BOLETIM 130-2008

Da Redação

 

Caros Amigos e Irmãos da Fraternidade.

  

O tempo passa muito depressa. Acabamos de publicar o Boletim de março com as reflexões do retiro anual, parece que foi ontem, e já estamos preparando mais uma edição. Desta vez, contamos com o excelente artigo do Frater Henrique Cristiano José Matos, cmm: Charles de Foucauld interpela a Vida Religiosa, hoje. Para nos ajudar na reflexão, o texto está organizado em três capítulos: Traços bibliográficos: a incessante busca do sentido existencial; a espiritualidade de Nazaré; a atualidade do carisma do Ir. Carlos para a Igreja e para a Vida Religiosa e, Conclusão. E o artigo do Frei Betto: Orar é entrar em sintonia com Deus. Aproveite para ler e refletir no dia do encontro de sua fraternidade e passe adiante; bons artigos e boas reflexões não podemos guardar só para nós, é bom partilhar.

O Conselho Internacional se encontrou, no início do ano, em Omaha, USA, na paróquia do Pe. Richard. Neste Boletim você terá a oportunidade de ler, em espanhol, a Carta do Conselho e refletir com sua fraternidade sobre a proposta do “guia para a vida em fraternidade” e a solicitação financeira. Desta vez, vamos experimentar algo que é característico da fraternidade, a internacionalidade.

Como de costume, publicamos algumas indicações para a sua leitura, a agenda dos encontros das regiões. Seria bom que o responsável pela região, ou alguém indicado por ele depois da realização do encontro, enviasse uma nota para o Boletim. Assim, cada região vai partilhando as informações com as outras e incentivando a realização de encontros regionais com maior frequência e participação. Ou, por que não dizer, deixar transparecer também as limitações.

Desejamos aos amigos e irmãos da Fraternidade uma boa leitura e aguardamos notícias de sua região para partilhar com os leitores deste Boletim!

 

1. CHARLES DE FOUCAULD INTERPELA A VIDA RELIGIOSA, HOJE 

Este artigo, longo, já estava publicado aqui como BIOGRAFIA EXTENSA do irmão Carlos.  Para economizar espaço, por favor, você que está interessado em lê-la, acesse-a por meio deste link: BIOGRAFIA EXTENSA 


2. ORAR

 

Frei Betto

 

          Orar é entrar em sintonia com Deus. Há muitas maneiras de fazê-lo e não se pode dizer que esta é melhor que aquela. Há orações individuais ou coletivas, baseadas em fórmulas ou espontâneas, cantadas ou recitadas. Os salmos, por exemplo, são orações poéticas, das quais cerca de 100 expressam lamentação ou denúncia, e 50, louvor. 

          Nós, ocidentais, temos dificuldade de orar devido ao nosso racionalismo. Em geral, ficamos na soleira da porta, entregues à oração que se apóia nos sentidos (música, dança, mirar vitrais ou paisagens etc.) ou na razão (fórmulas, leituras, reflexões etc.). 

          Orar é entrar em relação de amor. Como ocorre entre um casal, há níveis de aprofundamento entre o fiel e Deus. Uns oram como o namorado que fala demais no ouvido da namorada. Como se Deus fosse surdo e burro. Parecem aquela tia que liga e fala tanto, tanto, que minha mãe deixa o fone, mexe a comida nas panelas e retorna sem que sua ausência seja percebida. 

          Jesus sugeriu não multiplicar as palavras. Deus conhece os nossos anseios e necessidades. O próprio Jesus narra o Evangelho, gostava de retirar-se para lugares ermos para entrar em oração. Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus (Lucas 6,12). 

          Na oração, é preciso entregar-se a Deus. Deixar que ele ore em nós. Se temos resistência à oração é porque, muitas vezes, tememos a exigência de conversão que ela encerra. Parar diante de Deus é parar diante de si mesmo. Como num espelho, ao orar vemos o nosso verdadeiro perfil — dobras do egoísmo realçadas, mágoas acumuladas, inveja entranhada, apegos enrijecidos. Daí a tendência a não orar ou fazer orações que não revirem ao avesso a nossa subjetividade. 

          Os místicos, mestres da oração, sugerem aprendermos a meditar. Esvaziar a mente de todas as fantasias e idéias e deixar fluir o sopro do espírito no silêncio do coração. É um exercício cujo método a literatura mística ensina. Mas é preciso, como Jesus, reservar tempo para isso. Assim como a relação de um casal arrefece se não há momentos de intimidade, do mesmo modo a fé se debilita se não nos recolhemos em oração. 

          Oramos para aprender a amar como Jesus amava. Só a força do espírito dilata o coração. Portanto, uma vida de oração se avalia não pelos momentos entregues a ela, mas pelos frutos na vida cotidiana: os valores elencados como bem-aventuranças no Sermão da montanha (Mateus 5, 1-12). Ou seja, pureza de coração, desprendimento, fome de justiça, compaixão, destemor nas perseguições etc. 

          Orar é deixar-se amar por Deus. É deixar o silêncio de Deus ressoar em nosso espírito. É permitir que Ele faça morada em nós. Sem cair no farisaísmo de achar que a minha oração é melhor do que a sua, como aquele fariseu frente ao publicano (Lucas 18,9-14). Quem ora procura agir como Jesus agiria. Sem temer os conflitos decorrentes de atitudes que contradizem os antivalores da sociedade consumista e individualista em que vivemos. 

          Orar é subverter-se a si próprio. Centrado em Deus, o orante descentra-se nos outros e imprime à vida a felicidade de amar porque se sabe amado. Parafraseando Jó, antes de orar se conhece a Deus por ouvir falar. Depois, por experimentar. O que levou Jung a exclamar: Eu não creio. Eu sei.

Escritor, e autor de Entre todos os homens, biografia romanceada de Jesus (Editora Ática) 

Fonte: Correio Braziliense

 

3. CONSELHO INTERNACIONAL

 

3.1. Carta

 

Queridos hermanos,

 

El Equipo Internacional tuvo su encuentro en la casa parroquial de Richard, en Omaha, Nebraska del 18 al 23 de febrero. El clima estuvo agradable “dentro de la casa” y muy frío afuera. Una noche tuvimos la dicha de observar un eclipse total de luna.

 

Participamos de la Eucaristía en la nueva iglesia junto a los fieles y a los alumnos de la escuela. La adoración la tuvimos en la capilla junto a los parroquianos. Las comidas preparadas en la casa con ayuda de cada uno. Pudimos compartimos con el P. Roger, el vicario parroquial, con los diáconos y el personal de la oficina que nos acogieron con cariño. Dos familias nos invitaron a sendas cenas y esto nos ayudó a comprender mejor la vida de la comunidad.

El jueves tuvimos la Adoración junto a la fraternidad de Richard y al P. Mark Mertes, del Consejo Nacional. Compartimos sobre nuestra vida y ministerio y les escuchamos hablar de la influencia positiva de los jóvenes hermanos de la fraternidad. El martes tuvimos una cordial visita al Arzobispo Curtiss y aprovechamos para visitar la Catedral Santa Cecilia y Boys Town, un lindo programa de ayuda a jóvenes en situación de riesgo.

 

En la apacible atmósfera de la casa parroquial revisamos las actividades del año pasado: La Asamblea Europea, que se tuvo en Austria y donde Laurent Dognin fue elegido como responsable Europeo. Eddy visitó dos hermanos en Hungría que están vinculados con la fraternidad. Amand De Cock representó la Fraternidad Sacerdotal en la Asamblea de la Familia Espiritual en Tammanrasset el mes de abril.   Abraham estuvo en agosto en Burkina Faso en el Mes de Nazaret y la Asamblea que fueron preparadas por Evariste Ouedraogo y Felix Rajaonarivelo y animadas por Jacques Midy y Jean-Marie Pasquier. Evariste fue elegido como responsable del África Sub-Sahariana.  José asistió al retiro y a la Asamblea Nacional en Brasil en enero y en junio visitó algunos hermanos de la fraternidad en Chile.

 

Tony Philpot animó el retiro del Mes de Nazaret que tuvo lugar en Youngstown, Ohio, EE.UU. Dan Danielson, a quien se encargó mantenernos informados de los Meses de Nazaret, solicita a los responsables nacionales comunicarle los que están organizando.  Jacques Midy sigue trabajando con ahínco en la edición internacional del Boletín Francés y también solicita que le envíen artículos y comentarios. Se mencionó la necesidad de una publicación internacional en inglés y se acordó discutir el tema en la Asamblea Nacional de EE.UU.

 

Pasamos un buen tiempo revisando el Directorio, tal como se solicitó en Sao Paulo. El artículo de Günther Lendbraldt, que podemos encontrar en la página Web en varios idiomas, ofrece valiosas reflexiones e interrogantes. En un primer momento compartimos sobre el contexto actual del mundo y de la Iglesia. Es increíble la gran convergencia que vimos sobre la realidad actual, la cual deseamos presentar en una perspectiva de esperanza.

Encontrarán un esquema, del nuevo texto que quisiéramos llamar “Guía para la vida de la Fraternidad”, el cual sometemos a su consideración.

En nuestras próximas reuniones del Equipo continuaremos trabajando en ello. Esperamos que en la Asamblea del 2012 se concluya la elaboración y aprobación del texto.

Revisamos el presupuesto del 2007 que finalmente cubrió los gastos. Richard les enviará el informe anual del 2007 y el presupuesto del 2008. 

 

El 2008 inició con este encuentro en Nebraska. Las Asambleas de Asia y América Latina fueron pospuestas para el 2009. En agosto Abraham animará un retiro con los hermanos de España en Málaga. 

Nos alegra saber que se tendrá un Mes de Nazaret en Alemania y otro en Francia. Las fraternidades de Inglaterra organizan también un Mes de Nazaret en Marruecos en idioma inglés, abierto a otros hermanos. En enero se tuvo en Mes de Nazaret en Canadá.

 

Les agradecemos su compromiso y les solicitamos mantenernos unidos. Nos alegraría tanto recibir noticias de ustedes. 

 

Fraternalmente,

 

23 de febrero 2008

 

Abraham Apolinario          José Bizon              Eddy Lagae            Richard Reiser

 

 

3.2. Hacia una «guía para la vida en fraternidad».

Omaha - febrero 2008.

 

FINES:

 

1.       Una formación para nuevos miembros y nuevas fraternidades.

2.       Una ayuda para revisar las fraternidades existentes.

 

ESQUEMA GENERAL (Retomamos el esquema general de 1976)

 

1.       Objetivo y espíritu de la Fraternidad

2.       Vivir el evangelio y seguir a Cristo como sacerdote

-         Llegar a ser hermanos en el ministerio: el sacramento de la fraternidad; la fraternidad como escuela de comunión para la vida de la Iglesia.

-         Animar, impulsar, apelar.

 

3.       El contexto actual: discernir los signos de los tiempos; ver el «kairos» de la situación actual. 

-         la mundialización favorece las comunicaciones y la migración, la presencia de refugiados de culturas y religiones extrañas; la prioridad otorgada a la economía y a las finanzas; la desigualdad creciente y la exclusión de los pobres.

-         La presencia del Islam en muchas de nuestras sociedades: el tema de la tolerancia, la presencia de los símbolos religiosos en el espacio público, la ley islámica, las persecuciones a las minorías cristianas.

-         La creciente presencia de la increencia y los valores laicos, indiferencia y esoterismo.

-         Una evolución en las relaciones Iglesia-Mundo. Se espera una actitud profética de la Iglesia; una presencia pastoral de cara a los refugiados y de los inmigrantes; dar una voz a los sin-voz y a los excluidos.

-         La identidad del sacerdote diocesano.

 

4.  El espíritu de Carlos.

-         La oración de Abandono: confianza, acción de gracias, amor en primer lugar, confianza en Dios, estar dispuestos a…

-         el amor loco de Dios

-         la contemplación en medio de la vida activa

-         un espíritu misionero que se traduce por una vida evangélica, por la atención a las personas marginadas, por acercar la gente a Dios.

-         El último lugar : estar disponible

-         Llegar a ser hermano de la gente respetándolos, por la solidaridad, consideranlos hermanos en Cristo.

-         Carlos fue un sacerdote diocesano. 

 

5. Los medios de la fraternidad.

-         la fraternidad : el sacramento de la fraternidad

-         la Eucaristía

-         la adoración

-         la lectura de la Biblia

-         la revisión de vida

-         el día de desierto

 

6.       Vivir en fraternidad

 

-         el mes de Nazaret

-         el compromiso

-         ser responsable

-         la fraternidad universal

-         la familia espiritual

-         la fraternidad en el presbiterado

-         un mínimo de estructuras

 

 

3.3. Reporte Financiero del Equipo Internacional de la Fraternidad Sacerdotal Jesús Caritas

 

Queridos hermanos,

 

El Equipo Internacional acaba de concluir su reunión anual en Omaha, EE. UU.

Preparamos el informe del 2007 y el presupuesto para el 2008 que les anexo.

 

El año pasado el Equipo Internacional solicitó a cada región contribuir financieramente con sus iniciativas. Sugerimos prever un 10% del presupuesto nacional, pero corresponde a cada región decidir teniendo en cuenta las circunstancias. Les invitamos a ahorrar en vista de la Asamblea del 2012 a fin de cubrir los gastos de viaje de los delegados y los gastos de la organización

 

Las contribuciones pueden ser depositadas tanto en la cuenta en Europa, para lo cual pueden contactar a Eddy Lagae, o bien en EE. UU., para lo cual deben contactar a Richard Reiser y obtener los códigos bancarios necesarios. Yo administraré las dos cuentas en colaboración con Eddy. Si es posible hagan la transferencia antes del 1o de mayo 2008.

El Equipo Internacional esta consciente que algunas regiones tienen una larga trayectoria de apoyo a las fraternidades que lo han necesitado. Les agradecemos por esta valiosa ayuda y les animamos a seguirlo haciendo. Les solicitamos sin embargo informar a las demás regiones y al Equipo Internacional de las actividades que apoyan

 

Esta comunicación ha sido enviada a todos los responsables nacionales, a quienes les rogamos informar al tesorero y a su consejo nacional.

 

Si necesitan más información no duden en contactar a Eddy o a mi mismo.

 

Fraternalmente,

 

Richard Reiser

Tesorero del Equipo Internacional

 

4. NOTICIAS

 

Nasce na Galiléia mosteiro inspirado no ecumenismo de Carlos Foucauld

 

KORAZIM (Israel) No dia 29 de março, durante um encontro com cerca de 170 bispos europeus, foi inaugurado um mosteiro construído na parte direita da Domus Galilaeae, onde acontecerá a adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento. 

Cumpre-se, desta maneira, depois de quase um século, o desejo contemplado pelo beato Charles de Foucauld, quando se encontrava em Nazaré, de criar neste monte um lugar onde Cristo Eucaristia fosse uma presença permanente e adorada.

Com este fim, ele havia pensado em reunir uma pequena família monástica cuja vocação estivesse baseada na imitação da vida oculta de Jesus de Nazaré, na adoração eucarística perpétua e na evangelização nos países de missão.

Como sinal concreto de comunhão com a figura do fundador dos Pequenos Irmãos, uma relíquia do beato Charles de Foucauld será depositada sob o altar da capela circular, onde o Santíssimo será exposto noite e dia para ser adorado por todos os que habitam o mosteiro e pelos que se encontrem na Domus.

A adoração perpétua sobre esse monte sustentará «o diálogo entre o judaísmo e a Igreja Católica», segundo as indicações da carta enviada pelo Papa João Paulo II à Domus por ocasião da inauguração de sua biblioteca, assim como a promoção do diálogo ecumênico pela unidade das Igrejas cristãs.

O mosteiro está composto por 23 celas; em seu centro se encontra a capela circular sobre cujo teto se colocou um complexo escultural realizado por Kiko Argüello, que representa Jesus e os doze apóstolos durante a pregação do Sermão da Montanha.

Desta maneira, o monte no qual se proclamou pela primeira vez o mais essencial da pregação de Cristo será um sinal visível da oração da Igreja pela evangelização até os confins da terra.

A inauguração do mosteiro foi presidida pelo patriarca latino de Jerusalém, Sua Beatitude Michel Sabbah, acompanhado de outros bispos de vários ritos, do Custódio da Terra Santa, o Pe. Pierbattista Pizzaballa, o arcebispo Antonio Franco, núncio de Sua Santidade, e de todas as autoridades civis da região. Também participaram numerosos embaixadores. (Agência de notícias Zenit)

 

5. UM LIVRO UM AMIGO

 

DAMIAN, Pe. Edson T, Uma espiritualidade para o nosso tempo, Carlos de Foucauld, Paulinas, São Paulo, 2007

 

FRAÇOIS SIX, Jean, Charles de Foucauld, O Irmãozinho de Jesus, Paulinas, São Paulo, 2008

 

LAFON, Michel, 15 Dias de oração com Charles de Foucauld, Paulinas, São Paulo, 2005.

 

NOUWEN, Henri J. M., A Espiritualidade do Deserto e o Mistério Contemplativo, o caminho do coração, Loyola, São Paulo, 3ª. Edição de 2004

 

PESSINI, Leo e BARCHIFONTAINE, Christian de P de, (Orgs). Buscar Sentido e Plenitude de Vida. Bioética, Saúde e Espiritualidade. Paulinas e Centro Universitário São Camilo, São Paulo, 2008.

 

SILVA, Celso Pedro da e BIZON, J. (Orgs.) Meios para uma espiritualidade presbiteral, Loyola, São Paulo, 2005.


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