parte do próprio grupo.
Começamos com 1 Tessalonicenses 4,9-12, um texto no qual Paulo une o tema da fraternidade com o do amor mútuo, através de uma expressão que já era assumida nas comunidades, a do "amor fraterno" (em grego, φιλαδελφία). Ou seja, ele entende que ser irmãos implica uma atitude de amor mútuo. Por outro lado, esse amor mútuo é aprendido pelos cristãos com o próprio Deus (eles são θεοδιδάκτοι). Deus dá aos tessalonicenses o Espírito que os fortalece para amar como Jesus lhes ensinou. É um amor concreto, prático (usa o verbo “fazer”, ποιέω, em 4,10), que se estende a “todos os irmãos e irmãs da Macedónia”, ou seja, é um amor aberto e inclusivo. As formas que o amor assume aqui respondem à situação da comunidade: viver em paz, cuidar dos próprios negócios e trabalhar para o próprio sustento. O objetivo de Paulo é que a comunidade/família cristã seja considerada respeitável em seu ambiente.
Rm 8,29 faz parte de um capítulo conhecido por essa tensão entre a vida presente e a escatologia. Paulo diz: “Aos que Deus conheceu de antemão, ele predestinou para reproduzir a imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Quando chama Jesus de “primogênito”, assume as categorias da antiga família para dizer que Jesus é o primeiro herdeiro (cf. 8, 17), a ser honrado e imitado (por exemplo, chamando Deus “Abbá”, v. 15, sofrendo com Ele, v. 17 e conformando-nos à sua imagem, v. 29). Jesus é um irmão, mas não é apenas mais um, mas o primogênito. Recebemos por meio dele a filiação divina e a participação na herança (somos “coerdeiros”, Rm 8,17; Gl 4, 7). A ênfase não está no relacionamento dos irmãos e irmãs uns com os outros, mas no fato de nossa filiação divina em Cristo e suas consequências para nós.
Em Rm 12,9-13, o apóstolo fala novamente do amor fraterno, e diz antes de tudo que ele deve ser autêntico (em grego, ἀνιπόκριτος). Aqui, o amor fraterno é visto como uma obrigação mútua entre os cristãos, que envolve a renúncia ao próprio interesse pelo bem dos outros. O texto é especialmente focado na relação entre os irmãos dentro da comunidade (porque, neste caso, havia tensões internas a serem resolvidas), mas com a ideia de hospitalidade (lit., φιλοξενία, amor pelo estrangeiro) abre a ideia de amor por aqueles que "estão de fora".
1Coríntios 6,1-11 lida com um problema de cristãos que recorrem ao sistema de justiça pública para resolver questões internas. Eles eram pessoas de dinheiro, que provavelmente disputavam questões de propriedade ou herança. O argumento de Paulo é baseado na ideia de que os cristãos chamam uns aos outros de irmãos: então, eles devem imitar os ideais comuns de família e fraternidade, não litigando publicamente, muito menos uns contra os outros. Eles teriam que resolver o problema "como uma família".
Em 1Coríntios 8,1-11,1, Paulo aborda a questão de saber se a comida oferecida aos ídolos pode ser comida. Era uma questão de tensão na igreja de Corinto, entre um grupo mais elitista (que se sentia mais livre) e um grupo mais temeroso. Os mais “liberados” comiam aquela carne e os "mais fracos" não. Neste contexto, Paulo usa a metáfora fraterna para argumentar em nome dos mais fracos: “Pelo vosso conhecimento, os fracos estão perdidos, o irmão por quem Cristo morreu!” (8,11). A atitude fundamental que Paulo espera para com os irmãos e irmãs mais frágeis é o amor, que é superior ao conhecimento. Ele argumenta algo semelhante em Romanos 14,1-15,13, acrescentando que o amor implica não julgar o outro. O uso da distinção “forte/fraco” introduz o respeito pela diversidade dentro da comunidade: no caso de 1Coríntios, em relação à comida sacrificada aos ídolos, e em Romanos em relação às regras alimentares judaicas. Longe de se preocupar com a ortodoxia, Paulo está preocupado que eles não se machuquem mutuamente: "Não destruais a obra de Deus para comer" (Rm 14,20).
Vale a pena mencionar aqui a carta a Filêmon, muito interessante porque representa o conflito entre dois papéis familiares: o escravo e o irmão. Onésimo, o escravo, é convertido por Paulo à fé cristã e enviado de volta ao seu mestre Filêmon com uma carta de mediação. Na carta, Paulo usa metáforas familiares ao
assumir o papel de mediador no conflito, para que a situação seja resolvida "na família". O argumento é que ele não o recebe apenas como escravo, mas como algo muito maior: como um irmão querido. Não sabemos que implicações isso teria para Onésimo, mas é claro que para Paulo essa categoria implicava uma relação de amor. Para o Apóstolo, as duas categorias (a social, do escravo, e a cristã, do irmão) não se contradizem e podem ser associadas de modo positivo.
Por fim, uma breve referência aos “falsos irmãos” (2Cor 11, 26; Gálatas 2,4; cf. 1Cor 5,11). É uma expressão para falar de pessoas “de dentro” (cf. 1Cor 5,12-13), que são consideradas indignas de se chamarem cristãs. Esta expressão parece ser do próprio Paulo e não vem do uso familiar comum. Provavelmente está relacionado a certas práticas que ocorriam em associações voluntárias, para delimitar quem pertencia ou não ao próprio grupo.
Em suma: quando Paulo assume a metáfora fraternal-sororal, ele a entende como compatível com a ideia de família patriarcal, com todos os valores e limites que essa família tinha. O papel do pater familias é desempenhado por Deus Pai, Jesus Cristo tem o papel do primogénito – que herda todas as prerrogativas do pai de família – e nós, cristãos, somos filhos no filho e irmãos entre nós. Essa fraternidade implica relações de amor mútuo, hospitalidade, cuidado com os pequenos, respeito pelos diferentes e cuidado com a honra da família- comunidade, não litigando em fóruns públicos.
Os sinóticos
Como as cartas paulinas, os Evangelhos são também textos que surgem numa época em que os discípulos de Jesus constituíam a sua própria identidade, distinguindo-se dos judeus que não aceitam Jesus como Messias, e adquirindo traços identitários próprios. Assim, quando falam de «irmãos e irmãs», referem- se fundamentalmente aos membros das comunidades da segunda geração cristã10.
No mais antigo dos Evangelhos, o Evangelho de Marcos, quase todos os usos da palavra irmão / irmã referem-se ao vínculo biológico, o que não é tão interessante para o nosso tópico. Apenas as três referências encontradas em Mc 3,31-35 estão fora dessa regra, que é precisamente onde o vínculo biológico é contrastado com as exigências do discipulado. É quando a sua mãe e os seus irmãos biológicos vêm procurar Jesus, dizendo que ele está louco (cf. Mc 3,20- 21). Jesus está colocando em risco a honra da família e eles têm que protegê-lo, provavelmente levando-o para longe de lá para que ele não continue a envergonhá-los. Quando Jesus é avisado, ele responde com a famosa frase: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” E, olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Estes são minha mãe e meus irmãos. Com efeito, todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3,34-35).
Este texto é muito importante porque Jesus está rompendo com a família tradicional e gerando uma nova família, com novos vínculos. Fica claro aqui que ele não está definindo papéis, porque na família tradicional o papel da mãe era diferente ao da irmã, e ambos diferentes ao do irmão. Jesus refere-se a uma nova família, diferente da tradicional, com novos valores. Não é mais a honra e a vergonha que governam, mas a busca da “vontade de Deus”. Em Mc, a “casa” familiar é o grupo de discípulos que vivem com os valores do Reino: o serviço, a Lei colocada a serviço do ser humano, a compaixão, a hospitalidade, o privilégio dado aos últimos e aos excluídos...11 Em outras palavras, ser irmão ou irmã nesta nova família significará incorporar esses valores do Reino na própria vida e assumir as consequências.
As comunidades para as quais este Evangelho foi escrito sofreram perseguições por seguirem Jesus (cf. Mc 13,12: “Entregará irmão a irmão e pai a filho”). Os discípulos tiveram que decidir entre avançar com o discipulado ou privilegiar a família de origem. Neste “conflito de fidelidade”, 12é compreensível que Marcos apresente Jesus como o primeiro a fazer uma escolha radical pelo Reino, o que implica deixar sua família biológica em segundo lugar.
Por fim, gostaria de salientar que há uma referência isolada em Mc à expressão “teu Pai que está nos céus” (Mc 11,25), que encontraremos muitas vezes em Mateus. Os estudiosos dizem que pode estar relacionado à prática de rezar a Oração do Senhor. Em todo caso, parece que não é uma frase típica de Marcos, mas que ele a recebe por tradição; uma tradição que só pode vir do próprio Jesus (já que Marcos é o primeiro Evangelho). Em outras palavras: ao ensiná-los a rezar o Pai Nosso, Jesus incutiu neles a ideia de que existe apenas um Pai de todos, que é Deus, e isso automaticamente nos torna irmãos e irmãs.
No Evangelho de Mateus, a maioria das menções da palavra irmão está concentrada neste grupo de Evangelhos (42x). Mais da metade das vezes eles designam irmãos ou irmãs de sangue. Quanto ao uso metafórico do termo, como em Mc, ele está falando principalmente para os discípulos, não tanto para aqueles “estranhos”. Em Mt, o próprio Jesus fala de seus discípulos como seus irmãos (Mt 12,46-50; 25,40; 28,10).13 Este evangelista, embora use muito a terminologia familiar, fala da comunidade como uma ekklesia, um termo que não deve ser traduzido tão rapidamente como “igreja”, porque nos faz pensar de maneiras muito mais recentes. Ele escolhe essa palavra, talvez não para usar os termos que designavam a família patriarcal e para assimilar a comunidade às associações voluntárias que eram conhecidas no mundo greco-romano14.
Que aspectos são destacados nas relações fraternas/sororais em Mateus? Por um lado, é muito importante que os irmãos sejam capazes de resolver seus conflitos15. Isso responde ao princípio cultural da solidariedade entre irmãos, mas que agora é transferido para a ekklesia. Para este fim, Jesus estabelece regras fortes em diferentes momentos: Não trate seu irmão ou irmã com raiva ou desprezo (Mt 5,21-22); reconciliar-se (5,23-26); perdoar (18,21-35); e cumprir todo um protocolo de correção fraterna (18,15-17). A ekklesia de Mateus tem que ser capaz de lidar com conflitos e resolvê-los de uma forma que não prejudique as pessoas.
Para que isto seja possível, entra o outro elemento-chave de Mateus, que são os ἐλάχιστοι, os “mais pequeninos”, que ele menciona em dois textos-chave: um é 18,14 (cf. 18,5-7), o capítulo mais “eclesial” do Evangelho, e o outro é 25, 40, quando o próprio Jesus se identifica com o “mais pequenino dos seus irmãos”. São dois textos fundamentais, porque apresentam o critério último que constitui essa comunidade alternativa. Não é quem está no topo que é mais importante, mas quem está mais baixo, o mais frágil, o marginalizado. E é claro que não são apenas esses dois textos, mas todo o Evangelho, porque na ekklesia os menores (11,11; 19,14), os últimos (20,16.26-27), os publicanos e as prostitutas (21,31) são importantes. Isso vai contra os princípios socialmente aceitos, e não é incomum que as primeiras comunidades tenham sido vistas como raras, pois invertem as relações de poder.
Por fim, e continuando o tema da autoridade, Jesus explicita a ideia de que a ekklesia é uma família sem pai – em oposição à família patriarcal – quando diz explicitamente “não vos chameis ‘mestre’, porque tendes um só Mestre e sois todos irmãos. Ninguém no mundo seja chamado de ‘pai’, pois você tem apenas um, o Pai celestial.” (23,8-9). O texto sugere que nas comunidades, à medida que se institucionalizavam, começou a aparecer uma mentalidade hierárquica que ameaçava o ideal igualitário e fraterno que Jesus propunha.
Cito a este respeito uma síntese que me parece bem realizada:
A família de Jesus é toda comunidade que inverte a lógica da vingança e percorre o caminho da reconciliação, é todo grupo que supera as obsessões da 'pureza' para colocar os descartados no centro, é toda igreja que não se entende como uma 'sociedade perfeita', mas como serva e abre suas portas à diferença porque entendeu que a verdadeira unidade se alimenta da diversidade. A família de Jesus é disfuncional para o sistema porque é transgressor. Ele defende novos espaços para aqueles que não têm lugar e são considerados "destruidores da família", assim como Jesus foi considerado. Nesse sentido, a verdadeira defesa eclesial da família e da vida deve integrar o que é diferente, torná-lo visível e celebrá-lo.16
Quanto à obra de Lucas, o Evangelho tem muitos lugares em comum com Mateus, embora também tenha algumas novidades. Vários dos textos apresentam o tema do conflito entre irmãos, como 10,37-40 (Marta e Maria) ou 15,11-32 (parábola do pai e dos dois filhos), e pode-se associar aqui 16,19-31 (o homem rico e Lázaro, ambos filhos de Abraão). Parece que esses textos refletem as diferenças sociais dentro da comunidade17, as diferenças de escolhas, e o desafio é poder integrá-los, aceitando a diversidade (priorizando os valores do Reino18), acolhendo os pecadores e, sobretudo, tendo solidariedade com os pobres (um tema que é retomado em 19,1-10 com Zaqueu, que “também é filho de Abraão”, isto é, seu irmão).
Quanto aos textos em que a metáfora fraternal-sororal é aplicada à comunidade, destaca-se o de 6,41-42, que qualifica o ensino da correção fraterna, tema também tratado em 17,3-4. Como em Mateus, a comunidade deve aprender a corrigir os erros, mas sobretudo a perdoar, para que os vínculos sejam possíveis.
Como dissemos, a fraternidade não implica em si mesma igualdade absoluta entre os membros. A autoridade tem a função de sustentar ou "confirmar" os irmãos (em 22,32 ele diz a Pedro: “Eu roguei por você, para que não lhe falte fé. E tu, depois de teres voltado, confirma teus irmãos”). E acima de tudo há o serviço (17,7-10; 22,26-27: “Estou no meio de vocês como alguém que serve”).
Por fim, e embora não use a metáfora fraterna, não podemos deixar de mencionar a parábola do compassivo samaritano (10,25-37), porque ela abre decididamente a categoria da fraternidade para além do círculo daqueles que pertencem ao próprio grupo ou comunidade. A pergunta do doutor da Lei, “Quem é o meu próximo?” procurou delimitar o escopo do amor, que normalmente abrangia primeiro a família biológica e depois o próprio conterrâneo. Mas a parábola quebra esses limites colocando a questão de quem se comportou como próximo dos necessitados e usando como exemplo um samaritano, alguém não apenas de “fora”, mas odiado pelos judeus. Por sua vez, a parábola exalta a capacidade de piedade (o famoso verbo σπλαγχνίζομαι, as entranhas que se movem), uma emoção não valorizada na cultura mediterrânea da época porque era considerada uma fraqueza, um sentimento feminino e maternal. Jesus destaca uma compaixão que leva à ação concreta 19, transgredindo, se necessário, as normas do ritual ou da pureza moral para ajudar os feridos na estrada.
Em relação à segunda parte da obra de Lucas, vale resgatar dois novos aspectos: a terminologia da fraternidade já está estabelecida como norma para falar daqueles que pertencem ao grupo de seguidores de Jesus. E, ao mesmo tempo, a missão é aberta àqueles que são “estranhos”, os não-judeus, simbolicamente começando com o episódio do centurião Cornélio (At 10). É uma fraternidade que se abre cada vez mais.
Em suma: os sinóticos mostram que o modelo de família patriarcal não lhes serve mais, pois se presta à prevalência de elementos que não são compatíveis com a mensagem de Jesus: a hierarquização de papéis, a valorização excessiva da honra e da imagem pública (pessoal ou comunitária), a exclusão de pessoas, são alguns dos aspectos que ameaçam a ideia de uma família alternativa. A metáfora está se abrindo cada vez mais, incluindo o "outro", mesmo que ele seja chamado de vizinho.
A tradição joanina
No Evangelho de João, é impressionante que um grupo de “irmãos de Jesus” seja mencionado intervindo, no capítulo 7, para dizer-lhe que suba a Jerusalém para pregar lá. O texto acrescenta: “Na verdade, nem mesmo seus (próprios) irmãos acreditavam nele”. Provavelmente não são os discípulos, então, mas seus parentes próximos.
Talvez por isso, a terminologia da fraternidade não apareça neste Evangelho, exceto a partir da ressurreição. Só então ele diz a Madalena: “Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai. Ide e dizei aos meus irmãos: Subo para meu Pai, vosso Pai; ao meu Deus, vosso Deus” (20,17). Também aqui, como em Evangelho de Mateus, Jesus chama os discípulos de “meus irmãos”. E em 21,23 é dito que o boato de que o discípulo amado não morreria “se espalhou entre os irmãos”, referindo-se aos discípulos. A fraternidade aqui é entendida como derivada da partilha do mesmo Deus Pai, algo que João já disse no prólogo: “Aos que creem em seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”. (1,12). Outros supõem que, no final do primeiro século, quando o Evangelho de
João foi escrito, a ideia de pensar a comunidade cristã de acordo com o esquema da casa da família estaria estabelecida de tal forma que aspectos da família greco- romana fossem transferidos para a comunidade: ordem, papéis e funções e relações entre os membros. Na família, os papéis eram bem definidos e havia uma hierarquia muito marcada (se o pai morresse, o filho mais velho herdava seu lugar de autoridade). A metáfora da família dificilmente era útil para expressar o ideal da comunidade cristã. A menos que a concepção da família seja modificada. Na verdade, há apenas um texto onde os papéis dos irmãos são apresentados positivamente: é o capítulo 11, onde Marta, Maria e Lázaro aparecem.
No Evangelho de João, os irmãos de Betânia funcionam como personagens prototípicos, que representam o ideal da comunidade cristã20, formando uma família sem pais e onde as mulheres têm um papel de liderança. Que características tem esta família para se tornar prototípica? Eles são antes de tudo amados por Jesus (11,3.5.36), amam-no (12,1-8) e amam-se uns aos outros (11,32-33). Esta é a característica importante da relação que Jesus espera entre irmãos: que se amem uns aos outros, servindo-se uns aos outros (13,14-15.34- 35). Em segundo lugar, eles são amigos de Jesus (11,11), um tema ao qual Jesus retornará em seu discurso de despedida (cap. 15). A amizade é uma categoria importante em João, porque (pelo menos na opinião de muitos) considerava-se que só poderia ocorrer entre iguais. É por isso que Jesus a distingue da relação senhor-escravo (servo): “Eu os chamei de amigos” (15,15). A amizade implica franqueza, lealdade e ajuda mútua, a ponto de estar disposto a dar a vida pelo amigo. Este tema é ilustrado apenas nesta família particular de Betânia e desenvolvido em João 15.
Por outras palavras, o Evangelho escolheu uma família particular – sem pai – como protótipo para pensar a comunidade cristã e as relações entre os seus membros. Seria uma crítica àqueles que buscam retornar ao modelo patriarcal da família para impô-lo à organização da comunidade. Deus como Pai nos torna todos irmãos e irmãs. Por sua vez, a categoria de amizade como uma relação entre iguais nos impede de reproduzir esquemas hierárquicos.
Hebreus e Apocalipse
Na Carta aos Hebreus, o primeiro fundamento do amor fraterno é a encarnação de Jesus, pela qual Ele pertence plenamente à humanidade. Os destinatários do texto são membros de uma comunidade que tem lutado e sofrido perseguição. Os efeitos sobre eles são cansaço, desinteresse e risco de apostasia.
Em Hb 2,11 se diz que Jesus não se envergonha de chamar “irmãos” aos seus discípulos, mesmo que sejam maltratados pela sociedade (10,32-34) ou desonrados (13,13), porque partilham a mesma origem em Deus. Jesus pode ser sacerdote porque mostrou solidariedade em tudo, inclusive no sofrimento, com seus irmãos. É a sua condição humana, solidária, que faz de Jesus um sacerdote misericordioso e confiável. Jesus não só se compadece “de fora”, mas também assume os sofrimentos e a miséria dos irmãos. É por isso que ele é digno de fé, eles podem confiar nele, para serem “firmes na fé” (4,14).
Diante da tentação de abandonar tudo, a carta exorta-os a permanecer no amor fraterno (φιλαδελφία, 13,1), que se exprime em dois gestos concretos: por um lado, a hospitalidade (13, 2), gesto fundamental de acolhimento do outro, visto não como inimigo, mas como um possível “anjo” enviado por Deus; por outro lado, o gesto de lembrar os prisioneiros, os cristãos perseguidos e presos, como se fossem eles mesmos. O amor fraterno concretiza-se em deixar entrar o "outro" e em ir ao encontro do “outro” que está preso. São dois movimentos que nascem do caminho que Jesus percorreu, que veio ao encontro da humanidade e se tornou um de nós.
O Apocalipse é um livro de resistência política, destinado a grupos minoritários da herança judaica que habitam cidades helenísticas na Ásia Menor21. Lá, a ideologia imperial está penetrando e existe o risco de que as comunidades se adaptem a esse modo de vida e às injustiças que ele gerou. Havia comunidades socialmente heterogêneas lá, com pessoas de base e pessoas da elite. A estrutura romana hierárquica e desigual poderia ser reproduzida dentro da comunidade, algo inaceitável para os cristãos.
A fraternidade é expressa no Apocalipse com os termos “filhos” (no plural), “semente” e “irmão(s)”. Esses termos estão localizados em ponto chave do livro. Os “filhos” referem-se aos “filhos de Israel”, os judeus. A “semente” é usada para aqueles que nasceram da Mulher: são a “semente da mulher” (12,17, não a do homem!), os filhos que estão geminados entre si e com o Filho por duas atitudes: guardar os mandamentos e guardar o testemunho (μαρτυρία) de Jesus. A essas duas atitudes se somam outras duas expressas negativamente: não adorar a Besta ou sua imagem; e não aceitar a marca de seu nome (14,11; 20,4).
O termo “irmão(s)” está relacionado à experiência de perseguição (1,9; 6,11; 12,10; 19,10; 22,9). Eles são “irmãos de sangue”, não no sentido biológico, mas por causa do sangue derramado, da vida dada também na resistência diária. Uma irmandade na dor e na resistência. O sangue dos irmãos, que foram acusados pelo dragão, mas que são vencidos precisamente pelo sangue do Cordeiro e pelo testemunho dos últimos e dos mais pequenos. O seu testemunho, o seu martírio, une-os e provoca a derrota dos poderosos. Mas eles também estão unidos pela esperança: aqueles que foram pisoteados serão consolados por Deus (veja a imagem da veste branca em 6,11).
Conclusões:
Nós nos perguntamos, no início, que usos são dados à metáfora da fraternidade no NT. Vimos que, na primeira etapa (escritos paulinos), os conceitos de família são aplicados à comunidade. Há uma busca para ser aceito no meio social e, portanto, o uso de categorias sociais serve para falar uma “linguagem comum”.
Quando os Evangelhos são escritos, é necessário diferenciar-se do ambiente e distinguir a família biológica da nova família que se estabelece entre os discípulos de Jesus. Isso envolverá conflitos com a própria família, agravados por experiências de perseguição.
Os Evangelhos qualificam a metáfora da fraternidade com duas categorias que a modificam: A categoria de “próximo” (da parábola de Lucas) faz pensar em uma fraternidade aberta a todos, mesmo que não estejam em seu próprio grupo, e, especialmente, aos mais necessitados. A categoria de “amigo” (introduzida por João) impede que os esquemas hierárquicos e de poder da família tradicional sejam reproduzidos dentro da “família-comunidade”. Vale a pena recordar a contribuição mateana dos “irmãos mais pequeninos”, que mostra algo característico das comunidades cristãs: a harmonia entre os irmãos não se baseia na obediência ao que o irmão mais velho ordena, mas no cuidado dos irmãos mais novos.
A Carta aos Hebreus mostra como a metáfora da fraternidade pode ser muito fecunda quando se trata de pensar o sacerdócio cristão: há uma função de mediação que só pode ser feita em solidariedade. Ser sacerdote não é ter vergonha de ser irmão dos mais sofredores e desprezados para compartilhar com eles os sofrimentos.
O Apocalipse vê precisamente nesta experiência de partilha de perseguições a origem profunda da nova fraternidade: somos gerados da “semente” de uma mulher perseguida.
Entendemos que o conceito de fraternidade que está moldando o NT é complexo e multifacetado, e não pode ser reduzido a uma única ideia. A metáfora da fraternidade, enraizada no biológico, fornece o dado da “necessidade”. Você não pode escolher os irmãos. Eles estão lá, por nascimento. O conceito de amizade traria igualdade, evitando a hierarquia. O conceito de “proximidade”, abertura ao sofrimento e ao distinto. Embora os textos não explicitem uma fraternidade universal como algo já dado, é verdade que o impulso evangelizador se projeta para o mundo inteiro. Seria o objetivo, o projeto a ser alcançado. Mas vale lembrar que partimos de uma base já dada (como a biológica): somos filhos do mesmo Deus Pai e, portanto, já somos irmãos e irmãs. Trata-se de tomar consciência e viver como tal.
Creio que o Irmão Carlos, ao ler e meditar sobre o NT, foi encontrando esses aspectos e foi descobrindo sua vocação para ser um Irmão Universal na medida em que entendeu que não tinha que mudar os "outros" ou aparecer como “superior” a eles, mas que poderia viver uma fraternidade entre iguais, mesmo que fossem diferentes. A sensibilidade de Carlos à pequenez, que ele descobriu no Evangelho, permitiu-lhe compreender imediatamente que também ele tinha que se fazer pequeno – ou talvez melhor, reconhecer-se pequeno – para se tornar irmão de todos. É o caminho que eu entendo que ele nos convida a percorrer também.
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1 Tradução Pe. Anderson Messina Perini, Fraternidade de Marília/SP
2 Falo de "irmandade" para usar um termo mais inclusivo em espanhol, já que o conceito no NT é dito tanto para homens quanto para mulheres. "Fraternidade" exigiria "irmandade" para se complementarem. Em inglês, alguns usam "irmandade" como um termo inclusivo, em alemão "Geschwisterlichkeit".
3 Francisco, "Fratelli tutti" [online], Roma, 2020, https://www.vatican.va/content/francesco/es/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli- tutti.html [consultado: 28/04/25].
4 Como é sabido, no segundo capítulo ele reflete sobre a parábola chamada "Bom Samaritano" (Lc 10,25-37), cujo texto é reproduzido no § 57, e depois a comenta ao longo do capítulo e a retoma ao longo da encíclica.
5 Cf. Reidar Aasgaard, 'Meus amados irmãos e irmãs!' Irmandade cristã em Paulo, (Londres – Nova York: T&T Clark, 2004), 75-76.
6 Santiago Guijarro Porto, Lealdades em conflito. A ruptura com a família para o discipulado e a missão na tradição sinótica, Plenitudo temporis 4 (Salamanca: Universidad Pontificia, 1998), 58-59.
7 George Lakoff; M. Johnson, Metáforas pelas quais vivemos, Chicago: University of Chicago Press, 1980, citado em Aasgaard, 'Meus amados irmãos e irmãs!' …, 25. Distingue-se das metáforas de orientação ("Eu me sinto bem em cima de encorajamento", "Eu continuo Vá em frente com minha vida") ou o ontológico ("ele está de luto").
8 Cf. Joseph Ratzinger, Fraternidade cristã, (Madrid: Taurus, 1962).
9 Tomamos aqui como base o estudo meticuloso de Aasgaard, 'Meus amados irmãos e irmãs!' …. Por uma questão de tempo, não considerarei aqui as fórmulas vocativas muito abundantes que Paulo usa em suas cartas tais como: “Portanto, irmãos” (por exemplo, Rm 12,1), “Não quero que sejais ignorantes, irmãos” (por exemplo, 1 Co 10,1), etc.
10 Cf. Hanzel José Zúñiga Valerio, «Fraternidade-sororidade em Marcos e Mateus: uma perspectiva sócio-científica», em Fraternidade da Bíblia. Abordagens textuais, contextuais e intertextuais para Fratelli tutti, Estudos Bíblicos, ed. Juan Alberto Casas Ramírez (Estella: Verbo Divino, 2022) 119-136.
11 Cf. Ibid..
12 Eu tomo a expressão de Pebble Porto, Lealdades em conflito..., 309-310.
13 Cf. Rafael Aguirre Monasterio, «A comunidade como família no Evangelho de Mateus», em Anais do Congresso Internacional: "Bíblia, memória histórica e encruzilhada de culturas", eds. J. Campos e V. Pastor (Madrid: ABE, 2004) 99-108, 100.
14 Cf. Ibid., 105-107.
15 A maioria dos lugares onde a terminologia da fraternidade é usada em Mt é onde a resolução de conflitos está envolvida. Como se a primeira coisa a ser esquecida no conflito fosse que somos irmãos.
16 Zúñiga Valerio, "Fraternidade-irmandade em Marcos e Mateus".
17 Lembremo-nos, por exemplo, que em Lc, juntamente com as bem-aventuranças dirigidas a "vós, pobres", há as desgraças a "vós, ricos".
18 No caso de Marta e Maria, pode-se ver um conflito com os valores familiares tradicionais e uma escolha de Jesus pelo Reino, simbolizada pela atitude de Maria.
19 Cf. Edgar A. Toledo Ledezma, «O samaritano e o centurião Cornélio. Uma abordagem à fraternidade e sororidade no trabalho de Lucano", em Fraternidade da Bíblia. Abordagens textuais, contextuais e intertextuais para Fratelli tutti, Estudos Bíblicos, ed. Juan Alberto Casas Ramírez (Estella: Verbo Divino, 2022) 137-140.
20 Tiramos essa ideia de Carmen Bernabé-Ubieta, «Hermandad y amistad en el evangelio de Juan», em Fraternidade da Bíblia. Abordagens textuais, contextuais e intertextuais para Fratelli tutti, Estudos Bíblicos, ed. Juan Alberto Casas Ramírez (Estella: Verbo Divino, 2022) 151-162.
21 Cf., para este tópico, Juan Alberto Casas Ramírez, "Da irmandade pela consanguinidade à irmandade pelo sangue do Cordeiro. Fraternidade no Apocalipse", em Fraternidade da Bíblia. Abordagens textuais, contextuais e intertextuais para Fratelli tutti, Estudos Bíblicos, ed. Juan Alberto Casas Ramírez (Estella: Verbo Divino, 2022) 213-228.
Pe. Willians Roque Brito – Diocese de Marília/SP
Nos últimos anos, há uma escalada crescente nos conflitos nacionais e internacionais, preconceitos religiosos e étnicos, questionamentos e afronta aos direitos humanos que foram conquistados após muitas lutas em outras épocas. Esses e muitos outros desafios certamente provocaram o Papa Francisco a escrever a sua Carta Encíclica Fratelli Tutti, que significa Todos Irmãos, destinando-a a todas as pessoas de boa vontade. O papa nos apresenta conceitos que estão o atrelados à importância da Fraternidade, Amizade, Diálogo e Paz. Nossa reflexão, porém, enfatizará o aspecto das sombras do mundo atual, explicitadas pelo pontífice no primeiro capítulo de sua encíclica.
Retomando a Gaudium et Spes, o Papa Francisco recorda que “o ser humano se faz de tal maneira que não se realiza, não se desenvolve, nem pode encontrar a sua plenitude ‘a não ser por um sincero dom de si mesmo’ aos outros” (FT, n.87). Assim, Francisco recorda que pessoa humana não foi criada para ser uma ilha, sua vocação sublime se constituí através de relações abertas e dialógicas, que lhe permita ser completada com a riqueza de outra pessoa. Portanto, o fechamento surge como uma forma da negação de si e da vocação sublime que o Senhor lhe fez ao criar o mundo. Os problemas sociais são tantos, que o papa
propõe somente “algumas tendências do mundo atual que dificultam o seu
desenvolvimento” (FT, n.9). Vejamos o que diz a Fratelli Tutti:
Mas a história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos anacrônicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos. Em vários países, uma certa noção de unidade do povo e da nação, penetrada por diferentes ideologias, cria formas de egoísmo e de perda do sentido social mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais. Isto lembra-nos que ‘cada geração deve fazer suas as lutas e as conquistas das gerações anteriores e levá-las a metas ainda mais altas. É o caminho. O bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam de uma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia. Não é possível contentar-se com o que já se obteve no passado nem se instalar a gozá-lo como se esta situação nos levasse a ignorar que muitos dos nossos irmãos ainda sofrem situações de injustiça que nos interpelam a todos’. (FT, n.11)
O Catecismo da Igreja Católica diz que “a sociedade é indispensável à realização da vocação humana” (CIC, n.1886). Apesar disso, surgem diversas correntes ideológicas que tentam renegar a correlação entre fé e vida social. Mas a amizade e a justiça social brotam da própria Trindade, pois “existe certa semelhança entre a unidade das pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si” (CIC, n.1890). E a sociedade só é capaz de garantir a justiça social quando “realiza as condições que permitem às associações e a cada membro seu obterem o que lhes é devido conforme a sua natureza e vocação” (CIC, n.1928). Neste sentido, toda realidade que visa colaborar na fragmentação da interação interpessoal, substituindo-a pela busca desenfreada de interesses egoístas, torna-se como sombra de um mundo fechado e dilacera a vida humana.
Com uma clara compreensão dos valores inerentes à dignidade humana e uma análise objetiva dos desafios contemporâneos, o Papa Francisco apresenta algumas perspectivas sobre o mundo atual que representam obstáculos à amizade humana. Por isso, intitulou o primeiro capítulo da Fratelli Tutti como “Sombras de um mundo fechado”. Nele, expõe algumas problemáticas como a fragmentação dos sonhos humanos, o fim da consciência histórica das pessoas, a falta de um projeto comum, o descarte mundial das pessoas e dos bens naturais, os direitos humanos não suficientemente universais, o aumento dos conflitos e medos humanos, a globalização e processo sem um rumo comum, as pandemias e os outros flagelos da história, o problema da imigração, a ilusão da comunicação, a agressividade despudorada, a informação sem sabedoria, as sujeições e autodepreciação.
1. A perda do ideal comum e a imposição cultural-econômica
Segundo o Papa Francisco, a principal sombra do mundo é a ausência de um ideal comunitário. Ao final das guerras mundiais, cresceu entre as nações o anseio de ideais e projetos comuns, onde se inspira a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Mas esse progresso parece ser ultrapassado e os países apresentam sinais de regresso em situações que já pareciam superadas. Sobre isso, afirma o pontífice:
Os conflitos locais e o desinteresse pelo bem comum são instrumentalizados pela economia global para impor um modelo cultural único. Esta cultura unifica o mundo, mas divide as pessoas e as nações, porque “a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos”. (FT, n.12)
Num contexto semelhante ao colonialismo do século XX, o globalismo se impõe sobre os povos locais, desvalorizando a sua cultura para sobrepor um modelo cultural único, quase sempre carregado de apelo econômico. Desta forma, percebe-se a crise de instituições de antiquíssima tradição como a religião, as crenças, os ritos, os costumes, as democracias e as políticas regionais. “A melhor maneira de dominar e avançar sem entraves é semear o desânimo e despertar a desconfiança constante, mesmo disfarçada por detrás da defesa de alguns valores” (FT, n.15). Assim, a ausência de projeto comum colabora diretamente na instrumentalização de toda a sociedade em benefício de muitos interesses privados.
A crise das instituições sociais impede uma séria reflexão sobre o modelo econômico capitalista, que se impõe de modo global. Ele rechaça qualquer análise crítica e ataca toda forma de pensar que seja diferente aos seus princípios como se fosse nociva à sociedade. No entanto, o seu avanço irrefletido gera um grupo de pessoas descartadas, pois nem todos se encontram em condições de participar do estilo de vida que lhes é imposto. “Abrir-se ao mundo é uma expressão de que, hoje, se apropriam a economia e as finanças” (FT, n.12), desvirtuando o sentido genuíno de abertura. Na busca desenfreada pelos interesses privados escusos e pela exacerbação do individualismo, as pessoas se encontram cada vez mais isoladas num mundo massificado. Ao dissolver a identidade de regiões mais frágeis e pobres, o globalismo cria nelas uma dependência doentia.
2. O fim da consciência histórica
Uma outra sombra importante é o esquecimento da história das lutas do passado, que somado à massificação das culturas e à desvalorização dos costumes locais, contribui diretamente para impedir sonhos e conquistas coletivas. É a consciência histórica que permite à sociedade defender-se de ‘vírus’ antigos que se revestem de novas roupagens que ameaçam a paz e a concórdia entre todos. No mundo, porém, “nota-se a penetração cultural de uma espécie de ‘desconstrucionismo’, em que a liberdade humana pretende construir tudo a partir do zero” (FT, n.13). Mas, na verdade, cada situação específica tem uma história construtiva que ajudaria a evitar os erros e prolongar os acertos.
Nessa exclusão do passado, os primeiros a serem excluídos são os anciãos, que já não são mais ouvidos. Isso permite que diversas ideologias penetrem no coração das pessoas, reinando sem nenhuma oposição social. Tudo facilitado pelo esquecimento de tudo que precedeu. Esse fenômeno pode ser chamado de colonização cultural. Assim, ideias como democracia, liberdade, justiça, unidade e outras são manipuladas ou até desfiguradas para serem utilizadas como instrumento de domínio dos poderosos sobre os mais fracos. Conforme diz o pontífice, são como “títulos vazios de conteúdo que podem servir para justificar qualquer ação” (FT, n.14).
3. As consequências da perda da história e do isolamento
Ancorada numa ideia de liberdade sem limites, pequena parcela de pessoas parece sacrificar os seus próprios semelhantes em busca de benefícios privados. Descartam-se, assim, os pobres, as crianças, os doentes e os idosos, pois não pertencem às cadeias de produção de riquezas. Tudo facilitado pela imposição cultural, que gera isolamento e perda da consciência de conquistas históricas da humanidade. A crise sanitária do novo coronavírus desnudou a solidão dos idosos, que foram abandonados à própria sorte e à morte solitária em nome de não quebrar a economia, em nome do dinheiro.
Dentro desse aspecto, nota-se uma pressão constante aos governos para que diminuam os custos sociais dos trabalhadores. Esse movimento gera uma massa cada dia maior de desempregados. É um descarte que assume formas ainda mais dolorosas no racismo, na aporofobia e outros males que pareciam superados pela sociedade internacional e a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pode-se notar esse descarte até mesmo nas regras econômicas que impedem os países mais pobres de estarem em paridade com outras nações poderosas, atrasando e negando o seu próprio desenvolvimento.
Os direitos humanos são cada dia menos universais, isto é, cada vez menos pessoas têm acesso aos seus direitos básicos. Sem esta garantia dos direitos é impossível que haja paz e respeito no mundo. Somente “quando a dignidade do homem é respeitada e os seus direitos são reconhecidos e garantidos, florescem também a criatividade e a audácia, podendo a pessoa explorar as suas inúmeras iniciativas a favor do bem comum” (FT, n.22). Apesar disso, existe uma pequena parcela da humanidade que vive na opulência, renegando a grande parte o acesso aos direitos básicos como habitação, alimentação, saúde, educação, terra, trabalho e outros.
Tudo isso facilita a ascensão de diversos conflitos e guerras em todo o mundo, lançando os pobres numa situação ainda maior de medo e incerteza. “Estas situações de violência vão-se multiplicando cruelmente em muitas regiões do mundo, a ponto de assumir contornos daquela que se poderia chamar de terceira guerra mundial em pedaço” (FT, n.25). O crescimento da desconfiança e do medo em relação ao outro faz brotar a falsa pretensão de garantir paz e estabilidade por meio de armas. Estas realidades só podem existir no terreno da ausência completa de diálogo e de justiça. Num ambiente justo, a guerra não encontra terreno fértil para prosperar.
O Papa Francisco mostra que a globalização cria um sentimento de proximidade entre as pessoas por causa dos muitos avanços: tecnológicos, científicos, industriais e até mesmo do bem-estar. Mas como esses bens não atingem toda pessoa igualmente, acaba por isolá-las. Assim, a globalização coopera para um simultâneo regresso dos valores éticos e espirituais em todas as sociedades. Esfacela-se o senso de responsabilidade, alastrando “uma sensação geral de frustração, solidão e desespero”, retroalimentando os focos de tensão que geram o acúmulo de armas e munições. Consequentemente, apesar de mais próximos uns dos outros, enfraqueceu-se o sentido de pertença à família humana. Isso favoreceu tão somente a busca dos próprios interesses em detrimento do bem comum22. Em nome do progresso global, perdeu-se a consciência de que tudo está interligado.
Focos de tensão conduzem pessoas a buscarem outros lugares para viver, movidas pelo medo e pela busca de lugar mais seguro. Esse movimento gera um processo migratório cada vez mais crescente no mundo. Segundo relatórios da ACNUR23, no primeiro semestre de 2024, estima-se que mais de 120 milhões de pessoas deixaram a sua pátria; quase 40% delas eram crianças e adolescentes. Estas pessoas perdem fatalmente as suas raízes e geram uma fratura em sua comunidade de origem. Quando se instalam em outras pátrias, os refugiados são constantemente tratados como objetos de temor, aumentando e difundindo uma mentalidade xenófoba. Segundo o Papa Francisco, este fenômeno migratório formulará um novo rosto para o mundo futuro (cf. FT, n.40).
Outra sombra tão presente é a ‘ilusão da comunicação’, como afirma o Papa, pois a comunicação digital tem retirado das pessoas o direito à intimidade. As vidas são expiadas e se tornam fonte de interesse comercial. Toda e cada pessoa se tornam objeto dos olhares das mídias digitais. Nestes meios digitais cresce a agressividade despudorada, inclusive por parte de grupos cristãos. Além disso, cria-se um excesso de informação que nem sempre é fonte de sabedoria. Mal utilizados, os meios de comunicação têm gerado a diminuição dos encontros pessoais, do diálogo. Disse o pontífice que “ao desaparecer o silêncio e a escuta, transformando tudo em cliques e mensagens rápidas e ansiosas, coloca-se em perigo esta estrutura básica de uma comunicação humana sábia” (FT, n.49). Por isso, a comunicação com sabedoria torna-se um verdadeiro desafio.
1. Concluindo: a esperança não decepciona
O Papa Francisco é muito claro ao mostrar que, na perspectiva cristã, as sombras devem ser vistas sob a ótica da esperança. Não esquecidas, mas não devem ser o horizonte do ser e do agir cristão. Olhar os sofrimentos e limites do mundo atual sem lançar sobre eles o olhar da fé, seria como “viver uma quaresma sem Páscoa” (EG, n.6). E continua dizendo: “reconheço, porém, que a alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz [...]” (EG, n.6). Pode-se acreditar num futuro melhor não por ingenuidade, mas pela fé de que “Deus continua a espalhar as sementes do bem na humanidade” (FT, n.54).
Há muita gente que, estando engajada nas funções pelas quais vivem a sua vocação no mundo, dedicam-se sempre mais por um mundo melhor. Eles conseguem fazer a esperança persistir à medida que compreenderem que ninguém se salva sozinho. Concluindo a sua reflexão sobre as sombras, o papa afirma: “A esperança é ousada, sabe olhar para além das comodidades pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o horizonte, para se abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna”. Caminhemos na esperança!” (FT, n.55)
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22 No Brasil há um ditado que exprime esta realidade: “Cada um por si, Deus por todos.”
23 A ACNUR e uma agencia da ONU para levantar estatísticas e prestar auxílios as pessoas refugiadas.
Pe. Fernando Tapia – Arquidiocese de Santiago/CHILE
UMA TRADIÇÃO ESPIRITUAL DA IGREJA.
A experiência do deserto está muito presente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento e na tradição espiritual da Igreja:
✓ Moisés recebe sua vocação no deserto (Êxodo 3,1-15)
✓ Israel andou 40 anos no deserto: lá eles foram tentados, purificados e constituídos como um povo (Êxodo 15 e seguintes.)
✓ João Batista escolhe o deserto como cenário para sua vida e pregação (Mateus 3).
✓ Jesus faz um longo retiro de 40 dias no deserto antes de iniciar seu ministério apostólico. É também um lugar de luta contra o diabo (tentações Mateus 4,1-11)
✓ Nos primeiros séculos, muitos dos grandes Padres da Igreja foram para o deserto.
O QUE É O DIA DO DESERTO?
É passar um dia de solidão, de máxima simplicidade, de vazio. É parar física e mentalmente todos os nossos processos para estar com Deus (Marcos 3,14-15), com nós mesmos, com a natureza. É parar, é expor-se diante de Deus, é ouvir novamente. É perguntar a nós mesmos, quem sou eu, de quem sou? Tudo isso custa. Não estamos acostumados com isso. Nós nos valorizamos pelo que fazemos. Temos que aprender devagar, às vezes, dolorosamente.
É viver uma experiência radical de solidão e silêncio para buscar a Deus e permitir que Ele venha ao nosso encontro. É nos expor a Deus nus e vulneráveis para que Ele possa trabalhar por nós, conformando-nos à Sua imagem.
No deserto, todo o nosso ser é purificado. Tudo se torna desejo e confiança “você sabe que eu te amo”. Clamamos ao Espírito como o sopro da vida. É um lugar de tentações, um lugar de crise porque podemos encontrar Deus, mas também o diabo, o inimigo.
Leva-nos aos fundamentos de nós mesmos e surge a nossa própria miséria, o desejo de nos fecharmos e de nos afastarmos de Deus e dos irmãos.
Nós nos expomos a Deus sem ter para onde escapar e é por isso que alguns experimentam tristeza, aridez, desânimo, rebelião, tédio. Outra tentação é buscar resultados. A graça do deserto é vencer a tentação sutil de buscar segurança e santidade em nós mesmos. Talvez nos perguntemos: o que estou fazendo aqui? - Por que perder um tempo precioso?
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24 Tradução Pe. Anderson Messina Perini, Fraternidade de Marília/SP
O QUE ESTAMOS PROCURANDO?
1. Cresça no amor e purifique-o.
Experimentar o Absoluto de Deus é reafirmar com a vida que Ele é tudo, o único, aquele que permanece, o apoio, “minha rocha e meu baluarte” e nos busca incansavelmente.
A contrapartida é que experimentamos que nós mesmos somos transitórios, contingentes, totalmente dependentes do Outro e dos outros. É necessário aceitar a nossa condição de criaturas, a nossa fragilidade para nos deixarmos encontrar por Deus e acolher a sua graça. Este é o primeiro passo da nossa conversão. Ser crianças para pular nos braços de Deus.
“Em ti está a nossa força e o nosso refúgio.”
2. Crescer em humanidade.
Encontrar um lugar de autenticidade, olhar para nós mesmos com olhos cheios de verdade. Somente diante de Deus não podemos mais nos enganar. Entrar em comunhão com a nossa pobreza e limitações, descobrir as nossas ambiguidades e ambições, as nossas máscaras e nuances, as nossas contradições e falsas generosidades. Reconhecer nossa raiva, tristezas e ressentimentos, nossos julgamentos e preconceitos. Ver a trave em nossos olhos.
Nós nos expomos a Ele com toda a nossa verdade e nossa fragilidade, para que Ele possa nos encontrar e nos recriar, nos refazer. Podemos rezar com frases curtas que repetimos várias vezes: “Eis-me aqui, Senhor”, “Vem, Senhor Jesus”, “fala, Senhor, que o teu servo escuta”, “Tu és o meu tudo”, “O teu amor é eterno”, “Eu pertenço a ti, Senhor”, “Eu sou o teu filho amado”, etc.
Deste modo, abrimo-nos ao Espírito de Deus que reconstrói a nossa vida com a força da Palavra.
Quando descobrimos que Deus nos quer como somos, podemos crescer em liberdade e aceitação. Ele é um mestre de misericórdia e fala aos nossos corações. Sou um pecador, frágil, mas também um filho amado.
Se Deus é o autor da vida e da graça e nós somos criaturas sem grande poder, podemos entrar em comunhão com as pessoas com maior verdade. Quem
sou eu para julgar e controlar nossos irmãos e irmãs? No deserto, deixamos que a misericórdia para com os nossos irmãos e irmãs tome forma, para que possamos amar verdadeiramente.
Lá no deserto está a escola mais profunda da fraternidade.
COMO O FAZEMOS?
▪ Em atitude de abandono, sem programa, gratuitamente. Disposto a “perder” tempo, a ser. É uma experiência em que usamos o mínimo de mediações: apenas um intermediário: Jesus, o Senhor; um só mestre: o Espírito que habita em nós; um só alimento: a sua Palavra e a Eucaristia; e para o resto: nada ou quase nada. A experiência do deserto está contida nestas palavras de São João da Cruz: “Uma palavra falou o Pai, que era seu Filho, e esta palavra fala sempre em silêncio eterno, e em silêncio deve ser ouvida pelo homem”.
▪ Às vezes é bom fazer anotações sobre algumas coisas que descobrimos que mais tarde fazemos bem em lembrar.
▪ A oração é o principal exercício do deserto. No deserto, mais do que rezar, viemos para ser rezados. Viemos viver em profundidade o que São Paulo expressou como experiência: “O Espírito ora em nós, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8,26). Deixe-se olhar pelo Senhor, deixe-se amar por Ele, deixe-se tocar por Ele... Você está em silêncio, olhe, ame, adore...
▪ Pode-se começar pedindo a graça de “ter sede de Deus”, sede do Absoluto, a graça do encontro com Ele (Salmo 42).
▪ Reeleger Deus como nosso Pai/Mãe. Reconhecer-nos como seres humanos, filhos de Deus, amados por Ele. Rezar o Pai Nosso e a oração de Abandono várias vezes.
▪ Deixemo-nos acompanhar por Maria, nossa Mãe. Peçamos-lhe a graça do encontro com o seu Filho Jesus.
▪ No deserto devemos encontrar o nosso próprio ritmo. O relógio e o celular são supérfluos. Se quisermos orar, oremos; se quisermos caminhar, caminhemos; se quisermos contemplar, contemplemos; somos livres para fazê- lo. Uma vez no deserto, é o Espírito que nos impele interiormente a fazer o que devemos fazer. Ninguém mais será capaz de nos guiar, incomodar ou distrair.
▪ Que a comida seja austera e em uma quantidade que não o impeça de seguir seu caminho. Coma devagar, mastigue bem. Na experiência dos grandes do deserto, incluindo Jesus, o jejum ocupa um lugar importante. Este jejum no deserto é o sinal de que Deus é o maior.
Pe. Waldemir Santana, Arquidiocese da Paraíba/PB
A Bíblia é uma fonte de inspiração para todos os cristãos. É uma fonte perene para quem tem sede de encontrar uma razão para viver e continuar lutando por um outro mundo possível. Por isso, a Igreja Católica dedica todo o mês de setembro à Palavra de Deus. Desde 1971, celebra-se o Mês da Bíblia. A escolha desse mês é simbólica, pois, no dia 30 de setembro, celebramos a
memória de São Jerônimo, padroeiro de todos aqueles que se dedicam ao estudo da Palavra de Deus.
A finalidade do Mês da Bíblia é proporcionar às comunidades cristãs um maior aprofundamento da Palavra revelada em seu cotidiano e em sua vivência comunitária. A Bíblia é o livro da Igreja; por isso, ela testemunha a presença do Deus vivo na caminhada do povo rumo à terra onde jorra leite e mel, justiça e vida em abundância para todos. A caminhada de um povo pelas estradas da vida não é nada fácil: há obstáculos, desafios, percalços. Por isso, ao beber dessa fonte salvadora, o povo de Deus haurirá dela determinação e intrepidez para lutar pela implementação dos valores do Reino. Ela é a água viva que sacia nossa sede de justiça e paz. Como diz um canto das comunidades de base: “Ela é a semente do povo que ensina a viver no mundo novo.” Como fonte de inspiração, a Bíblia nos conduz ao encontro com Jesus Cristo na caminhada da comunidade.
A Bíblia é a Palavra de Deus, mas não esgota toda a Palavra de Deus. Há uma única Palavra de Deus, dentro da qual encontramos a Palavra escrita, profundamente ligada à Palavra transmitida, anunciada e proclamada no interior da humanidade e da comunidade dos fiéis. A Palavra de Deus não pode ser reduzida ao texto escrito, como se fosse apenas uma história da literatura ou um fóssil a ser estudado por especialistas. Ela não é um baú que guarda coisas antigas
— se assim fosse, seria algo inerte, morto. Como disse o escritor Georges Bernanos: “A Bíblia não é uma múmia do Egito a ser conservada em óleo.” Ela é uma realidade viva, uma semente fecunda que vai além da própria semente. Comentando o livro do profeta Ezequiel, o grande São Gregório Magno asseverou: Scriptura cum legente crescit (“A Escritura cresce com quem a lê”).
O leitor da Palavra de Deus, além de se enriquecer com o testemunho dos nossos antepassados, torna-se ele mesmo parte dessa tradição. Ler para vivenciar, isto é, colocar em prática. É atribuída a São Francisco uma exortação feita a um de seus confrades: “Lembre-se de que você será o único Evangelho que muita gente vai ler.” O testemunho é a prova de que a Palavra de Deus está viva em nossas vidas. A Bíblia é uma carta de Deus à humanidade. Mediante as páginas da Escritura, Deus nos fala, nos exorta, nos encoraja diante dos enfrentamentos da história, mas também nos consola quando as forças do mal tentam nos destruir. Cada homem e mulher tem uma abertura ao infinito de Deus, tem sede e fome de verdade, de felicidade. Na caminhada das comunidades, Deus se apresenta como a base segura sobre a qual podemos construir nosso edifício existencial. A Palavra de Deus é o porto seguro onde podemos ancorar o barco da nossa existência diante das ondas revoltas da história. Por isso, precisamos lê-la, relê-la e conformar nossas vidas aos seus ensinamentos.
A Bíblia marca a vida de nossas comunidades e continuará a marcá-la até o fim dos tempos. Ela contém a mensagem de Deus para todos os momentos de nossas vidas. Essa Palavra não traz consigo apenas o poder de Deus; ela não é somente palavras e sons, mas realiza aquilo que expressa. Como diz uma famosa passagem do livro do profeta Isaías:
“Como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam sem terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, dando semente ao semeador e pão ao que come, assim ocorre com a palavra que sai da minha boca: ela não voltará a mim sem efeito, sem ter cumprido o que eu quis e realizado o objetivo de sua missão” (Is 55,10-11).
O mês de setembro, dedicado à Bíblia, é uma fonte de reflexão e de inspiração singular para todos os cristãos comprometidos com a causa da libertação dos oprimidos por um capitalismo sórdido. A espiritualidade bíblica, que é de caráter auditivo (Fides ex auditu), nos oferece um quadro profundamente humanizador para todas as pessoas de boa vontade. Quando ela é lida com o espelho da fé — e não como um manual dogmático ou código de comportamento
—, ela nos interpela profundamente sobre a maneira como vivemos neste mundo. A Bíblia está arraigada na experiência humana em seu desdobramento e não deve ser reduzida a um mero manual histórico de conhecimento teórico.
Podemos dizer que a Bíblia é uma semente. Toda semente é carregada de informações e não apenas do que ela aparenta. Atrás da Palavra, existe a experiência — e isso é o mais importante. As palavras carregam experiências profundas: experiências que nossos antepassados na fé viveram e depois
traduziram em palavras, que continuam transmitindo essa vivência. Assim é a Bíblia: um longo tapete que vai se desenrolando aos poucos, do Gênesis ao Apocalipse. A Bíblia contém a revelação de Deus, e essa revelação é um processo pedagógico que mostra como Deus vai se revelando gradualmente.
Neste ano, a Igreja propõe a Carta de São Paulo aos Romanos para a reflexão dos cristãos durante o mês de setembro. Essa carta é considerada, pela maioria dos estudiosos, de autoria de São Paulo. Não é possível perceber nitidamente seu objetivo específico; por isso, existem várias hipóteses. A primeira é que Paulo desejava ir a Jerusalém levar a coleta para os pobres (Rm 15,30-31), o que não era apenas um gesto de solidariedade, mas também de comunhão entre as comunidades gentílicas e a Igreja-mãe de Jerusalém. Trata-se de uma carta serena, como se fosse um grande testamento espiritual e exegético, no qual o apóstolo relê as Escrituras dentro do quadro cultural de seu tempo. É uma reflexão amadurecida e com uma fundamentação mais aprofundada.
Estão à disposição de todas as comunidades subsídios que ajudarão na reflexão sobre a beleza e a importância dessa carta, contribuindo para corrigirmos falsas interpretações que vigoram neste tempo de extremismo religioso.
Pe. Roque Hammes, Diocese de Santa Cruz do Sul/RS
Ao receber, no dia 21 de abril, a notícia da morte do Papa Francisco, meu primeiro pensamento foi dizer: "Obrigado, ó Pai, por nos ter dado o Papa Francisco!". Sim, eu lamento profundamente a sua morte, mas também entendo que ele foi um ser humano igual a todos nós e, como tal, sujeito às leis da natureza. Nos últimos meses, era evidente o seu declínio físico e, como tal, a esperança de uma recuperação foi se afastando lentamente. Rezei muito por ele, não tanto pela sua recuperação, mas para que permanecesse fiel até o fim, o que ele conseguiu fazer. Prova disso foi sua presença no balcão central da Basílica Vaticana durante a leitura da mensagem “Urbi et Orbi” feita pelo Monsenhor Diego Raveli, no Domingo de Páscoa, de onde desejou a todos uma "Feliz Páscoa”. Antes de voltar para a Casa Santa Marta onde passou suas últimas horas de vida, quis passar pela praça São Pedro, para mostrar o seu afeto ao povo que lhe fora confiado no dia 13 de março de 2013.
Pessoalmente, nunca escondi minha admiração pelo Papa Francisco, sendo que me considero um dos seus fãs. Destaco, nesta matéria, algumas das suas atitudes e palavras que fizeram dele o maior Papa que a Igreja teve após o Concílio Vaticano II.
1º) Francisco foi um Papa desapegado: Renunciou à residência no Palácio Apostólico e foi morar na Casa Santa Marta, onde fazia as refeições com outros moradores e hóspedes. Em suas viagens dispensou o “Papa Móvel” para poder estar mais próximo do povo. Relativizou as afirmações dogmáticas da tradição escutando as pessoas. Em seu testamento pediu para ser sepultado fora dos muros do Vaticano, num caixão simples e dentro da terra, sem as honras de uma pessoa poderosa, mas como pastor e discípulo de Cristo.
2º) Foi um Papa humilde: No ritual de apresentação ao mundo, no dia 13 de março de 2013, se prostrou diante do povo pedindo que intercedesse a Deus por ele. Ao final de cada alocução pedia: "Rezem por mim". Não teve medo em se confessar "pecador". Em seu primeiro documento oficial - Evangelii Gaudium
- disse que "não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo. Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que sobressaem nos seus territórios". Questionado sobre a posição da Igreja em relação aos grupos de LGBTQI+ e casamento de homossexuais, respondeu: “Quem sou eu para julgar?”. Em outra oportunidade causou alvoroço entre os católicos mais tradicionais ao afirmar que "é melhor ser ateu do que católico hipócrita".
3º) O Papa da Misericórdia: Além de ter convocado o Ano Santo da Misericórdia para 2015, os 12 anos do papado de Francisco são pródigos em atitudes e palavras de misericórdia. Durante a Semana Santa, fazia questão de rezar com os presidiários onde lavava os pés de um grupo deles. Sua primeira viagem apostólica foi à ilha de Lampedusa aonde chegavam milhares de migrantes fugidos das guerras e revoluções de seus países de origem. Acolheu em audiência pessoas confessadamente homossexuais e transexuais, garantindo-lhes que também para eles há lugar na Igreja. Em relação à comunhão para os divorciados sentenciou que “a comunhão não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos”. Visitou vários lugares onde a dignidade humana é machucada e chorou numa visita ao Campo de concentração de Auschwits, onde foram mortas mais de um milhão de pessoas. Se sensibilizou em visita à Hiroshima e Nagasaki, onde os americanos mataram milhares de pessoas com a bomba atômica, de onde pediu o favor de se parar com a fabricação de novas bombas. Ao falar sobre a santidade, afirmou que a carteira de identidade dos cristãos são as Bem-Aventuranças com destaque para a quinta: "Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia". E, dizia ele, "se alguém não entender o que isso significa, leia Mateus 25, onde Jesus diz: “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, estava nu e me vestistes, era migrante e me acolhestes, estive doente e preso e viestes me visitar”. Ser misericordioso significa isso!
4) O Papa dos Pobres: Em fidelidade à sua missão, disse que “o amor pelos pobres está no centro do Evangelho”, mesmo que isso lhe custasse a alcunha de “papa comunista”. Em um encontro com os militantes dos Movimentos Populares, pediu que seguissem a lutar para que não houvesse "nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem emprego". Deixou claro que “terra, teto e trabalho, são direitos sagrados que devem ser defendidos”. Instituiu o “Dia Mundial dos Pobres” a ser celebrado no domingo que antecede à Festa de Cristo Rei do Universo, sugerindo que as paróquias organizassem, neste dia, uma mesa especial para os pobres. Propôs uma Igreja pobre entre os pobres e para os pobres.
5º) O Papa que gritou pelo fim do armamento: Em várias oportunidades, Francisco pediu que se calassem as armas e se parassem com as guerras, “porque na guerra não existem vencedores, mas só perdedores”. Alertou o mundo de que “estamos a viver uma terceira guerra mundial aos pedaços”. Clamou inúmeras vezes para que se parasse com a guerra na Ucrânia e se desistisse do genocídio na Faixa de Gaza, onde a maioria dos mortos são mulheres e crianças.
6º) O Papa que nos provocou a zelarmos pelo Meio Ambiente, a nossa “Casa Comum”. Instituiu o “Dia Mundial de Oração pelo cuidado da Criação” a ser comemorado em 1º de setembro, quando inicia o “Tempo da Criação” que se estende até a festa de São Francisco de Assis, no dia 4 de outubro. Escreveu a "Laudato Si" sobre o Cuidado da Casa Comum, que se tornou um documento imprescindível para ambientalistas e cientistas ocupados em frear o aquecimento global. Durante a pandemia da Covid 19, em diversas ocasiões, nos alertou para o fato de estarmos todos no mesmo barco, que é o Planeta Terra, onde todos vamos sobreviver ou todos vamos perecer. Se uniu ao clamor dos jovens, liderados por Greta Thunberg, para alertar sobre o perigo das mudanças climáticas. Insistia com os jovens: “Não permitam que lhes tiremos a esperança”. Pediu, com insistência, para que aprendêssemos a contemplar a criação, porque "quem contempla também cuida".
7º) O Papa que convocou a Igreja a se voltar ao Evangelho: Denunciou os falsos moralismos de setores da Igreja pedindo que voltássemos os olhos para Jesus Cristo. Que prestássemos atenção à sua prática e às suas palavras. Ao reafirmar que "a defesa do inocente nascituro deve ser clara, firme e apaixonada" lembrou que “igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, no tráfico das pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados...” (GE, n. 101). Pediu que não olhássemos com altivez para as outras pessoas ou igrejas, “assumindo o papel de juízes que consideram os outros indignos na pretensão de dar-lhes lições de moral” (Idem 117).
8º) Um convite ao ecumenismo e diálogo com as outras religiões. Em várias oportunidades, Francisco se encontrou com lideranças de outras igrejas cristãs e outras religiões. Visitou mesquitas, entrou em terreiros de umbanda, se encontrou com lideranças ortodoxas e evangélicas. Afirmou que "todos nós somos irmãos, porque fomos criados pelo mesmo Deus". Compartilhou o mesmo palco com diferentes autoridades religiosas de outras religiões, sem nenhum constrangimento.
Existem muitos outros elementos que se deveriam destacar deste Santo Padre Francisco. Somos imensamente gratos a Deus por nos ter permitido que ele fosse o guia da Igreja Católica por 12 curtos anos. Deus o acolha em seus braços! Daqui da terra, nós lhe dizemos do fundo dos corações: OBRIGADO FRANCISCO!
Pe. Deusdédit Monge de Almeida, Arquidiocese
de Cuiabá/MT
Nosso sentimento não poderia ser outro, senão de felicidade pela eleição do novo sumo Pontífice. Estamos felizes com a chegada ao trono de Pedro o Papa Leão XIV (Robert Francis Prevost). Permanece forte, na memória de toda a Igreja, a experiência de confiança em Deus e da oração que vivemos por ocasião do conclave e da escolha do sucessor do
Apóstolo Pedro na soberania universal da Igreja Católica. Acompanhamos
atentamente todos os acontecimentos com olhar de fé e não com olhar dos analistas sociais e da mídia.
A eleição de Leão XIV nos faz acreditar que, de fato, apesar de a Igreja ser humana e, por isso, pecadora, ela é também, divina, governada pelo Espírito Santo. Porque é divina é, também, santa e eterna. Vale lembrar sempre, que a Igreja não é uma Instituição originada da vontade humana, mas de Jesus Cristo, filho de Deus, o qual foi construindo o seu discipulado, tendo como cabeça o apóstolo Pedro. Portanto, a Igreja Católica é fundada pelo Filho de Deus! A sentença do Divino Mestre: “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei minha Igreja” (Mt 16,15), vem nos lembrar que o Papado é uma Instituição de Direito Divino. O ministério Petrino (primado de Pedro), assim denominado pela tradição da Igreja, é, portanto, mandato divino e garante a unidade e comunhão na fé, na doutrina, nos sacramentos e na reta interpretação Bíblica. Pedro foi desde o início, designado por Jesus para o ministério da síntese e do discernimento. Senão, vede: Pedro é o primeiro a entrar no Túmulo de Jesus (Jo 20,6); Pedro, que opera os maiores milagres (At.,3,1; 5,1-15; 9,40); Pedro que preside o Concílio de Jerusalém (ano 48) para solucionar a controvérsia em torno da circuncisão dos pagãos que se convertiam ao Cristianismo (At. 15,1..); Pedro toma a iniciativa de substituir Judas (At. 1,15); Pedro fala em nome dos Apóstolos no grande discurso aos Judeus no dia de Pentecoste(At.,2,14); Pedro, que avisado pelo céu, admite os primeiros pagãos na Igreja (At. 10,11).
Este ministério Petrino, a partir do dia 8 de maio de 2025, vem sendo exercido e perenizado pela figura do Papa Leão XIV, Pontífice que já exerceu seu ministério no continente Latino-americano (Peru). Certamente o Papa Leão XIV incorporará, no seu magistério, um pouco do jeito latino de ser Igreja: alegria, calor humano, acolhimento, simplicidade, desprendimento e compromisso com a promoção da justiça social. A consciência social despertada na Igreja pelos Papas Leão XIII (Rerum Novarum-1891), João XXIII (Mater et Magistra, 1961, e Pacem in terris -1963) e a consciência de uma Igreja sinodal do Papa Francisco, certamente terão ecos no pontificado do Papa Leão XIV, o qual já vem encantando o mundo com sua simplicidade, alegria juvenil e presença midiática. Vamos ouvir o que Espírito Santo quer falar à Igreja e ao mundo através de Leão XIV.
Cada Pontífice, com seu carisma, é uma palavra viva de Deus para o momento histórico que vivemos. É um novo Papa para um novo tempo! O Papa Leão, homenageando Leão XIII, com a escolha do nome, pode sinalizar um dos aspectos a ser acentuado no seu pontificado: compromisso com a doutrina social da Igreja na busca por justiça e dignidade humana no contexto da atual “revolução digital” e dos avanços da inteligência artificial, os quais trazem novos desafios para o mundo do trabalho.
Assim, a eleição do sucessor de Pedro significa para os discípulos de Cristo, de ontem e de hoje, um convite à fé na presença e atuação do Divino Pastor na sua Igreja. Elevemos a Deus nossas preces na certeza de que o Papa Leão XIV, há de contar, com a assistência da Divina providência em sua missão e a docilidade do rebanho. Ao Papa Leão XIV nossa obediência na fé e aos ensinamentos que emanarão de seu magistério de supremo Pastor da Igreja Católica! E, com ele, queremos reafirmar com humildade, mas com coragem ao mesmo tempo, nossa fé na Igreja de Jesus Cristo: Una, Santa, Católica e Apostólica. Ontem Pedro, hoje Leão XIV, sempre será Cristo! Rezemos para que o Papa Leão XIV tenha um fecundo e exitoso pontificado para o bem da Igreja e do mundo.
RETIRO ANUAL - (06 a 13 de janeiro de 2026)
"Meu Deus, se existis, fazei que Vos conheça"
(São Carlos de Foucauld)
Caro irmão e irmã das Fraternidades do Brasil! Paz e Bem! Que a alegria do Bem-Amado Senhor Jesus seja nossa força!
Vimos convidar você a participar do Retiro Anual da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas, onde aprofundaremos a nossa espiritualidade e estreitaremos nossos laços fraternos.
Início: 06 de janeiro de 2026, terça-feira, às 18h, com a Celebração Eucarística.
Término: 13 janeiro, terça-feira, às 12h, com almoço.
Orientador: Dom Vicente Paulo Ferreira (Livramento de Nossa Senhora- BA)
LOCAL: CENTRO DE EVENTOS OÁSIS CAPUCHINHOS
RUA DOS CAPUCHINHOS, 12
75.340-000 HIDROLÂNDIA - GO
Hospedagem: R$1.500,00 (Hum mil e quinhentos reais), quartos duplos. Está incluso roupa de cama e banho, bem como as despesas com o pregador. O pagamento deve ser feito pela chave PIX: fsjcbrasil@gmail.com e enviar o comprovante para o Pe. Josivan: (66) 8157-5304.
Obs.: Quem chegar antes do dia, deve confirmar com Ana Luísa: (62) 99659-3275.
Levar: Ofício Divino das Comunidades e Bíblia, algo de sua região para a confraternização. Remédios de uso contínuo. Comunicar se tem restrição alimentar.
Favor enviar sua inscrição com seu nome, telefone e endereço completo; até o dia 30 de novembro 2025, para o e-mail: fsjcbrasil@gmail.com .
Convide também padres simpatizantes da Fraternidade, seminaristas teólogos, irmãos(as), consagrados(as) e leigos(as) ligados à espiritualidade de São Carlos de Foucauld.
Fraternalmente, no bem-amado Senhor Jesus!
Pe. José de Anchieta Moura Lima Responsável Nacional
janchietamoura@hotmail.com / (32) 99917-4278
Fraternidade Sacerdotal Jesus + Cáritas - Região Nordeste
O Encontro Regional FSJC Nordeste aconteceu em Teresina/PI, nos dias 1º a 3 de julho de 2025. Assim nos intitulou Dom Edwalter Andrade (Diocese Parnaíba-PI), pregador do encontro: Retiro dos Irmãozinhos de Charles de Foucauld. Com o tema: “Charles de Foucauld, o peregrino da Esperança”. Nas meditações, ajudou- nos a adentrar no mistério do seguimento de Jesus intercalando elucidativamente,
textos do Evangelho, do magistério do Papa Francisco e do Irmão Charles de Foucauld, como testemunho e sinal da Esperança neste ano jubilar: - Caminhar nas pegadas da pobreza; - Contemplação e serviço aos pobres; - Um novo modo de viver o Evangelho; - Mostrar Cristo com a vida. Com simplicidade e sobriedade evangélica e orante, Dom Edwalter permaneceu no meio de nós como um Irmãozinho de Charles de Foucauld para, em seguida, ao despedir-se ir ao encontro de sua irmã que se encontrava hospitalizada para procedimento cirúrgico com delicada saúde. A Dom Edwalter, a nossa mais profunda gratidão.
Na ocasião, participou de nosso encontro a nossa irmã Fátima da Fraternidade do Piauí a nossa Ação de Graças a Deus pelo seu testemunho, organização e acolhida. Ao final realizamos a assembleia regional com eleição regional. O nosso agradecimento ao Diácono José Gomes, que se dedicou por oito anos a serviço do regional de nossas Fraternidades. Logo, com a graça de Deus, formou-se uma nova Equipe Regional de Coordenação: Piauí (Pe. Hernesto), Ceará (Pe. Zacarias), Pernambuco (Pe. Jair), Paraíba (Irz. Diác. Lindolfo), Secretário Regional (Pe. Reginaldo - CE), Ecônomo (Pe. Jaildo - PB). Para esta ocasião recebemos a visita do padre Ladislau um testemunho profético da Fraternidade do Piauí e do Nordeste, que buscamos agora responder às suas considerações para dar acompanhamento à vida das Fraternidades. Permaneçamos unidos pela Oração do Abandono!
Fraternidade Sacerdotal Jesus + Cáritas - Região Sudeste/ São Paulo
Ocorreu em Santos/SP, nos dias 28 a 30 de abril, o encontro Estadual das Fraternidades da região de São Paulo. Contanto com a coordenação do Pe. Willians e a acolhida do Pe. Wilson, da diocese de Santos, o encontro contou com a presença de 15 irmãos presbíteros oriundos de várias dioceses do estado.
No primeiro dia, segunda-feira, a acolhida foi feita com o almoço e uma reunião no período da tarde. À noite, como habitualmente, foi realizada uma confraternização na casa de encontros.
Na terça-feira, após a missa e o café, foi lida a catequese do Papa Francisco sobre Charles de Foucauld, proferida em 18 de outubro de 2023. Em seguida, houve partilha e deserto. Como o pontífice acabara de fazer a sua páscoa, foi sugerido para a noite um texto que abordava dez pontos de seu pontificado, feito por ocasião dos dez anos dele.
Na quarta-feira, após a oração e o café da manhã, foi realizada uma assembleia estadual com a finalidade de avaliar o encontro e de eleger o futuro responsável pelas Fraternidades da região, a partir de janeiro de 2026. O encontro e a sua dinâmica foram positivamente avaliados por todos os presentes.
O responsável eleito, após indicações de nomes e um escrutínio, foi o Padre Andrés Gonzales Mejía, da nova arquidiocese de São José do Rio Preto. O padre Andrés atingiu 9 votos de 15 possíveis e aceitou a sua nova missão.
O encontro se encerrou com o momento de adoração e o almoço. Além disso, ficou definida a data de 04 a 06 de maio de 2026 para o próximo encontro. “O ambiente foi muito fraterno e pudemos rever a espiritualidade do irmão Carlos, bem como os irmãos novos e antigos na caminhada”, disse o Pe. Willians, que concluiu a sua missão agradecendo a todos pela confiança.
Fraternidade Sacerdotal Jesus + Cáritas - Região Sul
Nos dias 27 a 29 de julho se encontraram em Vacaria RS, na casa do Bispo Dom Silvio, doze membros de cinco Fraternidades do RS e SC. Marcou presença o responsável Nacional, padre Anchieta.
Foram dias vividos num clima fraterno, de partilha de vida, oração, contemplação e reflexão. Os textos que vimos juntos foi sobre a vida do Irmão Carlos, reforçando os meios das Fraternidades, que nos ajudam a manter o caminho e a espiritualidade. Também o artigo: “Remédio para o suicídio de sacerdotes” de Dom Messias dos Reis Silveira, bispo de Teófilo Otoni. Tem nos ajudado em nossa reflexão.
Pe. Anchieta nos relatou como foi a Assembleia Internacional que aconteceu em Buenos Aires no mês de maio. Ainda partilhou que o Conselho Nacional que se reuniu em São Paulo, em julho. Fomos motivados a animar e fortalecer nossas Fraternidades, viver o mês de Nazaré, participar do retiro Nacional, contribuir com nossos recursos para a organização em nível Nacional e o boletim das fraternidades. Somos todos gratos pela acolhida de Dom Silvio, a presença motivadora de Dom Edson e a importante participação do padre Anchieta. Vivemos dias de frio e chuva, mas havia muito calor humano. Gratidão a Deus por essa vivência fraterna, gratuita e motivadora.
Fraternidade Sacerdotal Jesus + Cáritas - Região Norte
Nos dias 14 a 18 de julho de 2025, em Belém/PA, aconteceu o Encontro Anual das Fraternidades da Região Norte para momento de espiritualidade e encontro de seus membros. Na foto ao lado os participantes em sua sequência: os padres Felipe, Paulo Sérgio, Brayam, Antônio José, Silvio, Antão, Carlinhos, João Pedro, Jaime Pereira, diácono Raimison e o seminarista Milton.
Fraternidade Sacerdotal Jesus + Cáritas – Conselho Nacional
O Conselho Nacional da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas Brasil reuniu-se em São Paulo, dos dias 14 a 16 de julho de 2025, na Paróquia Santa Rita de Cássia, no bairro Pari. O Encontro foi acolhido pelo nosso irmão Cônego Celso Pedro da Silva. A ele a nossa gratidão. No encontro foi tratado sobre a Associação Jesus Caritas, presidida pelo Pe.
Carlos Roberto dos Santos com sede na Casa da Fraternidade, em Goiás/GO. A Assembleia da Associação foi hibrida, contando com a participação dos membros que estavam presentes bem como a de outros membros do conselho de forma on- line. O Encontro também avaliou o Retiro Anual de 2025, fez a organização do próximo, em 2026, em Hortolândia/GO. Tivemos momentos de oração, adoração ao Santíssimo, missa e um dia de revisão de vida. Estiveram presentes o responsável nacional Pe. José de Anchieta, os responsáveis regionais: Pe. Loivo, da região Sul; Pe. Willians, da região Sudeste; diácono José Gomes, da região Nordeste e Pe. Anderson, responsável pelo Boletim da Fraternidade.
Fraternidade Secular Chales de Foucauld – Encontro Nacional
O Encontro Nacional da Fraternidade Secular Charles de Foucauld, em Cabedelo/PB, foi realizado de 1º a 4 de maio de 2025. Ao final do encontro foi aprovada a nova coordenação nacional: Elza Ventura, da Fraternidade de Suzano, e Renato Bicudo da Fraternidade do Centro - São Paulo.
Os irmãos e irmãs tiveram a oportunidade de expressarem seu agradecimento a Márcia e Daniel Higino pelos anos seguidos de serviço à coordenação nacional, sua dedicação e generosidade incondicional para a vida das Fraternidades em responder aos apelos e desafios atuais, à luz do Evangelho e da solidariedade no seguimento de Jesus Cristo.
Neste encontro nacional, foram trabalhados os temas: Nazaré e a Casa Comum, animado pelo Ir. João Batista; Laudato Si', animado pelo grupo deste movimento em João Pessoa (Filhas de Francisco); Visita à Casa da Esperança, de
Pe. Antônio. Pudemos abordar o tema da Fratelli Tutti concretamente através da luta dos moradores pela permanência no local às margens da mata atlântica onde residem há mais de 60 anos. Sendo que a casa de Antônio é a casa de todos onde todos são abraçados incondicionalmente. Ir. Cleide contribuiu nesta reflexão da Fratelli Tutti apresentando o acompanhamento que realiza junto às mulheres do bairro e ao mesmo tempo nos brindou com o seu livro “40 anos de luta e resistência no meio popular. Fraternidade, missão, solidariedade, celebração da vida”.
Papa Francisco. Jesus Cristo, nossa esperança: a esperança cristã e o sentido da vida. São Paulo: Paulus, 2025.
Papa Francisco. Dilexit nos: carta encíclica sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus. Brasília: Editora CNBB, 2024.
Matthias J.A. Ham. Tarde te amei: formação de adultos ao ministério ordenado. São Paulo: Paulinas, 2022.
Timothy Radcliffe. Por que ser cristão? São Paulo: Paulinas, 2011.
* Mês de Nazaré de 4 a 31 de janeiro de 2026 Reserve este mês em sua vida e venha participar!
Retiro Anual da Fraternidade 2026 6 a 13 de janeiro de 2026
Pregador: Dom Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R. Diocese de Livramento de Nossa Senhora/BA
Casa de Retiros Oásis Capuchinho (Seminário são Leopoldo Mandic) Rua dos Capuchinhos nº 12, Zona Rural – Hidrolândia/GO
Contato: (62) 99659-3275 – Ana Luísa
E-mail: contato.freileopoldomandic@yahoo.com.br
Acesse estes link https://forms.gle/5BEMCx7J2e8HpaG46 e responda seus dados atualizados, par receber as edições 2025.
Dúvidas: jesuscaritasbrasil@gmail.com com Diác. Amauri Dias de Moura
Lembramos aos membros das diversas Fraternidades do Brasil o compromisso de colaborar financeiramente, com R$ 150,00 por ano para a manuteção da Fraternidade. Faça sua colaboração no Encontro Regional da sua fraternidade. No entanto, se necessário, sua colaboração também pode ser feita no Retiro Anual, com o tesoureiro da Fraternidade.
Não se esqueça de enviar comprovante ao tesoureiro nacional.
BOLETIM DA FRATERNIDADE
FAÇA SUA ASSINATURA ANUAL OU RENOVE SUA
ASSINATURA NO LINKhttps://forms.gle/5BEMCx7J2e8HpaG46 (responda seus dados atualizados, para receber as edições 2025)
O investimento para cada assinatura - três edições ao ano - é de R$ 50,00 (cinquenta reais), pago de uma única vez ao tesoureiro da Fraternidade (veja Pe. Josivan, na página 53-54).
Você pode fazer um presente a um amigo simpatizante da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, ou àquele que há tempos não está participando, ou outra pessoa.
Se quiser fazer uma doação para colaborar com os custos dos boletins que forem impressos para circulação gratuita, é só acrescentar, ao valor da assinatura, o quanto a mais quer doar.
Dúvidas: jesuscaritasbrasil@gmail.com com Diác. Amauri Dias de Mour
COLABORAÇÃO COM A CASA DA FRATERNIDADE
Você pode colaborar com uma doação expontânea, fazendo um pix para 47.659.405/0001- 08 – CNPJ e envie comprovante para o email: casadafraternidade22@gmail.com
Você pode fazer uma colaboração mensal. Entre em contato conosco pelo email: casadafraternidade22@gmail.com.
Você pode fazer um depósito bancário na conta da ASSOCIAÇÃO JESUS CARITAS, Agência 277-1 (Banco do Brasil), conta Corrente 29.813-1 - IBAN: BR3900000000002770000298131C1 e envie comprovante para o email: casadafraternidade22@gmail.com.
CONSELHO, SERVIÇOS, FAMÍLIA ESPIRITUAL DO IR. CARLOS,
POR FAVOR, ACESSE-OS NESTE LINK:
XII Assembleia Geral da FSJC – ao centro Pe. José Anchieta, Pe. Carlos, Pe. Willians e Pe. Paulão, nossos delegados brasileiros
Pe. Carlos, atual responsável internacional
Pe. Ben Eric C. Lozada, Filipino, que terminou seu mandato de responsável internacional
XII Assembleia Internacional.
Delegação do Brasil: Pe. Willians, Pe. Carlos, Pe. Anchieta e Pe. Paulão
Do Santuário de N. Sra. de Luján
A Fraternidade é possível
Os últimos responsáveis internacionais: Pe. Abraham, Pe. Aurélio, Pe. Carlos (atual), Pe. Eric Lozada
REGIÃO NORDESTE
REGIÃO SUDESTE
REGIÃO SUL
REGIÃO NORTE
CONSELHO NACIONAL
ENCONTRO NACIONAL DA FRAT. LEIGA
DE 1 A 4/05/2025